REINVENTANDO A RODA
Autoria de Fábio L. Violin
Muitas vezes reinventamos a roda e acreditamos estar fazendo um grande negócio. E a solução. Bom, ela estava vem embaixo do nosso nariz e só a enxergamos quando já era tarde demais.
Há algum tempo fiquei sabendo de uma história interessante: uma grande empreiteira nacional estava passando por um sério problema: construir uma ponte em um lugar no nordeste do país. Nada demais para uma empresa sólida e com diversos parques de obras operando ao mesmo tempo. Pessoal capacitado, mão de obra abundante e dinheiro para construir, porém, o local era complicado e a equipe não tinha experiência ou conhecimento de algo similar, um caso obviamente atípico.
Os dias foram passando, o prazo se esgotando e a solução para a construção da tal ponte não aparecia.
Os responsáveis estavam trabalhando dia e noite, madrugada afora com o intuito de descobrir como realizar a obra, afinal a multa seria absurda pelo não cumprimento do prazo estabelecido.
Com o prazo praticamente esgotado para o início das obras um dos engenheiros conseguiu encontrar uma solução razoável, ficaria mais caro para a empresa (65% a mais no custo final), no entanto seria evitada a tal multa.
E a ponte enfim pode ser construída.
No final do ano na confraternização da empresa, em uma roda de amigos o tal engenheiro contava o ocorrido e para sua surpresa ouviu do engenheiro chefe de outra equipe que eles haviam passado por uma situação absolutamente semelhante dois anos antes.
Reinventaram a roda...
Um simples telefonema, um e-mail, um pedido de socorro teriam poupado tempo, esforço, desgaste e muito, mas muito dinheiro mesmo.
Na maioria do nosso tempo “reinventamos a roda” por orgulho, vergonha de pedir ajuda, senso de auto-suficiência, ignorância ou mesmo inexperiência.
Temos que aprender a fazer benchmarking, ou seja, precisamos abrir nossa visão de negócios e olhar o mundo fora das fronteiras do nosso dia-a-dia, dos nossos concorrentes habituais, fora do nosso pequeno mundo e das soluções prontas e imutáveis. As vezes parecemos o pequeno príncipe em seu pequeno planeta, a diferença é que ele saia para visitar outros “mundos” e nós muitas vezes não.
Para citar um exemplo do cotidiano: O McDonald’s, uma empresa imensa instalada em vários países. O Lanche do Zé instalado ao lado de uma das unidades do gigante. O Zé – concorrente e proprietário da gigante - não se dá ao trabalho de ao menos copiar os preceitos básicos de gestão do McDonald’s e não se está falando em investimentos em maquinário ou estrutura e sim na forma de atender, na aplicação de um programa 5’s entre outras ferramentas básicas, vistas a olhos nus.
O que se vê é o Zé reclamando que o Mc o está engolindo, mas não se vê o Zé utilizando a experiência disponível ao lado, bem embaixo do seu nariz.
Segundo dizia o Comandante Rolim, em um de seus “mandamentos”: Quem não tem inteligência para criar, tem que ter coragem para copiar.
Existem desafios que exigem que sejamos criativos, que tiraremos soluções da cartola, contornemos de forma impar uma situação, porém antes de buscar soluções complexas comece pensando nas idéias mais simples, pois inventar a roda e descobrir que alguém já o fez antes é no mínimo constrangedor.
Professor Fábio L. Violin
Mestre em Estratégias e Organizações _ UFPR
Especialista em Planejamento e Gerenciamento Estratégico – PUC-PR
Professor universitário, palestrante e consultor de empresas.
E:mail: flviolin@hotmail.com ou flviolin@terra.com.br