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SELEÇÃO DE CONTOS DE SUZANA GARCIA
Biografia
Suzana Garcia, brasileira de São Paulo, uma filha, publicitária, sempre esteve envolvida em atividades que exigiam uma sensibilidade muito grande do conhecimento humano. Trabalhou em televisão, revista, agência de propaganda e empresas de pesquisa, onde, de fato, descobriu o quanto lhe agradava "conhecer o outro". Quase uma autodidata do comportamento humano, criou dois heterônimos: Alexya Muller e Ricardo Fonseca de Alcântara. Como resultado de suas atividades, colaborou com títulos de peso, como FOLHA DE SÃO PAULO, revista ISTO É e revista ELITE MAGAZINE, nesta última Suzana tinha uma coluna, também colaboradora dos Anjos de Prata e aqui noNPDBRASIL.
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SELEÇÃO DE CONTOS DE SUZANA GARCIA
A Seleção de Contos abaixo conta uma história, vale a pena lê-los em seqüência.
3:00hs
CATAVENTO
DESENCONTRO
MARINA
ISLA DE LAS MUJERES
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3:00hs
Numa daquelas tardes chuvosas, excelentes para leitura, para espanto de todos, saí.
Lá estava ela, alta, magra, esguia mesmo. Cabelos curtos, na altura do queixo, lisos, talvez uma descendência asiática ou até mesmo o que chamaria de "nota de rodapé" de uma colonização já não lembrada. Óculos gatinho... Caminhava calmamente no labirinto de estantes lotadas.
Parava por alguns minutos, escolhia cuidadosamente o livro, após o reclinar de cabeça.
Vocês sabem aquele movimento ridículo que nós, aficionados por bibliotecas e livrarias, fazemos.
Os novatos inclinam a primeira vez para a direita e só depois percebem que o ritual é para a esquerda.
Helena, descobri meses mais tarde, trocava seus "gatinhos" por um daqueles óculos de leitura. Lentes minúsculas. Ponta do nariz.
Folheava algumas páginas, lia atentamente as orelhas, livro após livro.
Foi quando percebi que o troca-troca de óculos, a deixava um tanto desajeitada, já que o casaco que carregava lutava com sua bolsa.
Foi neste instante que percebi o quanto lhe davam prazer as letras.
As palavras.
Ritual.
Seus óculos de leitura, quase uma peça íntima.
Resolvi continuar observando, discretamente, ao longe. Não sei bem o porquê, mas sua discrição passou-me uma sensação de que, se percebesse minha presença ou percebesse estar sendo observada, fugiria, rubra como quem foi pega em flagrante. Afinal, estava com sua peça mais íntima.
Toca o sinal para o final da aula. Esta, muito cansativa, foram 50 minutos "tentando" explicar a 50 alunos, o que era heterônimo!
Neste dia senti pena de Pessoa, de Alberto Caeiro, de Álvaro campos e de Ricardo Reis.
Quando me dei conta lá estava eu, novamente na livraria a procura de paz ou quem sabe, talvez, encontrar um novo compêndio sobre a boa e velha guerra.
Encaminhei-me aos lançamentos e lá estava ela, silenciosa, desta vez toda de branco, pensei. Doutora? Veterinária? Dentista, talvez?
Esforcei-me em lembrar a última vez que a vi, na tentativa de buscar um padrão, sabe, daqueles... Véspera de feriado, dia de pagamento... Ou sei lá o que.
Poderia estar, simplesmente, como eu, em busca de paz.
Segui-a,
"quando olho para mim mesmo percebo".
tenho tanto a mania de sentir
que me extravio às vezes ao sair
das próprias sensações que eu percebo"
Helena, desta vez, comprou três livros, pane. Quando voltaria? Não conhecia sua rapidez de leitura. Um livro por dia? Um mês? Seriam presentes?
Precisava descobrir. Segui-a como se segue a um padre.
Quadras e mais quadras, ruas escuras, esquinas sombrias. Numa delas um grupo de jovens, saindo de um bar, fizeram tanta algazarra que quando consegui sair do redemoinho tive que apertar os passos, mas a perdi.
Parecia estar fadado a perdas. Naquela noite não dormi, e por causa de Helena.
Em minha busca, curiosidade dos apaixonados, não comprei nenhum livro.
Voltei-me ao de cabeceira...
"o luar quando bate na relva".
não sei que cousa lembra...
lembra-me a voz da criada velha
contando-me contos de fadas
e de como nossa senhora vestida de mendiga
andava a noite nas estradas
socorrendo crianças maltratadas."
Levantei-me e fui até a janela. Casarão antigo. Foi do meu avô, que por sua vez havia herdado de um tio distante que nem sequer conheceu.
Voltei à rua, voltei a esquina onde perdi Helena. Quem sabe?
Uma luz acessa em umas tantas janelas que compunham aquele cenário.
Morar em pilhas.
Com o sol direto em meus olhos, levantei-me, o corpo doía muito. A calçada não é boa para dormir. Não se tem bons sonhos.
Ao levantar-me quase fui atropelado por uma ambulância e um carro de polícia.
Pararam no edifício cinza.
Aglomeração.
Muita gente descendo, todas, todas as janelas abertas e foi aí que a vi.
Empurrado por um policial, só tive tempo de ver seu rosto à mostra na maca. Perguntei o que havia acontecido.
Foi veneno, dizia uma senhora com creme no rosto e bobs no cabelo.
Foi excesso de calmante, disse um senhor baixinho em seu pijama de bolinhas, enfim a ambulância partiu. Meu coração...
Após um banho, daqueles que lavam a alma, estava decidido a procurá-la. Pela lógica percorri os hospitais da região.
Nada.
Afinal não sabia seu nome e pela descrição as recepcionistas diziam que existiam muitas pacientes magras e com cabelos lisos.
Eu não podia descrever seus óculos!
Estava decidido! Após a aula, voltaria ao edifício cinza e aí sim, teria mais informações.
Não sei porque olhei no relógio: 3:00 hs!
A moça do 57? Suicidou-se. Foi enterrada hoje.
No cemitério, quadra quatro, terceiro túmulo à direita, eu li...
"AQUI JAZ HELENA SIQUEIRA".
MULHER, POETISA E SÓ.
1957 A 1997
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CATAVENTO
Voltei ao túmulo de Helena na tentativa de encontrar alguma coisa, sei lá, um sinal, um endereço já ressequido nas flores deixadas por amigos, parentes, alguém...
Um namorado, talvez.
Não conseguia imaginar Helena só, não concebia como uma mulher como Helena nunca tivesse recebido uma visita sequer, nunca encomendado uma pizza, comida chinesa, nem recebido uma carta.
Eu recebo, no mínimo, umas dez malas diretas por semana!
Mas, nada, com Helena nada acontecia...
Quanto menos informação conseguia, mais curioso eu ficava.
Quem é Helena?
Quem foi Helena?
Depois de sua morte, nunca mais consegui ler, à noite em minha poltrona de leitura, o livro colocado em meu colo entreaberto, já mostrava as marcas de minhas pernas.
Ato falho.
Só pensava em Helena.
Liguei a TV para ouvir as noticias do dia, dólar, paz,crimes ecológicos, palavras-chave que não mais me prendiam. Mudo para uma emissora qualquer, numa mesa redonda de um canal universitário filosofavam sobre árvores genealógicas.
Eureka!
O nome!
Porque não pensei nisso!
Helena era só, mas não era só Helena!
Como era mesmo seu sobrenome? Por mais que me esforçasse para mim era Helena, a minha Helena.
Na manhã seguinte acordei o coveiro como se acordam os mortos. Entrei sorrateiramente no cemitério por uma porta lateral da administração, que havia descoberto quando de minha última visita.
Lá estava eu, quadra quatro, e mesmo antes de chegar, avistei uma flor no tumulo de Helena. Colorida, girando.
Girando?
Apressei o passo e lá estava, não era flor, era um catavento!
Minha cabeça girava na mesma velocidade, por mais que quisesse entender ou buscar uma explicação plausível não encontrava. Já tinha visto de tudo, ou melhor, quase tudo - in memorian - flores, cartões, cartas, rosários, até bichinhos de pelúcia, mas catavento?
O cenário era tão absurdo que deixei de lado o que via, como uma desculpa para meu cérebro, com a explicação de alguma “molecagem”. Voltei à lápide :
Helena Siqueira Campos
Mulher, Poetisa e Só
1957 - 1997
Dois caminhos se abriram diante de meus olhos, o primeiro e óbvio era de encontrar quem encomendou a lápide, mas descobri rapidamente que foi resultado de uma coleta entre os moradores do condomínio.
O outro, descobrir seu registro e com ele, a cidade, a família, enfim... a vida de Helena. E assim, agradeci meus anos de fórum e por conhecer pessoas certas, não demorou muito para que eu recebesse, pelo correio, informações sobre Helena.
E lá estava... Helena Siqueira Campos, nascida aos 12 de junho de 1957, às 03:00hs, falecida aos 14 de junho de 1997. Causa mortis: insuficiência respiratória, Hospital Maternidade Santa Eulália.
Sentei-me para não cair!
Helena, minha doce Helena tinha um nome falso! Quem sabe uma vida dupla? Uma fugitiva? Quem era minha Helena?
Minha cabeça girava tanto que me lembrei do catavento...
Agora, a única lembrança concreta sobre ela.
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DESENCONTRO
Continuei visitando o túmulo de Helena por compaixão.
Amor não correspondido, nem um único diálogo ou palavra para guardar como recordação, apenas um horário 03:00 hs, quando a conheci e um maldito e incompreensível catavento colocado, sei lá por quem, em seu túmulo!
Foram dez encontros.
Em nenhum deles consegui unir coragem para me aproximar de Helena, mas também não importa, a descoberta de que seu nome era falso me confundiu ainda mais.
Senti pena de mim, tantos desencontros e ainda por cima apaixonei-me por alguém que não existe mais e que nunca existiu. Continuei visitando o túmulo de Helena por curiosidade.
A procura de um sinal.
Meses após meses, senti todas as estações.
Novamente o inverno.
Num dia, quase em mimetismo ao meio de tanta neve um vulto ajoelhado frente ao tumulo de Helena. Aproximei-me como quem se aproxima de um felino.
Meu coração acelerou e acelerou e quase não consegui dizer bom dia. Minha expectativa em ver o rosto de quem lá estava era maior que tudo. Levantou-se calmamente e no mesmo ritmo levantou o rosto. Com os olhos marejados respondeu ao cumprimento.
Acordei no banco de trás de um Buick negro com Helena me observando. Não, não poderia ser Helena! Eu a vi na maca, informaram-me do enterro, meses e meses visitei seu túmulo e agora Helena, a minha Helena, em carne e osso, em minha frente,com um olhar carinhoso perguntava-me se eu estava me sentindo melhor.
Tantos desencontros...
Achei Helena.
Sorri, abracei-a e não perguntei nada.
Absolutamente nada.
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MARINA
Helena, minha doce e amada Helena.
È claro que não era Helena, mas depois de acordar dentro de Buick preto, não sabia exatamente onde, com quem e o que eu estava fazendo. Refiz-me, após uma dose de vodka, e perguntei onde estava e quem era a bela jovem à minha frente.
Milena identificou-se como irmã de Helena, vejam só, daí o fato de termos nos encontrado no túmulo de Helena e ela ter chorado tanto. Podia imaginar tudo, tudo mesmo, menos que Helena tivesse uma irmã gêmea.
Já refeito do choque, acomodei-me num sofá gelo, com outra dose de vodka e preparei-me para ouvir o que Milena teria a me contar...
“Helena / Milena tinham 38 e não 40 como estava na lápide, nasceram no Rio de Janeiro e lá cresceram, estudaram e Helena casou-se. Não casou bem, ou melhor, estava tão encantada com toda atenção, tantos presentes e viagens que fazia com Fernando que nunca conseguiu perceber suas atividades escusas.
Menescal era um poderoso chefe de tráfego de drogas, com ligação direta com a Colômbia e Fernando seu “braço direito”. Helena viveu dez anos com Fernando, entre Paris, Milão, Espanha e Brasil.
Sua casa de veraneio era na Grécia e sempre que Fernando precisava “viajar a negócios” literalmente “despachava” Helena para a Grécia.”
Janeiro, Fevereiro, Março, Abril... Setembro e Fernando não voltava. Helena sozinha e sem saber o que fazer, recebe numa manhã um envelope. Nele, uma chave e um bilhete. Helena já com olhos marejados lê o bilhete.
<Querida Helena, se eu não voltar em três meses, vá até Milão e retire do cofre do Banco uma agenda vermelha,nela estão todos os números das contas bancárias do grupo. Transfira todos os valores para sua conta em Paris. Compre uma casa no México e fique lá. Te amo. Fernando >
Helena obedeceu quase todos os pedidos de Fernando, exceto ir morar no México. Certa de estar segura, mudou de nome, seu nome verdadeiro era Marina, de cidade e inocentemente a cor do cabelo. Mas a grande família do tráfico buscava incessantemente o dinheiro do grupo. Eram milhões e milhões de dólares! Acharam Marina, mas não o dinheiro.
Dei um pulo do sofá e gritei para Milena, que ela, agora, precisava tomar muito cuidado, tinha que sair do Brasil, a grande família não poderia saber de sua existência, naturalmente pensariam que ela saberia onde estavam tantos dólares!
Milena afirmou-me que não sabia de nada e que se toda essa história fosse verdade, ela não sairia do Brasil enquanto não achasse as anotações de Fernando. Milena e eu voltamos ao apartamento de Marina.
Revistamos tudo, cada canto, cada gaveta, cada fresta e nada.
Pense Milena, pense, dizia eu. Ninguém melhor do que você conhecia Marina.
Pense.
Onde ela guardaria tal relíquia?
Milena num sobressalto, puxou-me pela mão e saímos do apartamento, entramos no Buick preto e viajamos por mais de 6 horas. Em Parati, no meio da Serra , uma casa simples, de madeira, com floreiras na janela.
Quase de boneca.
Um recanto , um esconderijo.
Um acalanto para os momentos de tristeza e depressão.
Era ali que Marina se escondia.
Ficamos por lá uma semana e eu, não sei bem ao certo se por lembranças de Helena ou semelhanças no jeito de ser, estava me rendendo aos trejeitos de Milena.
Flagrei-me fazendo o café e colocando uma flor silvestre, vermelha, num solitário e acordando Milena.
Flagrei-me atrás da porta, observando por entre as frestas da porta, sua silhueta.
Perfeita.
Pele alva, formas e curvas acentuadas. Cabelos lisos e negros.
Rendi-me a tanta beleza.
Estava apaixonado por Milena.
Estava apavorado.
Havia perdido Marina e não queria perder Milena.
Numa manhã fria, ao procurar um livro na estante, puxei uma obra de Drumont e um pequeno caderno vermelho caiu no chão. Ao folheá-lo, logo identifiquei tratar-se das anotações de Fernando, eram números e mais números seguidos de nomes.
O caderno de contas da grande família.
Milena já poderia sair do país.
Quanto a mim, ficaria sozinho novamente.
Acordei Milena balançando o caderninho em minhas mãos, ela sorriu, nos abraçamos e o inevitável aconteceu.
Nos amamos muito.
Deixei-a no aeroporto quatro horas depois com a certeza que meu destino era o de ficar só.
Rendi-me à solidão.
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ISLA DE LAS MUJERES
Voltei a minha velha e boa rotina.
Aulas pela manhã, um breve passeio pelas livrarias à tarde, sempre preenchendo meu tempo e mente para não sentir saudades de Marina.
Onde estaria ela agora? Se, seguiu à risca o destino de Marina, estaria no México. Mas, onde?
Teria conseguido transferir as contas bancárias de Milão?
Lembrei-me do caderno vermelho com todos aqueles números de contas bancárias e de todo aquele dinheiro. Marina estava rica. Rica e só. Não era o tipo de mulher que flertaria com qualquer um.
Lembrei-me de onde e quando o achei. Lembrei-me de termos feito amor com muita paixão. Lembrei-me de nossa despedida com muita lágrima e muita tensão, afinal não sabia se a veria novamente. Lembrei-me da medalhinha que colocou no meu bolso presa a uma fita azul.
Após tantos devaneios, passei pelo supermercado para mais uma daquelas compras de solteiro. Tudo em embalagem mínima, individual e muito prática. Meu amigo fiel, o microondas.
Aos tropeços, entre sacos do supermercado, correspondências entregue pelo porteiro e a chave de casa, consegui entrar para atender o telefone que gritava a tempos.
Era Marina, seu alô doce e suave era inconfundível!
- Como vai disse eu, deu conta do trabalho?
Diálogo quase em código, dado a seriedade e perigo da missão.
Marina disse que sim e pediu para que eu anotasse um endereço. É fácil achar a casa, dizia ela, é a única casinha azul do vilarejo e fica em Isla de las Mujeres, você vai de barco de Cancun.
Não deu tempo para despedidas ou para dizer o quanto estava com saudades, Marina havia desligado.
Sentei-me devagar, quase desfalecido, tal a emoção de falar com Marina.
Agora era tomar fôlego, tirar uns dias da Faculdade, preparar o passaporte e encontrar Marina.
Marina e sua casa Azul.
Azul como seu nome.
Azul como a fitinha da medalhinha.
Azul como minha esperança em revê-la.
Azul como meu amor por Marina.
Azul como o mar que cercava a ilha.
Azul como seu vestido que esvoaçava no porto de Isla de las Mujeres.
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NOTA DE AGRADECIMENTO
Como já mencionado, este é um site cultural e a publicação de textos tem a única intenção de mostrar quão rica é a literatura mundial e levar aos usuários da Internet um pouco mais de cultura e conhecimento dos mais variados assuntos.
Agradecemos aos editores dos autores aqui citados a permissão para mencionar trechos ou partes de suas obras. Informamos que mantivemos fiel transcrição de suas publicações originais. Se houver interesse, há espaço reservado para links ou anúncios de suas empresas. Muito Obrigado!
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( Dermeval P. Neves )
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