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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 18/12/2011 - 4º Domingo do Advento - ANO B
. Evangelho de 11/12/2011 - 3º Domingo do Advento - ANO B


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A catequese evangélica, como a paulina, preocupa-se em afirmar claramente que Jesus pertence à família real de Davi. Evidencia assim a existência concreta de Jesus e o cumprimento das promessas messiânicas. Deus coloca sua morada entre os homens e faz da humanidade seu templo: as pedras que o constituem são os homens do "sim" incondicional a Deus. Maria é a primeira pedra viva da casa de Deus entre os homens! No quarto e último Domingo do Advento, a Igreja se prepara para celebrar o Natal, proclamando a anunciação do Senhor e enaltecendo a figura da Virgem Maria como símbolo da humanidade que se abre ao mistério de Deus e acolhe o Redentor. Celebremos esta Eucaristia com o coração vibrante no Senhor, assim como cantou Maria seu hino de louvor e viveu uma vida inteira de ação de graças ao Senhor. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16): - "Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo."

SALMO RESPONSORIAL (88 (89): - "Ó Senhor, quero cantar o vosso nome * desde agora e para sempre!"

SEGUNDA LEITURA (Rm 16,25-27): - "A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém!"

EVANGELHO (Lc 1,26-38): - "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!"



Homilia do Diácono José da Cruz – 4º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

"JESUS, O FILHO DE MARIA!"

Depois do nome, a referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele, filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem.

O rei Davi era a dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi, ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres, alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.

Os grandes acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida do povo, só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e agüentar as conseqüências. Entretanto a vinda do messias começa a ser articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.

Por caminhos tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E Maria? Quais eram seus planos de vida?

Todos nós temos de ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela também esperava o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias melhores.

E em um momento de oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.

Maria não é casada, não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.

Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.

Hoje o reino de Deus vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a decisão em favor de Jesus e seu reino...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 4º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

“Aproxima-se a justiça de Deus”

Escreveu um teólogo do século XX que “a justiça e o reino são a mesma coisa. Trata-se da ordem das coisas na qual o plano de Deus triunfa. (…) A justiça de Deus não se define em referência ao homem, mas ao próprio Deus: ela é a fidelidade do amor de Deus a si mesmo. Dessa maneira, vemos porque a ordem que Deus institui é a melhor. Crer que Deus é justo é crer que é ele que finalmente terá razão, apesar das aparências contrárias” (Jean Daniélou).

Hoje, no Evangelho, nós lemos o anúncio da justiça de Deus que chegará no Natal, que é Cristo, pois Cristo é o Reino. A humanidade santíssima de Cristo é o lugar onde Deus reina plenamente. Jesus mesmo é rei e a um rei compete exercer principalmente a justiça. “Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,32-33).

A justiça na Sagrada Escritura se apresenta como prolongamento da verdade e exige dos seres humanos uma conversão, isto é, a descentralização de si mesmos e o voltar-se para Cristo. No fundo, essa conversão é a vivência constante daquelas palavras de Nossa Senhora: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Quem se coloca como servo de Jesus Cristo, servo do reino, vai se convertendo cada dia mais até chegar à plenitude dos desígnios de Deus para a sua vida.

A justiça que olha a miséria do pecador e vai ao seu encontro para salvá-lo, para convertê-lo, para atrai-lo ao Reino, só pode ser coisa de um Deus bondoso e misericordioso. Daí que a nossa justiça, sendo autêntica justiça, não pode ser justiça estrita no sentido de “cumprimento estrito da estrita lei”… isso seria odioso!

Para exemplificar um pouquinho sirva aquilo que aconteceu com S. Tomás Moro. A sua esposa recebera de presente um cãozinho, que uma pessoa amiga tinha encontrado na rua. Um dia apresentou-se em sua casa um mendigo, que dizia ser o dono do animal. Disposto a fazer justiça, sir Thomas More colocou sua esposa num dos lados do salão e o mendigo no outro, levando o cãozinho para o centro. Dando então sinal para que Lady Moore e o reclamante chamassem o cachorrinho ao mesmo tempo, sem nenhuma indecisão o animalzinho atendeu à chamada do mendigo: identificara, portanto, a voz do dono. A sentença foi minorada ante a tristeza de Lady More. O mendigo levou consigo, não o bicho, mas uma moeda de ouro a título de indenização. Assim ambas as partes ficaram satisfeitas com o estranho processo de descobrir a verdade.

“Fazer justiça” será para um cristão, a exemplo de Cristo, “andar segundo a vontade de Deus”, que é a mesma coisa que andar segundo a verdade que Deus revelou para a nossa salvação e felicidade. É dizer aquelas palavras de Nossa Senhora deixando que elas ecoem durante toda a nossa existência: “faça-se em mim segundo a tua palavra”, que não são senão outra versão daquelas que nós rezamos todos os dias no Pai-nosso: “Seja feita a vossa vontade”.

Aproxima-se o Natal. No próximo domingo experimentaremos uma alegria humana e sobrenatural que encherá o nosso coração de paz e de simplicidade. Vamos preparar-nos bem através de uma boa confissão, se ainda não a realizamos. Outra coisa que é preciso ter em conta é que devemos “fazer justiça”, isto é, ir ao encontro das misérias dos nossos semelhantes, perdoando-os e ajudando-os. Não se pode celebrar um feliz Natal com falta de perdão, com intrigas, com remorsos.

Vamos permitir que Deus reine em nós; dessa maneira se estará cumprindo a justiça. Durante essa semana, ao preparar os presentes, a ceia de Natal e o “amigo oculto”, vamos procurar dar um presente ao aniversariante Jesus (não nos esqueçamos dele!), vamos participar o mais dignamente possível da sua Ceia (Missa e Comunhão) e faremos de tudo para que ele seja o nosso amigo oculto e manifesto.

A descrição a seguir é do grande literata russo, F. Dostoievski. Acho que poderá animar-nos a fazer um propósito bem concreto, refiro-me à importância de “fazer justiça”, deixar que o reino de Deus aconteça entre nós através da generosidade, uma das grandes manifestações dos servidores do reino. Uma das obras do escritor russo, “Noites brancas”, começa assim: “Era uma noite maravilhosa, uma dessas noites que apenas são possíveis quando somos jovens, amigo leitor. O céu estava tão cheio de estrelas, tão luminoso, que quem erguesse os olhos para ele se veria forçado a perguntar a si mesmo: será possível que sob um céu assim possam viver homens irritados e caprichosos?”

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 4º Domingo do Advento – Ano B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (Rm 16, 25-27)

O MISTÉRIO: Ao que pode, pois, vos consolidar segundo o meu evangelho e o anúncio de Jesus Cristo, segundo a revelação do mistério silenciado em tempos eternos (25). Ei autem qui potens est vos confirmare iuxta evangelium meum et praedicationem Iesu Christi secundum revelationem mysterii temporibus aeternis taciti. O trecho de hoje forma parte da chamada doxologia final da carta aos romanos. É um verdadeiro hino solene, dedicado à onipotência e sabedoria divinas em ordem à nossa  salvação. Dentro do louvor próprio da doxologia, encontramos uma série de proposições dogmáticas, dignas de consideração. Dirigida a Deus a quem atribui o poder de CONSOLIDAR[stërizö<4741>=confirmare] estabelecer, assentar, tornar seguro,  queneste versículo tem o mesmo significado que o dado às palavras de Jesus a Pedro na última cena: Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. (Lc 22, 32). Este é precisamente o significado mais apropriado do dito verbo stërizö. Paulo apela àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera (Ef 3, 20). MEU EVANGELHO: característica de toda a epístola é a exposição da obra de salvação, revelada na Boa Nova do Evangelho (Rm 1, 16-17), fundada na fé de Jesus Cristo. Esse evangelho que será a base do julgamento final como escreve na mesma epístola em 2, 16: No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho. Em que se diferencia o evangelho de Paulo? Vê-lo-emos no seguinte parágrafo, ao tratar da revelação do mesmo. REVELAÇÃO:[apocalypsis<602>= revelatio]. Esta manifestação do que Paulo chama MISTÉRIO [mystërion<3466>=mysterium] tem duas partes: 1ª) Geral: como mistério de Cristo, que explica em Ef 3, 9, como a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo que noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas (Ef 3, 5). É, pois, a relevância de Cristo que é princípio e fim do Universo, Alfa e Omega (Ap 21, 6). 2ª) Particular: A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3,6). Este anúncio foi encomendado a Paulo; e dele, ele tomou conta como seu evangelho particular: Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder (Ef 3,7). Daí que ele, Paulo, pode chamar a esse seu ministério de meu evangelho, especialmente quando se dirige aos romanos, em grande parte ou todo, saídos da gentilidade, por causa agora do decreto de Cláudio que expulsou os judeus de Roma. SILENCIADO [sesigmënon<4601>=tacitum] como particípio passivo do verbo sigaö, com o significado de ser silenciado (Lc 18, 39), e, portanto, estar oculto em TEMPOS ETERNOS[chronois aiöviois<166>=temporibos eternis] O aiönios que é sem fim, aqui é usado como sem princípio, sendo o aiönios um adjetivo de aiön <165>, derivado de aei<104> [= sempre], embora aiön propriamente signifique uma era ou período, especialmente o messiânico. Por extensão, perpetuidade que pode ser passada ou futura (sem princípio, nem fim),  ou desde o início do mundo  e ou sem fim. Neste caso desde os tempos em que o tempo se iniciou. Como eterno [o eternal e everlasting inglês] aparece 67 vezes no NT das quais 23 nos evangelhos; como tempo desde a fundação do mundo 3 vezes: uma delas esta, outra em 2 Tm 1, 9, e a outra em Tt 1, 2, sempre acompanhado do plural chronoi<5550>= tempos, que o latim traduz por tempora saecularia. Traduziríamos desde sempre até agora.

A REVELAÇÃO: Porém revelado agora também por meio dos escritos proféticos, segundo o mandato do eterno Deus para obediência de fé, conhecido por todas as nações (26). Quod nunc patefactum est per scripturas prophetarum secundum praeceptum aeterni Dei ad oboeditionem fidei in cunctis gentibus cognito.Revelado AGORA [nyn<3568>=nunc] é o que diz em 2Tm 1,10: porque nos salvou  não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; o que é manifesto agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz, a vida e a incorrupção pelo evangelho.Por meio dos ESCRITOS PROFÉTICOS[grafön<1124> profëtikön<4397>=scripturas prophetarum]. Pois, segundo 1 Pd 1, 20, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós. A que escritos proféticos se refere Paulo? Evidentemente devem ser escritos do NT, pois o mistério era desconhecido até agora e é agora que é conhecido pelos escritos proféticos. A carta aos romanos foi escrita entre os anos 56-58 e o primeiro evangelho (Marcos) antes do de Mateus cuja data mais antiga é 58. Logo temos uma indicação de que dois dos evangelhos foram escritos antes da epístola aos romanos, pois de outro modo que escritos proféticos seriam esses que Paulo não determina? Ou talvez Paulo fale de si mesmo como vemos em Tt 1, 3: A seu tempo manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador. Porém aqui é pregação [kërigma] e não escritos [grafoi]. Logo devemos admitir que antes desta carta paulina houve pelo menos dois escritos que revelaram esse propósito de Deus, escondido desde a fundação do mundo, descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo (Ef 1, 9). OBEDIÊNCIA DA FÉ [ypakoë <5218> pisteös<4102>=oboeditio fidei]. Em At 6, 7 lemos a este propósito: Crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé. É uma ideia que Paulo tinha manifestado em versículos anteriores: Quanto à vossa obediência à fé, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal  (Rm 16, 19). É a mesma obediência que Pedro chama deobediência à verdade (1 Pd 1, 22). Por isso ele, Paulo, recebeu o apostolado para a obediência da fé entre todas as gentes (Rm 1, 5). Evidentemente essa obediência significa uma submissão do entendimento e da vontade a uma verdade que não é evidente, mas que tem uma base razoável. Como diria Jesus, se não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nEle (Jo 10, 38). Por isso, essa obediência é abençoada no evangelho de João:Bemaventurados os que não viram e creram (Jo 20, 19). Graças à pregação de Paulo esse mistério foi conhecido por todas as etnias. Logicamente Paulo fala das diversas nações que constituíam aoikoumene ou terra conhecida como sujeita ao império romano.

DOXOLOGIA FINAL: A(o) Deus único, sábio por meio de Jesus Cristo ao qual a glória para os séculos. Amém (27). Solo sapienti Deo per Iesum Christum cui honor in saecula saeculorum amen.ÚNICO [monö<3441>=solo] corresponde ao início do Shemah e é a translação do ehad<0259>=eis,unus [uno ou único] (Dt 6,4). Para Paulo, como para todo judeu, os deuses pagãos eram nada. Na reza cantarolada do Shemah todo judeu repetia Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o únicoSENHOR (Dt 6, 4), que anteriormente tinham aprendido em 4, 39: Hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o SENHOR é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há. Verdade que Isaías proclama em 44, 8: Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheço. A doutrina de Paulo é neste ponto indiscutível, ao tratar dos ídolos: quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só (1 Cor 8, 4). Daíseu desprezo por eles em 1 Cor 10, 19: Que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa?Como SÁBIO [sofos<4680>=sapiens] com o significado de inteligente, talentoso, douto, culto, instruído; e tratando-se de Deus, sábio que conhece tudo como  também aparece em Jd 1, 25: Único Deus sábio, Salvador nosso. De quem Paulo também diz em 1 Cor 1, 25: Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. A esse Deus, Paulo dedica sua doxologia em várias passagens de suas catas: Ao rei eterno, ao Deus único, imortal e invisível, sejam dadas honra e glória para sempre. Amem (1 Tm 1, 17). POR MEIO DE JESUS CRISTO: Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1 Tm 2, 5). E em 1 Cor 8, 6: Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. E Paulo termina como Judas sua epístola: Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém (Jd 1, 25).

EVANGELHO (Lc 1, 26-38)
MARIA  NA ANUNCIAÇÃO

O ENVIO: Todavia no mês sexto foi enviado o anjo Gabriel da parte de Deus a uma cidade da Galileia. O nome Nazaret (26). In mense autem sexto missus est angelus Gabrihel a Deo in civitatem Galilaeae cui nomen NazarethSEXTO MÊS: Evidentemente era o sexto mês depois que o anjo anunciou o nascimento de João ao seu pai Zacarias (1, 11); e portanto, do momento em que Isabel ficou embaraçada. Este início abre um novo episódio e o relaciona com o anterior. O mesmo mensageiro [aggelos] de nome Gabriel [=homem de Deus] foi enviado por Deus [apo tou Theou= da parte do Deus (único)], sendo a origem do trono de Deus, ou seja, não era um homem mas o que nós hoje chamamos de anjo, um ser sobrenatural que recebe uma missão, um anúncio especial a uma pessoa especial. Este mensageiro se define a si mesmo como sendo Gabriel (1, 19) o mesmo que se apresenta a Daniel na hora da oferenda vespertina para explicar as setenta semanas (Dn 9, 21). Ele é um dos três anjos que aparecem com nome próprio no AT, sendo os outros Miguel (Dn 10, 13) e Rafael (Tb 3, 17). A literatura judaica nos oferece outros quatro nomes: Sariel, Uriel, Penuel e Baraquiel. Como vemos, todos terminam em El que significa Deus. Estes são os sete anjos que estão ao serviço de Deus e têm acesso ao Senhor da glória (Tb 12, 15 e em Ap 8, 2). Os nomes usam o El, antigo Deus cananeu que logo se transformou em Elohim, plural [deuses], precedido por Jahweh  [vivo ou que vive]. Unindo os dois, talvez possamos traduzir por o vivente entre os deuses, ou o Deus vivo.GABRIEL, segundo as últimas investigações não significaria homem de Deus (uma contradição), masDeus és meu guerreiro. Não podemos esquecer que Jahweh é o Deus dos exércitos. Gabriel foi enviado como mensageiro a uma CIDADE [polis] a palavra derivada de polys [numeroso]. A polis era um espaço residência dos cidadãos e dela se deriva polismátion [aldeia]. NAZARÉ ou Nazária [verdejante, ou brote] era, segundo uma descoberta de 1962, uma residência da classe ou turno décimo oitavo [Hapisés] (ver 1 Cr 24, 14) de sacerdotes. Relembra o parentesco de Maria com Isabel e o casamento com José, pois só entre tribos de Judá e Levi se admitiam os matrimônios. A aldeia pertencia à região da GALILEIA [significa circuito ou distrito]. A Galileia compreendia as tribos de Issacar, Zabulon, Aser e Neftali. Originariamente o nome foi dado a um pequeno circuito de 20 cidades que Salomão deu ao rei Hiram,  que este devia receber como pagamento por ter oferecido madeira de cedro. Hiram não gostou, e Salomão teve que dar a ele vinte talentos de ouro (1 Rs 9, 11-14). Mais tarde o nome foi estendido a toda a região do norte.

Auma virgem prometida a um varão, de nome Josef da casa de Davi; e o nome da virgem Mariam (27). Ad virginem desponsatam viro cui nomen erat Ioseph de domo David et nomen virginis Maria.VIRGEM: A palavra grega não tem outro sentido a não ser mulher que ainda não teve relações com um varão. Se queremos uma mulher adolescente como é alma em hebraico, usaríamos em gregopais, ou melhor, paidiskeDESPOSADA: O grego de Lucas usa memneusteumene, segundo alguns códices, ou emneusteumene, particípio passivo do aoristo [passado] do verbo mnesteuö que significa desposar ou ser pedida ou prometida em matrimônio. Como particípio passivo o traduziremos como estar declarada desposada ou noiva formal. Parece reproduzir ao pé da letra o texto de Dt 22, 23 que fala da pais parthenos mnesteumene [ jovem virgem desposada]. Da mesma raiz se deriva oMnester ou noivo. O mesmo verbo é usado por Mateus em 1, 18. Segundo o próprio Mateus o fato de Maria estar grávida e de José descobrir a gravidez de Maria, se deu antes de coabitarem. Precisamente levar a desposada para a casa do pai ou do marido era a base do matrimônio. A mulher passava de mneneusteumene a  giné, mulher. Para entender isto devemos entrar nos costumes judaicos da época de Jesus. O matrimônio era um contrato entre famílias. Contrato que se assemelhava a uma compra. A mulher era praticamente uma escrava, vendida pelo preço de um dote. Esse contrato em hebraico era o Ketubbá [=escrito] que estabelece obrigações, assim como uma penalidade monetária no caso de divórcio. Também era de natureza moral, pois seguia-se uma espécie de juramento: Trabalharei por você, Honra-la-ei  e manterei, segundo o costume dos maridos judeus que, em verdade, trabalham por suas esposas, as honram, sustentam e mantêm. Uma mulher virgem valia 200 denários ou 200 dias de trabalho e uma viúva uma mina, ou seja, a metade aproximadamente. Uma mulher que tinha o Ketubbá dos esponsais era considerada esposa para todos os efeitos legais. Por exemplo, o sumo sacerdote não podia casar com uma viúva (Lv 21, 14) e a Mishná afirma que essa viúva é tanto a viúva após o casamento como a viúva tão só após os esponsais. Para um novo matrimônio a viúva deve esperar três meses (tempo suficiente para saber se está grávida) já estejam casadas, divorciadas ou prometidas em esponsais, porque o noivo, na Judeia, tem intimidade com ela. Com isto fica provado que a prometida por meio da Ketubbá era praticamente uma esposa. Segundo os costumes da época entre os esponsais e o matrimônio propriamente dito devia passar meio ano. A mulher virgem a casar pela primeira vez teria na época 12 anos e meio. O grego usa o gameö para indicar matrimônio, e gametë [esposa]. Embora no NT a palavra usada égynë [mulher] com o duplo significado de fêmea humana e de esposa. Usa também o NT a palavranymfë, jovem núbil, também com o significado de nora (Mt 10, 35). Parece claro que Maria estava unicamente prometida com a correspondente Ketubbá. Lucas usa a mesma raiz só que no tempo perfeito mnesteumenë. Nas línguas modernas é difícil distinguir entre os dois tempos, aoristo e passado. Esta hipótese é realçada pelo mesmo evangelista quando afirma: antes de que coabitassem ou convivessem. Os judeus distinguiam entre compromisso matrimonial erusin[sponsalia em latim] que era um contrato comercial em que se concertava o dote ou mohar que devia ser pago aos parentes da noiva, como foi o caso de Jacó que pagou pelo casamento de Lia e Raquel (Gn 29, 15-30). Quando a esposa era rejeitada porque o marido não cumpriu o compromisso, o mohar devia ser devolvido com uma penalidade monetária alta. Tudo isso pesava na consciência e nos planos, por não dizer no bolso, de José, pois devia pagar o dobro do acordado, que acostumava ser um ano de trabalho (ver como amostra Gn 29). Daí sua hesitação. O matrimônio propriamente dito, era o nissuin, quando o marido levava a desposada no meio da noite num cortejo em que tinha como companhia as virgens locais. Neste caso passava a depender totalmente do novo dono: o marido. JOSÉ: Josef é o diminutivo teofórico de Yosip-yah [O senhor acrescente [mais filhos aos nascidos], nome que nasce com Gn 30, 24. Raquel concebeu e chamou o filho de José dizendo: que Jahweh me dê outro. José era descendente de Davi e Maria provavelmente de Aarão como explicamos no artigo anterior. A ascendência de José é narrada tanto por Mateus (1, 1-17) como por Lucas (3, 23-38), sendo mais documentos jurídicos que históricos. Com a ascendência davídica temos uma base para afirmar que Jesus era filho de Davi, seu pai (Lc 1, 32). MARIA: Miryam em hebraico, o mesmo nome que a irmã de Moisés (Êx 15, 20), que os Setenta traduzem por Mariam, nome com o que é nomeada expressamente a mãe de Jesus nos evangelhos, enquanto as outras mulheres com o mesmo nome, recebem o nome grego de Maria, que a Vulgata traduz como Maria, nome que tem sido aceito pelo português e espanhol. O nome, pois, de Nossa Senhora era o mesmo que o da irmã de Moisés. Alguns preferem o significado de rebelião [autores evangélicos principalmente], outros o derivam de um termo cananeu cujo significado é altura, cume. Relacionado com o nome de mulher significa excelência.

A SAUDAÇÃO: E entrando o anjo a ela disse: Alegra-te, superfavorecida, O Senhor contigo. [Bendita tu entre as mulheres] (28) Et ingressus angelus ad eam dixit have gratia plena Dominus tecum benedicta tu in mulieribus. ENTRANDO: O grego indica claramente que a visão do anjo foi dentro da casa onde Maria morava. Nada diz o evangelista sobre a aparência do anjo, mas de outras descrições podemos imaginar que a figura do anjo era como a de um jovem com vestes e rosto esplendorosos ao modo como viram as mulheres, ou como viu Maria, a Madalena, os anjos no sepulcro. Talvez com menos resplendor, porque logicamente no sepulcro, na penumbra do mesmo, esse fulgor sobrenatural era necessário e não seria indispensável nessas circunstâncias. As visões de Abraão em Mambré de Gn cap 18 podem ser um exemplo de como foi a aparição de Gabriel a Maria. Estava ela no gineceu como era costume com as mulheres na época, ou seja, no mais íntimo e interior da habitação, separada do resto do que constituía a casa humilde da época, por uma cortina? Podemos imaginar que sim; e daí, parte do susto de Maria ao qual o anjo deve opor o seu não temas (30). CHAIRE: O ch, segundo a transcrição adotada geralmente, é o mesmo que o jota espanhol ou o h inglês. A saudação é um pouco esquisita. O normal seria paz [eirene em grego e shalom em hebraico]. O chaire é a saudação comum entre os gregos. Eles desejavam alegria. Os latinos saúde [salve ou ave]. Os judeusshalom [paz]. Maria assim o entendeu pensando que poderia significar essa saudação [precisamente derivado de saúde, tradução do salve latino]. Pois a saudação em latim é salve[saúde] ou ave [Deus te guarde] das quais temos em português as palavras salve [salve rainha] e ave [ave Maria], sendo que saudação é a palavra derivada do salve. Hoje tanto salvecomo ave perderam o significado primário e só têm um significado de pura saudação; e especialmente dirigidas a Maria, são um preito de respeito e veneração. O Chaire é mais do que uma saudação, é o início de uma grande nova, de uma alegria que tem como base a notícia messiânica, como anuncia o anjo aos pastores: uma alegria enorme [Lc 2, 10]. Com o chaireGabriel pode iniciar o seu anúncio. KECHARITOMENE: O anjo chama a Maria KECHARITOMENE, palavra que substitui, segundo os entendidos, o nome próprio. De modo que na saudação, no lugar de alegra-te, MARIA, o anjo diz: alegra-te, SUPERFAVORECIDA. A palavra é um epíteto, aposição ao nome próprio. O anjo escolhe um novo nome para Maria em relação com sua missão futura, ao modo como Jesus muda o nome de Simão pelo de Kefas.[=rocha]  Um exemplo no AT está em Jz 6,12 quando o  anjo anuncia a Gedeão: O senhor está contigo[Kyrios meta sou] VALENTE GUERREIRO [dynatos te ische, poderoso em força, ou ischirós ton dynameonforte em poderes], equivalente a Fortíssimo, superlativo que não existe  nas línguas semíticas. Por isso a tradução de kecharitomene seria super favorecida. As bíblias evangélicas preferem muito favorecida. As  católicas cheia de graça, do latim plena gratiae, no sentido, não de expressar qualidades de Maria, mas de que Deus gratuitamente [e esse é o sentido de charis, graça] lhe adorna. É lógico que sendo a mensagem de salvação, essa mercê divina esteja destinada a essa salvação. Maria é a mulher que aos olhos de Deus achou benevolência em grau sumo (30). Daí podemos concluir que ela é a mais favorecida de todas as criaturas, e com isso se abre uma porta aos extraordinários dons de que foi ornada. A Igreja católica fundamenta aqui alguns dos dogmas marianos: Amaternidade especial de Maria como virgem  e mãe de Jesus já a favoreceporém a mancha do pecado a tornaria diante dos olhos divinos igual a todos os demais seres humanos. Quem é minha mãe e meus irmãos?- dirá Jesus (Mc 3,33). E ele antepõe o laço do discipulado ao  familiar da carne. Neste sentido de que a salvação dada por Jesus tem prioridade, Maria devia ter essa salvação ou justificação como nenhuma criatura. E a salvação é dos pecados (Mt 1, 21). Por isso a Igreja a declara limpa de todo pecado, devido aos méritos de Cristo, ou seja, IMACULADAO KYRIOS META SOU: É a tradução de Deus contigo, como vemos no lugar paralelo de Jz 6, 12 do Jahweh imeka pelos Setenta. É uma fórmula declarativa, como dizendo: Venho a ti que estás com Deus neste momento de tua vida e que esse Deus pensa em ti para grandes obras. Maria se perturba ou fica intranquila [intrigada diz a bíblia de Jerusalém], perguntando-se sobre o significado de semelhante cumprimento ou saudação. A Vulgata acrescenta bendita tu entre as mulheres que não está nos textos gregos.

ACHASTE GRAÇA: Ela, pois, como visse, perturbou-se por esta palavra e considerava qual era essa saudação (29). Então lhe disse  anjo: Não temas Mariam porque achaste graça diante de Deus (30). Quae cum vidisset turbata est in sermone eius et cogitabat qualis esset ista salutatio.Et ait angelus ei ne timeas Maria invenisti enim gratiam apud Deum. NÃO TEMAS, MARIA: Agora o anjo acalma seus possíveis temores e usa o nome da mulher que antes substituiu pela aposição de um atributo essencial. E o anjo explica a razão da tranquilidade que deve preencher sua alma: encontraste graça [charis] da parte do Deus [único]. Que significa essa graça como traduzem tanto evangélicos como católicos? Graça é a boa vontade por parte de Deus, princípio dos favores que em sua vida encontrará como presentes e dádivas de um Deus extremamente rico e amoroso.ENCONTRASTE GRAÇA: É a explicação do Kecharitomene. Poderíamos traduzir com menos margem de erro Deus te outorgou seu favor. Estás sob a sua proteção e Ele está disposto a conceder-te tudo o que peças e necessites. Em Gn 6, 8 Noé encontrou graça [hen<02580>hebraico echaris<5485>grego] aos olhos de DeusNoe vero invenit gratiam coram Domino traduz a Vulgata exatamente como neste caso: Inveniste gratiam apud Deum. No caso de Noé a salvação se deu do dilúvio. E por isso fez dele uma exceção, salvando-o do desastre total que atingiu o resto da humanidade. No caso de Maria, a salvação foi do pecado, especialmente do original. Charis é um termo totalmente usado por Lucas e ausente em Marcos e Mateus.

CONCEBERÁS: Eisque conceberás em teu ventre e darás à luz um filho e chamarás pelo nome de Jesus(31). Ecce concipies in utero et paries filium et vocabis nomen eius Iesum.EXPLICAÇÃO: O grande favor é a maternidade de Maria que o anjo prediz mais do que oferece. A frase é uma cópia de Gn 16, 11: Disse-lhe ainda o anjo: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, que a Vulgata traduz literalmente: Ecce concepiste et paries filium, vocabisque nomem ejus Ismael. Neste versículo (31) o grego do evangelho de Lucas, só modifica uma palavra: no lugar de écheis(terás) [que o hebraico diz concebeste em passado e que a Vulgata conserva, não assim os setenta] usa syllempse em futuro, que significa em raiz, receber [receberás ou vais receber em teu ventre seria a tradução mais correta].  Vemos neste detalhe um significado muito especial: não há concebido nem conceberá, mas receberá um filho. Por outra parte o TEXEI[futuro de tiktö, que numa mulher significa dar à luz] é normal se referindo a uma mulher. Falta falar sobre o nome que neste caso é Jesus. O nome em hebraico era Yehoshuah, o mesmo que Josué. Trata-se de um nome teofórico, cujo primeiro elemento é Yahu (= Yahweh); e o segundo o imperativo do verbo Shu (=ajudar). O verdadeiro significado seria Senhor, ajuda-me, como grito de uma mãe no parto. Com o tempo,Yehoshuah foi abreviado em Yesuah ( Esd 2, 6), no grego Iêsué, nesta nova forma, derivada de uma raiz que significa salvar. Esta etimologia popular é a que Mateus usa para afirmar que ele salvará seu povo dos seus pecados (Mt 1, 21). Os exegetas dizem que a verdadeira raiz é ajudar.

O MESSIAS: Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo e lhe dará (o) Senhor o Deus o trono de Davi, o seu pai (32)Hic erit magnus et Filius Altissimi vocabitur et dabit illi Dominus Deus sedem David patris eius. MÉGAS: Este será grande. O Megas [grande] sem adjetivo, significa eminente, excelente, e devemos compará-lo com Lc 1, 15 sobre a grandeza de João o Batista, queseria grande diante do Senhor. Em Jesus, a grandeza não tem comparação: isso o equipara com Deus. Nos escritos de Qumrã temos o oposto a Jesus, falando de um rei: será grande sobre a terra. A grandeza absoluta está ligada ao poder e excelência de Deus. O adjetivo grande [megas] sempre vai unido a um nome ou uma explicação: grande no reino dos céus (Mt 5, 19); grande Rei (Mt 5, 35); grande diante do Senhor (Lc 1,15); grande profeta (Lc 7, 16). Nunca se diz unicamente será grande, que podemos traduzir por será o absoluto em grandeza, uma grandeza sem comparação. Essa grandeza da qual fala 1 Cr 16, 25: Grande [gadol=megasé o Senhor e mui digno de ser louvado. E como outro exemplo o salmo 48, 2: Grande é o Senhor [gadol Yahweh =megas Kyriose digno de louvor na cidade de nosso Deus, seu monte. Como não existe o superlativo nas línguas semitas o adjetivo só corresponde ao nosso superlativo: Jesus não têm comparação com homem nenhum.FILHO DO ALTÍSSIMO: Temos visto como o grego desta parte de Lucas é calcado no grego dos Setenta do AT. Por isso o Kai que precede ao Filho do Altíssimo será chamado, pode ser traduzido por portanto ou porque será verdadeiro Filho de Deus, pois ser chamado é uma maneira de dizer, em hebraico, o ser que não é usado como copulativo nessa língua. Em Qumrã encontramos a frase num fragmento: será chamado por seu nome. Aclamá-lo-ão como filho de Deus e o chamarão Filho do Altíssimo. O Altíssimo [hypsistos] era um título atribuído a Júpiter e a expressão Theós Hypsistos[Deus Altíssimo] não é rara nas inscrições greco-romanas. Os judeus davam a Jahweh o título de‘Elyôwn <5945[mais alto, supremo, altíssimo] como em Sl 7, 18: ou 17: cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo,cantabo nomini Domini altissimi [Yahweh Elion=Kyrios tou Hipsistou]. Os mesmos substantivos em grego e em hebraico aparecem em outras passagens dos salmos como 18, 13 [hebraico] ou 17, 14 na Setenta. TRONO DE DAVI: E o Senhor Deus [Kyrios ‘o Theós] dará a ele o trono de Davi, seu pai. No NT Senhor Deus só sai nos Atos (2, 39 e 3, 22) e no Apocalipse (1, 28; 22, 5 e 22, 26). Em todas elas a expressão grega Kyrios ‘o Theós é exatamente reproduzida. Nesta breve frase deveríamos colocar o verbo ser entre os dois substantivos: Senhor é Deus ou Senhor que éDeus. Que traduz o Yahweh Elohim do segundo capítulo do Gênese e que a Setenta traduz por ‘o Theos [2, 8]ou por Kyrios ‘o Theós [2, 15].  Sobre o trono de Davi devemos afirmar que esse trono era como propriedade de Yahweh e retirado o reino da casa de Saul, é estabelecido o trono de David (2 Sm 3, 10). Em 1 Rs 2, 45 esse trono se afirma estar firme na presença do Senhor para sempre, coisa que Isaías diz estar assentado e afirmado para sempre (9, 6). Jeremias dirá que desse trono haverá reis herdeiros do mesmo (22, 4). Por isso tudo vemos que as palavras do anjo se referem a um rei que é descendente de Davi.

O REINADO: E reinará sobre a casa de Jacó para sempre e seu reino não terá fim (33). Et regnabit in domo Iacob in aeternum et regni eius non erit finis REINARÁ: Sobre a casa de Jacó. Não unicamente sobre Judá mas sobre todas as tribos de Israel ou Jacó. PARA SEMPRE [eis tous aionas, para os séculos ou gerações]; e seu reino não terá fim. Evidentemente o anjo alude ao rei messias. A frase é uma repetição da profecia de Daniel sobre o filho do Homem cujo império é um império eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído (Dn 7, 14). É o último reino que vencerá todas as eventualidades e instabilidade dos séculos.

COMO SUCEDERÁ: Mariam, porém, disse ao anjo: Como será isso, visto que não estou conhecendo varão? (34)Dixit autem Maria ad angelum quomodo fiet istud quoniam virum non cognosco.COMO SERÁ ISSO? Existe intervenção de Maria no diálogo: Como se fará isso, visto que não tenho relação com esposo algum? O texto fala de não conheço varão ou marido. Assim comoginé[mulher] é o mesmo que gameté [esposa], aner [homem] (Mt 1, 16) substitui nýmfios [esposo jovem] (Mt 9, 15) ou gametês [homem casado], porque Lucas usa aner e não anthropos, este não tendo mais significado que o de homem em geral, ou melhor um ser humano. O grego emprega arsenou arren [macho] e thêlys [fêmea] para distinguir os gêneros como em Gl 3, 28. Talvez Maria dissesse simplesmente não estou casada ainda. Os comentaristas católicos falam de um voto particular. Era um voto perpétuo, ou era um voto temporal como o de Nazireato (Nm 6,4)? Ou um recurso literário para que o anjo explicasse o modo extraordinário da concepção? Evidentemente, como introdução, o texto serve para iniciar o discurso angélico sobre a concepção virginal. Mas é lógico presumir que existia algum impedimento, pelo menos temporal, para uma concepção imediata, de quem, desposada com José,  ainda era virgem.  Se o parthenos [=virgem)] inicial do relato não fosse suficiente, e se o enmesteumene [desposada] suscitasse alguma dúvida, esta pergunta de Maria nos coloca frente a sua virgindade como fato que mais tarde se tornaria opçãopraticamente coerente e necessária, que tornaria sua ulterior virgindade uma lógica dedução natural. Por isso os gregos se dirigem a Maria como aei parthenos [=sempre virgem]. A virgindade de Maria foi sempre uma crença da Igreja, especialmente da Igreja Oriental, que no Ocidente levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem (número 249 do catecismo da Igreja Católica). O negrito é do autor. A Vetus Latina traduz quoniam virum non cognovi[porque não tive relações com um homem] indicando que a conceição seria imediata ou que estava pronta a se tornar nesse momento grávida. E pede uma explicação.

OBRA DE DEUS: E tendo respondido o anjo disse-lhe: Espírito divino descerá sobre ti e poder de Altíssimo te fará sombra; portanto também o gerado sagrado, será chamado Filho de Deus(35). Etrespondens angelus dixit ei Spiritus Sanctus superveniet in te et virtus Altissimi obumbrabit tibi ideoque et quod nascetur sanctum vocabitur Filius DeiO ESPÍRITO: Na realidade a tradução literal seria descerá sobre ti um espírito sagrado [sem artigos] ou seja um poder divino. A expressão Espírito Santo só aparece no NT 93 vezes das quais 25 nos evangelhos. Das 12 vezes que aparece em Lucas, somente três têm o artigo O, indicando nome próprio ou pessoa. As outras 9 estão sem artigo, e podem indicar um poder especial divino como a profecia (1, 41) ou uma ação especial divina como neste caso, sem implicar a 3a pessoa da Santíssima Trindade. Poderíamos traduzir: descerá dobre ti um poder da parte de Deus. (o) PODER[dynamis]DO ALTÍSSIMODynamis pode ser traduzido como força, energia, poder, potência. Será, pois uma atuação poderosa de Deus, como criador, diante do qual nada é impossível como dirá Gabriel no final desta conversa, a que atuará diretamente sobre Maria para iniciar a gravidez. COBRIR-TE-Á COM SUA SOMBRA. Evidentemente é uma referência à sombra da shekinaha nuvem que cobria a Tenda da Reunião e a glória de Yahweh enchia a habitação. Não é só a dynamis mas a presença do próprio Senhor da dynanis. Daí que a Igreja chame Maria de esposa do Espírito Santo, porque foi obra dele que Maria concebesse e assim substituisse o labor do homem no nascimento de Jesus. Assim o explica na última frase o anjo.SANTO, FILHO DE DEUS: A mensagem do anjo prossegue num crescente revelado, desde que seria mãe do Rei Messias [seu filho reinará para sempre] até a revelação final de que  sua concepção seria virginal, devida ao poder divino. Conceição virginal, não como privilégio mariano, mas como estrita lógica de o concebido ser um ser sagrado [‘agios] completamente diferente de qualquer outro ser humano, porque a paternidade desse filho procede de Deus. O Espírito Santo, que é classificado  como o poder divino, será a causa de que o nascido seja também realidade divina [será santo, melhor sagrado] e, portanto, chamado com razão verdadeiro Filho de Deus. Esta expressão adquire maior relevo se consideramos que o óvulo feminino só foi descoberto no final do século passado, e de que a crença comum e científica da época era de que a semente do novo ser gerado dentro de uma mulher, só dependia do varão, sendo o útero feminino o fértil campo em que essa semente era guardada e cultivada. Como exemplo em  Êx 1,16 e 22 o Faraó manda matar só os nascidos varões e deixa viver as filhas, porque estas não poderiam gerar descendentes hebreus. O filho nascido seria legalmente também Filho de Deus por ser a mulher considerada uma escrava, sem direitos civis, e realmente porque não se admitia por parte da mesma, papel essencial na geração, pois o descendente dependia unicamente da semente masculina. Daí que o versículo que estudamos, claramente indica, com a procedência, a sobrenaturalidade da origem de Jesus. Verdadeiramente era Filho de Deus. Hoje que sabemos do papel da mulher com seu óvulo, podemos dizer que nesse óvulo feminino o Espírito Santo fez o papel masculino de fecundá-lo. Daí que com maior razão podemos hoje afirmar que Maria é verdadeiramente mãe de Deus e que a primeira carne de Jesus foi totalmente Mariana. O antigo catecismo que não conhecia o óvulo feminino declarava: o Espírito Santo do puríssimo sangue de Maria formou um corpo. O corpo de Jesus era totalmente Mariano. Hoje a ciência admite uma partenogéneses sempre que o feto seja feminino, ou seja, deverá ter um genoma igual ao da mãe, sendo um clone da mesma. Até admite essa mesma ciência que em casos extraordinários o feto possa ser também masculino. A vida de Jesus, nosso Salvador se inicia, pois, num milagre feito dentro do corpo de Maria.

EXEMPLO DE ISABEL: E eis que Elisabet, tua consanguínea, também ela concebeu um filho, em sua velhice e este é o sexto mês para ela a chamada estéril (36). Et ecce Elisabeth cognata tua et ipsa concepit filium in senecta sua et hic mensis est sextus illi quae vocatur sterilis. Sempre que existe uma revelação extraordinária, Deus dá um sinal externo visível por todos e não unicamente pelo vidente, para confirmar as palavras ouvidas. Tal foi o caso de Moisés com a vara transformada em serpente e a mão no peito coberta de lepra (Êx 4,1-9). No nosso caso foi Isabel, já infértil [estéril] que agora tem um filho de seis meses no ventre por graça de Deus.

DEUS TUDO PODE: Porque não será impossível para Deus toda palavra (37). Quia non erit inpossibile apud Deum omne verbum. Quer dizer que o que ele anuncia deve cumprir-se necessariamente. Palavra [rëma<4487>=verbum] é diferente de Logos. Rëma é um mandato, uma decisão, um oráculo ou promessa, e até um fato. Aqui devemos entender um compromisso, ou palavra dada. RËMA é a tradução grega do Dabar como em Gn 18, 14: Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR? Em boa lógica poderíamos traduzir porque não será impossível para Deus qualquer coisa.

A RESPOSTA: Disse então Maria: Eis aqui a escrava do Senhor. Cumpra-se em mim a tua palavraE se afastou dela o anjo (38). Dixit autem Maria ecce ancilla Domini fiat mihi secundum verbum tuum et discessit ab illa angelus Maria aceita a proclamação do anjo e aceita ser a esposa do Espírito Santo. Nesse momento temos um matrimônio consumado e um filho concebido. Maria é esposa do Espírio Santo e mãe do Verbo nesse momento Encarnado. OBSERVAÇÕES: Como Maria se vê a si mesma? Ela se considera insignificantecomo uma escrava (Lc 1,48) Por isso a saudação extraordinária do anjo a perturba grandemente(29). Finalmente Maria dará seu consentimento com as mesmas palavras com as quais uma desposada admitia seu esposo: Eis a tua escrava. Cumprirei as tuas palavrasMaria se torna assim esposa do Espírito Santo. José será o representante legal do filho e da mãe, mas o que realmente abriu seu ventre em expressão bíblica foi um ato divino de um Deus, para quem nada é impossível (37). Destarte Maria entrou a formar parte dessa família que é a Trindade e da qual todos os salvos por Jesus seremos familiares. Daí deduzimos com razão que a salvação de Maria deu-se de forma total nessa sua aceitação livre e voluntária, no momento da Encarnação. Ela já está unida a Deus, uno e trino, como mãe e como esposa. Sua exaltação, na hora da morte, o que chamamos Assunção, tem unicamente como raiz este momento crucial de sua vida.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! O Deus que vem quer ser pobre; contesta as imagens que espontaneamente dele fazemos, e vem ao nosso encontro numa dimensão incomum para uma religião. Mas esse Deus diferente despertará muito mais a fé daqueles que procuram uma religião autêntica. Toda uma linha profética havia apresentado aos israelitas o Messias segundo as categorias do poder, da vitória, do domínio universal; isso, aliás, correspondia à experiência do Exodo, que permanece o ponto de referência necessário para o Deus da Aliança. Mas sobretudo com o exílio, que favorece a reflexão sobre a aliança e sua interiorização, o Deus de Israel e Aquele que ele consagra para a missão de salvador do povo são encarados sob uma luz nova, mais espiritual e mais simbólica também; e, do mesmo modo é encarada a missão e seus destinatários. Os pobres são mais disponíveis para o alegre anúncio da salvação, pois não se apoiam em sua suficiência pessoal ou na segurança material, e estão atentos, à escuta da palavra de Deus e capazes de uma fidelidade simples e firme à sua lei. O terceiro Domingo do Advento é também chamado “Domingo da alegria”, porque apresenta um forte  sentimento de júbilo diante da perspectiva iminente do Natal. É também dia da Coleta Nacional da Campanha para a Evangelização da Igreja no Brasil. Aproveitemos esta oportunidade para demonstrar nossa generosidade e espírito de comunhão eclesial, por meio da colaboração nas coletas de hoje, destinadas a consolidar a evangelização. Entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Génesis 3, 9-15.20): - "Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar."

SALMO RESPONSORIAL (84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)): - "MOSTRAI-NOS O VOSSO AMOR E DAI-NOS A VOSSA SALVAÇÃO."

SEGUNDA LEITURA (Efésios 1, 3-6.11-12): - "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou."

EVANGELHO (São Lucas 1, 26-38): - "Eis a escrava do Senhor faça-se em mim segundo a tua palavra."



Homilia do Diácono José da Cruz – 3º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B
SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO

"Imaculada Conceição de Maria"

Em 08 de Dezembro de 1854 o Papa Pio XI tinha proclamado solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria, declarando que Maria foi concebida sem a mancha do pecado original.. Então, quatro anos depois, a própria Virgem Maria, em pessoa, quis confirmar este dogma. Foi quando em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou seu Nome a Santa Bernadete nas aparições de Lourdes. Disse-lhe ela: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Um Dogma não pode ser jamais questionado, pois é um Verdade da nossa Fé,  mas deve e precisa sempre ser interpretado, para que não se fomente no coração do Povo de Deus uma Fé sem conexão com a Natureza humana e sem compromisso com a  história.

Por muito tempo na vida da Igreja, uma corrente excessivamente moralista defendeu a idéia absurda de que o pecado original estava ligado a sexualidade humana e a partir disso, passou-se a olhar a Imaculada Virgem Maria, como mulher que Deus preservou do pecado da sexualidade, uma vez que foi concebida pelo poder do Espírito Santo, sem a participação de José e daí, colocou-se Castidade e Virgindade em uma mesma “Gaveta”, e Maria começou a ser exaltada, não por aquilo que ela ERA, mas por aquilo que NÃO ERA (Maria não tinha tido relação com São José e por isso estava acima de todas as mulheres da terra)

O resultado disso foi no mínimo catastrófico: o sexo era, e para muitos ainda é, o mais grave de todos os pecados, conceito inculcado por uma catequese equivocada. A própria Igreja em sua história chegou a considerar o sexo no casamento, como um “mal” necessário, permitia-se a relação sexual entre homem e mulher, apenas para a preservação da espécie. Olhando-=se então  por esse viés, os Filhos gerados em um casamento eram frutos do pecado, menos Jesus Cristo, gerado por obra do Espírito Santo. Nesse caso, não há como fundamentar o Dogma da Imaculada Conceição, pois Maria nasceu da união carnal de Santa Ana e São Joaquim, portanto, como todos os mortais: Fruto do “Pecado” da sexualidade foi de fato concebida sem a mancha do pecado original, mas não foi gerada pelo Espírito Santo...

A questão é que, se olharmos para Jesus na Teologia Joanina, fica mais fácil de entendermos não só esse como todos os demais Dogmas Marianos, se para os sinóticos Mateus, Marcos e Lucas, o ponto de partida da Cristologia é a Encarnação, João o coloca em seu devido lugar, como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, então a pré existência do Verbo Divino dà ênfase a precedência sobre Maria de Nazaré, tudo em Maria nos leva a Jesus, inclusive os Dogmas proclamados solenemente pela Santa Igreja e não o contrário.

Os Dogmas da Imaculada Conceição, e da Virgindade de Maria, revelam a autenticidade do  Messianismo de Jesus, Ele é o Messias Salvador de toda humanidade, não só dos Judeus como até então se pensava. O Pecado do qual ele nos libertou, não é do  pecado da sexualidade e nem foi este o pecado original de Adão e Eva, mas sim o da DESOBEDIÊNCIA, da não submissão aos  Desígnios Divinos,  e á sua Santa Vontade, aliás,  há aqui uma grande ironia: o Homem quis ser Deus, ocupando o lugar que lhe pertence, e Deus se tornou Homem em Jesus Cristo, invertendo a ordem estabelecida pelo pecado: o Grande se faz pequeno, justamente para mostrar a sua Grandeza, presente concretamente no Amor que se rebaixa para Servir (Kénose).

Aí está o verdadeiro sentido desse Dogma, Maria é imaculada, sem nenhuma mancha ou culpa, não pelo seu próprio esforço ou por algum detalhe a mais ou a menos no seu organismo, mas sim porque nela, Jesus antecipou a Salvação de toda humanidade, o Pai a preservou, Aquele que veio para nos libertar não poderia nascer de alguém submetida ao pecado, Eva, que prefigura a humanidade, e Maria de Nazaré foram em sua origem preservadas de todo mal, entretanto, Maria, Obediente e Fiel á sua origem, assim se manteve, enquanto que Eva, usando mal da sua liberdade, fez uma escolha contrária ao Plano Divino, perdendo para a Serpente, que Maria esmagou sob os pés.

O que caracteriza Maria como Imaculada é precisamente essa vitória sob as forças do mal, representadas pelo dragão, esmagado pelos seus pés (quase sempre representado pela serpente) e a meia-lua. Dois símbolos fortes, oriundos tanto da cultura universal quanto das páginas bíblicas.

O termo Imácula, vem do latim Imaculare ( sem mancha alguma) assim se manteve Maria, e assim também se mantém todo aquele que crê em Jesus Cristo – Filho de Deus, pois quando se permite que Deus preencha todo o nosso ser, submetendo-nos a ele como servos e servas, o mal não nos domina, apesar da concupiscência da carne, e assim, primeiro Maria, que nos precedeu como a primeira a ser Salva, um dia em nós também a Salvação será uma feliz e acabada realidade, quando a Graça se tornar plena, após a purificação da Santa Morte. Maria já viveu essa feliz e eterna realidade nesta terra e depois dela , também viverá todos os que crêem...

O Dogma da Assunção confirma que Maria era mesmo Imaculada e não teve necessidade da purificação da morte, como todos nós mortais teremos que experimentar, para concluir a  passagem para a Comunhão Plena e Definitiva com Deus Pai na Trindade Santa, com todos os anjos e santos... Depois de vencidas as Forças do Mal, que Maria derrotou por primeiro, como conseqüência da Salvação nela antecipada.

Maria da Imaculada Conceição... ROGAI POR TODOS NÓS, AMÉM!

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 3º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

“Solenidade da Imaculada Conceição”

Conta-se que o Beato escocês João Duns Scoto (1266-1308), estando diante duma imagem de Nossa senhora, rezou da seguinte maneira: dignare me laudare te, Virgo sacrata: Virgem Santa, fazei com que eu fale bem de vós! Em seguida, o franciscano fez as seguintes perguntas:

- A Deus lhe convinha que a sua Mãe nascesse sem a mancha do pecado original?
Sim. A Deus lhe convinha que a sua Mãe nascesse sem nenhuma mancha, pois é mais honroso para ele.

- Deus podia fazer que a sua Mãe nascesse sem o pecado original?
Sim. Deus pode tudo e, portanto, podia fazer com que a sua Mãe fosse imaculada, sem mancha.

- Aquilo que é conveniente a Deus, ele o faz ou não?
Se Deus vê que uma coisa é conveniente, que é melhor, ele a realiza.

- Logo – exclamou Scoto –, já que para Deus era melhor que a sua Mãe fosse imaculada e podia fazer que assim o fosse, ele – de fato – a fez imaculada. Decuit, potuit, fecit! Convinha e Deus podia, Deus o fez!

Logicamente, esse não foi o primeiro raciocínio em torno à verdade da Imaculada Conceição. Muitos estudiosos da ciência teológica haviam pensado nessa verdade de fé e, não obstante, encontravam dificuldades à hora de afirmá-la, basicamente duas: a universalidade do pecado depois de Adão e a universalidade da redenção efetuada por Cristo. Se todos nascem com a mancha do pecado original, como retirar a Mãe de Jesus do meio do comum dos mortais? Essa era a primeira objeção. Ademais, Cristo salvou a todos. Afirmado o anterior, será que a defesa da imaculada conceição não vai em contra dessa universalidade da redenção de Cristo que atinge a todos? De fato, esses argumentos fizeram com que alguns teólogos – como Santo Anselmo, São Bernardo, Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino e São Boaventura – negassem que Maria fosse imaculada desde a sua conceição. Logicamente, naquele tempo não havia o dogma da imaculada conceição e, portanto, nenhum deles pode ser acusado de heresia.

Ao contrário desses grandes teólogos, Eadmero(+ 1124), monge beneditino e discípulo de Santo Anselmo, mais atento à fé do Povo de Deus que se sentia atingido em sua piedade quando se afirmava que Maria teve o pecado original, ofereceu uma boa base argumentativa para defender a imaculada conceição de Nossa Senhora. A sua maneira de pensar ajudou especialmente a resolver a primeira dificuldade, aquela que se referia à universalidade do pecado. Eadmero se apoiou, por um lado na analise que pode ser feita sobre a geração do ser humano e, por outro, na onipotência de Deus. Esse autor diz que em toda concepção há que considerar duas coisas, os pais que geram (dimensão ativa) e o filho que é gerado (dimensão passiva). Na concepção ativa (geração) há continuidade e, nesse sentido, transmissão do pecado; mas na concepção passiva (a criatura que é gerada) há uma descontinuidade porque começa um novo ser e, nesse sentido, pode dar-se a ruptura com o pecado na humanidade. Estabelecida a possibilidade, o monge beneditino inglês apoiou-se na onipotência de Deus para que aquilo que é possível venha a ser real. Eadmero deixou escrito em seu “Tratado sobre a conceição de Santa Maria”: Potuit plane et voluit; si igitur voluit, fecit”: como Deus pode e quis (romper a cadeia do pecado e fazer imaculada a Virgem Maria), fez aquilo que quis. Talvez essas palavras latinas – potuit, voluit, fectit: pôde, quis, fez – já se encontravam na piedade popular que, ao parecer, cantava da seguinte maneira:

Quis e não pôde, então não é Deus;
Pôde e não quis, então não é filho;
Digam, portanto, que pôde e quis.

Com Guilherme de Ware (+ 1300), a teologia franciscana sobre a imaculada conceição de Maria começa a andar a passos largos. Esse frei inglês foi professor em Oxford; filósofo e teólogo, ao parecer foi mestre de João Duns Scoto em Oxford. Guilherme oferece o argumento para resolver a segunda dificuldade, aquela que se referia à “incompatibilidade” entre a universalidade da redenção e a imaculada conceição de Maria. Para esse autor, Maria não teve o pecado original porque ela foi redimida por Cristo antecipadamente, de maneira preventiva: ela foi preservada, pelos méritos de Cristo, de contrair o pecado original.

O “cantor do Verbo encarnado e defensor da Imaculada Conceição”, o Beato Duns Scoto – como o definiu João Paulo II – soube unir todas essas tendências a favor da imaculada conceição de Nossa Senhora com grande sucesso. Bento XVI, na audiência do dia 07 de julho deste ano, quando falou sobre o beato Duns Escoto, explicava alguns aspectos ligados a esse dogma. A descrição do Papa é muito interessante: “Na época de Duns Escoto a maior parte dos teólogos fazia uma objeção, que parecia insuperável, à doutrina segundo a qual Maria Santíssima foi preservada do pecado original desde o primeiro momento da sua concepção: de fato, a universalidade da Redenção realizada por Cristo, à primeira vista, podia parecer comprometida por semelhante afirmação, como se Maria não tivesse precisado de Cristo e da sua redenção. Por isso os teólogos opunham-se a estes textos. Então, Duns Escoto, para fazer compreender esta preservação do pecado original, desenvolveu um tema que depois seria adoptado também pelo beato Papa Pio IX em 1854, quando definiu solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria. E este argumento é o da “Redenção preventiva”, segundo a qual a Imaculada Conceição representa a obra-prima da Redenção realizada por Cristo, porque precisamente o poder do seu amor e da sua mediação obteve que a Mãe fosse preservada do pecado original. Por conseguinte Maria é totalmente remida por Cristo, mas já antes da concepção. Os Franciscanos, seus irmãos de hábito, aceitaram e difundiram com entusiasmo esta doutrina, e outros teólogos – muitas vezes com juramento solene – comprometeram-se a difundi-la e a aperfeiçoá-la”.

Depois de um longo caminho de piedade mariana imaculista e de reflexão teológica, Pio IX, no dia 08 de dezembro de 1854, rodeado por 92 bispos, 54 arcebispos, 43 cardeais e de muitíssimas outras pessoas definiu como dogma de fé a Imaculada Conceição da Virgem e Mãe de Deus, Maria Santíssima: “declaramos, proclamamos e definimos que a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria foi preservada imune de toda mancha da culpa original no primeiro instante da sua conceição por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em atenção aos méritos de Cristo Jesus Salvador do gênero humano, está revelada por Deus e deve ser, portanto, firme e constantemente acreditada por todos os fiéis” (Bula Ineffabilis Deus).

Logicamente, a base bíblica dessa verdade de fé católica não pode ser mais que implícita. A inimizade entre Maria e o demônio (cfr. Gn 3,15), a plenitude de graça que há em Maria (cfr. Lc 1,28) e a benção que recai em Nossa Senhora (cfr. Lc 1,42) são realidades que, interpretadas na Tradição da Igreja, nos oferecem uma base sólida para contemplar, expor, viver e defender essa verdade da nossa fé.

Ao pensar na Imaculada Conceição, eu também gosto de pensar na pureza de vida que o Senhor pede que tenhamos e que pode resumir-se naquela bem-aventurança que diz “bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”. Quando falamos de pureza de coração não nos referimos somente à castidade, mas àquela disposição interior que nos deixa livres para acolher o olhar penetrante de Deus nas nossas vidas e para que também nós, com uma felicidade antecipada, possamos ver – agora na fé e depois na visão – o Pai e o Filho e o Espírito Santo. A pureza do coração nos faz sensíveis às coisas do alto; um coração sujo, ao contrário, não percebe as coisas de Deus.

Bendita seja a tua pureza,
Seja bendita eternamente.
Pois todo um Deus se recreia
Em tão graciosa beleza.

A ti, celestial princesa,
Virgem sagrada, Maria,
Eu ofereço neste dia
A vida, a alma e o coração.
Olha-me com compaixão.
Não me deixes, ó minha Mãe.

(canto mariano tradicional)

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 3º Domingo do Advento – Ano B
SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: É lícito e plausível louvar o Senhor por suas obras. Salmos e profetas têm suas páginas impregnadas de semelhantes doxologias. E qual é a obra ápice para tal elogio? Sem dúvida, Jesus, o homem em que se encarnou o Verbo de Deus (Lc 1, 42). E como em toda tradição humana, será a mãe desse Jesus a que mereçe o máximo louvor após o dado ao Filho. Bendita és tu entre as mulheres (Lc 1, 42).   Mas a razão dessa bênção será a dada pela mulher desconhecida do povo: Bendito o ventre que te gerou e os peitos que te alimentaram (Lc 11, 27). A correção de Jesus [antes bemaventurados os que ouvem a palavra de Deus e a praticam] que muitos evangélicos usam para denegrir os católicos que veneram Maria, não serve: Ela gerou antes em sua mente aquele que procriou no seu ventre (S. Agostinho). E a bênção definitiva de Jesus sobre os que cumprem a vontade do Pai, serve perfeitamente para Maria, que entregou sua liberdade [escrava do Senhor] para que a liberdade divina encontrasse o caminho completamente livre para cumprir seus desígnios em sua escrava (Lc 1, 28). Ela era a kecharitomene [literalmente, superfavorecida] já antes de dar a resposta. E que significa esse favor extremo e abundante do Senhor? De ordem espiritual devia ser segundo o que Jesus replica à mulher que louvou sua mãe em termos materiais. E o melhor dom a receber por uma criatura é a santidade, própria de Deus. Santidade que significa total ausência de pecado. Daí que Imaculada seja o título com o qual ela se declara como aparição à pequena Bernardete. E dessa eleição [epeblepsen=abaixou seu olhar] da insignificância de sua escrava resultam todos os privilégios [não seria do contrário superfavorecida] marianos. Comecemos por sua Conceição.

MARIA EM SUA CONCEIÇÃO: Em seu magnífico livro, conjunto de uma série de artigos sobre Maria, Vittorio Messori afirma que existe uma diferença entre a Imaculada Conceição dos católicos romanos e a Conceição Imaculada dos católicos ortodoxos. A primeira foi definida por Pio IX aos 8 de dezembro de 1854, na Bula Ineffabilis Deus. Assim o Papa se expressou: Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bemaventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por todos os fiéis. Como vemos, o principal objetivo da bula papal é o pecado original. E sobre essa conceição, se afirma que foi sem pecado. Daí o título Imaculada Conceição, confirmado sobrenaturalmente pela aparição em Lourdes no dia 25 de março de 1858. Em dialeto local do Bearne, parecido com o aragonês pirenaico, que ainda se conserva nos pés da estátua da gruta, é: Que soy era Immaculada Councepçiou. Já os orientais falam de Conceição Imaculada, não da Virgem, mas de Jesus, embora admitem em Nossa Senhora ausência de pecado e por isso é chamada panagia [toda santa]. Nos ícones de Maria, esta é pintada com três estrelas que significam Virgem antes do parto, Virgem no parto e Virgem depois do parto.

MARIA COMO MÃE DE JESUS: Caro Iesu, caro est etiam Mariae: Essa era a clássica fórmula antiga: a carne de Jesus é também carne de Maria. Hoje, após o que sabemos de biologia podemos trocar por esta outra afirmação: Caro Mariae est etiam caro Jesu, especialmente podemos afirmar que no primeiro momento da vida de Jesus sua carne era totalmente mariana. Logo, em Jesus vemos a mãe, e, na mãe, vemos Jesus.

MARIA COMO MÃE DOS CRISTÃOS: Podemos afirmar que é totalmente certa aquela afirmação de um sacerdote que, numa locução interna, escutou esta verdade: Não pode ser chamado irmão de Jesus quem não aceita Maria como Mãe. Os evangélicos gostam de se chamar irmãos. Irmãos, logicamente através de Jesus, que chama seus discípulos de irmãos (Mt 12, 48-49). A frase estava dirigida especialmente aos sacerdotes que são os irmãos preferidos de Jesus, como era o discípulo amado a quem deixa como mãe Nossa Senhora ao pé da cruz. Se christianus alter Christus, o sacerdote é o próprio Cristo no momento da consagração, porque não diz este é o corpo de Cristo, como dirá no momento da comunhão, mas isto é meu corpo. E é esse sacramento que o torna especialmente sacerdote.

MARIA ASSOCIADA À PAIXÃO: A predição do velho Simeão: Uma espada te atravessará o coração (Lc 2, 35). E, efetivamente, Maria, ao pé da cruz, teve sua paixão associada à paixão de seu Filho. Se como diz Paulo, ele próprio membro do corpo de Cristo (1Cor 5, 15),  sofre pelos colossenses completando em sua carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja, Maria sofreu com seu Filho e completou também em sua carne completando o mistério do sofrimento de seu Filho. Assim, podemos compreender a famosa oração de S. Brígida pelas almas do purgatório e pelos pecadores, quando contempla as chagas do corpo de Jesus e oferece ao Pai Eterno através das mãos imaculadas da Virgem Maria as dores, os sofrimentos e o sangue derramado de seu Filho na paixão. Com certa propriedade, podemos afirmar que Maria foi o primeiro sacerdote, imediatamente após seu Filho e exerceu esse sacerdócio ao pé da cruz.

MARIA ASSUNTA: Não tenho nada a acrescentar ao magnífico escrito de Vittorio Messori. Foi o primeiro dogma [verdade teológica] proclamado pelo povo e logo aclamado solene e finalmente pelo Papa em nome do sensus fidei universal em 15 de agosto de 1950. Certamente era já comum antes do Concílio de Calcedônia (451) onde S Juvenal, bispo de Jerusalém, responde aos desejos do Imperador que queria ter o corpo de Maria, Mãe de Deus; falando que morreu na presença de todos os apóstolos, mas que sua tumba, aberta a pedido de S Tomás, foi encontrada vazia. O dogma é uma consequência de sua Conceição Imaculada: onde não existe pecado não podem existir as consequências do mesmo: a morte e a sua corrupção. Por isso, no lugar da morte se fala do Trânsito ou da Dormição de Maria. Porém, se antigamente predominava a ideia da vitória sobre a morte hoje é a glorificação de Maria em corpo e alma a que predomina na teologia e na veneração de Nossa Senhora.

PISTAS:
1)
 A veneração especial [hiperdulia] de Maria na Igreja Católica não é nem heresia, nem superstição, mas uma consequência desse olhar especial divino, dirigido a quem era e é sua escrava. Seguimos o exemplo do Altíssimo e as recomendações de sua profeta: bendita és tu entre as mulheres (Lc 1,42).

2) Pelo que respeita a sua intervenção mediadora, só temos que trasladar aos nossos tempos a sua mediação em Caná: Não têm mais vinho (Jo 3, 3). E Jesus, obediente, apesar de não ser sua hora, fez o milagre. Essa intervenção nas necessidades dos seus devotos tem sido uma constante na história da Igreja, como confirmação de que não esperamos numa vã realidade, numa inútil expectativa.

3) Podemos fazer nossas as palavras da Virgem de Guadalupe a seu mensageiro o índio Juan Diego: Não estou eu aqui que sou tua mãe? Não estás sob minha sombra e resguardo? Não estás nas dobras de meu manto, no cruzamento de meus braços?

EXEMPLO: É narrado por Vittorio Messori. É o relato de uma aparição que ainda mostra, como a de Guadalupe, a intervenção de Maria e desta vez como flor entre espinhos. O fato aconteceu em Bra, perto de Turim, Itália, no dia 29 de dezembro de 1336. Egídia Mathis, em estado avançado de gestação foi agredida por dois meliantes. Desesperada, ela se agarrou ao pilar onde estava desenhada a imagem da Virgem. Dela surgiu um relâmpago e uma luz que cegou os malfeitores. Fugidos estes, a Virgem consolou Egídia que no lugar teve um parto feliz. A mãe recolheu o filho no seu xale e se acolheu na casa mais próxima. O fato chamou a atenção dos vizinhos que foram visitar o pilar e ficaram maravilhados porque um espinheiro [abrunheiro, ou primus Espinosa] abundante no local, tinha florescido e suas rosas brancas enchiam o lugar num mês tão impróprio como dezembro. Até hoje esse espinheiro floresce no final de dezembro, a exceção de dois anos: 1887 e 1898. O florescimento, que normalmente dura 10 dias, está fora de época, pois normalmente é em fevereiro em todos os casos. Os cientistas não explicam como um arbusto normal, numa terra comum, pode fazer isso dois meses antes de sua floração normal. É para declarar que Maria é uma exceção da regra comum entre as mulheres? Não é que Maria deseja ser amada como Mãe, protegendo as mães, pois in flore Mater?


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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