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Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A cada ano a festa de Pentecostes oferece à Igreja a ocasião para entrar, por assim dizer, em si mesma e descobrir-se animada e conduzida pelo Espírito Santo. Uma presença forte, mas discreta e silenciosa, da qual quase não nos damos conta. Nos últimos dias de sua vida, Jesus promete aos discípulos que iria deixar-lhes seu Espírito como sua herança mais verdadeira, como continuação de sua mesma presença. O Espírito Santo é, portanto, antes de tudo, a presença "espiritual" de Jesus ressuscitado na Igreja, presença que continua, de maneira diferente, sua presença histórica de uma vez; presença que é, porém, misteriosamente, também uma pessoa: a terceira Pessoa da Trindade. Ele é a alma da Igreja: "sem o Espírito Santo, Deus estaria longe, Cristo ficaria no passado, o Evangelho seria letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade uma dominação, a missão uma propaganda, o culto uma evocação e o agir cristão uma moral de escravos. Mas no Espírito Santo o cosmos se levanta e geme nas dores do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o Evangelho é potência de vida, a Igreja é comunhão trinitária, a autoridade é serviço libertador, a missão é Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação, o agir humano é deificado" (Inácio de Laodiceia). INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje o Espírito Santo desceu sobre a Igreja, reunida no mesmo lugar. Enfim, a comunicação do amor tomou conta da Igreja nascente e se espalhou pelos confins da terra, atravessando os tempos com a força do testemunho apostólico. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A Solenidade de Pentecostes celebra um acontecimento capital para a Igreja: a sua apresentação ao mundo, o nascimento oficial com o batismo no Espírito. Complemento da Páscoa, a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração e na atividade dos discípulos; início da expansão da Igreja e princípio da sua fecundidade, ela se renova misteriosamente hoje para nós, como em toda assembléia eucarística e sacramental, e, de múltiplas formas, na vida das pessoas e dos grupos até o fim dos tempos. A "plenitude" do Espírito é a característica dos tempos messiânicos, preparados pela secreta atividade do Espírito de Deus que "falou por meio dos profetas" e inspira em todos os tempos os atos de bondade, justiça e religiosidade dos homens, até que encontrem em Cristo seu sentido definitivo (cf AG 4). Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor! (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) PRIMEIRA LEITURA (Atos 2,1-11): - "Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." SALMO RESPONSORIAL (Sl 103/104): - "Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai." SEGUNDA LEITURA (1 Coríntios 12,3-7.12-13): - "Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo." EVANGELHO (João 20,19-23): - "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós." Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade de Pentecostes — ANO C RENASCIDOS NO ESPÍRITO Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião, mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas, porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21). Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já velho, nascer de novo,e se era necessário entrar novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêm e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas. Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem! No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam se dar às mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado , texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade. Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes) José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Costa — Solenidade de Pentecostes — ANO C O Espírito Santo Veni, Sancte Spiritus! – “Vinde, ó Santo Espírito Santo, e envia um raio celeste da tua luz”: trata-se de uma estrofe da sequência de Pentecostes, composta por John Dunstable (1380-1453) e que foi provavelmente entoada na coroação do rei inglês Henrique VI em Paris em 1431. Toda a Igreja clama: Vem, Espírito Santo! “Ó Deus (…) derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho” (oração coleta da Missa do dia de Pentecostes). O Espírito Santo foi chamado alguma vez de “O Grande Desconhecido” (Caminho, 57). Isso me faz lembrar daquela passagem dos Atos dos Apóstolos na qual Paulo ao chegar a Éfeso e conversar com alguns discípulos lhes perguntou: “Recebestes o Espírito Santo, quando abraçastes a fé?” Eles responderam da seguinte maneira: “Mas nem sequer ouvimos dizer que existe um Espírito Santo” (At 19,2). Dá a impressão muitas vezes que alguns cristãos nem sabem que existe um Espírito Santo. Quem é o Espírito Santo? É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, “é o Senhor e Doador de Vida, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho recebe uma mesma adoração e glória e que falou pelos profetas” – como dizemos no Credo. O Espírito Santo é Deus como é Deus o Pai e o Filho. Ele é o Consolador enviado por Cristo para comunicar-nos a vida divina. É ele quem nos introduz no Mistério de Cristo, é ele quem nos dá a graça e as virtudes da fé, da esperança e da caridade, os dons e os frutos. Quem é o Espírito Santo? É aquele que mora na sua alma em graça, o doce hóspede da alma, foi ele que fez de você o templo de Deus, filho de Deus, membro da Igreja, quem deu a você a salvação, a justificação, a vida eterna. “Desde o nascimento da Igreja, é ele quem dá a todos os povos, o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas” (prefácio de Pentecostes). Não podemos ignorar o Espírito Santo e seu poder. Quando o ele vem habitar em nós, vem com o Pai e com o Filho. Santa Teresa conta que, ao considerar certa vez a presença das Três divinas Pessoas na sua alma, “estava espantada de ver tanta majestade em coisa tão baixa como é a minha alma”, e então o Senhor disse-lhe: “Não é baixa, minha filha, pois está feita à minha imagem”. Nós fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Ele quis que participássemos da sua natureza divina. É pelo Espírito Santo que nós recebemos essa participação. “Como não dar graças a Deus pelos prodígios que o Espírito não cessou de realizar nestes dois milênios de vida cristã? O evento de graça do Pentecostes tem, com efeito, continuado a produzir os seus maravilhosos frutos, suscitando em toda a parte ardor apostólico, desejo de contemplação, empenho em amar e servir com total dedicação a Deus e aos irmãos. Ainda hoje o Espírito alimenta na Igreja gestos pequenos e grandes de perdão e de profecia” (João Paulo II, Homilia do Domingo de Pentecostes de 1998). Pentecostes era uma festa celebrada pelos judeus cinquenta dias depois da Páscoa. Inicialmente, era uma festa na qual se dava graças a Deus pela colheita da cevada e do trigo, uma festa agrícola. Já no século I, porém, tornou-se a festa que celebrava a aliança (o dom da lei e a constituição do Povo de Deus). Cinquenta dias depois da Páscoa, os discípulos de Cristo recebem o Espírito Santo, a lei na nova aliança no sangue de Jesus. O Espírito Santo constituiu assim a nova comunidade do Povo de Deus. Nessa comunidade de fé e de salvação, a Igreja, todos devem estar unidos em Cristo e na força do Espírito Santo. As línguas de Pentecostes significam essa unidade do Povo de Deus. Pentecostes é, então, o reverso de Babel (cf. Gn 11,1-9); em Babel houve dispersão, em Pentecostes, a unidade. O Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho, é também amor entre nós. Lembremo-nos que é sempre o amor que une os corações. O amor, por ser conhecido propriamente somente pelos que se amam, é sempre muito discreto. Daí a discrição eficaz do Espírito Santo: sua missão é levar a Palavra de Jesus a todos; auxiliar a Igreja para que anuncie destemidamente a Palavra da salvação, Jesus Cristo; introduzir os seres humanos nas profundezas da graça através dos sacramentos. Isso condiz com o Espírito Santo que é amor, já que o autêntico amor sempre pensa mais no outro que em si mesmo. Os membros da Igreja devem estar unidos. Hoje, ao terminar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, façamos o propósito de continuar rezando por essa intenção de Cristo: “que todos sejam um” (Jo 17,21). Todos nós, discípulos de Cristo, precisamos – é importante para nós e para a evangelização – viver bem unidos: uma só fé, os mesmos sacramentos, um só governo: o do Papa e o dos Bispos em comunhão com ele. A divisão é vergonhosa para nós. “Celebrai, pois, este dia como membros do único corpo de Cristo. E não o celebrareis em vão, se realmente sois aquilo que celebrais, isto é, se estais perfeitamente incorporados naquela Igreja que o Senhor enche do Espírito Santo e faz crescer progressivamente através do mundo inteiro. (…) Esta é a casa de Deus, edificada com pedras vivas. Nela o Eterno Pai gosta de morar; nela seus olhos jamais devem ser ofendidos pelo triste espetáculo da divisão entre seus filhos” (Dos Sermões de um Autor africano anônimo do séc.VI). Bento XVI destacava, ao terminar a Semana pela unidade do ano 2006, que não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. Como é importante que nos convertamos e que estejamos unidos para ajudar os demais na conversão e na unidade. O Espírito Santo é simbolizado tanto pelo fogo – “o fogo simboliza a energia transformadora do Espírito Santo” (Cat. 696) – como pela água, que significa “o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo” (Id.). Nós experimentamos a água e o fogo, ao mesmo tempo. Nascemos da água e do Espírito no momento do nosso Batismo (cf. Jo 3,5), a partir daí o Espírito Santo começa umas ações muito especiais em nós que vai transformando-nos mais e mais. São Basílio também nos fala da importância de estar com o Espírito Santo, de que o Espírito Santo esteja em nós: “Por estarmos em comunhão com ele, o Espírito Santo, torna-nos espirituais, recoloca-nos no Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz e de termos parte na vida eterna” (“Sobre o Espírito Santo”, 15,36, in Cat. 736). Peçamos nós também, em união com toda a Igreja e com Maria, Mãe da Igreja: Vinde Espírito Santo! Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa Comentário Exegético — Solenidade de Pentecostes — ANO C CARÍSSIMOS IRMÃOS E IRMÃS, Não publicaremos nesta semana o Comentário Exegético da Solenidade de Pentecostes. Entretanto, estamos publicando excepcionalmente para este domingo, uma Homilia Especial, a Homilia de D. Henrique da Costa e a Homilia do Papa Bento XVI proferida na Solenidade de Pentecostes de 2006, no Vaticano. Vejam na página EVANGELHO DO DIA a liturgia completa da celebração desta Solenidade Desejamos a todos uma feliz e santa semana! Homilia Especial – SOLENIDADE DE PENTECOSTES - (Ano C) «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós»! (Jo.20,21) 2. Se na tarde daquele dia, o primeiro da semana, “o sopro” do Ressuscitado transformava já a tímida massa humana dos discípulos, em audazes anunciadores da ressurreição, agora, no mesmo lugar, «quando chegou o dia de Pentecostes», “um rumor, semelhante a forte rajada de vento, enche toda a casa onde se encontravam” e extravasa para uma multidão, que “os ouve proclamar na sua própria língua as maravilhas do Senhor”! E todos ficam“repletos” do Espírito Santo, capazes de comunicar, sem barreiras, nem fronteiras, a alegria do evangelho! Como uma espécie de “primeira assembleia das nações unidas”, a Igreja nasce ali, no Pentecostes, como casa e escola de comunhão, onde povos e línguas diferentes aprendem a falar a linguagem essencial do Amor! O protagonista silencioso deste milagre de comunhão e de comunicação, de proclamação e de missão, é o Espírito Santo! Impelida por Ele, toda a Igreja, doravante, é chamada a anunciar a todos os povos as maravilhas do Senhor! O Pentecostes é assim como um fogo ardente e um vento impetuoso, para a vida cristã, e para a missão de toda a Igreja! 3. Do maravilhoso relato do Pentecostes, que ouvimos todos os anos, gostaria
de destacar três aspectos, para este ano de missão: Segundo aspecto: O Espírito Santo vence o medo! Depois da ressurreição de Jesus, o medo dos discípulos não desapareceu repentinamente. Mas eis que no Pentecostes, quando o Espírito Santo pairou sobre eles, eles saíram sem temor e começaram a anunciar a todos a boa nova! Vede, então, queridos irmãos e irmãs: onde entra, o Espírito de Deus afasta o medo; faz-nos conhecer e sentir que estamos nas mãos de uma Omnipotência de amor: aconteça o que acontecer, o seu amor infinito não nos abandona! Demonstram-no a coragem dos mártires e a audácia dos missionários. Demonstra-o a história da Igreja: não obstante os limites e pecados dos homens, a Igreja continua a atravessar o oceano da história, impelida pelo sopro do Espírito e animada pelo seu fogo purificador! Não tenhais medo! Terceiro e último aspecto: Há, de facto, uma espantosa desproporção, entre
o pequeno grupo dos Doze e a multidão do vasto mundo, a quem são Por isso, e para isso mesmo, invoquemos, agora e sempre, e de novo, como o salmista: “Mandai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a terra” (Sal.103,30). Homilia do D. Henrique Soares da Costa – Pentecostes – Ano C At 2,1-11 / Sl 103 / 1Cor 12,3b-7.12-13 / Jo 20,19-23 A Igreja conclui hoje o Tempo Pascal com a solenidade de Pentecostes. Não poderia ser diferente, pois o Espírito Santo é o fruto da paixão morte e ressurreição do Senhor Jesus. Ele morreu entregando na cruz o Espírito e, no mesmo Espírito, foi ressuscitado pelo Pai. Agora, plenificado por esse Espírito, derramou-o e derrama-o sobre a Igreja e sobre toda a criação. (1) Primeiramente, por ser Espírito do Cristo, ele nos une ao Senhor Jesus, dando-nos a sua própria vida, como a cabeça dá vida ao corpo e o tronco dá vida aos ramos. É no Espírito que Cristo habita realmente em nós desde o nosso batismo, e faz crescer sua presença em nós em cada eucaristia, quando comungamos o corpo e o sangue daquele Senhor, que é pleno do Espírito. Só no Espírito podemos dizer que Cristo permanece em nós e nós permanecemos nele; só no Espírito podemos dizer que já não somos nós que vivemos, mas Cristo vive em nós, com seus sentimentos, suas atitudes e sua entrega ao Pai. Por isso, somente no Santo Espírito nossa vida pode ser vida em Cristo, vida de santidade. (2) Mas, o Espírito, além de agir em cada cristão, age na Comunidade como um todo, edificando a Igreja, fazendo-a sempre corpo de Cristo. Antes de tudo, ele vivifica a Igreja com a vida do Ressuscitado, incorporando sempre nela novos membros, fazendo-a crescer mais na plenitude de Cristo. Depois, ele suscita incontáveis ministérios, carismas e dons, desde os mais simples, como até aqueles mais vistosos ou mais estáveis, como os ministérios ordenados: os Bispos, padres e diáconos. É o Espírito que mantém esta variedade em harmonia e unidade, para que tudo e todos contribuam para a edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja. Assim, é no Espírito que surge e ressurge sempre a vida religiosa, com tantos carismas diferentes, é no Espírito que os mártires testemunham Cristo até a morte, é no Espírito que se exerce a caridade, se visita os enfermos, se consola os sofredores, se aconselha, se socorre os pobres, se prega o Evangelho… enfim, é no Espírito que a Igreja vive, cresce e respira! (3) É no Espírito que os santos sacramentos são celebrados com eficácia, pois que o Espírito é a própria energia, a própria graça, a própria força de vida e ressurreição que o Cristo recebe do Pai e derrama sobre a Igreja. Sendo assim, é no Espírito que a Igreja é continuamente edificada e renovada, até a vida eterna. (4) É no Espírito que os cristãos podem rezar, proclamando do fundo do coração que Jesus é Senhor e que Deus é nosso Pai de verdade. Somente porque temos o Espírito recebido no batismo é que somos realmente filhos de Deus, já que recebemos o Espírito do Filho que clama em nós “Abbá” – Pai. O Espírito une a nossa oração à oração de Jesus, dando-lhe valor e eficácia e colocando-nos na vida da própria Trindade Santa. Sem o Espírito, não poderíamos chamar a Deus de Pai, sem o Espírito nossa oração não seria a de Jesus e nosso louvor, nossa adoração e nossa intercessão não estariam unidas e inseridas na própria união de Jesus com o Pai. (5) É o Espírito quem recorda sempre à Igreja a verdade do Evangelho, conduzindo-a sempre mais adiante no conhecimento de Cristo. Por isso, assistida pelo Espírito da Verdade, a Igreja jamais pode errar na sua profissão de fé; jamais pode afastar-se da verdade católica que recebeu dos apóstolos. Assim, somente no Espírito é que cremos com fé certa na fé da Igreja! (6) É ainda no Espírito que a Igreja, ansiosa, olha para a frente, para o futuro e, inquieta, clama que o Esposo venha logo para consumar todas as coisas. Por isso, na força do Espírito, a Igreja deverá ser sempre fiel a cada época, sem saudosismos nem medos, construindo com humildade o Reino de Deus, até que venha o seu Esposo e leve tudo à consumação. É no Espírito que os cristãos devem viver como profetas do Reino que está por vir, denunciando com doçura e vigor tudo quanto se oponha à manifestação desse Reino. No Espírito, a Igreja anunciará sempre o Evangelho, superando todo medo de falar de modo novo a constante e imutável verdade do Evangelho, que interpela, transforma e converte o coração. (7) Mas, o Espírito não está restrito à Igreja. Ele enche, impregna e renova o universo e toda a humanidade. Onde menos esperamos, onde ainda não chegamos, lá já podemos encontrar a ação do Espírito do Senhor, que cai cristificando toda a humanidade e todas as coisas. (8) É o Espírito que vai, com força e discrição, guiando a história humana para a plenitude de Cristo, e isto por mais que, tantas vezes, o mundo pareça perdido e sem rumo, em meio a guerras, injustiças, hipocrisias, violências, tristezas e mortes. Cabe aos cristãos, saberem discernir e interpretar os sinais dos tempos, que o Santo Espírito faz brotar por toda parte, tendo ouvidos para ouvir o que o ele diz à Igreja. (9) Finalmente, é no Espírito, que um dia, no Dia de Cristo, quando ele, nossa vida, aparecer em glória, tudo será glorificado, a história será passada a limpo, a criação inteira será transfigurada, o pecado será destruído para sempre, a morte será vencida e nossos corpos mortais ressuscitarão, transfigurados como o corpo do Cristo Jesus ressuscitado. Então, plena do Espírito, toda criação será plenamente corpo de Cristo. O Ressuscitado será Cabeça dessa nova criação e entregará tudo ao Pai, para que o Pai, pelo Filho, no Espírito, seja tudo em todas as coisas. É esta a nossa esperança, a nossa certeza e a plenitude da nossa salvação. É esta realidade estupenda que se iniciou com o dom do Espírito, celebrado na festa de hoje. Só nos resta implorar novamente o que cantamos antes do “aleluia”: “Espírito de Deus,/ enviai dos céus/ um raio de luz! D. Henrique Soares da Costa Homilia de Bento XVI na Missa de Pentecostes - 04/Junho/2006 CIDADE DO VATICANO, domingo, 4 de junho de 2006 (ZENIT.org). Queridos irmãos e irmãs! No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu com poder sobre os apóstolos; deste modo começou a missão da Igreja no mundo. O próprio Jesus havia preparado os onze para esta missão ao aparecer-lhes em várias ocasiões depois da ressurreição (cf. Atos 1, 3). Antes da ascensão ao Céu, «ele mandou que não se ausentassem de Jerusalém, mas que aguardassem a Promessa do Pai» (cf. Atos 1, 4-5); ou seja, ele lhes pediu que ficassem juntos para se preparar para receber o dom do Espírito Santo. E eles se reuniram na ocasião com Maria no Cenáculo, à espera deste acontecimento prometido (Cf. Atos 1, 14). Permanecer juntos foi a condição que pôs Jesus para acolher o dom do Espírito Santo; o pressuposto de sua concórdia foi a oração prolongada. Deste modo, é oferecida a nós uma formidável lição para cada comunidade cristã. Às vezes se pensa que a eficácia missionária depende principalmente de uma programação atenta e de sua sucessiva aplicação inteligente através de um compromisso concreto. Certamente o Senhor pede nossa colaboração, mas antes de qualquer outra resposta é necessária sua iniciativa: seu Espírito é o verdadeiro protagonista da Igreja. As raízes de nosso ser e de nosso atuar estão no silêncio sábio e providente de Deus. As imagens que São Lucas utiliza para indicar a irrupção do Espírito Santo ? o vento e o fogo ? recordam o Sinai, onde Deus havia se revelado ao povo de Israel e havia concedido sua aliança (cf. Êxodos 19, 3ss). A festa do Sinai, que Israel celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, era a festa do Pacto. Ao falar das línguas de fogo (cf. Atos 2, 3), São Lucas quer representar Pentecostes como um novo Sinai, como a festa do novo Pacto, no qual a Aliança com Israel se estende a todo os povos da terra. A Igreja é católica e missionária desde o seu nascimento. A universalidade da salvação se manifesta com a lista das numerosas etnias às quais pertence quem escuta o primeiro anúncio dos apóstolos (cf. Atos 2, 9-11). O Povo de Deus, que havia encontrado no Sinai sua primeira configuração, amplia-se hoje até superar toda fronteira de raça, cultura, espaço e tempo. De forma diferente de como aconteceu com a torre de Babel, quando os homens que queriam construir com suas mãos um caminho para o céu haviam terminado destruindo sua própria capacidade de compreender-se reciprocamente, o Pentecostes do Espírito, com o dom das línguas, mostra que sua presença une e transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem sempre criam divisões, levantam muros de indiferença, de ódio e de violência. O Espírito Santo, pelo contrário, faz que os corações sejam capazes de compreender as línguas de todos, pois restabelece a ponte da autêntica comunicação entre a Terra e o Céu. O Espírito Santo é o Amor. Mas como é possível entrar no mistério do Espírito Santo? Como se pode compreender o segredo do Amor? A passagem evangélica nos leva hoje ao Cenáculo, onde, terminada a última Ceia, uma experiência de desconcerto entristece os apóstolos. O motivo é que as palavras de Jesus suscitam interrogantes inquietantes: fala do ódio do mundo para com Ele e para com os seus, fala de uma misteriosa partida sua e fica ainda muito por dizer, mas no momento os apóstolos não são capazes de carregar o peso (cf. João 16, 12). Para consolá-los, explica-lhes o significado de sua partida: irá, mas voltará, e enquanto isso não abandonará, não os deixará órfãos. Enviará o Consolador, o Espírito do Pai, e será o Espírito quem lhes permitirá conhecer que a obra de Cristo é obra de amor: amor dEle que se entregou, amor do Pai que o deu. Este é o mistério de Pentecostes: o Espírito Santo ilumina o espírito humano e, ao revelar Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para fazer-se mais semelhante a Ele, ou seja, ser «expressão e instrumento do amor que provém dEle» («Deus caritas est», 33). Reunida junto a Maria, como em seu nascimento, a Igreja hoje implora: «Veni Sancte Spiritus!» – «Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor!». Amém. [Traduzido por Zenit © Copyright 2006 - Libreria Editrice Vaticana] EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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