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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (ou Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 07/12/2014 - 2º Domingo do Advento - ANO B
. Evangelho de 30/11/2014 - 1º Domingo do Advento - ANO B


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

O PESO DE NOSSA CRUZ!
Clique para ver uma apresentação especial!

07.12.2014
2º Domingo do Advento — ANO B
( ROXO, CREIO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – II SEMANA DO SALTÉRIO )
__ “Construir estradas que levem ao encontro com Deus!” __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Os dias do Advento vão gradualmente recompondo a história da salvação, quando recuperam a profecia e a expectativa da vinda de um messias. São os cristãos que, a partir da mediação universal de Cristo, releem o Primeiro Testamento e nele já veem sinais indicando a vinda da salvação. Jesus é a salvação de Deus que se encarna e cumpre as profecias. Ele se torna o redentor de todo gênero humano, quando destrói todo pecado na cruz. Por isso, o Natal sempre reacende em nós uma nova esperança.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: A Igreja é convocada, como João Batista, a preparar o caminho de Cristo no coração da humanidade. O mandamento do amor colocado em prática na vida cristã e na organização da sociedade, de acordo com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, trará os frutos de paz e justiça tão esperados.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Deus vem e caminha à frente de seu povo para reconduzi-lo, livre, da terra da escravidão à sua própria terra. Bom Pastor, cuida dos fracos e pequenos; Deus forte, alegra-se em perdoar e renovar todas as coisas. Salvação, alegria, amor, verdade, justiça, constituem o cortejo do Senhor Deus. São os bens da aliança, da amizade entre Deus e os seus. Esses bens não provêm de nós, dos nossos esforços, mas nos são dados por aquele que nos chama a converter-nos a Ele, a fim de que nossos pecados sejam perdoados. No segundo Domingo do Advento, a Igreja é convocada, como João Batista, a preparar o caminho de Cristo no coração da humanidade. Os vales são nivelados, os montes rebaixados, o que é torto torna-se reto e as asperezas são alisadas. São imagens do caminho interior que o Espírito Santo traça em nossos corações, como também são imagens proféticas da convivência social sem desníveis e desigualdades. Em outras palavras, é o mandamento do amor colocado em prática na vida cristã e na organização da sociedade, de acordo com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Is 40,1-5.9-11): - "Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem com poder, seu braço tudo domina."

SALMO RESPONSORIAL 85(84): - "Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!"

SEGUNDA LEITURA (2Pd 3,8-14): - "... para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia."

EVANGELHO (Mc 1,1-8): - "Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho."



Homilia do Diácono José da Cruz – 2º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

"ENDIREITAI AS ESTRADAS!"

Uma das brincadeiras prediletas na minha infância, vivida na Vila Albertina, era correr pelas laterais, acompanhando a “Plaina”, nome que dávamos á máquina de terraplanagem, que por aqueles tempos, em que as ruas Albertina Nascimento e Tarcísio Nascimento não eram asfaltadas, causava-nos admiração e era uma festa quando a “Plaina” apontava na Rua do Comércio, entrando pela Vila para aplainar a rua, acabando com os buracos e desníveis, deixando-a alinhada.

Nós meninos, ficávamos estupefatos em ver como aquela lamina poderosa derrubava facilmente as saliências, e preenchia os buracos ao mesmo tempo em que aplainava deixando a rua bem mais acessível e transitável para os pedestres, charretes, carroças, e um ou outro carro ou lambretas, que passavam por ali. Pois esta é a palavra de ordem que João Batista, o mensageiro do Senhor grita no deserto, e que o profeta Isaias havia predito “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as estradas, aplainai os morros e nivelai os buracos!”

O coração humano muitas vezes é uma estrada de chão batido, toda esburacada, cheia de valetas, tortuosa e completamente inacessível! Como é que a graça de Deus vai entrar na vida de alguém com coração assim? É muito difícil! Assim estava a humanidade antes de Jesus trazer a Salvação, não dava para o homem chegar a Deus e muito menos ele chegar e entrar na vida do homem, por causa da “buraqueira” e saliências do orgulho, da vaidade do pecado.

Jesus vem do Pai, com a força mil vezes maior do que a máquina de terraplanagem, com a sua lâmina afiada e poderosa da graça de Deus, para derrubar por terra o monte do mal e do egoísmo, para aterrar o abismo do ódio, da inimizade e das divisões, existentes em nossa vida O Batismo de João é apenas uma preparação para receber o novo e verdadeiro Batismo, que Jesus trouxe, no fogo do Espírito Santo, se quisermos recorrer novamente a imagem da rua esburacada, poderíamos dizer que o Batismo pelo fogo é como o asfalto, que muda definitivamente o visual da rua, que nunca mais ficará esburacada e desalinhada (se o asfalto for de primeira).

O anúncio feito pelo Batista, de que o Reino estava chegando com Jesus, era como os meninos que avistavam primeiro e alvoroçados gritavam aos demais “A plaina está chegando!”, provocando em todos uma grande euforia, expectativa e alegria em saber, que pelo resto do dia a veríamos trabalhar, nivelando os barrancos e empurrando grandes porções de terra com sua força descomunal, e assim, em cada advento o Senhor nos revela que a força de sua graça poderá destruir tantos abismos e buracos na relação entre as pessoas, nos grupos sociais, nas comunidades cristãs e até entre as Nações.

Mas assim como aquele serviço de melhoria da rua, era solicitado por alguma autoridade do Distrito, ao Município de Sorocaba, também é necessário que a gente tenha no coração esse desejo sincero de mudar de vida e converter, permitindo que o Salvador venha para nos renovar e libertar, pois sem a nossa adesão á obra da salvação, o nosso coração continuará triste, como uma rua deserta e esburacada, onde Deus não pode entrar.

A pregação de João Batista, anunciando que o Senhor virá, é um convite e um alerta, para que abramos o nosso coração a Deus, tornando acessível á salvação e a graça que Jesus nos oferece. E quando Deus tem acesso á nossa vida, e nós temos acesso ao coração do Pai, através de seu Filho Jesus, nos tornamos outra pessoa, pois passamos a viver de um jeito diferente, a rua alinhada e nivelada, não só ganhava um visual novo mas as pessoas podiam andar com mais segurança, sem ter de desviar dos buracos ou medo de virar o pé e assim é que, essa conversão a que somos chamados neste tempo litúrgico do advento, não pode ser só de fachada.

João vivia no deserto, lugar de reflexão e experiência de Deus, lugar e tempo de tomar decisões importantes, como aquele povo conduzido por Moisés tomou, na travessia do deserto onde conheceu a Deus e fez com ele uma aliança. Foi também no deserto que Jesus, após o batismo, superou as tentações e ratificou a missão que o Pai havia lhe confiado. É no deserto que no evangelho desse domingo aparece João, vestindo e se alimentando de um jeito diferente, anunciando este tempo novo, onde os corações aplainados e retos, irão se inundar da copiosa graça redentora, oferecida por Jesus de Nazaré.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 2º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

“A fortaleza dos filhos de Deus”

João Batista é modelo de homem forte: ele “apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão (…). João Batista andava vestido de pelo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.” (Mc 1,4-6). A figura do Batista ergue-se no Tempo do Advento como precursor do Senhor, homem cheio de fortaleza divina e humana que levou a sério o chamado que Deus lhe fez. Ele, austero consigo mesmo, pedia a conversão dos outros.

A virtude da fortaleza é importante tanto no começo da conversão, para empreender o árduo e belo caminho da santidade, como durante toda a vida para perseverar no mesmo. À fortaleza estão unidas muitas outras virtudes como a magnanimidade, a magnificência, a longanimidade, a perseverança e a constância. A fortaleza nos dispõe para que não desistamos de conseguir aqueles bens que são árduos e difíceis, ainda que a sua consecução levem consigo a própria morte. As pessoas fortes têm firmeza no agir.

Como toda virtude, também a fortaleza necessita que nós a pratiquemos. Como? Atacando e resistindo: atacamos para defender o bem e resistimos para não retroceder em relação ao bem já alcançado. Sem dúvida, dessas duas ações a mais importante é resistir. Por isso se diz que o martírio é o ato supremo da virtude da fortaleza.

João Batista sofreu o martírio por anunciar, defender e viver a verdade. Se ele não fosse um homem forte diante das ameaças, ele teria deixado de lado a sua missão. É preciso muita fortaleza para que não desanimemos de cumprir todos os dias, e durante toda a vida, os nossos deveres familiares e profissionais: dedicação carinhosa à esposa ou ao esposo, estar com os filhos educando-os e divertindo-se com eles, chegar pontualmente ao trabalho e dar o máximo de si, ajudar aqueles que estão sob a nossa orientação com caridade e com justiça. Quem não vence o comodismo, mais cedo ou mais tarde pode vir a ser um traidor!

Uma das coisas mais atraentes na personalidade de João Batista é a coragem que ele tinha de ser ele mesmo. Ele não se massificava, não era uma espécie de “Maria vai com as outras”, não era agitado pelos ventos das variadas opiniões. Era um homem forte! Uma personalidade rija e madura como a do Batista chama sempre a nossa atenção. Por mais que se exaltem valores brandos e raquíticos, a tendência de todo ser humano é continuar admirando os heróis, aqueles que não ficam contentes em fazer simplesmente o que todo o mundo faz.

O normal deveria ser a boa educação, a generosidade, a bondade, a honestidade, a castidade, a piedade. Não obstante, a cultura atual mostra os contra valores com carta de normalidade: pratica-se na “cara dura” a falta de educação, o elogio dos egoístas e desonestos, a luxuria é exaltada e a impiedade vai reinando.  É preciso que se apresentem nos mais variados cenários das atividades deste mundo homens e mulheres fortes que, com santa rebeldia, também tenham coragem de ser eles mesmos e, com alegria e paz, ofereçam os autênticos valores aos seus semelhantes. Hoje em dia, como em todos os tempos, a fortaleza é uma das virtudes mais necessárias para o cristão que queira manter a sua lealdade e fidelidade a Jesus Cristo.

Deus nos concede fortaleza elevando aquela disposição natural que há em nós para trabalhar na consecução do bem, virilizando a nossa vontade para que não desanimemos diante da opinião da “maioria”, dando-nos energia para resistir. S. Josemaria gostava de dizer que “toda a nossa fortaleza é emprestada” (Caminho, 728). Também nós podemos rezar com o salmista: “pois vós, ó meu Deus, sois minha fortaleza” (Sl 42,2).

Ao saber que Deus é a nossa fortaleza, deveríamos apoiar-nos mais nele e menos em nós. Santa Teresa, como todos os santos, eram conscientes dessa realidade. Ela se apoiava na oração: “quando eu estava em oração, via que eu saia de lá melhorada e com maior fortaleza” (S. Teresa de Ávila, Vida, 23,2). Efetivamente, além da fortaleza que é virtude cardeal, existe a fortaleza que é um dos sete dons do Espírito Santo. Por este dom “o Espírito Santo move interiormente o homem para que leve a término qualquer obra começada e se veja livre de qualquer perigo que o ameace. Há casos no qual o homem não pode levar a cabo as suas obras ou escapar dos males ou perigos, pois às vezes o agonizam até causar-lhe a morte. (…) O Espírito Santo infunde na alma do homem uma confiança especial que exclui todo temor contrário.” (S. Tomás de Aquino, S.Th. II-II, 139, 1c). Peçamos ao Espírito Santo que nos conceda o dom da fortaleza.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 2º Domingo do Advento – Ano B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

Dogmática | Doutrina | Moral

Levar a comunhão aos divorciados ou os divorciados à comunhão?

Pe. Anderson Alves

Temos assistido a um intenso debate sobre a possibilidade de se admitir à comunhão eucarística as pessoas divorciadas que convivem com outras como se fossem casadas (tendo adquirido ou não o matrimônio civil). A origem dessas discussões está no dia 20 de fevereiro de 2014, quando o cardeal alemão W. Kasper apresentou no consistório extraordinário uma longa conferência sobre o tema, a pedido do papa. Naquele dia o cardeal Kasper pretendeu “apresentar apenas algumas perguntas”, as quais foram evidentemente acompanhadas por sugestões concretas. Em seguida, diversos cardeais, bispos e revistas teológicas[i], seguindo o desejo do papa, intervieram no debate. Nosso propósito aqui é participar na mesma discussão, seguindo as indicações do papa e um método semelhante ao do cardeal Kasper: apresentar apenas algumas questões que deveriam ser consideradas na discussão desse tema.

A primeira coisa a ser dita é que, ao contrário do que muitos afirmam, essa questão não é atual: de fato, era uma discussão intensa já nos anos 70 do século passado. Para respondê-la, São João Paulo II fez algo único na História: deu 129 catequeses sobre a sexualidade, o amor humano e a família durante os anos de 1979 até 1984 – catequeses que deveriam ser redescobertas e propostas atualmente[ii]; e, em 1981, após um sínodo sobre as famílias (em 1980), no qual o tema foi amplamente debatido, publicou uma exortação apostólica, a Familiaris Consortio. Nesse documento, obra daquele grande santo e pastor, foi definido que a Igreja não poderia dar a comunhão a pessoas que vivem numa segunda união após um matrimônio válido, pois «o estado e a condição de vida delas contradiz objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja significada e atuada pela Eucaristia» (FC, 84). Por isso, o esforço pastoral da Igreja deve ser o de levar à comunhão total com Ela as pessoas que vivem numa situação objetivamente contrária à vida e ao pensar da Igreja.

Isso é possível desde que se consiga demonstrar num processo canônico a nulidade do primeiro matrimônio. Isso deixaria livre a pessoa de contrair matrimônio canônico. Se isso não for possível, essa pessoa poderá voltar a comungar desde que se separe da pessoa com a qual convive, ou pelo menos que convivam como irmãos[iii]. Nesse caso, a Igreja deve ajudar os fiéis a levar a sua cruz de cada dia, sem negá-la ou rejeitá-la. Não é possível, porém, viver numa situação que contradiga a santidade e a indissolubilidade do matrimônio e receber a Eucaristia, um sacramento que significa e realiza a comunhão de vida e de amor do fiel com a Igreja[iv]. A solução indicada é verdadeiramente pastoral, se funda no ensinamento de Cristo[v] e não é de nenhum modo discriminatória[vi]. Não basta, portanto, levar a comunhão a um divorciado; é preciso levar o divorciado à comunhão plena com a Igreja antes de oferecer a ele o corpo e sangue de Cristo.

E mais do que ser uma questão antiga, essa é uma questão antiquada e própria de algumas áreas da Igreja, aquelas mais secularizadas. Pois o problema principal da pastoral da Igreja não é esse, e há um bom número de documentos do Magistério da Igreja que já definiram a questão.

O principal problema atual não é o de dar a comunhão aos “recasados”, mas sim o fato de que nos nossos dias o casamento se torna cada vez mais raro. Atualmente os jovens não chegam nem mesmo a uma primeira união matrimonial, quanto mais a uma segunda. A comunhão aos “recasados” foi o problema de uma época em que as pessoas ainda valorizavam o Sacramento do Matrimônio, coisa que na maior parte do mundo atual não ocorre. Hoje parece que quem pode se casar não quer; e quem quer se casar não pode. Basta ver os noticiários: anunciam incessante e alegremente o fato de famílias “tradicionais” que se rompem (divórcio) e, ao mesmo tempo, se observa grupos e projetos políticos que procuram equiparar outros tipos de uniões ao matrimônio. E assim ocorre a intrínseca contradição de se afirmar que o matrimônio é algo tão ruim e superado que deve ser destruído através da “livre união”, do adultério, do divórcio; e também se julga que o matrimônio é tão bom que deve ser considerado um direito de todos.

Nesse contexto, não seria melhor se concentrássemos as nossas energias para formar os jovens para se casarem de modo consciente, sabendo que são chamados a viver uma união de vida e de amor total e fecunda por toda a vida, e que o matrimônio é um verdadeiro caminho de santidade? Não deveria também lembrar ao mundo que o matrimônio único e indissolúvel entre um homem e uma mulher é uma instituição natural, conhecida pela razão como a mais adequada ao bem dos cônjuges e dos filhos?

Dissemos anteriormente que a questão da comunhão dada aos divorciados e novamente casados não é central na pastoral familiar, além de ser uma discussão anacrônica. O mesmo ensino da Familiaris Consortio aparece no Catecismo da Igreja Católica, n.º 1650 (de 1992); na Carta Annus internationalis Familiae da Congregação para a Doutrina da Fé de 1994[vii]; e no documento de 1998 da mesma Congregação, o qual respondia às objeções levantadas àqueles documentos[viii]. Importante também é um documento do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos sobre a admissão à santa Comunhão dos fiéis divorciados que contraíram novas núpcias, de 24 de junho de 2000[ix]; o mesmo tema foi discutido no Sínodo sobre a Eucaristia do ano 2005 e a mesma decisão foi expressa no número 29 da Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis[x].

A declaração do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos esclarece o sentido do cânon 915 do Código de Direito Canônico, o qual declara: «Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto». E interpreta aquele texto com a seguinte norma: «A proibição feita no citado cânon, por sua natureza, deriva da lei divina e transcende o âmbito das leis eclesiásticas positivas: estas não podem introduzir modificações legislativas que se oponham à doutrina da Igreja». E adiante esclarece o sentido da mesma norma: «considerando a natureza da já mencionada norma, nenhuma autoridade eclesiástica pode dispensar em caso algum desta obrigação do ministro da sagrada Comunhão, nem emanar diretrizes que a contradigam».

Poderia, pois, ser alteradas a disciplina da Igreja sobre a Comunhão dada aos divorciados que contrariam novas núpcias? Se isso ocorresse, não há dúvidas de que causaria muita confusão entre os fiéis e pastores da Igreja. Pois objetivamente implantaria contradições no Magistério da Igreja e criaria um clima de instabilidade doutrinal a ser curado em longo prazo. Mas vale a pena assumir uma contradição para resolver um problema que é cada vez mais raro? Além disso, a questão principal não é estatística, mas da verdade revelada. E a dita contradição não poderia levar os fiéis a pensar que a doutrina e a disciplina católicas dependem do gosto pessoal do legislador do momento, e que não seria algo objetivo e desenvolvido harmonicamente, a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo?

E os pastores que sempre pretendem obedecer ao Magistério teriam que enfrentar um grave problema de consciência: a qual posicionamento obedecer? Ao mais antigo ou ao mais recente? Se há rupturas no ensinamento, caberia a pergunta: qual deles está expressando a sabedoria e a vontade de Cristo? Isso não levaria a cada um fazer o que bem entender? Os que não tiverem essas dificuldades e se adaptarem sem dificuldades à última legislação, mesmo se contraditória com as anteriores, demonstrariam falta de convicções sólidas. Mas isso ajudaria realmente o povo católico ou causaria mais confusão?

Na sua viagem à Coreia do Sul o papa Francisco disse aos bispos asiáticos algo admirável: «o relativismo atual obscurece o esplendor da verdade e, abalando a terra sob os nossos pés, impele-nos para areias movediças: as areias movediças da confusão e do desespero»[xi]. De fato, o relativismo é como uma areia movediça que lentamente elimina toda vida que nele se move. Entretanto, ao vermos decisões magisteriais tão recentes e seguras sendo discutidas em público, não poderíamos suspeitar de que as areias movediças do relativismo avançam em direção à mesma Igreja Católica?

Em síntese, a possibilidade de dar a comunhão aos divorciados que vivem em uma nova união não causaria mais danos do que bens à Igreja? Uma possível mudança na disciplina não incidiria uma espécie de desprezo por aqueles fiéis que foram abandonados no seu casamento e mesmo assim vivem castamente por fidelidade ao Sacramento do Matrimônio e da Eucaristia? E os que passam dificuldades no próprio matrimônio, não poderiam se sentir incentivados a se separar e se unir a outra pessoa, uma vez que isso não os afastaria da Comunhão eucarística? Em outras palavras, a dita mudança disciplinar não poderia fazer aumentar a mentalidade “divorcista” entre os mesmos católicos, aumentando a atual crise do matrimônio, em vez de enfrentá-la? O remédio não seria pior do que a enfermidade?

Mais do que isso: se esses fiéis que vivem numa situação objetiva de pecado podem receber a Eucaristia, por que outros também não poderiam? Por que não poderia recebê-la quem convive sem ser casado, ou quem vive na poligamia? O documento do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos do ano 2000 disse que dar a comunhão aos “recasados” seria «um comportamento que atenta aos direitos da Igreja e de todos os fiéis de viver em coerência com as exigências dessa comunhão»[xii]. De fato, se esses fiéis podem viver de forma incoerente com a própria fé, por que outros não o poderiam? Não estaríamos assim nos acomodando à mentalidade da época, cedendo a certo “populismo mediático” em vez de elevar as culturas a Cristo? E o que seria do Sacramento da Penitência? Para que nos confessarmos, se nenhum pecado romperia no fundo a comunhão do fiel com a Igreja? Mas se for assim, o que significariam para nós as palavras de São Paulo: «E, assim, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação» (1 Cor 11, 27-29)?

[i] Um dos principais artigos publicados sobre o tema em revistas teológicas está na revista dos dominicanos dos EUA, Nova et Vetera. Cf. http://nvjournal.net/files/essays-front-page/recent-proposals-a-theological-assessment.pdf

[ii] Essas catequeses estão disponíveis em:http://diocesedecoimbra.pt/sdpfamiliar/teologiadocorpo.htm

[iii] Os fiéis divorciados novamente casados que, por sérios motivos – quais, por exemplo, a educação dos filhos – não podendo «satisfazer a obrigação da separação, assumem o compromisso de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges» (Familiaris consortio, n.º 84), e que, com base em tal propósito, tenham recebido o sacramento da Penitência podem receber a Comunhão eucarística, desde que seja removida a possibilidade de se causar escândalo.

[iv] O mesmo ensinamento aparece no Catecismo da Igreja Católica e no Magistério de Bento XVI: «Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimónio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar». Cf. Bento XVI, Sacramentum caritatis, n. 29 e Catecismo da Igreja Católica, n. 1640.

[v] «O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos os divorciados recasados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia. Todavia os divorciados recasados, não obstante a sua situação, continuam a pertencer à Igreja, que os acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida, através da participação na Santa Missa ainda que sem receber a comunhão, da escuta da palavra de Deus, da adoração eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, das obras de penitência, do empenho na educação dos filhos». Bento XVI, Sacramentum caritatis, n. 29.

[vi] Esses fiéis não estão excluídos de nenhum modo da Igreja. Essa «preocupa-se por acompanhá-las pastoralmente e convidá-las a participar na vida eclesial na medida em que isso seja compatível com as disposições do direito divino, sobre as quais a Igreja não possui qualquer poder de dispensa (F. C. 12). Por outro lado, é necessário esclarecer os fiéis interessados para que não considerem a sua participação na vida da Igreja reduzida exclusivamente à questão da recepção da Eucaristia. Os fiéis hão de ser ajudados a aprofundar a sua compreensão do valor da participação no sacrifício de Cristo na Missa, da comunhão espiritual (F. C. 13), da oração, da meditação da palavra de Deus, das obras de caridade e de justiça (F. C. 14).

[vii] Disponível em:http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_14091994_rec-holy-comm-by-divorced_po.html

[viii] Disponível em:http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19980101_ratzinger-comm-divorced_po.html

[ix] Disponível em:http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/intrptxt/documents/rc_pc_intrptxt_doc_20000706_declaration_po.html

[x] Disponível em:http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis_po.html

[xi] Disponível em:http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/august/documents/papa-francesco_20140817_corea-vescovi-asia.html

[xii] Cf.http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/intrptxt/documents/rc_pc_intrptxt_doc_20000706_declaration_po.html


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGELHO COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Com este domingo, iniciamos um novo Ano Litúrgico que, como bem se caracteriza, é o início de uma nova caminhada no crescimento cristão. No decorrer deste ano, o Evangelista Marcos guiará a reflexão para que possamos crescer no seguimento a Jesus Cristo e, como sua graça, viver e semear os valores do Reino de Deus na sociedade. A liturgia atual, nos mostrará que uma característica notável de uma comunidade formada por discípulos de Cristo é a vigilância. Não ser uma comunidade que dorme ou vive sonolenta na sociedade, mas uma comunidade que seja luz de Cristo no mundo de hoje.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Iniciamos um novo ano litúrgico e contemplamos o mistério da Encarnação. Estamos também em campanha pela Evangelização, com o intuito de fortalecer a Igreja no Brasil. Façamos, pois, um mergulho no mistério de Cristo e da Igreja .

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Com o primeiro Domingo do Advento, iniciamos um novo Ano litúrgico. Pela liturgia somos convocados a entrar em clima de vigília, a fim de que nossos corações se voltem mais profundamente para o Mistério da encarnação de Cristo; mistério que culminou com a santificação por meio dos sacramentos. Estamos também em campanha pela Evangelização, com o intuito de fortalecer a Igreja no Brasil e as nossas Dioceses. Façamos, pois, deste tempo sagrado um mergulho no mistério de Cristo e no mistério da Igreja. É um tempo também para fazermos memória da Virgem Maria, em cujo seio Deus se fez homem. Por isso, Maria é considerada Rainha do Advento e Estrela da Evangelização. Deus vem: na vida humana surge um acontecimento que transtorna tudo, lança por terra todas as nossas seguranças e nossos projetos. Repentinamente ele se aproxima de nós e faz parte de nossa história; reconhece-o presente aquele que tem os olhos abertos, que espera e prepara um mundo novo. O anúncio profético parte de uma realidade decepcionante: um pequeno povo, sem importância para ninguém, será o centro religioso e espiritual de todos os povos, finalmente em paz. Isso só pode ser obra de Deus, inspirador, norma e termo do caminho da humanidade. E só aos olhos da fé é possível discernir o desígnio que vai se formando através dos acontecimentos banais, obscuros, pouco significativos; um desígnio que Deus revela como proposta sua para o crescimento e o bem de seus filhos, uma realização cujo acabamento não nos é dado conhecer, mas que um dia certamente se completará.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Is 63,16b-17.19b;64,2b-7): - "Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome."

SALMO RESPONSORIAL 79(80): - "Mostrai-nos, ó Senhor, a vossa face. E a vossa salvação nos concedei! "

SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,3-9): - "Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso."

EVANGELHO (Mc 13,33-37): - "Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento."



Homilia do Diácono José da Cruz – 1º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

"VIGIAI!"

Eu me lembro do “Vigilante Rodoviário”, seriado dos anos 60, estrelado por Carlos Miranda, que fez grande sucesso, principalmente entre o público juvenil, ele estava sempre a postos pelas estradas do Brasil com seu fiel cão, olhando a distância com aquele binóculo de longo alcance, e ao menor sinal de que havia alguém correndo perigo, entrava em ação. O evangelho desse primeiro domingo do tempo do advento traz essa palavra-chave, tão importante na vida do cristão: Vigiai! Não é para vigiar a vida do próximo, como muitos gostam de fazer, mas para estar sempre atento à presença de Deus em nossa vida, que se manifesta do modo mais inesperado e em horas que nem estamos esperando.

A mística da nossa fé, muitas vezes quer situar Deus no ambiente religioso apenas. É claro que a comunidade é o lugar da manifestação de Deus que faz isso na palavra e nos sacramentos, mas será que Deus não está também nas feiras livres, nas praças e esquinas, nos campos de futebol, nas empresas e escritórios, nos grandes magazines? É claro que sim, mas como nos relacionamos com Ele de maneira sempre tão cerimoniosa, não sabemos como tratá-lo no dia-a-dia, aliás, muitas vezes nem percebemos a Sua presença.

Deus confiou-nos a responsabilidade desta grande casa que é o mundo, onde, como seus empregados, temos tarefas a serem cumpridas. Como Todo Poderoso Criador do céu e da terra, Deus é o dono dessa casa onde nada nos pertence, mas tudo está a nosso serviço para ser trabalhado para que possamos viver bem e ser felizes.

Na empresa onde trabalhei havia um encarregado muito enérgico e rigoroso, quando por alguma razão ele ausentava-se do serviço, os trabalhadores ficavam mais à vontade e alguns até aproveitavam para dar uma paradinha, fumar um cigarro ou simplesmente ficar sentado sem fazer nada, e alguém ironizava a situação afirmando que “na ausência do gato, os ratos aproveitam”. Claro que empregado que só trabalha direto sob vigilância do chefe, não tem responsabilidade e nem é digno de confiança. Parece que o grande problema é esse: o homem quer levar a sua vida como se Deus não existisse. Cada um decide viver como quer, fazendo o que quiser, e a religião é só uma opção que alguns malucos fazem, estes não perceberam que a vida tem um sentido maior do que o simples existir, não se deram conta de que cada ser humano tem uma missão a cumprir nessa vida.

Poderíamos compreender que “casa” pode também ser a comunidade a que pertencemos, é a Igreja de Cristo presente no mundo com a missão primária de evangelizar, os evangelhos afirmam que ele ensinava como quem tem autoridade, vivendo aquilo tudo que ensinava, levando esperança aos tristes, dando pão aos famintos, acolhendo e curando os enfermos, e resgatando a dignidade dos marginalizados e excluídos Se estivermos atentos e vigilantes, fazendo um pouco disso tudo em nosso dia-a-dia, o dono da casa não irá nos surpreender, ao contrário, nos alegraremos com a sua chegada.

O que não podemos fazer é limitar a nossa religião ao culto prestado a Deus na liturgia eucarística ou na celebração da palavra, pois se no ambiente celebrativo ficamos tão abertos para fazer a experiência com Deus, em nosso viver, devemos estar permanentemente sempre atentos para servi-lo na pessoa do nosso próximo, pois é exatamente essa a vigilância ativa que o evangelho nos ensina, para que não sejamos surpreendidos pelo Senhor, pois quem não descobriu que a vocação cristã é o amor traduzido em serviço ao próximo, principalmente aos pequenos, é como se estivesse passando a vida inteira dormindo, vivendo apenas por viver.

A vida sem um ideal não tem sentido, e a vida cristã, sem o ideal do evangelho, menos ainda. Que a qualquer hora da nossa vida, possamos ter esta alegria de acolher o Senhor, sempre vigilantes e servindo com humildade e alegria.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 1º DOMINGO DO ADVENTO – Ano B

“O nobre domínio da temperança”

Começou mais um ciclo litúrgico. Reviveremos os mistérios da vida de Jesus Cristo através das ações sagradas da Igreja realizadas no culto divino que é, ao mesmo tempo, glorificação de Deus e santificação dos homens e das mulheres. O Tempo do Advento é a preparação necessária para encontrar-nos novamente envolvidos por tão grandes ações salvadoras do nosso Deus.

O texto que a Igreja oferece à nossa consideração contem um chamado de atenção muito forte: “Vigiai (…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo” (Mc 13,36). O Senhor Jesus virá pela segunda vez (Parusia). Nós não sabemos quando, ninguém neste mundo o sabe, a ninguém foi revelado. Mas é certo, ele disse que virá e… virá! A tensão alegre do Tempo do Advento nos convida a uma constante vigilância: não podemos dormir no ponto, não devemos ser pessoas transtornadas pelo torpor das coisas perecíveis. Devemos seguir aquele conselho tão sábio de um Padre dos inícios do cristianismo: “Sê sóbrio como um atleta de Deus: o prêmio que se oferece é a imortalidade e a vida eterna, na qual crês firmemente” (S. Inácio de Antioquia).

Uma das chamadas “virtudes cardeais” mais importantes para manter-nos como atletas de Deus é a temperança. Esta virtude nos ajuda a ter um nobre domínio sobre nós mesmos e, em consequência, a sermos cada vez mais livres. Uma pessoa com nobreza de espírito é necessariamente temperada. A temperança é a virtude que reúne em torno a si a modéstia, a sobriedade, a castidade, a vergonha, a honestidade, a abstinência, a mansidão, a clemência, a estudiosidade, a eutrapelia. Cada uma dessas virtudes mereceria uma reflexão, mas vamos contemplá-las desde a perspectiva da virtude da temperança.

A nossa inteligência e a nossa razão foram iluminadas pela fé e, desde então, há em nós uma facilidade para compreender melhor tanto as coisas humanas quanto as realidades divinas. Todo o nosso ser, no batismo, experimentou a vida nova de Cristo: nós somos novas criaturas! Daí o desejo de viveremos uma vida nova, de corresponder a tantas graças que o Senhor nos tem concedido. Nesse contexto de fé, a virtude moral da temperança é aquela disposição ou força interior que modera a nossa inclinação aos prazeres sensíveis, mantendo-os dentro dos justos limites de uma razão que foi iluminada pela fé. Ao ser uma virtude humana, ela deve ser praticada por todos os seres humanos, e não somente por aqueles que são cristãos. Naqueles que são batizados a temperança foi elevada pela graça e fortalecida pelas virtudes teologais.

Quem quiser esperar o Senhor Jesus numa vigilante expectativa tem que viver a temperança, pois é através dessa virtude que nós nos preparamos para que o Senhor não nos encontre dormindo no mundo dos pecados e vícios. Dormindo? Sim, porque o pecado é o mundo da negação, da fantasia, da ilusão, do torpor, do não-ser. Uma pessoa que pensa que está sendo feliz enquanto come desmedidamente, pode até sê-lo, mas por pouco tempo. E depois, o que ficará? Dores de barriga, problemas estomacais, gordura, problemas de coração, ansiedades. O vicio nunca pode fazer o ser humano feliz. Uma pessoa que não consegue moderar o desejo sexual e se sente “livre” para fazer o que quiser, não durará muito para que experimente a escravidão da sua própria libido. Além disso, virão as DST e outros problemas funcionais.

A temperança é a virtude dos senhores e das senhoras de si mesmos, dos atletas de Deus, daquelas pessoas que não querem ser escravas de si mesmas e das próprias inclinações. Custa? Claro que sim: é muito mais fácil pecar que não pecar, ser virtuoso que não sê-lo, ser infeliz que feliz. Mas nós fomos criados para a felicidade e para a autêntica liberdade.

Olhando a cultura contemporânea, não é difícil descobrir que as coisas que mais prendem as pessoas são o sexo, o dinheiro e a comida. Das três, os prazeres sexuais e os deleites da gula são as inclinações mais fortes do ser humano. Efetivamente, Deus quis unir à alimentação e à reprodução prazeres que facilitassem a conservação da espécie humana. O problema não é o prazer em si mesmo considerado. O prazer em si é bom, mas é bom somente dentro dos limites da virtude da temperança. É sabido por qualquer cristão, por exemplo, que o prazer sexual que acompanham as relações íntimas entre marido e mulher unidos em santo matrimônio é santo e santificador. Ninguém em são juízo condena o sexo dentro do matrimônio e o prazer que ele produz. O problema é quando as coisas finalizadas por Deus na direção da verdade, do bem e da beleza começam a ser usadas com finalidades motivadas pelo egoísmo.

“Vigiai (…), para que vindo de repente, não vos encontre dormindo” (Mc 13,36). Vamos preparar-nos para a Parusia do Senhor preparando o seu Natal.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Comentário Exegético – 1º Domingo do Advento – Ano B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA (1Cor 1, 3-9)

INTRODUÇÃO: Não é propriamente o início da carta em que Paulo se define como apóstolo de Jesus Cristo e escreve através de Sóstenes a quem chama de irmão como cristão. Pois faltam os dois primeiros versículos. Corinto era a principal cidade de Acaia, situada no istmo que une o Peloponeso ao resto da Grécia. Era uma cidade que tinha dois portos. Um deles, chamado Lechaeum, não longe da cidade, para o comércio com a Itália e o Oeste; e o outro, Cechrea, um pouco mais distante da cidade, para o comércio com Ásia. Não era, pois, de se estranhar que Corinto fosse uma cidade próspera e ao mesmo tempo famosa por seus vícios, especialmente a luxúria. De modo que Mulher de Corinto era sinônimo de prostituta. Porém, foi aqui onde Paulo fundou uma igreja formada principalmente de gentios, como ele escreve: Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados (12, 2). Havia também judeus como Crispo, o chefe da sinagoga, convertido junto com sua família (1, 14). Paulo permaneceu em Corinto aproximadamente dois anos, tendo grande sucesso, alentado por uma visão que lhe assegurava êxito (At 18, 8). Pouco depois de abandonar Corinto, teve que escrever esta carta por causa de graves desordens, em parte por falsos mestres, e em parte por costumes e tendências de seu antigo paganismo: riqueza, orgulho, avareza, e luxúria eram a causa da repreensão paulina. A cidade estava cheia de filósofos e sofistas, que naturalmente rejeitavam conceitos básicos do cristianismo, como a ressurreição dos corpos. A  ambição de riquezas estava presente nos diversos pleitos e litígios, e na distinção, durante a cena do Senhor, entre ricos e pobres. A luxúria, num caso que até no meio dos pagãos, não era usual: um incesto com a mulher do pai (5, 2) e a fornicação entre as prostitutas sagradas (6, 9-20) foram também temas centrais da carta. Uma questão entre matrimônios misto e a virgindade, abusos na recepção da Eucaristia e no uso dos carismas, apontando à caridade como fundamental na vida cristã foram questões tratadas nela. Especialmente o capítulo 15 é de interesse, pois foi a primeira vez que a ressurreição de Cristo é claramente mencionada e provada com diversos testemunhos. A carta foi escrita no ano 57 de Éfeso, no tempo da Páscoa, quando pensava Paulo visitar Macedônia e logo passar a Corinto. No trecho de hoje, após a introdução da carta, temos uma série de louvores em nome do Senhor, a seus dirigidos, enriquecidos em sabedoria e carismas, fazendo uma oração para que a união com Cristo seja efetiva e constante. Vejamos os versículos correspondentes ao dia de hoje.

SAUDAÇÃO: Graça a vós e paz da parte de Deus, vosso Pai, e de(o) Senhor Jesus Cristo (3). Gratia vobis et pax a Deo Patre nostro et Domino Iesu Christo. GRAÇA [charis<5485>=gratia] é palavra empregada por Paulo com referência a Deus, como fonte de dons comunicados de forma múltipla ao homem, especialmente o amor, benevolência, misericórdia e fidelidade, que são a base de uma vida nova no homem, como fonte de sua salvação. Especialmente, a força estaria na benevolência divina a eudokia griega de Lc 2, 14, do cântico angélico. Como saudação, está unida à PAZ [irënë<1515>=pax] o hebraico Shalom, que logicamente é a ausência de guerra e de toda violência, unida a uma vida tranquila, em que o descanso, a riqueza, o bem-estar, a justiça e a salvação estão sendo vistas como principais objetivos de uma feliz existência. É um dom precioso de Deus e de seu Messias que é chamado príncipe da paz (Is 9, 5). Em boca de Paulo é a reconciliação estabelecida pelo Filho com os filhos, que se entre eles buscassem a paz, o Deus do amor e da paz estaria com eles (2 Cor 13, 11 ). A paz com Deus é chamada de reconciliação por Paulo: Nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação (Rm 5, 11). E por isso, ele, Paulo, diz que recebeu o ministério da reconciliação (2 Cor 5, 18). A saudação graça e paz é própria de Paulo em suas cartas, no lugar do Chaire grego comum. Graça e paz que tem como fonte o Deus que é Pai, e o Senhor Jesus Cristo (ver Rm 1, 7).

AÇÃO DE GRAÇAS: Dou graças a(o) meu Deus sempre, por vós sobre a caridade de(o) Deus, a dada a vós em Cristo Jesus (4). Gratias ago Deo meo semper pro vobis in gratia Dei quae data est vobis in Christo Iesu. Os parênteses são artigos determinados que estão no grego original mas que devemos retirar da tradução portuguesa. A carta em si, fora da saudação, começa com uma ação de graças: EUCHARISTÖ [<2168>= gratias ago] dou graças, que na linguagem semita paulina também pode significar louvar. CARIDADE [charis<5485>=gratia] Charis de Chairö tem o significado de favor, benefício, mercê, e até gratitude por um ato de bondade recebido. Especialmente é uma mercê, uma concessão livre e gratuita de Deus, sem outro motivo que a benevolência divina. É o oposto a erga<2041> obras, sendo ambas exclusivas entre si. Cristo é a graça de Deus por excelência: Quem não perdoou nem seu próprio Filho, senão o entregou por todos nós, como não nos dará gratuitamente com Ele todas as coisas? (Rm 8, 32). E em Jo 1, 14 encontramos: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Jesus mesmo se considerou um dom de Deus na sua conversa com a samaritana: Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (Jo 4, 10). Esta ideia de Paulo de ver em Cristo a máxima benevolência divina e ser Cristo o dom por excelência, a podemos ver também em Rm 1, 8: Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.

RIQUEZA DOS CORINTIANOS: Porque em tudo fostes enriquecidos nEle em toda palavra e em todo conhecimento (5), conforme o testemunho de(o) Cristo foi consolidado entre vós (6). Quia in omnibus divites facti estis in illo in omni verbo et in omni scientia sicut testimonium Christi confirmatum est in vobis. ENRIQUECIDOS [eploutisthëte<4348>=divites facti] é o aoristo passivo do verbo ploutizö fazer rico. Já na Introdução consignamos como Corinto era uma cidade rica e como os cristãos se consideravam enriquecidos pelos dons de sabedoria e retórica por uma parte, e logo pelos dons carismáticos, entre os que preferiam o dom de línguas. Da abundância de riquezas espirituais entre eles, é testemunho este versículo paulino: assim como em tudo abundais em fé, e em palavra, e em ciência, e em toda a diligência, e em vosso amor para conosco, assim também abundeis nesta graça (2 Cor 8,7). E desses dons carismáticos e sua abundância fala Paulo na sua segunda carta: Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência (1 Cor 12, 8). Do ponto de vista cristão, os dois anos de estadia em Corinto deram a Paulo uma oportunidade única de pregar o evangelho e de demonstrar suas vivências nas conversas e reuniões fraternas, que sempre terminavam na cena do senhor, com abundância de dons carismáticos entre os assistentes. TESTEMUNHO [martyrion<3142>=testimonium] Desse testemunho fala Paulo em 2,1 nesta mesma carta: Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Pois Jesus enviou seus apóstolos para que este evangelho do reino seja pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim (Mt 24, 14). Por isso, temos nos Atos, como os apóstolos foram testemunhas: Os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça (At 4, 33). E no lugar de Judas escolheram Matias que se faça conosco testemunha da sua ressurreição (At 1, 22). De modo que os evangelhos são testemunhas da doutrina e vida do Senhor, como diz João, o escritor do Apocalipse: O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.  REFORÇADO [ebebaiöthë <950>=confirmatum], aoristo passivo do verbo bebauioö, significando estabelecer, confirmar. Um lugar paralelo é Cl 2, 7: Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças; confirmação que Paulo atribui, como fonte, ao próprio Deus em 2 Cor 1, 21:  Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus. Depois de dois anos era de esperar que a fé dos corintianos fosse firme com a graça de Deus.

A ESPERA: De modo que vós não sintais falta de nenhum carisma, esperando a revelação do Senhor Jesus (7). Ita ut nihil vobis desit in ulla gratia expectantibus revelationem Domini nostri Iesu Christi. SENTIR FALTA [stereö<5302> =desit], faltar ou sentir falta como em Lc 22, 35, Jesus perguntando aos discípulos: “Quando vos mandei sem bolsa, nem saco, nem calçado, faltou-vos por acaso alguma coisa?” “Não!”, responderam eles. A nenhuma outra igreja fala Paulo tão claramente dos dons carismáticos que parece eram tão abundantes em Corinto, de modo que teve que corrigir seu abuso. ESPERANDO [apekdechomenous<553>=expectantibus] mais que esperando é estar expectantes, com desejo e até anseio. Assim o expressa Paulo em Fp 3,20: A nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ideia que de novo fomenta em Tt 2 13: Aguardando a bemaventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo. O Advento ou Parousia de Cristo era a segunda fonte de esperança à parte da visão celeste, porque também a encontramos em 2 Pd 3, 12: Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão. É o DIA DO SENHOR, sua parousia ou REVELAÇÃO [apocalipsis<602>=revelatio]. No AT O dia do Senhor tinha o significado de uma intervenção divina, de Jahveh, para castigar o pecado ou acabar com certos impérios que perseguiam o seu povo de Israel. Vejamos alguns exemplos: Is 2, 12-21: Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido (12)…. E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele dia (17). E todos os ídolos desaparecerão totalmente. Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra (19)…: E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra (21). Sobre a destruição de Babilônia, que na realidade foi pacífica, lemos em Is 13, 6-9: Clamai, pois, o dia do SENHOR está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação. Portanto, todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará. E assombrar-se-ão, e apoderar-se-ão deles dores e ais, e se angustiarão, como a mulher com dores de parto; cada um se espantará do seu próximo; os seus rostos serão rostos flamejantes. Eis que vem o dia do SENHOR, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. Sobre a destruição do reino de Edom, lemos em Obadias: Porventura não acontecerá naquele dia, diz o SENHOR, que farei perecer os sábios de Edom, e o entendimento do monte de Esaú? (1,8). Vemos como o Dia do Senhor tem mais de imaginação que de realidade pelo fato de ser uma linguagem profética que usa frequentemente símbolos, figuras e metáforas próprias para impressionar. No NT o dia do Senhor [ou dia do Senhor Jesus Cristo] está unido a uma segunda vinda de Cristo, que entre outras, pode ser a destruição do povo judeu no ano 70. É um dia de Grande tribulação (Lc 21, 22-27) para os inimigos, mas ao mesmo tempo de libertação para a Igreja, como vemos em Lc 21, 28: Quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. Parece que esse dia que coincide com a destruição de Jerusalém (Lc 21, 24) estará dentro de um período de tempo que inclui a geração do tempo de Jesus: Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça (Lc 21, 32). E logicamente, também no fim dos tempos, haverá uma presença [Parousia  ou Advento] que será contemporânea da ressurreição final. O CIC em seu número 998 diz que ressuscitarão todos os homens que tinham morrido, os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação (Jo 5, 29). O como, em 1000: Sobrepassa nossa imaginação e entendimento só acessível pela fé. E em 1001: O quando é sem dúvida o último dia, no fim do mundo, pois a ressurreição dos mortos está associada à Parousia de Cristo (1 Ts  4,16). Como vemos, o único texto sacro, citado em relação ao tempo, é o da carta de Paulo aos de Tessalônica, cuja data é indeterminada. Já a profecia sobre a destruição de Jerusalém está narrada nos três Sinópticos (Mt 24; Mc13 e Lc 21) em termos apocalípticos que unicamente Mateus liga (?) com o Juízo Universal. Uma amostra da linguagem apocalíptica no NT é At 2, 19-20: E farei aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor. E o tal dia era Pentecostes em que unicamente houve um som como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados e foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles (At 2, 2-3). Os evangelhos falam da cena de Jesus frente aos muros do templo. E nessa conversa só temos uma descrição da destruição de Jerusalém, com vinda dEle e toda a parafernália de elementos astronômicos próprios do estilo apocalíptico; mas tudo termina com a apódosis final: Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam (Mt 24, 34; Mc13,30 e Lc 21, 32). Unicamente Mateus traz a anotação do fim dos tempos e do juízo final isto no capítulo seguinte. Será que Paulo também pensou unicamente na primeira parte da destruição de Jerusalém e com ela uniu o fim dos tempos, não como fim absoluto, mas como um fim de uma era em que o judaísmo iria ser substituído pelo reino de Cristo e daí sua exortação à vigilância. Vejamos os textos paulinos sobre o Dia do Senhor. 1 Cor 5,5: falando do incestuoso diz: Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus. Logo espera um dia próximo, dentro desta geração que diria Jesus. Em 1 Ts 5, 2: Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Coincide com Jesus na necessidade de vigilância, e usa o exemplo do ladrão que vemos em Mt 24, 43. Mas por outra parte esse dia desconhecido não estará tão perto: Não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, tidas como procedentes de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto (2 Ts 2, 2). Paulo, pois, admite um dia do Senhor como condena dos pecadores; mas não tem certeza de quando será e lhe parece que estará próximo. A carta primeira aos de Tessalônica foi escrita no ano 51 e a segunda no ano 55. A queda de Jerusalém aconteceu no ano 70, ou seja 15 anos mais tarde. Podemos pensar que Paulo fala unicamente do triunfo de Jesus, manifestado na ruína do Judaísmo. De modo diferente deve ser interpretada a 2ª  carta de Pedro em 3,10 (cerca do ano 80?): O dia do Senhor virá como o ladrão, de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Pois na continuação fala: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (3, 13). Pode esta frase de novos céus e nova terra ser interpretada como circunstâncias em que o cristianismo seria triunfante sobre o paganismo da oikoumene? Creio que é possível. CONCLUSÃO: Não devemos atualmente inquietarmos com uma catástrofe universal como se o fim do mundo estivesse às portas. O que deve nos manter vigilantes é o fim de nossa vida individual. O que tenho escrito é em grande parte pessoal e não creio contrário à doutrina da Igreja que neste ponto não tem definido pormenores de tempo e circunstâncias. Tudo se resolveria, admitindo vários dias ou parousias do Senhor, como no AT no intervalo dos séculos.

ASSEGURADOS: O qual também vos confirmará até o fim, sem culpa, no dia do nosso Senhor Jesus Cristo (8). Qui et confirmabit vos usque ad finem sine crimine in die adventus Domini nostri Iesu Christi. CONFIRMARÁ [bebaiösei<950>= confirmavit] é o futuro do verbo bebaioö, de significado confirmar, estabelecer, completar, garantir. Paulo afirma que será Deus, o Pai, quem conservará SEM CULPA [anegklëtous<410>=sine crimine] como ele diz também em 1 Ts 3, 13: Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus. Que em Cl 1, 22 também diz que esta santidade tem como causa a morte vicária de Jesus, pois o conseguiu no corpo da sua carne, pela morte; para, perante ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis. Coisa que também confirma em 1 Ts 5, 23: O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. É uma alusão ao juízo final como vitória dos bons, momento em que os corintianos devem esperar a fidelidade divina, que não permitirá outra vitória que não for a dos escolhidos e com tantos carismas adornados.

FIDELIDADE DE DEUS: Fiel o Deus pelo qual fostes chamados para comunhão de seu Filho Jesus Cristo, o nosso Senhor (9). Fidelis Deus per quem vocati estis in societatem Filii eius Iesu Christi Domini nostri. FIEL [pistos<4103>=fidelis] Já desde Isaías é um atributo que Jahveh reclama para si: Assim diz o SENHOR, o Redentor de Israel, o seu Santo, à alma desprezada…fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Por isso Paulo afirma que fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. Pois Aquele que vos chamou é fiel e há de realizar aquilo que prometeu (2 Ts3,3). Assim lemos em Hb 10, 23: Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu. Como conclusão: A nossa irrepreensível conduta é mais uma graça de Deus do que um produto do esforço individual. Por isso não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar (1 Cor 10, 13). CHAMADOS [eklëthëte<2564>=vocati]. O cristianismo é uma vocação, ou seja, uma eleição por parte de Deus e sua finalidade é a vida comum com o Filho como filhos; isso que Paulo chama de COMUNHÃO [koinönia<2842> =societas]. Koinonia é associação, íntima relação, confraternidade, comunidade de interesses, irmandade. Mas deixemos explicar a João no seu evangelho esta relação íntima entre ele e seus discípulos: Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim (Jo 15,4). Coisa que ele confirma e explica em 17, 21: Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E na sua primeira epístola explica isso com mais claridade: O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo (1 Jo 1,3). A razão é que os fiéis recebem o Espírito Santo, o enviado por Jesus, que não é um Mestre externo, mas habita dentro dos que o recebem como espírito de Jesus e Espírito de nosso espírito: Nisto conhecemos que estamos nEle, e Ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito (4, 13).


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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