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Ambientação: Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Todos somos chamados a viver a santidade em nossas vidas, porque nascemos para ser santos e santas. Ser santo é um processo de conversão de vida para Deus e para a realização de seu Reino aqui na terra. Trata-se de um esforço para uma vida de liberdade, de libertação dos preconceitos e até de certos preceitos legalistas. É uma caminhada que vai se firmando no dia-a-dia e, ao mesmo tempo, vai exigindo mais de quem assume esse propósito. Este caminho acontece pelo crescimento no amor fraterno e pelo encontro com o Senhor, na Liturgia, na Palavra e na oração. INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui estamos para o nosso encontro dominical com o Ressuscitado. Dele, ouviremos a Palavra que salva e liberta; por Ele, seremos nutridos ao recebermos seu Corpo e Sangue. E é porque cremos nele, o Todo Santo e Perfeito, que estamos aqui. Queremos viver abertos à sua graça, deixando-nos guiar por sua Palavra para assim transformar nossa existência, a vida de nossa comunidade e de todo Universo. Unamos nossa voz aos irmãos e irmãs que estão ao nosso lado e entoemos um canto de louvor ao Senhor. INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O mandamento de amor ao próximo não era desconhecido antes de Jesus. De fato, no Antigo Testamento nunca se havia pensado em amar a Deus sem se interessar pelo próximo. Nos Provérbios encontra-se até uma passagem que ressoa quase com as mesmas palavras do mandamento de Cristo: "Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber..." (Pr 25,21). Em sua formulação, em seu conteúdo e em sua forte exigência, o mandamento de Jesus é novo e revolucionário, pois nos propõe amara por amor de Deus, pelas mesmas finalidades de Deus; exclusivamente desinteressado; com amor puríssimo; sem sombra de compensação. Ensina a amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem daquele a quem amamos, não o nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor! (coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia) PRIMEIRA LEITURA (Lv 19,1-2.17-18): - "Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo." SALMO RESPONSORIAL (103/102): - "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, * pois ele é bondoso e compassivo." SEGUNDA LEITURA (1Cor 3,16-23): - "Irmãos, acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?" EVANGELHO (Mt 5,38-48): - "Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!" Homilia do Diácono José da Cruz – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A "Sedes Perfeitos como o Pai..." A nossa equipe de Teólogos da comunidade, abriu o debate perguntando se esse pedido de Jesus, aos seus discípulos é possível de atender, e o Jucão, zelador da igreja, já foi logo dizendo que é impossível. A catequista Vera emendou “Se pensarmos na perfeição moral, é mesmo impossível”. Dona Rosinha, que ornamenta a igreja, também deu a sua opinião, ela acha que Jesus não iria pedir algo que a gente não pudesse cumprir. Pronto! Com essas opiniões já podemos aprofundar a reflexão. A frase encontra-se ao final do evangelho, precedida do advérbio “portanto”, significando que ela fecha todos esses ensinamentos agrupados no evangelho, e que apresenta cada um deles, um amor mais aprimorado, que o homem ainda não conhecia e nem praticava. O jeito de amar humano, que também tem seu valor, apresenta um pequeno problema: é limitado e finito, ama, mas impõe condições, ama, mas coloca medidas, ama, mas tem objeções, no fundo é um amor que sempre cobra e exige do outro....Não são assim certos amores, entre um homem e uma mulher? Não são assim certos amores de alguns namorados? Não são assim certos amores da vida em comunidade, na relação com as pessoas? Não são assim os amores do BBB, que manda para o “paredão” quem não merece ser amado? É muito doloroso admitir isto, mas mesmo na vida em comunidade, sempre esperamos que o irmão ou a irmã, nos dê motivos para que possamos amá-los.. Nosso amor, não só acaba, mas pode também virar ódio. Um bom e piedoso judeu, que cumpria toda a lei, amava desse jeito. Do mesmo modo, tem cristão dos nossos tempos, que acha que amar assim, já está bom demais, não vamos dizer que não é amor, mas é um amor “Meia Boca”, que não chega nem perto do que é o verdadeiro amor, que um dia brotou do coração de Deus e atingiu o coração do homem, através de Jesus. A experiência desse amor na vida do homem é sempre uma busca, um constante aprimoramento, sem dúvida que amamos, mas sempre de um jeito imperfeito, diante do Amor de Deus, experimentar o amor de Deus é colo chegar no horizonte, descobrimos que não chegamos e que o horizonte por nós vislumbrado, está mais longe... Frases que marcam os limites do nosso amor ao próximo “Paciência tem limites”, “olha, desta vez perdôo, mas que isso nunca mais se repita”, “Sou cristão, mas não sou bobo”,“não levo desaforo para casa”, “Daqui para a frente, não respondo mais por mim”, Estão querendo me pegar para Cristo” “Sou muito bom, mas...não me contrarie”, “Você ainda não sabe do que sou capaz...” “ essa não dá prá engolir, vai ter troco”. Poderíamos citar uma centena de frases como esta, que dizemos no ambiente de trabalho, na escola, na política, na vida conjugal e familiar, e até na comunidade. São frases que falamos com raiva, exaltados, mas que mostram o quanto nosso amor é pequeno e limitado, perto do amor que Jesus nos propõe. Um amor perfeito, que rompe com qualquer barreira, que ama quem nos magoa ou nos fere, um amor que dá, além do que o outro pede, um amor capaz de amar até quem nos odeia, de amar quem não merece o nosso amor e nem nunca vai merecê-lo. Talvez lá no fundo do nosso coração, relutemos em acatar esse ensinamento, que parece ser o mais difícil de Jesus, entretanto, não temos escolha, a nossa Identidade Cristã é esse jeito de amar, não há outro caminho, as pessoas buscam mil e uma justificativas para não ter que amar dessa maneira, porém, quando nos defrontamos com o Cristo na Cruz, nossos argumentos e justificativas para não amar, caem todos por terra, a vida toda de Jesus, seus gestos e palavras, as atitudes que tomou, até no derradeiro instante da sua morte na cruz, revela exatamente esse amor, que deve ser escrito com “A” maiúsculo. Nossas liturgias pomposas, nossos louvores e atos de adoração a Deus, nossas orações e clamores, até mesmo em alta voz, em nada prova que somos cristãos, mas um pequenino gesto de amor, em nosso dia a dia, totalmente gratuito, incondicional, feito, quem sabe, a quem nem mereça, e nem vá ter como retribuí-lo, vale por mil pregações... Dizia um irmãozinho de rua, visitado por alguns jovens que levavam refeição “Nunca acreditei em Jesus Cristo, agora acredito, não por que vocês me falaram dele, mas porque vocês conversaram comigo, e me deram atenção, valorizando-me como gente, saciando não só a minha fome de alimento material, mas a minha fome de afeto, atenção e amizade. “ “Ah...então matamos a charada, a perfeição que Jesus nos exorta, para sermos iguais ao Pai do Céu, não é a perfeição moral, mas a perfeição do amor!” – exclamou eufórico Jucão, com o aval dos demais. Exatamente, por isso o apóstolo Paulo escreveu em uma de suas cartas, que o amor é a plenitude de toda Lei, Concluída a reflexão, minha equipe se dispersou rapidamente. Jucão foi correndo pedir perdão á mulher que cuida da chave da igreja, porque andava furioso com ela, Dona Rosinha disse que ia visitar um neto que estava preso e que não via há 10 anos, porque não aprovava sua vida errada, Vera a Catequista, disse que iria juntar-se ao grupo que assiste os irmãozinhos de rua. Quanto a mim, fiquei pensando nas motivações que tenho, para amar algumas pessoas, e desprezar outras, e no carro, indo para casa após a reflexão, balbuciei o canto do “Kirie”, clamando por misericórdia... chorando a dor do meu pecado. José da Cruz é Diácono da Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A “Amor aos inimigos”Amor a quem? Aos inimigos? Sim. Aos que nos odeiam e aos que nos maltratam, aos que nos perseguem e aos que falam mal de nós, nem excluímos os que difamam a Igreja e os que injuriam os ministros de Deus. Também os insensatos que afirmam disparates contra a fé e os bons costumes tentando corromper a família, a juventude e as crianças, devem ser objetos do nosso amor que perdoa. Enfim, todos os que nos consideram inimigos – nós, ao contrário, não somos inimigos de ninguém – se sintam amados e perdoados por nós. O amor de Cristo não conhece fronteiras e nós, seus discípulos, também devemos desconhecê-las. Cristo não pregou essa doutrina somente com a palavra, mas também com o exemplo. Do alto da cruz, depois de crucificado por aqueles deicidas, ou seja, por todos os pecadores, pronuncia aquelas palavras que continuam nos comovendo profundamente: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Faz dois mil anos que essas palavras ressoam aos ouvidos do Pai que, em atenção a essa súplica do seu Filho, ao qual não fizeram justiça, continua perdoando e nos levando ao Paraíso. “Mais do que em “dar”, a caridade estar em “compreender” (S. Josemaría Escrivá, Caminho, 463). O que nós fazemos para compreender aqueles que se dizem nossos inimigos? Será que nós pensamos que essas pessoas tem fome de Deus e de que, no fundo, desejariam ser felizes ao lado do Senhor? De fato é assim: eles desejam a felicidade e, consequentemente, desejam a Deus. Demos graças a Deus pelo dom da fé e pela boa formação que vamos recebendo no seio da Igreja, já que se não fosse a bondade de Deus para conosco seríamos piores que aqueles que, quiçá, julgamos endiabrados. Certa vez dois jovens viram a um sacerdote passar pela rua e decidiram incomodá-lo; um deles disse, então, uma terrível blasfêmia. Realmente, conseguiram o seu objetivo: o sangue do padre subiu fervendo, ainda que exteriormente o sacerdote procurasse mostrar a máxima amabilidade possível para falar com aqueles jovens não desde a imposição, mas com uma proposta inteligente. O padre disse aos jovens: “eu passei pacificamente pela rua, não disse nada a nenhum de vocês. Qual é a razão dessa blasfêmia? Vocês não respeitam a Deus?” Um dos jovens respondeu: “Deus não existe”. O sacerdote replicou: “se Deus não existe, então porque você blasfema contra alguém que não existe? Não me parece lógico”. O outro jovem, que estava ao lado do seu amigo escutando esse diálogo entre o padre e seu interlocutor, interviu: “olha, cara, eu acho que o padre tem razão: se Deus não existe porque você está blasfemando contra alguém que não existe?” O outro rapazinho, o que blasfemara, pensou por uns segundos e disse: “é mesmo, padre. Desculpa aí.” O sacerdote gostou da atitude daqueles garotos e terminou a conversa da seguinte maneira: “ainda que vocês não acreditem em Deus, eu vou rezar por vocês; pode ser?” Ao que eles responderam: “pode sim, mal é que o senhor não nos vai fazer?” O que aconteceu aos jovens depois daquela conversa com o padre eu não sei, o que eu sei é que aquele jovem padre continua convencido de que um gesto amável e uma proposta acompanhada de um sorriso valem mais que uma bronca. Às vezes as pessoas necessitam alguém que possa dialogar com elas. Não se comportam dessa maneira simplesmente por “espírito de porco”, como se diz, mas é que ignoram as verdades mais básicas, inclusive as da lógica mais elementar. É preciso ter paciência, amar a essas pessoas e caminhar com elas, como Jesus, que comia com os pecadores e com os cobradores de impostos. Jesus, que veio salvar aos pecadores, conversava com os seus inimigos frequentemente e, mesmo sofrendo, do alto da cruz, mostrou-lhes um gesto de carinho suplicando para eles o perdão do seu Pai. Não olhemos as pessoas desde cima, como se fossem inferiores a nós, ainda que nos considerem inimigos. A caridade exige justamente o contrário: colocar-nos ao serviço deles, ver os aspectos positivos dos demais, fomentar as qualidades que o outro tem e entrar – de certa maneira – no universo dele para procurar compreendê-lo. E, dessa maneira, desde a visão do outro, ainda que errônea, procurar encaminhar tudo para o bem, para Deus. Que bom é saber amar, saber perdoar, saber compreender. Graças sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo que quis difundir o amor que há entre eles às suas criaturas inteligentes. É verdade, Deus foi crucificado por amar. É verdade, talvez sejamos crucificados por amar. Mas, não tem problema, outros foram crucificados por roubar. Sempre se pode ser crucificado, o sofrimento é uma experiência universal. No entanto, somente o cristianismo pode oferecer o autêntico sentido do sofrimento porque tem o seu modelo em Cristo, o justo sofredor que morre perdoando os inimigos e os liberta das suas dores. Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa Comentário Exegético – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A Caríssimos Irmãos e Irmãs, Por razões que desconheço o site Presbíteros não publicou nesta semana o Comentário Exegético, portanto, transcrevo abaixo um texto de Doutrina da Santa Igreja, bastante interessante para Grupos de Estudo Bíblico. Desejo a todos uma Santa e Feliz Semana, na Graça de Deus Pai As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras 1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia 1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo. ”A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9). ”A sagrada Teologia apóia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24). 2. O Cânon Bíblico A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus. O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto. ”A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21). 3. Inspiração da Escritura “As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria. E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11). 4. A Hermenêutica bíblica Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”. 5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema. “Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes. Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus. Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita. O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana. Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja. O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos. Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade. Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus” Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”. EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA - A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova. - Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana. Interpretação errada do evangelho: - Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus. Consequências: - O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
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