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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 24/09/2017 - 25º Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 17/09/2017 - 24º Domingo do Tempo Comum


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

O PESO DE NOSSA CRUZ!
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24.09.2017
SETEMBRO - MÊS DA BÍBLIA
25º Domingo do Tempo Comum — ANO A
( Verde, Glória, Creio, I Semana do Saltério)
__ "Amigo, eu não fui injusto contigo...
Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste terceiro domingo do mês da Bíblia, Jesus nos conta a parábola dos operários da última hora que recebem tanto quanto os que trabalharam o dia todo. Temos difi culdade para aceitar essa mensagem. É que o amor de Deus supera os nos- sos critérios de justiça. Jesus nos ensina, primeiro, que ele precisa do trabalho de todos; segundo, que ele paga a todos o salário que tinha sido combina- do e que é sufi ciente para alimentar toda a família; terceiro, mostra sua generosidade para com os últimos porque estes também precisam de uma moeda de prata para sobreviverem. E quem é que sabe quem são os operários da última hora? Pode ser cada um de nós.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, sejam bem vindos! Formamos aqui a comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus e viemos aqui buscar o Senhor. Estamos sedentos de sua presença e desejamos encontrá-lo, ouvir sua Palavra e comer do seu Corpo e Sangue. Sabemos que não sairemos daqui decepcionados. O Senhor irá nos falar e nos dará de comer do alimento da salvação. Que esta celebração nos ajude a renovar também nosso compromisso com o anúncio do Reino para o qual o Senhor nos chamou. Acompanhemos com nossa oração os jovens de nossa Arquidiocese que, neste domingo, promovem o Dia Nacional da Juventude.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A interpretação da leitura proposta pelo próprio Cristo para a parábola encontra-se no versículo 15. A acusação feita ao senhor da vinha (Deus) é de ser injusto, acusação esta já formulada pelo filho mais velho ao pai do filho pródigo, acusação dos "bons" judeus ao ouvir a doutrina da retribuição, acusação de Jonas pelo perdão concedido por Deus a Nínive pagã. Em cada um desses casos, os textos opõem a justiça de Deus, concebida à maneira dos homens, sua atitude misericordiosa, nova para os homens. A esta objeção, Cristo responde: o senhor da vinha é "justo" (à maneira humana) com os primeiros, pois lhes dá o que havia combinado, e é "justo" com os últimos (à maneira divina), porque não assumira com eles nenhum compromisso de salário. Afirma-se assim, o primado de Deus: sua maneira de agir não contrasta com a justiça humana, mas a transcende totalmente pelo amor. É preciso perdoar sempre!

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, cantemos cânticos jubilosos ao Senhor!


PRIMEIRA LEITURA (Is 55,6-9): - "Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto."

SALMO RESPONSORIAL 144(145): - "O Senhor está perto da pessoa que o invoca"

SEGUNDA LEITURA (Fl 1,20-24.27): - "Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte."

EVANGELHO (Mt 20,1-16): - "Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos"



Homilia do Diácono José da Cruz – 25º Domingo do Tempo Comum – Ano A

"A desconcertante Justiça de Deus: A VINHA DO SENHOR."

O Sindicalista conversa com Mateus, tentando ajudá-lo a entender a reclamação dos operários da primeira hora.

Sindicalista - Olha Mateus, vamos e convenhamos, o pessoal que ralou o dia inteiro merecia um salário melhor, trata-se de uma jornada de trabalho desigual, é uma questão de mérito.

Mateus - Olha, aqui não é questão de mérito, mas sim do que foi combinado, escrito no contrato de trabalho, foi ajustado um Denário por dia, que, aliás, é o salário comumente pago por um dia de trabalho, com esse valor dá para comprar oito quilos de pão... Não há nada de errado.

O Teólogo entrou na conversa: Mateus, esse sindicalista não pegou o espírito da "coisa", para mim o Senhor está atirando no passarinho para acertar no Coelho, o alvo é outro, não é?

Mateus (sorrindo) - Sim, as lideranças da nossa religião judaica pensavam assim, que a nossa raça era a escolhida, a predileta de Deus Eterno, isso começou logo depois do Exílio na reconstrução do templo, eles queriam algo mais de Deus, do que o restante dos homens possivelmente pensava em maiores bênçãos em bens materiais e patrimônio, para serem prósperos... e coisas assim.

Teólogo - E o que seria hoje esse Um Denário que é a mesma paga de Deus a todos os homens?

Mateus - Ah sim, é o Amor do Deus Eterno, que ao ser manifestado em Jesus de Nazaré, perde o seu particularismo judaico e é oferecido a toda humanidade na forma de Salvação, coisa que os nossos mais tradicionais não conseguiam engolir...

Teólogo: E a conclusão desse ensinamento então...

Mateus - Uma conclusão óbvia, Deus ama a todos os homens, e os assiste com a sua graça de acordo com a necessidade de cada um, e não por aquilo que fazem de bom ou de mal, ou que deixam de fazer... A Salvação é pura iniciativa do Pai Eterno, nossas ações em nada conseguem mudar essa ação amorosa de Deus na nossa vida e na vida das pessoas. Temos assim o privilégio de ser colaboradores de Deus, como o homem sempre foi, na construção do Reino e na História da Salvação...

Considerações:

Quem já ficou desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear. Não tendo nem o essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente ociosa é oficina do capeta”.

Fiz esta introdução porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição bem cedo, para serem logo contratados.

Há os que já estão meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça, à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na empreitada, preparam um “miojo”para não perder muito tempo, e vão voando para a praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde, dando a maior sorte porque acabaram também contratados.

Mas agora, falemos dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”, para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro, verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou, trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.

O clima era de festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata, tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da diária seria uma moeda de prata.

Na religião de Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.

Na parábola em questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que na lógica humana é muito justo. Porém, o amor e a justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.

E quando descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há lugar para todos os homens.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 25º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Trabalhadores na vinha do Senhor

“Amados Irmãos e Irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes.” Com essas palavras, Bento XVI iniciava o seu pontificado no dia 19 de abril de 2005. Você se lembra daquele momento? Pois bem, o Evangelho de hoje nos fala exatamente da importância de trabalhar na vinha do Senhor. Deus Pai, todos os dias e a todas as horas deseja empregar um novo trabalhador.

Mas, note-se, Deus quer trabalhadores, isto é, pessoas que estejam interessadas em capinar a terra, lavrá-la, prepará-la bem, semear o campo, cuidar das plantinhas e colher os frutos. Talvez não participemos de todas as etapas, mas uma coisa é certa: somos trabalhadores na vinha do Senhor. Nós agradamos a Deus ao arregaçar as mangas para estender o seu reino de amor e de paz. Nesse trabalho é preciso docilidade, esforço e criatividade.

Docilidade! Dizia S. João Maria Vianney que “os santos foram felizes porque seguiram com fidelidade os movimentos que o Espírito Santo lhes inspirava”. Há momentos em que a nossa soberba poderia dizer que nós temos ideias até mesmo melhores que as de Deus. Imagine só… e se você fosse Deus por um dia? Além da impossibilidade do caso, talvez o sujeito em questão procuraria resolver os grandes problemas da humanidade: evitar todos os desastres naturais, dar comida a todos os que padecem fome, desarmar a todos as nações que têm bombas atômicas, evitar todos os abortos que acontecem no mundo inteiro, etc. Essas coisas são boas, então, pergunta-se, porque, ao parecer, Deus não as faz? Mas, impõe-se outra pergunta à nossa consideração: era um bem que o Pai livrasse o seu Filho Jesus Cristo da morte? Certamente. Mas, não foi um bem maior permitir que o Filho sofresse e nos libertasse de todos os nossos pecados, nos abrisse as portas do céu e nos fizesse felizes por toda a eternidade? Sem dúvida. Sendo assim, temos que ter cuidado para não sentar a Deus no banco dos réus e julgá-lo injustamente. O melhor que podemos fazer quando não entendermos os projetos de Deus é ser-lhe dóceis acreditando que ele sabe mais e faz melhor do que nós. Por mais evidente que seja, é preciso que nos lembremos disso para que, inconscientemente, não tomemos o lugar de Deus.

Esforço! Ainda que tudo esteja nas mãos de Deus, ele pede que também nós coloquemos as nossas mãos ao seu serviço, que arregacemos as mangas e trabalhemos na sua vinha. Tudo é graça! É verdade. Mas também é verdade que as coisas dependem de nós e acontecem na medida em que nós fazemos a nossa parte. No trabalho na vinha do Senhor é muito importante que estejamos dispostos a suar a camisa, a criar calos nas mãos, a subir e descer ladeiras nessa plantação de Deus… Temos que mostrar verdadeiro interesse pelas coisas de Deus, não tanto através das palavras, mas através de uma ação generosa e cheia de amor. Deus merece! Perguntemo-nos: interesso-me verdadeiramente em terminar o meu trabalho profissional, momento importante de apostolado, com perfeição e ofereço-o ao Senhor como oferta agradável? Aproveito as ocasiões que a Providência Divina me concede para evangelizar os meus companheiros de trabalho, tanto pelo exemplo de vida quanto pelas palavras? Penso, na oração, como ser mais eficaz no meu apostolado junto aos meus amigos e conhecidos? Rezo para que na vinha do Senhor haja mais trabalhadores para que, efetivamente, “venha a nós o Reino de Deus”?

Criatividade! Já foi dada uma pequena dica no campo da criatividade apostólica: rezar para encontrar novas maneiras de evangelizar as pessoas que entram em contato conosco. Criatividade é fazer uma ligação a uma pessoa para felicitá-la no dia do aniversário e, aproveitar, e convidá-la para ir à Missa nesse dia. Criatividade apostólica é fazer uma reunião de estudos com amigos da Faculdade e aproveitar para terminar com um momento de oração juntos dando uma pequena palestra sobre algum tema relacionado à vida espiritual. Criatividade evangelizadora é convidar alguém para visitar alguma igreja histórica e falar-lhe de Deus. Enfim, cada um tem que inventar as suas maneiras de ser estratégico com os seus amigos, com a sua família, com os seus conhecidos, para oferecer-lhes – respeitando a liberdade deles – o melhor que nós temos: Deus e a vida eterna. Somos trabalhadores na vinha do Senhor e o mais normal é que nós trabalhemos de verdade.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Publicação Especial - Apologética / Doutrina / Sagrada Escritura
(Extraído do site Presbíteros)

As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras

1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia;
2. O Cânon Bíblico;
3. Inspiração da Escritura;
4. A hermenêutica bíblica;
5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia.

1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia:

A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita e tem lugar especial na vida da Igreja. Contem a mensagem divina da salvação que sob a inspiração do mesmo Espírito Santo que falou pelos profetas, foi redigida pelos escritores sagrados, entre eles os Apóstolos.

Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo.

”A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9).

”A sagrada Teologia apóia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24).

2. O Cânon Bíblico;

Cânon é um padrão, uma norma que julga um pensamento ou uma doutrina. O cânon bíblico é o conjunto dos livros que a Igreja considera oficialmente como base da sua doutrina e dos seus costumes, pelo fato de serem inspirados por Deus.

A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus.

O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto.

”A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21).

3. Inspiração da Escritura;

A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade.

“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.

E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11).

4. A Hermenêutica bíblica:

“Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.

5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia

“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar contìnuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” (Dei Verbum 23).

Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema.

“Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes.

Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus.

Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita.

O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana.

Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja.

O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos.

Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade.

Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus”

Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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17.09.2017
SETEMBRO - MÊS DA BÍBLIA
24º Domingo do Tempo Comum — ANO A
( Verde, Glória, Creio, IV Semana do Saltério )
__ "Não devias tu também ter compaixão de teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
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Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: “Perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”. Assim reza o texto latino do Pai nosso, usado antes do Concílio Vaticano II, no Brasil. Neste domingo, compreenderemos o significado deste pedido. Um pedido que obriga o orante a sentir-se devedor do amor e do perdão a Deus e ao próximo, pelas faltas e pecados cometidos contra um ou contra o outro, sempre que estiver em oração. Nesta celebração, seremos convidados a entrar no Mistério da Salvação pela porta do perdão, o expoente maior do amor, tanto do ponto de vista da convivência comunitária como para o equilíbrio e estabilidade pessoal.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, aqui nos reunimos para celebrar o Dia do Senhor. Foi no primeiro dia da semana que o Senhor apareceu ressuscitado aos seus discípulos e hoje Ele se manifesta a nós e revela seu amor misericordioso. Experimentaremos um forte apelo do Senhor para perdoarmo- nos mutuamente, dando testemunho de que é Ele, em primeiro lugar, que nos perdoa e pede que também assim nós façamos. Abramos nosso coração a essa manifestação do Senhor que vem ao nosso encontro, enquanto colocamos em suas mãos nossos anseios de verdadeira paz.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O judaísmo já conhecia o dever do perdão das ofensas, mas se tratava de uma conquista recente, que só se conseguia impor mediante a lista de tarifas precisas. A mesquinhez humana procura sempre uma medida, uma norma que lhe dá satisfação. Perdoar, sim, mas quantas vezes? Os rabinos, para acentuar a liberalidade de Deus, diziam que ele perdoa três vezes; as escolas rabínicas exigiam que seus discípulos perdoassem certo número de vezes à mulher, aos filhos, aos irmãos, etc., e esta lista variava de escola para escola. Pedro pergunta a Jesus qual a sua taxa. Jesus havia ensinado a amar os próprios inimigos, e orar pelos que nos perseguem a fim de sermos filhos do Pai que está nos céus, que faz surgir o sol para os maus e os bons e faz chover sobre os justos e injustos. No pai-nosso, havia ensinado a pedir: "perdoai nossas dívidas como nós perdoamos nossos devedores". Pedro, que, pelo contato com Jesus, compreendeu que as medidas até agora tidas como válidas, não servem mais, tenta uma resposta: "até sete vezes?". É mais que o dobro de três, e além disso é um número simbólico que significa plenitude. Jesus formula sua resposta retomando o número simbólico, mas multiplicando-o de tal maneira que signifique uma plenitude ilimitada. É preciso perdoar sempre!

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, cantemos cânticos jubilosos ao Senhor!


PRIMEIRA LEITURA (Eclo 27,33-28,9): - "Pensa nos mandamentos, e não guardes rancor ao teu próximo."

SALMO RESPONSORIAL 102(103): - "O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso."

SEGUNDA LEITURA (Rm 14,7-9): - "Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos."

EVANGELHO (Mt 18,21-35): - "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?"



Homilia do Diácono José da Cruz – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano A

"Dois Amores em um só..."

Para muitas pessoas o amor de Deus é algo manifestado em Jesus quando ele realizou a obra da Salvação, parece assim um amor meio platônico, e se formos falar bem a verdade, a gente não sabe definir essa ação amorosa de Deus em nossa vida e as vezes esse amor só se manifesta em momentos de aperto e de sofrimento, parece ser apenas uma força interior que nos consola. Será que um amor assim dá para confiar?

O evangelho desse domingo nos apresenta a questão do perdão, que brota do amor, e como a gente acaba departamentalizando o amor humano e o amor de Deus, assim também fazemos com o ato de perdoar. O amor de Deus por nós está mais perto do que imaginamos, é um amor concreto, do dia a dia, um amor que cuida, um amor que busca, um amor que quer sempre ficar junto, um amor que consola, que nos enche de alegria.

Embora insistamos em separar o amor de Deus do amor do irmão, os dois vem em uma mesma esteira e são inseparáveis. Qual a diferença entre a água da chuva que cai sobre nós, e a água encanada que usamos em nossas casas nos momentos de necessidade? Nenhuma!

Trata-se da mesma água que passa pelo ciclo da vida e que volta em forma de chuva. Assim também, o amor humano é uma forma de encanarmos o amor de Deus, e aí, os seus efeitos dependem do tamanho da torneira de cada um, isso é, do tamanho do coração.

O Amor é um só e tem um nome: Deus, segundo João, Deus é Amor. Assim como a água encanada, a sua abundância depende de uma série de fatores, do tamanho do cano, do reservatório onde é armazenada, da abertura e da pressão do registro. Daí encontramos uma torneira que parece um jato d’água de tanta intensidade, tem torneira que a água já é meio escassa, tem torneira que a água é só um filetinho, outras estão secas e só fazem barulho.

A torneira de Pedro, comparando com o perdão, era bem econômica, sete vezes... e já estava de bom tamanho, mas Jesus escancara a torneira, sete vezes sete, isso é, perdoar sempre. A torneira que o Rei abriu, para perdoar o Servo Devedor, era generosa e jorrava com abundância, perdoou toda a dívida, mas a torneira que ele abriu ao homem que também lhe devia uma pequena quantia, era desse "tamaninho" e nem água saia. Não tinha amor para dar... havia experimentado o Amor no perdão recebido, porém o seu egoísmo o acabou sufocando.

A conclusão do evangelho é muito clara, ninguém pode dar algo que ainda não experimentou e nem recebeu, a nossa experiência de amor com as pessoas, depende da experiência de amor que fizemos com Deus, se ainda não descobrimos o seu amor grandioso manifestado em Jesus, se ainda não nos demos conta de que ele nos ama com um amor sem medidas, gratuito e incondicional, o nosso amor para com as pessoas será sempre assim, uma caricatura do verdadeiro amor, um amorzinho frágil, pequeno, um amor que exclui e que não sabe nunca perdoar.

Quem faz a experiência do amor de Deus, manifestado em Jesus e percebido na relação com as pessoas que nos amam, não tem a tentação de colocar um limite ao amor, como era a intenção de Pedro.

Começando pela comunidade, prestemos atenção no nosso jeito de amar, que deve passar para as pessoas o sentimento de que Deus as ama, antes porém, é necessário se perguntar se já descobrimos esse amor grandioso em nós...

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Rodrigues Costa – 24º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Matemática do perdão

Não precisa ser muito bom em matemática para descobrir que setenta vezes sete é igual a “sempre!” Como? Claro que sim, se 70×7=490, então 70×7=sempre. Está bem: concedamos que esta lógica matemática não seja exatamente perfeita, mas também concedamos que na lógica de Cristo a conta esteja bem feita. É preciso perdoar sempre porque agrada a Deus, porque os primeiros beneficiados somos nós mesmos e porque, finalmente, é um grande bem fraterno-social.

Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos. O pensamento de São Máximo de Turim é irrefutável: “se o ladrão obteve a graça do paraíso, por que o cristão não há de obter o perdão?”. Sendo assim, confiemos sempre na misericórdia do Senhor, façamos um propósito de mudança de vida, confessemos os nossos pecados e… Confiança, alegria, paz… Comecemos novamente! Perdoando os nossos semelhantes, quantas vezes for preciso, estaremos imitando o próprio Deus e essa semelhança nas ações atrairá maiores graças para as nossas futuras decisões.

Nós somos os primeiros a aproveitar-nos da graça de perdoar. O perdão atrai o olhar misericordioso de Deus rumo a nós e nos faz serenos no dia-a-dia. Uma pessoa que sabe que não tem inimigo vive em paz. Como saber que eu não tenho inimigo? É simples, é só não considerar ninguém como inimigo. Talvez os outros possam até considerar-nos seus inimigos desde algum ponto de vista. O problema é deles! Nós, da nossa parte, não consideraremos a ninguém como nosso inimigo. A bondade do coração cristão é o melhor remédio para curar os males do coração alheio. Mais cedo ou mais tarde, os outros pensarão: “Por que mexer com uma pessoa que só quer o meu bem? Por que irritar uma pessoa que se mostra sempre amável comigo? Por que chatear a alguém que só quer que eu seja feliz? Por que tentar ser inimigo de alguém que não fica meu inimigo?” Canta-se belamente essa oração, porém há maior formosura no realizá-la: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união”.

O perdão constrói as relações de amizade e todas as relações sociais. Quanto há compreensão e perdão entre amigos, essa amizade perdurará apesar dos pesares. Os nossos amigos são pessoas como nós, com virtudes e defeitos; se nós, porém, não compreendermos que eles nem sempre se comportarão virtuosamente é sinal de que ainda não somos bons amigos. Até Deus permite que nós erremos, deixa que pequemos, isto é, Deus respeita até o mau uso da nossa liberdade e… continua nos amando, nos perdoando. Nós não podemos sufocar as pessoas sendo intransigentes e insuportáveis; ao contrário, devemos compreender quem está no erro sem minimizar as exigências da doutrina e da moral cristã.

Sempre assisto prazerosamente aquele belíssimo filme de Fred Zinnemann, baseado no livro de Robert Bolt, sobre S. Tomás Moro, “Um homem que não vendeu a sua alma”. Uma das primeiras cenas é aquela conversa entre um cardeal pouco escrupuloso que ironiza a confiança de Tomás Moro na oração da seguinte maneira: “então, você gostaria de governar um país com orações?”. Tomás lhe responde decididamente: “sim, gostaria”. Poderíamos parafrasear essa ideia: construir as relações sociais sob o perdão? E respondamos com toda paz: sim, é possível.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa


Publicação Especial - Doutrina / Dogmática / Liturgia
(Extraído do site Presbíteros)

A Santa Missa: atualização do sacrifício, comemoração da Ressurreição

Por Joathas Bello

Em alguns ambientes católicos, tem-se afirmado com certa constância que a Missa é renovação da paixão e da ressurreição de Cristo, como se ambas realidades se fizessem presentes na Eucaristia do mesmo modo, uma vez que “o Mistério Pascal engloba tanto uma como a outra”. Isso último é verdade, mas do que se trata é de compreender a verdadeira natureza da Missa, e não do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição do Senhor.

De fato, Cristo ressuscitado Se faz presente em todas as missas posteriores à Páscoa – ou seja, em todas as missas com exceção da primeira, na Última Ceia –, e isso por um motivo bastante óbvio: Ele ressuscitou e é dessa forma – ressuscitado – que age através do sacerdote celebrante. Quando Cristo (o sacerdote) pronuncia as palavras “Isto é o meu corpo…”, é o Cristo Glorioso quem as pronuncia, porque são palavras pronunciadas no presente.

O fato da ressurreição, todavia, se torna presente à recordação, e não sacramentalmente; a inserção de um pedaço do pão consagrado no cálice é símbolo da ressurreição, não sua renovação mística, que é desnecessária, pois Cristo Se encontra ressuscitado. A Ressurreição já se prolonga nos tempos por esse fato somente – o de que o Senhor encontra-Se vivo e já não pode mais morrer –, ao contrário do sacrifício do Calvário, o qual, se não fosse renovado misticamente na Missa, seria um fato passado, presente somente à nossa memória e na medida em que suas graças nos são aplicadas através dos demais sacramentos.

A ressurreição, então, está presente indiretamente em todas as Missas posteriores à Última Ceia, porque o Senhor Glorioso é quem toma o pão e o vinho e os consagra e oferece ao Pai – plenamente correto é dizer que o Ressuscitado encontra-se presente em toda Missa –, mas formalmente a Missa é renovação ou atualização tão somente do sacrifício, recordando-nos os fatos históricos tanto da paixão quanto da ressurreição de Cristo – sendo que a substância da primeira se faz presente, e a outra só se faz presente na recordação e naquele modo oblíquo que é a presença do Ressuscitado.

Talvez os que sustentam a identidade do tipo de presença do sacrifício e da ressurreição se baseiem na seguinte passagem da carta encíclica Ecclesia de Eucharistia (especialmente a passagem grifada por mim):

14. A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a paixão e morte, a sua ressurreição. Assim o lembra a aclamação da assembleia depois da consagração: « Proclamamos a vossa ressurreição ». Com efeito, o sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Salvador, mas também o mistério da ressurreição, que dá ao sacrifício a sua coroação. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-Se « pão da vida » (Jo 6, 35.48), « pão vivo » (Jo 6, 51), na Eucaristia. S. Ambrósio lembrava aos neófitos esta verdade, aplicando às suas vidas o acontecimento da ressurreição: « Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia ».(20) Por sua vez, S. Cirilo de Alexandria sublinhava que a participação nos santos mistérios « é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor ».(21)

Se a frase destacada em negrito estivesse isolada, poderia dar margem a essa compreensão – da identidade do tipo de presença –, mas a frase seguinte do Papa trata de explicar, nos mesmos termos que fizemos agora, em que sentido a ressurreição se faz presente: é Cristo vivo que pode tornar-Se “pão da vida”, e assim oferecer-Se ao Pai. A primeira presença, do sacrifício, é a presença mística do sacrifício do Calvário; a segunda, da ressurreição, equivale mais propriamente à presença real, pela transubstanciação, do Ressuscitado. A Eucaristia, enquanto sacramento, nos traz a presença real do Ressuscitado; e enquanto sacrifício – inseparável da “confecção” do sacramento – nos traz a presença mística do Seu sacrifício na Cruz.

O mesmo Papa havia dito um pouco antes: “Esta [a Eucaristia ] tem indelevelmente inscrito nela o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos” (n. 11).

Talvez a frase seguinte pudesse corroborar a tese de uma renovação mística da Ressurreição (de si, sem sentido, como já falamos): “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e « realiza-se também a obra da nossa redenção»”. A frase que segue imediatamente, explica qual é o “acontecimento central” que se torna presente:

Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do género humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes. Assim cada fiel pode tomar parte nela [Eucaristia], alimentando-se dos seus frutos inexauríveis.

No número seguinte, o Papa volta a ressaltar que é o sacrifício o que se faz presente:

Ao instituí-lo [o sacramento eucarístico], não Se limitou a dizer « isto é o meu corpo », « isto é o meu sangue », mas acrescenta: « entregue por vós (…) derramado por vós » (Lc 22, 19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrificial, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos (n.12, negrito meu).

Para dirimir de vez qualquer dúvida, volta a repetir João Paulo II:

A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto actual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, « o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício » (negrito meu).

Vê-se, então, como a Eucaristia é atualização sacramental tão somente do sacrifício da Cruz, e como a ressurreição se faz presente de modo indireto, seja porque é “coroação” desse sacrifício, que permite ao Senhor estar presente sobre o altar para oferecer-Se ao Pai, seja porque o fato histórico (da Ressurreição) é comemorado em cada Missa – como, ademais, o é, de forma mais especial e solene, na Páscoa e durante todo o Tempo Pascal.

Seria interessante, para a reflexão presente, buscar esclarecer o conceito de “memorial”…

Classicamente, se falava de “representação” e “memória” do sacrifício (cf. Doutrina sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa do Concílio de Trento). A primeira noção se refere ao “tornar-se presente”, ao “atualizar-se”, ao “renovar-se” ou “perpetuar-se” (da substância) do sacrifício do Calvário; e a segunda, à rememoração do evento histórico – o que é feito de modo especial na Sexta-Feira da Paixão, e constitui a especificidade mesma desse Ofício Solene. A teologia litúrgica contemporânea trouxe à tona o conceito de “memorial”, que significaria, na mentalidade judaica, “uma recordação que torna efetivamente presente aquilo que recorda” (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1363-1364). Nesse sentido, a Missa seria “memória” (do evento) da Paixão, no sentido clássico, e “memorial” (da substância) do Sacrifício, no sentido contemporâneo. O termo “memorial” entrou no Magistério contemporâneo, significando ora recordação, ora atualização, e é preciso discernir cuidadosamente, em cada contexto, qual é a conotação exata.

Assim, por exemplo, nos diz Pio XII, na Mediator Dei: “Assim o memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar, porque, por meio de símbolos distintos, se significa e demonstra que Jesus Cristo se encontra em estado de vítima” (n. 63, negrito meu). O que “se pode repetir” é “atualização” ou “representação” da morte real (cruenta), e não o mesmo evento da morte do Senhor – como explicava anteriormente Pio XII –, daí, “memorial” aqui é sinônimo de “renovação”, “reprodução” do sacrifício do Gólgota.

No mesmo sentido, escreve João Paulo II na já mencionada Ecclesia de Eucharistia, fazendo referência (na nota “17”), aliás, ao número citado da Mediator Dei:

A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica.(16) O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial » (memorialis demonstratio),(17) de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário (n. 12).

Entretanto, o mesmo João Paulo II havia escrito, em passagem já citada aqui: “Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor…” (n.11, negrito meu). Já vimos como, em relação à ressurreição, “memorial” só pode designar “memória”; já em relação à morte, pode designar tanto a atualização quanto a recordação.

A palavra “memorial” não tem, portanto, um significado único, e é preciso lê-la sempre tendo em conta o todo da doutrina da Igreja – que não pode se contradizer –, de modo a determinar com exatidão a noção que o termo está comunicando.

Veja-se, por exemplo, a única vez que a Sacrossanctum Concilium menciona o “memorial”:

47. O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura (negrito meu).

Como já havia dito, do “Sacrifício eucarístico” – alguns tradicionalistas querem ver nessa expressão uma mitigação do caráter propiciatório do sacrifício da Missa, quando o contexto mostra que se está falando simplesmente de “Sacrifício da Eucaristia”, como sinônimo de “Sacrifício da Missa” (não existe o adjetivo “míssico”, para falar “sacrifício míssico”!) –, que o mesmo perpetua o Sacrifício da Cruz, não fica margem para compreender que a “morte” e a “ressurreição”, das quais dito Sacrifício eucarístico é “memorial” – veja-se que o Sacrifício tomado como um todo, a “representação” ou “perpetuação” do sacrifício da Cruz, é que é “memorial” enquanto “memória” (dos eventos) da morte e ressurreição – estão presentes na Missa com o mesmo caráter.

Em passagem do Catecismo, citada por João Paulo II, diz-se: “A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor” (n. 1382, negrito meu). Aqui, pode-se ver claramente que “memorial” – ademais, acompanhado pelo qualificativo “sacrificial” – significa “representação” (do sacrifício). É esse sentido – de “memorial sacrificial” – que permite ao Catecismo dizer, em outra passagem, que “por ser memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício” (n. 1365) – aqui há de se interpretar “Páscoa” no sentido mais restrito de “passagem”, “morte”, se não a conclusão (“a Eucaristia é um sacrifício”) não tem sentido. A Eucaristia é sacrifício porque é atualização ou representação do sacrifício do Calvário (“Páscoa de Cristo”); a expressão termina sendo tautológica – o conceito de “memorial” parece servir ao diálogo ecumênico, uma vez que os protestantes não têm dificuldades para aceitar a Missa como “memória” (recordação) da Paixão, e o aprofundamento na noção bíblica de “memorial” poderia ajudá-los a compreender a atualização da Paixão no sentido católico, pois tal noção conduz à noção clássica de “representação” (como “reapresentação”). Desde a perspectiva clássica, se pode dizer que ao “já” ser atualização desse sacrifício, a Eucaristia é “memória” dos eventos históricos através dos quais o mesmo se deu.

Já a seguinte passagem, de João Paulo II, diz, por exemplo:

No « memorial » do Calvário, está presente tudo o que Cristo realizou na sua paixão e morte. Por isso, não pode faltar o que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor. De facto, entrega-Lhe o discípulo predilecto e, nele, entrega cada um de nós: « Eis aí o teu filho ». E de igual modo diz a cada um de nós também: « Eis aí a tua mãe » (cf. Jo 19, 26-27).

Viver o memorial da morte de Cristo na Eucaristia implica também receber continuamente este dom. Significa levar connosco – a exemplo de João – Aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia. (Ecclesia de Eucharistia, n. 57).

“Tudo” o que Cristo realizou foi a redenção dos homens. Claro que a mesma não é uma realidade monolítica, e possui vários aspectos, entre os quais, o dom da maternidade espiritual de Maria aos cristãos. Entretanto, para evitar uma leitura alegórica da Santa Missa – muito comum na Idade Média, mas dogmaticamente equivocada –, é preciso ver a atualização do sacrifício no seu sentido bem estrito da entrega da vida do Senhor Jesus ao Pai – que é o significado pela consagração separada das espécies eucarísticas e concomitante oferta das mesmas pelo sacerdote ministerial (no Rito Romano Tradicional e nos Ritos orientais essa oferta fica evidenciada pelo Rito do “Ofertório”, o qual foi atenuado no Novo Rito Romano) – e compreender que aqui o Papa está falando do “memorial” como “memória” dos demais eventos que se congregam ao redor do fato essencial do sacrifício; essa memória – no exemplo específico, da presença de Maria no Calvário, e do significado espiritual dessa presença – é um meio pedagógico para participar mais plenamente do sacrifício, e para crescer na Fé – de um ponto de vista exclusivamente teórico, dogmático, eu não preciso “imaginar” o Calvário no altar, mas “conhecer” que aquilo que aconteceu no Calvário é o que acontece misticamente sobre o altar; entretanto, a “memória” da morte cruenta e demais eventos históricos ajuda à natureza humana, espiritual e corpórea ao mesmo tempo, a compenetrar-se mais no mistério celebrado.

Podemos concluir, retomando o ponto de partida dessa reflexão, que a Paixão e a Ressurreição se fazem presentes na Missa, mas a títulos diversos. A Paixão é atualizada, é tornada realmente presente, substancialmente presente. Já a Ressurreição o é de modo meramente memorial – no sentido clássico, e não contemporâneo –, proclamando que ela, um dia, ocorreu – e que a partir de então, se perpetua no ser mesmo do Ressuscitado, sem necessidade de atualização sacramental. Por isso, na resposta dos fiéis ao Mysterium fidei, usa-se duas expressões diferentes: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição”. A morte é anunciada porque misticamente ela é renovada, é atualizada, é tornada real e substancialmente presente. A ressurreição não é anunciada, mas proclamada porque se deu no tempo – e segue perpetuada no corpo mesmo de Cristo. Se a Paixão e a Ressurreição fossem recordadas de igual modo na Missa, não seria preciso duas expressões distintas. Bastaria anunciar a morte e a ressurreição. Mas há um anúncio e uma proclamação (são, geralmente, sinônimos, mas o uso para duas situações na mesma frase indica que há uma distinção).

Para citar este artigo:
BELLO, Joathas. Apostolado Veritatis Splendor: A SANTA MISSA: ATUALIZAÇÃO DO SACRIFÍCIO, COMEMORAÇÃO DA RESSURREIÇÃO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4173. Desde 30/04/2007.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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