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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 28/10/2018 - 30º Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 21/10/2018 - 29º Domingo do Tempo Comum


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

28.10.2018
30º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
Dia mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária
__ "Ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

CLIQUE AQUI E VEJA UMA APRESENTAÇÃO ESPECIAL SOBRE A LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA


(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

 

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos, neste domingo, o Mistério da Salvação divina, marcados pela luz de Cristo e pela esperança de caminhar na direção de uma cidade nova. A liturgia torna-se profética nessa celebração porque abre nossos olhos e nos coloca na estrada de Jesus. Ao encerrar o mês dedicado às missões, queremos renovar nosso compromisso com a evangelização dos povos e implorar a graça de um coração capaz de sentir compaixão.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, cheios de esperança nos reunimos como assembleia santa. Viemos para buscar a Deus e encontrar nele a nossa salvação. E Ele não dos decepcionará. Vai manifestar- -se a nós por sua Palavra e pelo seu Corpo e Sangue partilhado entre nós, sacramento de sua Páscoa. Encerrando este mês dedicado às missões, rezaremos por todos nós batizados que desejamos seguir a Jesus como uma Igreja missionária e em saída. Acompanhamos também com nossas preces o Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, para que traga bons frutos para a vida da Igreja.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste mês da Missões, rezemos nesta Eucaristia para que o Senhor faça descer sobre nós a força do Espírito Santo, a fim de que sejamos missionários da Palavra e do Amor de Deus, segundo a vontade do Pai.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Jeremias 31,7-9): - "O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel"

SALMO RESPONSORIAL 125(126): - "Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!"

SEGUNDA LEITURA (Hebreus 5,1-6): - "Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec."

EVANGELHO (Marcos 10,46-52): - "Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!"



Homilia do Diácono José da Cruz – 30º Domingo do Tempo Comum – ANO B

"SENTADO À BEIRA DO CAMINHO"

Há uma canção de Roberto e Erasmo Carlos, que eu vivia cantarolando nos meus tempos de jovem, quando tomado por alguma tristeza ou decepção, o poeta compositor da letra, fala de alguém, que por conta de uma decepção amorosa, desistiu de viver e ficou sentado á beira do caminho, onde até a poeira é triste. A dinâmica da vida nos impele a caminhar, quem não se deixa contagiar por esse dinamismo, acaba ficando fora do processo, a letra da canção mostra bem esse sentimento de que não existimos, quando a pessoa a quem amamos permanece indiferente "Preciso lembrar que eu existo....". Quem é esse cego Bartimeu, mendigando amor á beira de um caminho, senão o próprio homem, que não conhecendo a Deus revelado em Jesus, lhe permanece indiferente? A pós modernidade oferece ao homem Muitas "luzes" na ciência, na tecnologia, no avanço das pesquisas, acontece que o ser humano, apropriando-se desses bens, que são dons de Deus, julga ver tudo, compreender tudo, e sentindo-se Senhor absoluto da situação, pensa e faz o que quer, usa sua liberdade da pior maneira possível e fazendo coro ao racionalismo dos intelectuais, decreta a morte de Deus. Entretanto, um belo dia este homem prepotente e arrogante, irá descobrir-se como este cego de Jericó. Tem tudo mas não tem a graça de Deus, que Jesus trouxe com a Salvação. Nesse sentido não se conhece, porque não conhece a Jesus, é cego, porque não viu em sua vida a luz da verdade, está a margem da verdadeira vida, é um milionário mendigando um pouco de amor áquele que é amor.

Em um coração e uma alma, ferida pela descrença, agonizante de vida e esperança, é que sai esse grito de Bartimeu, ao saber que Jesus de Nazaré passava por ali, bem ao lado de onde ele expunha aos que passavam, a sua miséria vergonhosa. "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!". Foi assim que Jesus, o Verbo Encarnado de Deus, encontrou o homem, morto pelo pecado, andarilho e mendigo á beira da estrada da Vida, sem forças para caminhar, em sua cegueira tenebrosa. No canto da Verônica, no caminho do calvário, inverte-se esse quadro e Jesus ocupa o lugar que é do homem "Oh Vós todos que passais, vinde ver se há uma dor igual a minha..."

Na verdade é a humanidade toda que estava á beira do caminho, sucumbida em sua miséria, quem passa é Jesus, que não fica indiferente as nossas chagas e feridas, como o Sacerdote e o Levita, na parábola do Bom Samaritano, que ouviu por certo os gemidos daquele homem caído á beira do caminho, Jesus também ouviu nossos lamentos e queixumes, o grito desesperado de quem perdeu quase toda a esperança, "Senhor, Tende compaixão".

Sempre haverá vozes contrárias, tentando abafar esse grito de quem já não encontra mais razão para viver, há aqueles que como esse grupo numeroso que segue a Jesus, querem dele se apossar, fecham o anúncio e a graça em suas "Igrejinhas particulares", idealizam um Jesus exclusivo que só atende a eles, os santos, justos e perfeitos, é o grito dos casais em segunda união, talvez, é o grito de tantas jovens mães solteiras, de drogados e prostituídos, de pessoas rotuladas como irrecuperáveis, banidos de nossas relações, explorados pelo sistema pecaminoso, e oprimidos muitas vezes pelo próprio poder religioso, de tantas igrejas que se intitulam de "Cristãs".

O grito de desespero não passa despercebido por Jesus, quando o seu povo gemia sob o chicote dos Faraós do Egito, Deus ouviu, viu e desceu para libertá-los. A Igreja de Cristo não pode tapar os ouvidos diante de tantos que gritam, as vezes dentro da própria comunidade, a Igreja de Cristo não pode abafar o clamor dos pequenos que perderam a esperança e a ela recorrer, deve ser aquela que chama o cego, o acolhe em seu meio, coloca as pastorais a disposição para lhe curar as feridas, e mais ainda, o encoraja a fazer esse encontro pessoal com aquele que é a Vida, a Verdade, o caminho . Coragem! Levanta-te, Ele te chama! Jesus chama esse homem cego, morto, como um dia chamou a Lázaro, inerte no fundo de uma sepultura. O chamado de Jesus é para a Vida, para desencostarmos do barranco do comodismo, e de olhos bem abertos, na visão da Fé, abraçar o discipulado com coragem e desprendimento.

Impressionante a reação do cego, ao saber que Jesus o chamava, sentiu-se importante, deu um salto e foi ter com ele, jogando a capa de lado. Era a única coisa que possuía, mas despojou-se dela ao conhecer Jesus, ao descobrir-se amado e querido por Deus, ao sentir que todo esse amor está presente em Jesus, redobra a força e a coragem, descobre a nova razão de viver, por isso consegue "pular" do seu canto, Jesus é o seu protetor, o seu amor o envolverá totalmente, não precisa mais de nenhuma outra capa.

O seu desejo de VER, manifestado com simplicidade diante de Jesus, foi atendido, "Vai, a tua fé te salvou" – lhe dirá o Senhor. Ir para onde? Para o caminho do discipulado. Salvos pela fé, todos os que fizeram e fazem, essa experiência de ter uma nova visão, no encontro pessoal com Jesus, tornam-se seus discípulos, ontem e hoje, e todos juntos, enquanto Igreja, deixam-se conduzir pelo dinamismo desta vida nova, percorrendo as estradas do mundo, para encorajar os que estão á margem, e chamá-los para se encontrarem também eles com Jesus, a Luz Verdadeira, diante da qual as trevas não resistem.... (XXX Domingo do Tempo Comum Mc 10, 46-52)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do D. Henrique Soares da Costa – 30º Domingo do Tempo Comum — ANO B

“Jesus: Cura e Salvação!”

Comecemos nossa meditação da Palavra de Deus com a primeira leitura. Muitas vezes, na sua história, o povo de Deus experimentou a escravidão, o exílio e a opressão. Muitas vezes Israel experimentou-se como um nada e viu-se numa escuridão tremenda. Parecia que o povo iria acabar-se! Assim, por exemplo, em 722 aC, quando os assírios varreram do mapa o reino do Norte, o Reino de Israel e, em 597 e 587 aC, quando os israelitas do Reino de Judá foram levados para o exílio em Babilônia. É quase um escândalo, mas é verdade: a história do povo de Deus é uma história de dor e de angústia! Pois bem, é no meio de tal angústia e escuridão que o Profeta fala hoje e diz palavras de esperança, de ânimo e de alegria: “Exultai de alegria, aclamai a primeira entre as nações!

Eis que os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra”. No meio da desgraça, Deus consola o seu povo: irá salvá-lo, reuni-lo, fazê-lo reviver. Mas, quem é esse povo? No que se tornou? Quem somos nós, povo de Deus? “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces, eu os conduzirei por torrentes d’água por um caminho reto onde não tropeçarão… tornei-me um pai para Israel e Efraim é o meu primogênito”. O Israel que vai experimentar a salvação de Deus é um povo pobre, capenga, humilde… um povo que não conta nada aos olhos do mundo! Como não recordar as palavras de São Paulo aos coríntios? “Vede quem sois, irmãos, vós que recebestes o chamado de Deus; não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de família prestigiosa. Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é” (1Cor 1,26-28).

Quando pensamos na nossa civilização atual, nos nossos valores, exaltando a eficiência, a riqueza, o conforto, o bem-estar, o vigor e forma física, a saúde… Como os critérios de Deus são diferentes! Israel é imagem da Igreja e é imagem de cada um de nós, membro do povo de Deus da nova Aliança. À medida que descobrirmos nossas pobrezas pessoais e eclesiais, podemos também ter certeza que o Senhor não nos abandona: ele nos chama, ele nos reúne, ele nos salva: “Entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes”, gente fraca, gente sem força, gente incapaz de se defender… Mas, Deus é nossa defesa: defesa da Igreja, defesa de cada um de nós! Se caminharmos, muitas vezes, chorando, semeando com lágrimas o caminho de nosso seguimento de Cristo, haveremos de voltar cantando, na força e na graça do Senhor: “Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria. Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes”. Somente pode experimentar isso aqueles que sabem e experimentam que são pobres diante de Deus, aqueles que sentem sua própria fraqueza! Esta é a experiência que o cristão deve fazer sempre na sua vida, seja pessoalmente, seja como Igreja! Somos pobres, mas Deus é nossa riqueza; somos fracos, mas Deus é nossa força!

Agora podemos deter-nos no Evangelho de hoje, que mostra de modo maravilhoso essa experiência cristã de ser salvo por Deus em Jesus Cristo. Jesus está saindo de Jericó, já está perto de Jerusalém, onde morrerá. Uma multidão o acompanha: barulho, empurra-empurra, aglomeração, aperreio… À beira do caminho, havia um cego mendigo… Ele era ninguém, nem nome tinha… Marcos só diz que era o “bar-Timeu”, o filho de Timeu… Cego, incapaz de caminhar sozinho, esmolando, sentado à margem do caminho de Jericó e da vida. Este cego é a humanidade; este cego é cada um de nós! Mas, ele ouve o rumor, a confusão no caminho e quando ouviu dizer que Jesus estava passando, não perde tempo; é a chance de sua vida! Ele grita alto: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Repreendem o cego, mas ele grita com voz mais forte! Ele sabe que é a chance da sua vida. Santo Agostinho dizia: “Eu temo o Cristo que passa”… É preciso não perder a chance, é preciso gritar… não deixar o Cristo passar em vão no caminho da nossa existência!

O grito do cego é já um grito de fé. Chamando Jesus “filho de Davi”, o Bartimeu está dizendo que crê que Jesus é o messias: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Repreendem o cego… como o mundo quer nos repreender, quer nos impedir e ridicularizar quando nos reconhecemos cegos, pobres e coxos e gritamos por Jesus: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Mas o cego insiste; grita mais alto ainda! Então, apesar da distância, apesar da multidão, apesar do empurra-empurra, Jesus escuta o clamor do cego! Como não recordar, comovidos, as palavras do salmo 129? “Das profundezas eu clamo a vós, Senhor; escutai a minha súplica!” Ninguém grita pelo Senhor do fundo da sua miséria e fica sem ser ouvido! “Então, Jesus parou e disse: ‘Chamai-o’. O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus”. Cego esperto, esse: não perde tempo, dá um pulo, deixa tudo, desembaraça-se do manto e corre para Jesus! Ele segue o conselho do Autor da Carta aos Hebreus: “Também nós, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para a corrida que nos é proposta, com os olhos fixos naquele que é o Autor e Realizador da fé, Jesus” (12,1s). Quem dera, fizéssemos assim também: largássemos tudo, deixássemos nossas tralhas e bagulhos, nossos apegos e quinquilharias e corrêssemos para Jesus!

E Jesus? Que delicadeza! Não vai logo curando, como esses curadores de televisão, os falsos profetas da telinha, os RR Soares e Edir Macedos da vida! O Senhor deseja encontrar as pessoas, ouvi-las, com todo respeito: “O que queres que eu te faça?” O pedido do cego é comovente; é o nosso pedido: “’Mestre, que eu veja!’ Jesus disse: ‘Vai, a tua fé te curou’”. Este deve ser o nosso pedido, mas, para isso é necessário ter a humildade de se reconhecer cego, pobre, necessitado! “Senhor, eu sou o cego do caminho! Cura-me, eu te quero ver!”

O cego foi curado… “e seguia Jesus pelo caminho”. Curado, iluminado por Jesus, agora seguia Jesus como discípulo, caminhando com ele para Jerusalém, para com ele morrer e com ele ressuscitar. Esta é a nossa vocação, este deve ser o nosso itinerário, a nossa experiência de fé!

“Senhor, tua Igreja, peregrina no mundo, é um povo de pobres, de frágeis seres humanos. Mas confiamos em ti! Não queremos colocar nossas força ou esperança no nosso prestígio, ou nas riquezas ou nos amigos poderosos o nos elogios do mundo. Não! Tu somente és nossa força! Salva-nos, Senhor! Reúne-nos, Senhor! Ilumina-nos, Senhor! Dá-nos a graça de reconhecer que somente na tua luz poderemos ver a luz! O mundo chama luz, sabedoria e esperteza a coisas que são inaceitáveis aos teus olhos! Senhor, abre nossos olhos para caminharmos na tua luz até a cruz, até a ressurreição, até à vida. Senhor, arranca-nos da nossa cegueira. Amém”.

D. Henrique Soares da Costa


Comentário Exegético – 30º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA  (Hb 5, 1-6) - O SACERDÓCIO DE CRISTO

 INTRODUÇÃO: Temos na epístola de hoje dois traços característicos do sacerdócio de Cristo: O primeiro é sua abertura e compaixão com os errantes e desgarrados que Ele mesmo afirma ao dizer que veio como médico para os enfermos (Mc 2, 17) e para as multidões cansadas e desanimadas, como ovelhas sem pastor (Mt 9, 36). Como verdadeiro homem, ele sabia das dificuldades e problemas dos ignorantes e extraviados. A sua experiência era a vida em comum com os demais homens, de modo a afirmar: A quem compararei esta geração? (Mt 9, 36). E ele a considera malvada e adúltera (Mt 12, 39).    Por outra parte, sempre teve compaixão do povo  (Mt 14, 14) de modo que a cura das doenças foi o sinal de seu Messiado dado ao Batista (Mt 11, 4). O segundo traço é que foi chamado pelo Pai, como servo para o sacrifício. Ele sempre pensa nessa hora crucial em que o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores (Mt 26, 45), porque veio dar a vida pela liberação de todos (Mt 20, 45). Seu sacrifício foi um ato de obediência até a morte e morte de cruz (Fp 2, 8). Será a conclusão de outro teólogo dos primeiros tempos: Deus nos amou e enviou seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados     (1 Jo 4,10).

     SUMO-SACERDOTE: Pois todo Sumo-Sacerdote, tomado dentre os homens, está constituído [kathistatai <2525> = constituitur] em favor de [uper<5228>=pro] (os) homens diante [pros <4314>=ad] de Deus, para oferecer tanto dádivas [döra<1435>=dona] como sacrifícios [thysias <2376>=sacrificia] por pecados (1). Omnis namque pontifex ex hominibus adsumptus pro hos minibus consdaituitur in his quae sunt ad Deum ut offerat dona et sacrificia pro peccatis. CONSTITUÍDO: Do verbo Kathistëmi <2525> com 22 entradas no NT, com os significados de ordenar, apontar, constituir, colocar. Um exemplo é Mt 24, 25 em que um escravo é constituído como fiel e prudente chefe para cuidar de seus colegas. Também vemos em Mt 25, 21, quando, como prêmio, o Senhor o constitui chefe sobre várias cidades ou em Lc 12, 14. Na carta que estamos comentando, aparece em 2, 7: de glória e honra o coroaste e o constituíste, sobre todas as obras de tuas mãos. OFERECER: O verbo Prosferö <4374> é usado 48 vezes no NT. Seu significado é conduzir, levar a, como em  Mt 4, 24: trouxeram-lhe então todos os doentes. Ou oferecer dádivas como em Mt 2, 11: Os magos, abrindo seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas. Propriamente, unido ao sacrifício, é Mt 5, 23: Ao trazeres ao altar a tua oferenda. As OFERENDAS, Döra <1435>. Em Mt 5, 23 Jesus fala da oferta trazida ao altar. Pão, vinho e azeite eram propriamente as oferendas comuns. A Lei exigia certas oferendas como a dos leprosos curados (Mt 8, 4), a dos primogênitos e outras que em hebraico estavam sob o nome de Korban [=presente, ou oferta], que aparece no AT (Lv 1, 3 por exemplo). E dentro das ofertas em metálico que se introduziam no Gazofiláceo [do grego gaza= tesouro e filax= guarda] como esmolas, rendas ou riquezas no templo de Jerusalém (Lc 21, 1), que Jesus observou até louvar uma pobre viúva por depositar 2 leptons [=ligeiro ou leve, de onde as partículas subatômicas]. SACRIFÍCIOS: Em grego Thysia <2378> em que a oferenda era uma vítima que devia ser morta, como indica o verbo Thyö que indica oferecer sacrifícios, primariamente do fumo de incenso [thumos], obtido através de ser queimado, como eram as vítimas dos sacrifícios cruentos. Os incruentos eram pão, azeite, vinho e incenso. Os pães da preposição e o incenso tinham seus altares próprios. Os sacrifícios cruentos, tinham estas ações em comum: 1-Apresentação da vítima. 2- Imposição de mãos sobre a mesma. 3-Degolamento da vítima. 4-Aspersão do altar com o sangue [unicamente pelos sacerdotes] (verdadeira função sacerdotal, na qual consistia a essência do sacrifício). 5- Queima da vítima.  O número 4 era  a raiz e princípio do sacrifício, segundo a tradição judaica; pois a vida da carne está no sangue e eu mesmo vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida (Lv 17. 11). Tudo isto serve para entender passagens de João e Paulo que são comentários teológicos de Cristo, como Sacerdote e vítima, assim como os correspondentes nesta carta aos Hebreus. As categorias do sacrifício cruento eram três: 1-Holocausto, queima total exceto a pele e o músculo da cadeira. Era o sacrifício contínuo que devia ser feito duas vezes ao dia: de manhã e ao anoitecer. 2- Expiatórios, divididos em razão do pecado e da culpa. O primeiro orientado à absolvição do pecado (expiação) e o segundo à restituição do dano cometido (Satisfação) [ambos incluídos na cruz]. 3- Oferendas de paz [Shelamim], divididas em sacrifício de louvor, cumprimento de um voto e oferendas voluntárias. O sacrifício da cruz foi de expiação e logo se transformou em pacífico na Eucaristia, como sacrifício de Louvor.

COMPAIXÃO: Sendo capaz de compadecer-se [metriopathein<3356>=condolere] com os ignorantes [agnoosin<50>=qui ignorant] e os que erram [planömenois<4105>=qui errant] já que também ele está rodeado [perikeitai<4029>=circundatus] de fragilidade (2). Qui condolere possit his qui ignorant et errant quoniam et ipse circumdatus est infirmitate. COMPADECER-SE: Metriopathein<3356> é um apax de Hebreus traduzido por condolere em Latim, ou compadecer-se. Embora seja esta tradução imprópria, pois a compaixão não é externa como quem olha as doenças de um enfermo ou as necessidades de um mendigo, senão como quem as sofre juntamente com eles. Seria, pois, compartir ou melhor ter compreensão ou estar em simpatia com. IGNORANTES: Do verbo Agnoeö <50> que significa ser ignorante, desconhecer e daí, errar por ignorância. DESGARRADOS: Planömenoi <4105> os que cometem pecado por fragilidade, não por soberba. Parece que o autor tem em consideração o texto evangélico do pecado contra o Espírito Santo, que tem como raiz a soberba de não querer admitir outra causa fora da própria razão, que o iludiu a admitir como maldade, fatos que só procediam da bondade divina. De fato o texto está apontando a um Sumo-Sacerdote humano, tanto em suas debilidades, quanto em sua compreensão das fragilidades alheias. Ele vive no meio de todas elas e por isso sabe compreendê-las, senão justificá-las.

OBRIGAÇÃO: E por isso, deve [ofeilei<3784>=debet] como pelo povo, assim também por si mesmo oferecer [prosferein<4374>=offerre] por (os) pecados (3). Et propter eam debet quemadmodum et pro populo ita etiam pro semet ipso offerre pro peccatis. Continha a descrição do Sumo-Sacerdote hebraico do AT que era obrigado [Ofeilei] a oferecer sacrifícios [Prosferein] pelos pecados do povo como também pelos próprios. O verbo Ofeilö indica um dever moral muito mais do que uma necessidade física ou biológica. Já temos explicado no versículo anterior, o tipo de sacrifício que devia ser feito pelo pecado e a satisfação devida à culpa correspondente. O parágrafo atual indica a necessidade do sacrifício, pois o pecado é universal e a culpa é tão geral como o pecado do qual procede.

     VOCAÇÃO: E não para si mesmo alguém toma a honra, mas o chamado por(o) Deus como Aarão (4). nec quisquam sumit sibi honorem sed qui vocatur a Deo tamquam Aaron. Com a comparação do chamado de Aarão, segundo Êx 28, 1 e seguintes, de modo especial a lâmina de ouro gravada com o título Consagrado ao Senhor, como o primeiro Sumo-Sacerdote da estirpe sacerdotal, cuja roupagem e atributos são descritos em Êx cap 28-29, o autor diz que este monopólio é uma vocação do alto.

  O CASO DE CRISTO: Assim também o Cristo não glorificou [edoxasen<1392>=clarificavit] a si mesmo ao se tornar  Sumo-Sacerdote, mas aquele que lhe falou Filho meu és tu; Eu hoje te gerei (5). Assim como também em outro (lugar) diz: Tu, sacerdote para a eternidade, segundo a ordem de Melquisedeque (6). Sic et Christus non semet ipsum clarificavit ut pontifex fieret sed qui locutus est ad eum Filius meus es tu ego hodie genui te. GLORIFICOU: O verbo Doxazö <1391> é traduzido por honrar, magnificar, glorificar, exaltar, elogiar. É o verbo usado para dar graças ou glorificar a Deus após um fato milagroso (Mt 15, 31; Lc 2, 20) e Jesus com respeito a sua ressurreição como restituído de uma glória aparentemente escurecida na cruz (Jo 7, 39). Jesus mesmo diz de si que ele não se glorificava [não se exaltava] a si mesmo; mas era o Pai que tal o fazia (Jo 8, 54). Aqui a glória é o ofício e ministério de Sumo-Sacerdote, que era o máximo benefício e incumbência entre os judeus. Uma honra, mas também uma responsabilidade que não pode ter origem na própria iniciativa. A razão é que foi escolhido por Deus, como falou pelo profeta: Filho meu és tu; eu hoje te gerei (Sl 2, 7). Este texto foi anteriormente citado em 1, 5 para indicar a superioridade de Cristo sobre os anjos. Também o cita Paulo em seu discurso em Antioquia da Pisídia para provar a ressurreição de Jesus Cristo (At 13, 33). Desta vez é para provar o chamado de Cristo para o Sumo-Sacerdócio. Existem duas questões,  nestas citações: Primeira, que significado histórico-literal tem cada uma das citações e segundo: quando foram pronunciadas, ou melhor, quando na vida de Cristo essas qualidades tiveram confirmação. Vejamos por partes: A) Tu és meu Filho; eu hoje te gerei: O salmista fala do Messias como sendo um rei que no dia de sua coroação é declarado por Jahveh como seu Filho, a quem glorifica como rei de todas as nações. Mas como afirma o salmo 110, 4: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, à maneira de Melquisedec, cuja citação em Hebreus traz em seguida. Esse rei messias é também sacerdote e não da ordem de Aarão, mas de Melquisedec, sem fim ou eterno, ou seja sem necessidade de ter descendência por ser eterna a sua própria vida. E Melquisedec tinha ambos os ministérios em sua pessoa de rei e sacerdote. A  comparação com Melquisedec é tomada pela epístola aos hebreus em 9 ocasiões diferentes na mesma carta. Dirá o autor que aparece sem pai nem mãe e sem antepassados, nem se conhece o nascimento nem a morte; a semelhança do Filho de Deus permanece sacerdote para sempre  (7, 3). B) Pelo que diz respeito a tu és meu Filho temos os dois textos do batismo (Mt 3, 17) e da transfiguração (Mt 17, 5). E sobre o sacerdócio de Jesus temos as suas palavras na última ceia: eis meu sangue, derramado em prol da multidão, para o perdão dos pecados (Mt 26, 28 e Lc 22, 20 e 1 Cor 11, 25).

EVANGELHO (Mc 10, 46-52) - CURA DO CEGO BARTIMEU

SIMBOLISMO DA CEGUEIRA: Do cego biológico podemos passar em todas as línguas ao cego espiritual que não vê ou não quer ver fatos, causas e razões, por outro lado tão óbvias, que resultam claras opções e argumentos [fundamentos] da verdade. Por isso o cego material é um símbolo do cego espiritual. Com referências aos cegos materiais, temos nos evangelhos 12 delas. Dois casos de cura em Marcos: o cego de Betsaida (8, 22-23) e o cego de Jericó que é nosso caso (10, 46-52). As outras referências estão repartidas nos outros evangelhos. Sobre os cegos de alma, temos nos evangelhos 6 lugares de referência. Nenhuma delas em Marcos, 3 em Mateus, 2 em Lucas e uma em João; esta última, como reflexão sobre a cura do cego da piscina de Betesda. Os cegos do evangelho são os fariseus (Mt 15, 14 e 23, 16-26 e Lucas 6, 39 e Jo 9, 39-41). O texto mais discutido é o de Lucas 4, 18. Os exegetas comentam que Lucas cita Is 61, 1. Mas neste texto de Isaías que começa com O espírito do Senhor está  sobre mim não aparece a cláusula “dar vista  aos cegos” (tyflois anablepsein) a não ser na tradução dos Setenta. Jerônimo, na sua tradução direta do texto hebraico do seu tempo, não traz essa cláusula, terminando com praedicarem captivis indulgentiam et clausis aperitionem (pregar aos cativos o perdão e aos encarcerados a liberdade). Pelo texto paralelo de Is 42, 1-7 vemos que o Senhor chamou o “servo (referindo-se ao povo de Israel) para o serviço da justiça, como luz das nações, a fim de abrir os olhos dos cegos, a fim de soltar do cárcere os presos e da prisão os que habitam nas trevas”. Evidentemente este texto fala em termos metafóricos. Em Is 29, 18 lemos: “Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e os olhos dos cegos, livres da escuridão e das trevas, tornarão a ver” (as palavras). São cegueira e surdez metafóricas. O texto latino de Jerônimo e o texto grego dos Setenta avaliam esta  interpretação contrária a da bíblia de Jerusalém que traduz: “Os surdos ouvirão o que se lê e os olhos dos cegos, livres da escuridão e das trevas, tornarão a ver”. Esta  tradução poderia ser entendida em termos materiais de cura de doenças biológicas, o que não corresponderia à realidade. Um outro texto do cântico do servo é Isaías 42, 16. Nele temos uma alusão metafórica: “Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem”. Metafórica e altamente idealizada é a passagem de Is 35, 5-6 em que se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Um último texto também metafórico é o de Jeremias 31, 8, indicando a facilidade da volta por caminhos sempre perigosos: “Eis que os trarei da terra do Norte e os congregarei… e entre eles também os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as de parto, em grande congregação, voltarão para aqui”. De todos estes textos deduzimos que os cegos são dois tipos alegoricamente diferentes dos biológicos: o primeiro formado por aqueles que não podem ver a luz porque estão dentro de masmorras que não tem luz; e o segundo grupo é formado por cegos que estão no caminho errado. Em Jeremias, realmente são os cegos materiais, porém qualificados como deficientes que não serão impedidos de voltar para Jerusalém após o exílio.

CONCLUSÃO: em todos os textos estudados há uma base comum: a volta do exílio, o júbilo e alegria pela nova fase de Israel, que era como uma vitoriosa e nova realidade que apontava aos tempos messiânicos. Se os cegos dos textos eram metafóricos e o fato da volta totalmente real, já nos tempos messiânicos os cegos eram reais e a nova realidade metafórica e virtual: o reinado de Deus por meio de Jesus, o Cristo. Por isso os velhos textos têm uma válida interpretação como profecia messiânica, plenamente realizada em Jesus de Nazaré, como o Cristo, Messias ungido de Jahvé. A oração do cego Bartimeu, Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim, é conhecida como a oração do coração ou oração do nome de Jesus. Do Oriente passou ao Ocidente para ser repetida em forma de ladainha ao ritmo das batidas do coração. Nasce da confiança em Jesus e produz uma grande paz interior. Por isso, no fim trataremos da cegueira espiritual tão abundante no mundo moderno.

JERICÓ: E chegaram a Jericó. E estando ele saindo de Jericó junto com seus discípulos e numerosa multidão, um filho de Timeu, Bartimeu, o cego, estava sentado, ao lado do caminho, mendigando (46). Et veniunt Hierichum et proficiscente eo de Hiericho et discipulis eius et plurima multitudine filius Timei Bartimeus caecus sedebat iuxta viam mendicans.

JERICÓ: Era uma cidade do vale do rio Jordão na sua ribeira ocidental, a 8 Km da costa setentrional do Mar Morto e aproximadamente 27 km de Jerusalém. Jericó está situada na parte inferior da subida que conduz à montanhosa meseta de Judá. Era conhecida como a cidade das palmeiras (Dt 34, 3). A primeira menção nas Escrituras se encontra em relação ao acampamento dos israelitas em Sitim (Nm 22,1). No começo do reinado de Herodes, os romanos saquearam Jericó. Depois, Herodes a embelezou construindo um palácio de inverno e sobre a colina da cidade levantou uma cidade que chamou de Cipro. A cidade está a 240m sob o nível do mar Mediterrâneo, num clima tropical, onde crescem as palmeiras, o bálsamo, o ligustro e os sicômoros. A antiga Jericó estava perto de abundantes águas [na atualidade ‘Ain es-Sultã], a fonte que Eliseu sarou (2 Rs 2, 12-22). A Jericó moderna [Er-Riha] está a 1,5Km ao Sudeste da fonte. A parábola do bom samaritano está situada no caminho de Jerusalém a Jericó (Lc 10, 30). Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade Lc 19, 1-2). E agora temos a cura do cego Bartimeu. BARTIMEU: Era um cego, bem conhecido pela primeira comunidade cristã, transformado em seguidor de Jesus após a sua cura. Daí que seu nome fosse conhecido e apresentado como testemunha de um fato extraordinário para confusão dos que duvidavam de Jesus como eram as multidões que o acompanhavam. O nome significa filho de Timeu, um composto de aramaico e grego, pois bar significa filho, e Timeu,  do verbo grego timaö, significa distinguido, honrado, respeitado. A condição dos cegos na época era de mendigos, junto com os coxos ou aleijados. Além da extrema miséria em que viviam, eram considerados malditos de Deus por serem vistos como objeto da vingança divina pelo pecado de seus pais (cegos de nascimento) ou próprio (cegos quando adultos) (Jo 9, 2 e 34). Os cegos eram numerosos em Israel, por causa de duas doenças incuráveis na época: o tracoma, causado pela Clamydia trachomatis um bacilo transmitido em muitos casos por uma mosca abundante no norte da África, e o glaucoma, ou pressão alta no glóbulo ocular. Para o cego, não existia outra forma de vida senão pedir esmolas à beira dos caminhos ou à entrada do templo como no caso do cego de Jo 8, 59 e 9, 1.

A PETIÇÃO: E tendo ouvido que Jesus, o Nazareu [Nazöraios<3480>=Nazarenus] é, começou a gritar e dizer: O filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim (47). Qui cum audisset quia Iesus Nazarenus est coepit clamare et dicere Fili David Iesu miserere mei. Antes da petição, Bartimeu grita o motivo de sua fé: Filho de Davi! Era o aposto de Jesus (47). Sabia Bartimeu que o nome de Jesus a quem logo chamará rabboni (meu mestre), significava Deus cura? Esperava que o Messias, cujo título estava incluído em Filho de Davi, tivesse poderes de cura? Seus gritos e sua insistência nos indicam que sim. Provavelmente Bartimeu sabia da cura dos dois cegos em Betsaida, no norte de Galileia (Mt 9,27). Por isso ele pede a maior esmola em termos materiais e espirituais: ver. Esse ver que nos momentos de sua agonia final Goethe também almejava. Quando sua visão terminava e sua vida se extinguia, ele exclamou, segundo dizem: Luz, mais luz. Mas voltemos ao nosso cego. A fé que Jesus pedia era a fé em sua pessoa como enviado de Deus (Jo 6, 57), em sua missão como Messias, e um destes títulos, era Filho de Davi. Nos evangelhos temos este título como parte do messiado de Jesus. Já Mateus inicia o seu evangelho chamando a Jesus filho de Davi, filho de Abraão (1, 1). Hoje, nos deixam indiferentes as duas genealogias. Mas devido às calúnias dos fariseus que o delatavam como filho de um legionário romano, indiretamente são uma apologia, além de ser uma verdade teológica indiscutível. NAZARENO: Aqui o sobrenome é Nazöraios<3480>, que o latim traduz por Nazarenus, indicando lugar de origem: de Nazaré. E que, como é nome, portanto deveria ser traduzido por o Nazareno. Sai 15 vezes no NT. O outro termo Nazarënos <3479> é adjetivo e só sai em Marcos e Lucas, 4 vezes no total. A tradução seria Nazareno. Desta circunstância servem-se os críticos modernos para duvidar não só de que nascesse Jesus em Belém, mas de toda a história de sua infância tanto em Mateus como em Lucas. A resposta é Mt 2, 23: foi habitar numa cidade chamada Nazaré para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno <3480>[=Nazareus]. Lembra-me o fato a mim acontecido. Nascido numa pequena aldeia da Rioja [região da Espanha] morava em Bilbao, capital do norte. Durante o início da guerra civil, tive que morar na aldeia nativa; mas todos me chamavam o bilbaino, embora por nascimento eu era mureño, da aldeia onde então morava. FILHO DE DAVI: Sem dúvida, que era um título messiânico, como vemos claramente em Mt 12, 23 e 20, 31. A pergunta de Jesus aos fariseus: como é que os escribas afirmam que o Messias é filho de Davi (Mc 12, 35; Mt 22, 42 e Lc 20, 41), dá lugar à semelhante título. Através da profecia de Natã (2 Sm 7, 12-16), Israel espera um grande rei, descendente de Davi, poderoso e triunfador, que fará realidade as promessas de Deus de liberdade e salvação do seu povo. Jesus não quis utilizar este título, se conformando com o do Filho do Homem, que respondia à visão de Daniel (7, 13). A primeira vez que filho de Davi é usado é por dois cegos de Cafarnaum (Mt 9,27 ) devido aos milagres, o povo  comentava: Não será este o filho de Davi (= messias)? (Mt 12, 23). Será depois a vez da mulher sirio-fenícia que também clamará: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi!” (Mt 15, 22). Como rei, não teria o Messias poderes curativos especiais; mas também se atribuíam ao Messias características proféticas (Is 42, 1-7), especialmente o de dar vista aos cegos, que já temos explicado anteriormente. Dai o grito de Bartimeu, completamente bíblico (Is 42, 1-7). O próprio Jesus ao dar a reposta a João sobre se era ele o que tinha que vir, responde: “Os cegos veem, os coxos andam” (Mt 11, 5). Estas últimas considerações nos levam a concordar com os cegos, de modo especial quando para a sua cura eles se dirigem a Jesus com um título messiânico, o mais comum: o de filho de Davi. Por isso, no momento em que Jesus entra em Jerusalém sobre um jumento, a multidão gritava: Hosana  ao filho de Davi! (Mt 21, 10).

POR FIM: E o repreendiam muitos para que calasse; mas ele muito mais gritava: Filho de Davi, tem compaixão de mim! (48). E parado de pé, Jesus disse: chamai-o; e chamaram o cego, dizendo-lhe: ânimo, levanta, te chama! (49). Et comminabantur illi multi ut taceret at ille multo magis clamabat Fili David miserere mei. Et stans Iesus praecepit illum vocari et vocant caecum dicentes ei animaequior esto surge vocat te. Os gritos do cego deviam ser tais que molestavam a multidão. Como não podia ver, é possível que começasse a gritar quando Jesus ainda se encontrava distante dele. E quando o Mestre parou, [o stas grego que é traduzido corretamente pelo stans latino, significando estando parado de pé], Jesus, próximo a ele e rodeado pela multidão, manda que se apresente. Os que lhe comunicam o pedido lhe dão ânimo, pois conheciam perfeitamente o poder do Mestre. O relato é vívido e detalhista como de quem recorda momentos pontuais de sua vida.

BARTIMEU SE LEVANTA: Ele, pois, jogando a capa, levantando-se veio até Jesus (50). Qui proiecto vestimento suo exiliens venit ad eum. A CAPA: Era o vestido externo que servia de cobertor durante a noite e como blusa de frio em tempos de baixas temperaturas. O detalhe é único em Marcos ao qual segue Lucas, mas sem as particularidades próprias de uma testemunha ocular. Esse detalhe indica a confiança e prontidão que Bartimeu tinha em ser curado por Jesus.

     MESTRE: E Jesus, tendo falado, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Rabboni [rabboni<4462>=rabboni=mestre meu], que veja (51). Et respondens illi Iesus dixit quid vis tibi faciam caecus autem dixit ei rabboni ut videam. Para Mateus eram dois os cegos e sua cura foi feita com menos detalhes; também Lucas ignora pormenores que em Marcos parecem importantes. Um deles é o título Rabboni [Mestre meu] de origem aramaica, que é familiar, ao mesmo tempo em que respeitoso, e que unicamente vemos em Jo 20, 16 ser usada por Maria, a Madalena. Outros dizem que Rabboni é usado em termos mais formais e solenes que rabbi, e muitas vezes é usado dirigindo-se a Deus. Significa o mesmo que a expressão Kyrios em Mt 20, 23 e Lucas em 18, 41. É um reflexo da expressão de Tomás: Meu Senhor e meu Deus. QUE VEJA: Lucas usa o mesmo verbo para a cura: anablepö, propriamente recobrar a vista. Foi cego por causa de uma doença adulta? Na Koiné raramente se usam os verbos em sua forma simples e se preferem os prefixos que não atingem o significado primitivo. Mateus usa que se abram nossos olhos (20, 33). Podemos, pois, ficar com o significado que veja, [tradução  da Vulgata] embora a tradução preferida pelos evangélicos seja que torne a ver (RA). Mais uma vez a Vulgata resulta uma tradução literal, exata, quando tem sido tão denegrida em tempos modernos!

A FÉ: Jesus, pois, lhe disse: Vá, tua fé te salvou. E imediatamente viu e acompanhava a Jesus no caminho (52). Iesus autem ait illi vade fides tua te salvum fecit et confestim vidit et sequebatur eum in via. A FÉ: Desta vez Jesus não exige a fé como em outros milagres, porque a fé exigida não era sobre a possibilidade da cura, mas a fé na pessoa de Jesus, acreditando no poder deste último por ser o representante do Deus vivo, por ser o Messias. Aqui a fé precede o milagre não o acompanha. Antes de pedir a cura, Bartimeu acredita em Jesus como Messias e pede para si o que os profetas do Messias prometiam: a cura dos cegos. Por isso, Jesus pede unicamente que queres de mim (51), o que é confirmado pelos outros dois evangelistas. É essa fé que Pedro não perderá porque Jesus orou para ele (Lc 22, 32), a mesma fé no nome de Jesus, que revigorou os pés do tolhido (At 3, 16). O SEGUIA: Precisamente, o milagre confirma a fé do cego como sucede muitas vezes com os crentes e por isso ele segue Jesus, a quem chamou mestre e Senhor. Para seguir realmente a Jesus é preciso abrir os olhos e curar a cegueira espiritual que possuímos e dissipar as trevas que nos rodeiam. Chesterton dirá: “Um crente é um homem que admite um milagre se se vê obrigado pela evidência. Porém um não crente é alguém que nem aceita discutir porque lhe obriga a isso a doutrina que professa e à qual não pode contradizer”.

PISTAS: 

A fé do cego nos obriga a uma reflexão profunda neste mundo em que é mais fácil não querer ver que abrir os olhos.

1) Um prelado da Igreja afirma que temos esquecido em favor da Segunda Tábua os mandatos da Primeira: o amor a Deus e a santificação das festas. Somente 20% dos católicos assistem à missa aos domingos. O agnosticismo moderno tem substituído a Providência divina pelo acaso de forças imprevisíveis, os valores e princípios éticos pelas oportunidades e proveitos individuais. A humanidade não tem um caminho de direção a seguir, mas está perdida em abrir passos às cotoveladas para ter maior espaço para os mais fortes.

2) Temos substituído a fé em Deus pela crença na ciência. O homem se considera dono da vida especialmente nos dois momentos mais frágeis da mesma: na hora de nascer e no decurso do seu declínio. Um terço da humanidade (infantes e idosos) está sendo descartada ou por ser indefesa ou por ser inútil. O valor de quem aparentemente não vale nada só pode ser cotizado como dignidade humana quando visto pela verdadeira família ou pela fé em Deus e Cristo.

3) A família é outro dos grandes valores que o mundo moderno além de não reconhecê-lo, o dificulta ainda mais. Desde que o prazer do sexo pode ser separado do princípio da fecundação, a família perdeu sua consideração como base da vida. O cardeal de Viena afirma que a postura de João Paulo II em favor da família tradicional é profética. Como toda profecia é palavra que denuncia um mal e prediz uma ruína e uma catástrofe que só a Providência Divina pode remediar e salvar.

4) O sentido do amor verdadeiro está se perdendo  com tantos programas para reforçar o prazer e evitar a responsabilidade. A responsabilidade se transforma assim em liberdade e esta em libertinagem.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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21.10.2018
29º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
Dia mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária
__ "Eu não vim para ser servido, mas para servir" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

CLIQUE AQUI E VEJA UMA APRESENTAÇÃO ESPECIAL SOBRE A LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA


(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

 

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia de hoje nos ajudará a compreender que o verdadeiro sentido do amor cristão é o serviço. Um cristão autêntico se distingue, portanto, pela coragem de doar-se à serviço do próximo, promovendo vida abundante. Hoje, comemorando o “Dia Mundial das Missões”, rezemos pelos missionários e missionárias, intercedendo a graça de sermos evangelizadores através do serviço fraterno.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, que graça o Senhor nos concedeu de nos reunirmos neste dia a Ele dedicado! Celebramos sua vitória sobre o pecado e a morte e que nos garantiu a Vida verdadeira! A Páscoa de Cristo é nossa páscoa, certeza de que as forças da morte já não prevalecem sobre nós. Neste dia mundial das missões, unimo- nos em oração para que o Senhor faça crescer em nossa Igreja o espírito missionário que nos faz sair ao encontro dos irmãos.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Isaías 53,10-11): - "O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades."

SALMO RESPONSORIAL 89(90): - "Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!"

SEGUNDA LEITURA (Hebreus 4,14-16): - "Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno."

EVANGELHO (Marcos 10,35-45): - "Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."



Homilia do Diácono José da Cruz – 29º Domingo do Tempo Comum – ANO B

"ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM"

O dirigente de uma comunidade de denominação cristã, deve ter sempre a prudência e sabedoria de Deus, para não acabar incorrendo no mesmo erro dos apóstolos. A exortação rigorosa de Jesus neste evangelho de São Marcos precisa soar constantemente aos nossos ouvidos: “Entre vós não deve ser assim...”

Infelizmente, muitas comunidades cristãs vão se tornando a cada dia que passa uma cópia autêntica das instituições do mundo, onde o modo de viver das lideranças e ministros, distoam do evangelho, porque se busca poder, prestígio, fama, sucesso e outras honrarias.

Há certas distinções e privilégios no seio da comunidade, que são uma verdadeira afronta ao evangelho de Cristo. Em certas liturgias pomposas, o carisma que deveria traduzir-se em serviço a favor dos irmãos e irmãs, acaba se tornando motivo de ostentação e até estrelismo em alguns casos, pois desde os ministros até a equipe de leitores, instrumentistas e cantores, ás vezes louva-se não a Deus, mas si mesmo.

Não podemos como Igreja anunciadora do evangelho, nos omitir e temos sim de reconhecer, com o coração dilacerado de dor, que esta é uma realidade dos nossos tempos, porque já não basta termos perdido a capacidade de nos indignar diante da falsidade de muitos políticos e homens públicos, ainda acabamos consentindo entre nós este grave pecado.

Os apóstolos Tiago e João, que posteriormente viriam a se tornar santos mártires, derramando o sangue por causa do evangelho de Cristo, naquele primeiro momento não tinham ainda entendido a proposta de Jesus com o seu reino novo.

Pois de maneira até ousada e petulante, quiseram exigir dele os cargos mais importantes, sentando-se um à sua direita e outro à sua esquerda, quando viesse o seu reino de glória. “Vocês não sabem o que estão pedindo” –censurou-lhes o Senhor.

O cálice que Jesus iria tomar era amargo como fel e o Batismo que iria receber seria nas águas turbulentas da rejeição e da humilhação. Tiago e João aceitaram tomar desse cálice e receber esse batismo, mas realmente, naquele momento, continuavam sem fazer a menor idéia do que aquilo iria significar em suas vidas.

Imaginavam um messias poderoso e vencedor, imbatível e implacável contra os homens maus, mas as profecias de Isaias já falavam de um homem esmagado pela dor e sofrimento; pensavam em ser os primeiros, os mais importantes do grupo, para terem dos demais o prestígio e o reconhecimento; mas Jesus ensina que devem se fazer escravos para servir a todos.

Esperavam um messias dominador que tomaria para si todos os reinados e impérios do mundo, e Jesus lhes profetiza que o Filho do Homem entregará sua vida para resgatar a muitos, sua preciosa vida, sua dignidade messiânica, suas prerrogativas de Filho do Altíssimo, tudo em seu corpo seria esmagado na cruz do calvário, para trazer a salvação àqueles que ele amou até o fim.

Jesus profetiza que os dois discípulos um dia irão experimentar a amargura do cálice das tribulações, rejeição, incompreensão e até a morte, passarão assim pelo Batismo de sangue, derramado por causa do seu evangelho, mas mesmo que façam tudo isso, que trilhem o mesmo caminho que ele irá trilhar, o lugar á direita ou a esquerda depende unicamente do Pai. Esse lugar ao seu lado, no reino de Deus, já está reservado aos homens que realmente acreditarem e mudarem a mentalidade e o coração, por causa do Reino. Antes de ser uma conquista, esse lugar é dom de Deus.

A reação dos demais, que ficaram indignados com Tiago e João, mostra como todos ainda estavam longe de entenderem a missão, a pessoa e os ensinamentos de Jesus, que com todo carinho, amor e paciência, como um professor dedicado, percebendo que a classe ainda não tinha aprendido a lição, vai repeti-la com muita calma, sem exasperar-se.

Eles sonhavam com prestígio e poder no meio do grupo, Jesus fala em serviço. Quem quiser ser grande entre vós, e ser o primeiro, seja o escravo de todos, porque o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos. Assim, Jesus desmonta diante deles qualquer esquema de poder, não fala em vitória mas em fracasso e derrota, não fala em tomar e conquistar o mundo, mas em dar a vida.

Comunidade cristã é por excelência lugar de serviço, de dar a vida pelos irmãos, de entregar-se a serviço do evangelho de Cristo, com toda coragem e desprendimento. Esse modo de se viver na comunidade, sempre representa a perda de algo. Quantos desistem no meio do caminho e cheios de mágoa desabafam: “Perdi meu tempo”.

Dar a vida é dar o nosso tempo que é tão precioso, porém não o façamos almejando ganhar algo, mas sim para imitar o Nosso Mestre e Senhor, Jesus de Nazaré, aquele que não é um Deus distante, mas que sabe compadecer-se de nossas dores e fraquezas, como afirma o apóstolo Paulo na segunda leitura dessa liturgia, porque ele foi provado em tudo como nós, à exceção do pecado.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do D. Henrique Soares da Costa – 29º Domingo do Tempo Comum — ANO B

“Saber Pedir”

Comecemos observando o evangelho. Notemos como os dois irmãos, Tiago e João, se dirigem a Jesus: “Queremos que faças o que vamos pedir”. Isto não é modo de pedir nada ao Senhor, isto não é modo de rezar! Aqui não há humildade, não há abertura para procurar a vontade do Senhor a nosso respeito, mas somente o interesse cego de realizar nossa vontade! Quanta loucura e presunção! Muitas vezes, é assim também que rezamos, com esse tom, com essa atitude! Recordemos a palavra do Apóstolo: “Não sabemos o que pedir como convém” (Rm 8,26). Somos tão frágeis, tão incapazes de compreender os desígnios de Deus, que nossos pedidos muitas e muitas vezes não são segundo o coração do Senhor e, portanto, não são para o nosso bem!

Como, então, pedir de acordo com a vontade do Senhor? Escutemos ainda São Paulo: “O Espírito socorre a nossa fraqueza. O próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Eis! É somente quando nos deixamos guiar pelo Santo Espírito do Cristo, que compreendemos as coisas de Deus e pediremos segundo Deus! Nunca compreenderá o desígnio de Deus, quem não pede segundo Deus… e nunca pedirá segundo Deus, quem não se deixa guiar pelo Espírito de Deus! Aqueles dois não pediam segundo Deus, não suplicavam segundo o Reino, mas segundo seus interesses: queriam glória, queriam honra, queriam os primeiros lugares, queriam seus interesses, de acordo com sua lógica e modo de pensar!

A resposta de Jesus demonstra o seu desgosto: “Vós não sabeis o que pedis!” E o Senhor completa com um desafio – que é para os dois irmãos e para todos nós, caros irmãos e irmãs: “Podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” De que cálice, de que batismo Jesus está falando? Do seu sofrimento, do seu caminho de dor e humilhação, pelo qual ele entrará no Reino e o Reino virá a nós: “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará a luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas”. Este é o caminho de Jesus: fazer-se servo humilde e causa de nossa salvação. Isso os discípulos não compreendiam… nem nós compreendemos! Também a nós o Senhor convida a participar do seu batismo e do seu cálice. Escutemos mais uma vez, são Paulo: “Não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova. Porque se nos tornamos uma só coisa com ele por uma morte semelhante à sua, seremos uma coisa só com ele também por uma ressurreição semelhante à sua” (Rm 6,3-5). Podeis ser batizados no meu batismo? Estais dispostos a mergulhar vossa vida no meu caminho de morte e ressurreição, morrendo para vós mesmos e buscando a vontade do Pai de todo o coração? Eis o que é ser batizado em Cristo! E nós o fomos! O desafio agora é viver o batismo no qual fomos batizados, tornando-nos, em Cristo, criaturas novas, abertas para a vontade do Pai, como Jesus. E, não somente ser batizado no batismo de Jesus, mas também beber o cálice de Jesus: “Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26); “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo?” (1Cor 10,16). Vejam só: comungar na eucaristia é aprofundar aquilo que já começamos a viver no batismo: fazer da vida uma vida em comunhão com o Senhor na sua morte e ressurreição! Não se pode nem sonhar em ser cristão pensando num caminho diferente, num modo diverso de viver! Tiago e João não tinham compreendido isso; os Doze também não compreenderam; nós, tampouco, compreendemos!

Observem ainda como os dois irmãos são presunçosos: quando Jesus pergunta: “Podeis beber o cálice? Podeis ser batizados?” Eles respondem: “Podemos!” Na ânsia pelos primeiros lugares, no desejo de obterem o que pedem, prometem aquilo que somente com a graça de Deus seriam capazes de prometer! A mesma lógica nossa, nosso mesmo procedimento, tantas vezes! Como Pedro, que, mais tarde dirá: “Darei a minha vida por ti” (Jo 13,37); e de modo tão presunçoso quanto o dos dois irmãos, exclamará: “Ainda que todos se escandalizem, eu não o farei!” (Mc 14,29). Pobre Pedro, pobres Tiago e João, pobres de nós! Sem a graça de Deus em Cristo, que poderemos? Vamos nos escandalizar, vamos fugir da cruz, vamos descrer no Senhor, vamos abandonar o caminho! Como não compreendemos a estrada de Jesus! Tudo é graça. Por isso Jesus diz que, ainda que eles bebam o seu cálice e sejam mergulhados no seu batismo, ainda assim, será graça de Deus conceder os primeiros lugares… Não podemos cobrar nada de Deus: “É para aqueles a quem foi reservado!”

Finalmente, a atitude dos outros Doze, que também buscavam o primeiro lugar e se revoltam contra os dois irmãos! E Jesus chama os Doze e nos chama também a nós, e fala-nos do mundo, com seus jogos de poder, sua ganância, sua hipocrisia e sua mentira… e nos diz: “Entre vós, não deverá ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”. Aqui está o modelo do caminho cristão: o Cristo, totalmente abandonado à vontade do Pai, totalmente disponível, totalmente pobre… Ele é o modelo de como devemos viver entre nós e em relação ao Pai: no serviço mútuo, na disponibilidade, na confiança no Pai, no abandono ao seu desígnio a nosso respeito. Somente Jesus poderia rezar com toda a liberdade: “Pai, não o que eu quero, mas o que tu queres!” (Mc 14,36).

Olhando nossa fraqueza, nossa pouca disponibilidade, olhando quanto na vida buscamos nossos interesses e nossas vantagens, não desanimemos! Sigamos o conselho do Autor da Carta aos Hebreus: “Temos um Sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos! Temos um Sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pis ele mesmo foi provado em tudo como nós!” Confiemos no Senhor e supliquemos que ele converta o nosso coração, dando-nos seus sentimentos, suas atitudes de doação, serviço e humildade, sua confiança no Pai e, finalmente, a graça de participar daquela glória que no céu ele tem com o Pai e o Espírito Santo. Amém.

D. Henrique Soares da Costa


Comentário Exegético – 29º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

EPÍSTOLA Hb 4, 14-16

INTRODUÇÃO: O autor toma como base de seu argumento homilético a imagem de Cristo como Sumo Sacerdote. A diferença entre o antigo Sumo sacerdote e o Cristo da nova era está na natureza dos dois pontífices: o antigo era pecador e seu ato servia também para ele; a entrada era num templo material que representava, mas não constituía, a presença da divindade; sua função era anual e só podia ser exercitada durante uma vida humana, curta e temporal. O novo Pontífice entrava no verdadeiro templo, no santuário próprio da divindade. Sua entrada, única e atemporal, era uma presença sempre atual e sua intercessão era a máxima; pois, sendo sem pecado, era o justo que ofereceu sua vida em propiciação pelos homens. Seu sangue era o sangue do homem oferecido em preço pelas dívidas do pecado. E pelo que se refere aos homens, ele era o mais apropriado a se compadecer do homem caído, pois experimentou, como homem, todas as dificuldades e necessidades para poder apresentar as mesmas a Deus como um mendigo apresenta suas necessidades ao rico que o observa. Nele temos a confiança que a nossa fé aviva e proporciona.

SUMO SACERDOTE: Tendo, pois, um sumo sacerdote [archierea megan<749> <3173>=pontificem magnum] que atravessou [dielëluthota<1330>= penetravit] os céus, Jesus, o Filho de(o) Deus, seguremos [kratömen <2902> = teneamus] a confissão [omologias<3671>= confessionem] (14). Habentes ergo pontificem magnum qui penetraverit caelos Iesum Filium Dei teneamus confessionem. SUMO SACERDOTE: A palavra Archiereus <749> sai 123 vezes no NT. Em plural significa chefes sacerdotais [principes sacerdotum] e em singular chefe dos sacerdotes ou sumo sacerdote [princeps sacerdotum]. Os chefes sacerdotais eram além do Sumo Sacerdote ou Sumo Pontífice, todos os que tinham conseguido esse título que em tempos de Jesus não era vitalício, além dos chefes das principais famílias sacerdotais que tinham direito a estar no Supremo Tribunal, ou Sinédrio. Como exemplos do 1º significado temos Mt 26, 24 e do 2º significado temos Mt 26, 57, sendo que neste último caso se refere a Caifás. De modo especial em Hebreus a palavra archiereus sai 17 vezes das quais 15 em singular e sempre traduzidas por Pontifex na Vulgata e nas outras duas, em plural, por sacerdotes. Entre os romanos, Pontifex era o magistrado que presidia os ritos religiosos e os sacrifícios. O termo PONTIFEX literalmente significa construtor de pontes. Em Roma as pontes estavam sobre o rio Tibre [rio sacro, considerado uma deidade]. Por isso, unicamente as maiores autoridades estavam autorizadas a ir contra sua corrente ou vontade, não o atravessando a pé molhado; pelo contrário, interrompendo sua ação benéfica, como é a d’água no corpo. Assim, precisava-se de um sacerdote que aplacasse a ira do rio. Em Roma existia o Collegium Pontificum, ofício mais importante entre os sacerdotais, com o objeto de servir ao Rei como conselheiro em tudo o concernente à Religião [tempos de Numa]. O chefe do Colégio era o Pontifex Maximus de cargo vitalício. Antes de se fundar esta instituição todos os seus cargos e ofícios eram assumidos pelo rei. Durante a República os romanos criaram o Rex Sacrorum, para executar as tarefas religiosas que antigamente pertenciam ao rei. Mas este rei das coisas sacras não podia ter qualquer cargo político ou assento no senado. Este rei sacrorum foi logo subordinado ao Pontifex Maximus como garantia de que não pudesse optar à tirania. Durante a República, o Pontifex maximus escolhia os flamines [sacerdotes especiais vinculados a Júpiter, Marte e Quirino] e as Vestais [virgens que cuidavam do fogo sagrado da Diosa Vesta no foro romano]. O Pontífice Máximo residia na Domus Pública  perto da casa das Vestais. Não podia usar a toga praetexta [com borda púrpura] e era reconhecido pela secespita [faca do sacrifício] a patera [copa] e um manto que cobria a cabeça. Escolhido entre os Pontífices (de 5 a 15, segundo a época) o Pontífice Máximo recebia o cargo por toda vida. Júlio César e seu sobrinho César Augusto chegaram a ser Pontífices Máximos. No caso dos judeus, existiam na prática dois Sumos Pontífices: O escolhido pelo procurador romano [no caso de Jesus naquele ano, era Caifás]  e o escolhido pelo grêmio sacerdotal a quem davam o nome de Sagan. O Sagan era o chefe [ou princeps=principal, caudilho, chefe, cabeça, primeiro, príncipe] dos sacerdotes e politicamente mais influente que o Sumo sacerdote anual, pois este dependia dos governadores romanos e aquele era praticamente vitalício e dependendo do colégio sacerdotal. À parte do Sagan, o Sumo Sacerdote era auxiliado por diversos funcionários, todos provenientes das famílias mais importantes: o comandante do Templo, os chefes das 24 equipes semanais, os sete vigilantes, três tesoureiros. Além do sacerdote supremo, existiam cerca de 7 mil outros sacerdotes divididos em 24 equipes que se revezavam nos serviços do Templo. Em média, cada sacerdote atuava cinco vezes por ano. Recebiam salário, que provinha dos sacrifícios e do dízimo. A função sacerdotal era hereditária. Por isso Lucas fala de sob os sumos pontífices Anás e Caifás (TEB), [epi archiereös = sub principibus sacerdotum] (3, 2). O ministério especial do Sumo Sacerdote [Kohen Gadol=sacerdote grande (o hebraico não tem superlativo] consistia, de modo especial,  em celebrar os ritos do Yom Kipppur [dia da expiação]. Somente ele entrava uma vez cada ano no santo dos santos, oferecendo o sangue do macho cabrito como expiação dos pecados do povo. O grego do versículo [archierea megan] parece uma tradução literal do nosso Kohen Gadol, talvez indicando que a carta foi escrita em aramaico, ou por um judeu cuja língua materna era essa mesma. ATRAVESSOU OS CÉUS: Jesus, como Cristo, se tornou Sumo Pontífice [Kohen Gadol] e teve que realizar esse ato de entrar no Santo dos santos [Kodesh Hakodashim ] para expiar os pecados do povo. Só que Cristo foi constituído Sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec (Hb 6, 9), ou seja, in aeternum e no lugar de entrar num templo feito por mãos humanas, entrou no templo que não foi desta criação (9, 11). Ofereceu-se a si mesmo, não para oferecer sangue alheio, mas seu próprio sangue (9, 25). E o fez uma só vez, não todos os anos (9, 11 e 25). Paulo dirá que Cristo foi proposto como propiciação [vítima expiatória] para obter por seu sangue o perdão dos pecados (Rm 3, 25). Neste versículo, o autor da carta explica qual foi o tabernáculo: os céus. E nesta entrada, junto ao trono de Deus, permanece eternamente nesse seu ofício de sacerdote,  intercedendo por seu povo (2, 17). SEGUREMOS A CONFISSÃO: O verbo grego Krateö<2902> significa ser forte, dominar, apanhar  ou agarrar, segurar, manter firme, que a Vulgata traduz por teneamus significando agarrar com a mão, distinto do habitual habeamus, que é um simples ter. Omologia<3671> é acordo, confissão, pacto, profissão de fé, crença. Poderíamos traduzir por mantenhamos firme nossa crença (nEle) ou talvez mantenhamos firme o Kerigma que a Igreja propunha como verdade revelada. A razão é que foi visto subir e os anjos deram testemunho de que ele estava no céu (At 1, 11)  e que essa subida é continuação do seu trabalho na terra, como veremos nos versículos seguintes.

SEMELHANTE A NÓS: Pois não temos um Sumo Sacerdote sem poder [dunamenon<1410>=qui non possit] compadecer-se [sumpathësai<4843>=compati] com nossas fragilidades [astheneiais <769> =infirmitatibus]; pois tentado foi [pepeiramenon<3987>=temptatum] em tudo segundo nossa semelhança [omoiotëta <3665> = similitudine], fora de pecado [amartias<266>=peccato] (15). Non enim habemus pontificem qui non possit a conpati infirmitatibus nostris temptatum autem per omnia pro similitudine absque peccato. A palavra  grega Astheneia<769> originariamente significa falta de força ou energia. De onde fraqueza, deficiência, debilidade. Tudo que tem limitações e imperfeições foi também suportado por esse Sumo Sacerdote nosso. Uma única exceção na semelhança: O pecado. Já Paulo o afirmava: Em condição semelhante à de um homem pecador… para condenar o pecado em sua mesma natureza humana (Rm 6, 3). Porque, despojado de sua existência como Deus, tomou a figura de um escravo, tornando-se semelhante a um homem e reconhecido em figura humana (Fp 2, 7). Fato ressaltado pelo autor em 2, 7: Convinha que em todas as coisas se tornasse semelhante aos irmãos para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. FORA DO PECADO: Paulo também fala a mesma linguagem quando diz: A  quem não conheceu o pecado Ele o identificou com o pecado por nós a fim de que por ele, nos tornemos justiça de Deus (2 Cor 5, 21).  E também: Deus enviando seu próprio Filho na condição da nossa carne de pecado, condenou o pecado na carne (Rm 8, 3). Sendo sem pecado, tomou como se fazia no AT, os pecados de todos e como bode expiatório o caper emissarius da Vulgata, bode emissário de Levítico 16, 8-10, ou bode expiatório, que recebe o nome de Azazel, palavra escura, que não aparece em nenhuma outra parte da Bíblia hebraica; este bode recebe os pecados do povo e é largado no deserto. O outro bode é morto em sacrifício e com o seu sangue, o sumo sacerdote entra no Santo dos Santos e faz aspersão sobre o propiciatório para o perdão dos pecados dele mesmo e do povo. É assim que Cristo entrou com seu próprio sangue no Santo dos Santos para se tornar propiciação pelos pecados do povo, obtendo uma libertação definitiva (Hb 9, 12).

COM CONFIANÇA: Portanto, aproximemo-nos com coragem [parrësias<3954>=fiducia] ao trono da mercê [charitos<5485=gratiae] para recebermos misericórdia [eleon<1656>=misericordiam], e graça [charin<5485>= gratiam] encontrarmos em favorável [eukarion<2121>=oportuno] auxílio [boëtheian <996>=auxilio] (16). Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae ut misericordiam consequamur et gratiam inveniamus in auxilio oportuno. CORAGEM: A parrësia<2121> grega que o latim traduz como fiducia, pode ser traduzido por sem medo, com atrevimento, com plena confiança. TRONO DA MERCÊ: Mercê é uma tradução do grego Charis <5485> que tem vários sentidos em grego. Neste caso, equivale ao dom de Deus, enquanto recebido pelo homem como amor, benevolência, misericórdia, fidelidade, favor, bênção, e, finalmente, salvação e vida eterna. Paulo diz em Rm 11, 6: Deus fêz-lo por pura generosidade [charis] e não por méritos humanos; pois se não fosse assim, não poderíamos falar da generosidade [charis] de Deus. Essa mercê é o perdão e por isso recebemos, em primeiro lugar misericórdia [eleos] e logo favores [charis]. AUXÍLIO FAVORÁVEL: Eukairos<2121> é um adjetivo que significa oportuno, favorável e boëtheia <996>  significa auxílio, ajuda, socorro. Que significa auxílio favorável? Pois que seja um auxílio necessário e conforme aos desígnios de Deus.

EVANGELHO  (Mc 10, 35-45) - OS FILHOS DE ZEBEDEU
(lugar paralelo Mt 20, 20-28)

O PROTAGONISTA: Em Mateus 20, 20-28, temos uma relação paralela com uma diferença: quem pede os postos de honra no novo Reino é a mãe dos dois apóstolos, Tiago e João, junto com seus dois filhos. O nome dela era Salomé [=perfeita], mulher do Zebedeu, forma grega de Zebadias ou Zabdiel [= Jahvé deu]. Zebedeu era um pescador da Galileia com bens suficientes para ter serventes ou jornaleiros a seu serviço (Mc 1, 20) e suficientemente rico, para um dos filhos, João, ser conhecido pelo Pontífice (Jo 18, 15), quem ao mesmo tempo podia, sem dificuldades, tomar em sua casa a mãe de Jesus (Jo 19, 27). Salomé era uma das mulheres que servia o colégio apostólico e que estava subindo com Jesus a Jerusalém (Mt 27, 55-56). O silêncio que os evangelistas guardam sobre o pai, Zebedeu, seria talvez devido à sua morte pouco depois do encontro com Jesus na Galileia quando este teria feito o chamado a seus dois filhos (Lc 5, 10). Os antigos pensavam que Salomé estava aparentada com Jesus através de Zacarias, o esposo de Isabel, esta por sua vez parenta de Maria (Lc 1,36). Se isso for verdade, explicaria algumas das coisas que veremos na continuação.

     O PEDIDO: Então aproximam-se dele Jacob [Iaköbos<2385>=Iacobus] e João [Iöannës <2491> Iohannes], os filhos de Zebedeu [Zebedaiou<2199>Zebedaei] dizendo: Mestre, queremos que faças por nós tudo o que vamos pedir (35). Et accedunt ad illum Iacobus et Iohannes filii Zebedaei dicentes magister volumus ut quodcumque petierimus facias nobis. Assim como a Pedro, Jesus mudou o nome do pai dos dois irmãos e deu a eles o sobrenome de filhos do Trovão, ou Boanerges, que correspondia a filhos da voz de Deus, ou seja, da sua vingança (1 Sm 2, 10). Pelo que respeita ao nome de Jacob este filho do Zebedeu é chamado de Jacobo, o maior, para distingui-lo do outro Jacobo, o menor, filho de Alfeu. Jacob é de origem hebraica  e de significado suplantador, como foi chamado o segundo filho de Rebeca e Isaac, gêmeo de Esau. Jacobo seria sua tradução direta ao espanhol; porém têm muitas variantes, como Giacomo, Jacme em provençal do qual se deriva James em inglês, Jaime em espanhol. Da pronúncia Santi Jacobi, no latim adulterado da Idade Média temos Santiago nome que deu origem a Tiago ou Diago e daí Diego. Iöannes: do hebraico Iochanan [Jahveh favoreceu] era o nome de um sacerdote durante o Pontificado de Joaquin, que voltou junto com Zorobabel. O nosso João era irmão menor de Tiago, e como este filho do Zebedeu e segundo a tradição, o autor do quarto Evangelho Segundo Mateus, foi precisamente a mãe, de nome Salomé (Mt 27, 56, comparado com Mc 15, 40) quem, no lugar de seus filhos, prostrou-se em reverência para o pedido (Mt 20, 20).

    JESUS PERGUNTA: Jesus, pois, disse-lhes: Que quereis que eu vos faça? (36). Eles então lhe disseram: dá-nos que um à direita e um à esquerda tua estejamos sentados [kathisömen <2523>=sedeamus] na tua glória [doxë <1391>=gloria] (37). At ille dixit eis quid vultis ut faciam vobis. Et dixerunt da nobis ut unus ad dexteram   tuam et alius ad sinistram tuam sedeamus in gloria tua. Segundo Mateus, é a mãe que pede para seus dois filhos e no lugar da glória [doxa] é o Reino. Quer seja diretamente, quer através e junto com a mãe, o que é mais natural, os dois pediram os postos de maior relevância no Reino que pensavam Jesus ia instaurar em Jerusalém, para onde se dirigiam. O seu modo de julgar, tanto da mãe como dos filhos, era totalmente humano, como se o novo reino fosse um Reino temporal e geográfico ao modo dos reinos que eles conheciam. Por isso dirá Jesus: “sabeis que os que são considerados príncipes dos gentios os dominam” (42). Sua maneira de pensar era a dos judeus da época que pretendiam um reino davídico de dominação, ao estilo romano. Se realmente Salomé fosse parenta indireta de Jesus, como dizem certos comentaristas, seu pedido e sua atuação não seriam tão inusitados e desmedidos. O parentesco, nos tempos de Jesus, era motivo e razão de prerrogativas especiais por parte dos que Jesus chama grandes da política e da sociedade (42). Objetar-se-á que Pedro tinha sido louvado e preferido como chefe da comunidade (Mt 16, 16). Porém em Marcos (8, 27-30) existe a confissão de Pedro mas não o prêmio pela mesma como em Mateus (16, 17-18), ou Lucas (9, 18-21). Somente Mateus parece incorrer em certa falta de lógica ao permitir que a mãe e filhos peçam um lugar que já foi destinado por Jesus como sendo de Pedro. Porém, a recusa de Jesus diante da tentação de Pedro, a quem chama de Satanás, no capítulo 16, parecia indicar que o primado de Pedro tinha sido rebaixado. A transfiguração, chamando os três discípulos, mostrava uma certa predileção sobre os dois irmãos até o ponto deles, os filhos do trovão (Boanerges em Mc 3, 17), pedirem ao Senhor licença para lançar sobre uma aldeia samaritana fogo do céu (Lc 9, 54) nessa última viagem a Jerusalém, como Elias em 2 Rs 1, 10-12. Tinham, pois, motivos aparentes e suficientes para o pedido que estavam fazendo a Jesus: Assentar-se um à direita e outro à esquerda do trono de Jesus quando este estivesse na sua glória, isto é, como Messias triunfante. A ele se dirigem como o novo rei de Israel que em Jerusalém vai iniciar o Reino. De Ciro, rei da Pérsia, se conta que preferia colocar seus hóspedes mais honrados à esquerda, pois era o lugar do coração. Não eram só privilégios (ver 1 Rs 2,19). Eram também verdadeiros ofícios em que o poder real era exercido através dos ministros. O Salmo 110, 1 fala do Messias como convidado por Jahvé, para se assentar à direita do trono divino. Isso significava participar do poder e da dignidade de quem o honrava. O Messias era assim solicitado para compartir do poder e da dignidade de Jahvé. Jesus utiliza o salmo davídico com interpretações messiânicas para confundir a ciência dos fariseus que não souberam responder por que Davi chama Senhor ao messias sendo que este era filho ou descendente dele e, portanto, inferior a ele próprio (Mc 12,35-37). Já o título de Boanerges, que Jesus deu aos dois irmãos indica que eram caracteres fortes, inclinados a comandar. Pediam, pois, o que naturalmente sentiam como vocação.

RESPOSTA DE JESUS: Jesus, então, lhes disse: Não conheceis que pedis. Podeis beber a copa [potërion <4221>=calicem] que eu bebo e o batismo [baptisma <908>=baptismum] (em) que eu sou batizado, ser batizados? (38). Iesus autem ait eis nescitis quid petatis potestis bibere calicem quem ego bibo aut baptismum quo ego baptizor baptizari. Jesus responde de maneira fina, sem indignar-se por um pedido aparentemente desmedido e imprudente. “Não sabeis o que estais pedindo”. E explica na continuação como ele deve adquirir isso que eles chamam de glória do Reino: um sacrifício de amargura e sangue. Um cálice que deve beber e um batismo em que deve ser submergido. O COPO: Poterion<4221>. Era o cálice da vingança divina frequentemente apresentado pelos profetas. O Senhor tem uma copa na mão. Nela derrama um vinho fermentado e bem misturado e obriga a bebê-lo a todos os malvados da terra até a última gota (Sl 75, 9-10). Em Is 51, 17 lemos: Desperta. Desperta, levanta-te ó Jerusalém que da mão do Senhor bebeste o cálice da sua ira, o cálice do atordoamento e o esgotaste. Em Jeremias 25, 15: Porque assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma de minha mão este cálice do vinho de meu furor e darás a beber dele a todas as nações às quais eu te enviar. Ou Ezequiel 23, 31-33: Seguiste (Jerusalém) o caminho de tua irmã (Samaria). Por isso entregarei o seu copo na tua mão… beberás o copo de tua irmã, copo fundo e largo.. copo de espanto e desolação. Era, pois, o cálice de vingança, cólera e indignação. Esse era o cálice que por três vezes Jesus rogou ao Pai para não bebê-lo (Mc 14, 36). Jesus sabia que ele seria tratado como inimigo pela ira do Pai. O BATISMO: Baptisma<908>. Só Marcos traz esta comparação. Era uma submersão ou imersão na água, ou no fogo do Espírito Santo (Mt 3, 11). Mas Jesus toma essa figura para designar o seu batismo de sangue, imerso no seu próprio sangue, como o guerreiro que vem de Edom (figura do país inimigo por excelência) com a veste manchada do sangue dos inimigos, como quem sai do lagar após pisar as uvas. Porque era o dia da vingança e chegava o ano dos meus redimidos (Is 63, 1-4). Só que esse sangue era o próprio de Jesus em que a justiça divina tinha determinado castigar o pecador e por isso ele, Jesus, dirá: tenho que ser batizado num batismo (de dores) e como me angustio até ser consumado (Lc 12, 50). E a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei porventura, o cálice que o Pai me deu?  (Jo 18, 11). Jesus convida, pois, os seus dois pedintes a se unirem a Ele na hora de sua paixão e morte. A morte de Jesus não era um ato de rancor e vingança dos dirigentes de Israel, nem provinha de uma decisão iníqua da justiça romana, nem demonstrava um triunfo do mal demoníaco, mas um ato de amor do Pai que mostrava sua misericórdia salvando o pecador e revelava sua justiça punindo o justo, para indicar a gravidade  do pecado e a necessidade da conversão.

PODEMOS: Eles, portanto, disseram-lhe: Podemos. Jesus, pois, disse-lhes: O copo que eu bebo, bebereis e o batismo o qual eu sou batizado sereis batizados (39). Mas o estar sentado à direita de mim ou à esquerda de mim não está a mim dar, mas para os que estão preparados(40). At illi dixerunt ei possumus Iesus autem ait eis calicem quidem quem ego bibo bibetis et baptismum quo ego baptizor baptizabimini. Sedere autem ad dexteram meam vel ad sinistram non est meum dare sed quibus paratum est. Literalmente, traduzimos o grego como o batismo o qual eu sou batizado que o latim corrige com uma preposição implícita quo correspondente a no qual, que significa a imersão total em sua paixão e morte. Diante da resposta positiva e animosa dos discípulos, Jesus promete que realmente assim sucederá, mas que se assentar à direita e à esquerda é uma questão de previdência divina, preparada pelo Pai como diz Mateus (20, 23). Cumpriu-se a profecia? No caso de Jacob ou Tiago de modo material e totalmente, pois foi morto no ano 44 por ordem de Agripa (At 12, 2). De João diz Tertuliano que foi martirizado ante portam latinam submergido em azeite fervente do qual saiu ileso, para morrer de velho em Patmos, a ilha do Egeu. A segunda parte de Jesus, não dispor dos lugares preferidos no Reino, porque já estão predestinados ao usar a passiva, indica que é desígnio de Deus, ou do Pai como frequentemente Jesus afirma, para coisas que não correspondem a sua humanidade, mas aos planos divinos, não a ele como Mestre de um colégio apostólico, mas que já está determinado pela suprema autoridade de Deus, Criador e Senhor do Universo. Nada tem a ver com o mistério trinitário, completamente desconhecido dos apóstolos nesse momento. O Pai que eles conheciam era o celestial, do qual deviam se tornar filhos (Mt 5, 45), Senhor do céu e da terra [de todo o Universo] (Mt 11, 25), que é quem decide quem deve entrar no Reino (Jo 6, 44), que, portanto, reservava os melhores postos no Reino (Mt 20, 23) e de cujos planos futuros nem os anjos nem o Filho podiam saber com determinação o dia e a hora (Mt 24, 36 e Mc 13, 32). Próprio do Filho era o julgamento final (Mt 25, 34), como correspondia a um triunfador sobre seus inimigos. A suprema ironia é que no momento em que Jesus recebe o Reino, na cruz, estavam com ele dois homens um à direita e outro à esquerda e não eram precisamente seus mais íntimos discípulos.

REAÇÃO DOS OUTROS: Por isso, os dez começaram a estar indignados por causa de Jacob e João (41). Et audientes decem coeperunt indignari de Iacobo et Iohanne. A ambição humana estava fortemente arraigada no ânimo dos discípulos de Jesus. Daí a sua indignação com os dois irmãos que pretendiam a melhor parte num futuro Reino, que todos estavam esperando com a entrada de Jesus em Jerusalém.

A LIÇÃO: Então Jesus, tendo os convocado, diz-lhes: Tendes conhecido que, os que aparecem dominar as nações as subjugam e os grandes deles, exercem autoridade neles (42).  Não será, portanto, assim entre vocês, mas quem quiser se tornar grande entre vocês será servidor de vocês (43). E se alguém entre vocês quiser se tornar primeiro, será de todos, escravo (44). Iesus autem vocans eos ait illis scitis quia hii qui videntur principari gentibus dominantur eis et principes eorum potestatem habent ipsorum. Non ita est autem in vobis sed quicumque voluerit fieri maior erit vester minister. Et quicumque voluerit in vobis primus esse erit omnium servus. Jesus opõe seu Reino aos reinos em prática dos povos pagãos vizinhos. Nestes últimos, os chefes dos mesmos tiranizam os povos e os grandes dos mesmos exercem um poder opressor sobre os súditos. Bastava ser um adulto na época, para ter sofrido os abusos e vexações, ao menos tributárias, de Herodes, de Arquelau e de Antipas para não falar dos venais procuradores romanos. No reino de Cristo, do Messias, cuja semente eram eles, não podia acontecer isso: o que aspira a ser grande tinha que ser servidor, e o que almeja ser o primeiro deve ser o escravo de todos. Não devem existir ambições nem pretensões nas lideranças do Reino, já que não são para proveito próprio, senão um ministério, uma diakonia, exatamente como aquele que serve de livre vontade ou é escravo. Assim entendidos, quem deseja ambicionar postos que unicamente ofereçam serviço e trabalho escravo?

O EXEMPLO PRÓPRIO: Assim, pois, o Filho do Homem não veio (para) ser servido, mas servir e dar sua vida (como) resgate [lytron <3083>=redemptionem]  por muitos (45). Nam et Filius hominis non venit ut ministraretur ei sed ut ministraret et daret animam suam redemptionem pro multis. As palavras entre parênteses não estão no grego original, mas foram acrescentadas para completar a sintaxe em português. FILHO DO HOMEM: O Filho do homem tem vários sentidos. Um deles é o substituto do eu, assim como a gente o faz em português. A frase seria traduzida: “Assim como eu …”. Jesus, Rei e Chefe principal do novo Reino, teve não um momento, mas uma vida dedicada ao bem dos súditos, dando inclusive sua vida como resgate por muitos. LYTRON: A palavra grega Lytron<3083>, traduzida ao latim por Redemptio merece ser estudada. Só sai no NT em ambos os casos paralelos, os de Marcos e Mateus, que aqui tratamos de estudar. Significa resgate, ou preço pago pela liberdade ou alforria de um escravo. Geralmente usa-se a palavra Apolytrosis, que aparece em Lucas e nas cartas de Paulo (10 vezes), com um significado mais teológico e restritivo de resgate, ou pagamento, ao preço do sangue de Cristo (Ef 1,7), e que geralmente é traduzida por redenção. Era o preço pago pela mudança de escravos a libertos [no caso dos cristãos a filhos], o preço da liberdade segundo o que vemos em Jo 8, 33. De escravos do pecado, que segundo Paulo tem personalidade própria (Rm 6, 6), à liberdade de filhos ( Jo 8, 36). O preço foi o sangue que Jesus derramou até a última gota (Jo 19, 34). E como no sangue estava a vida, por isso ele afirma que deu sua vida pelos que eram até então pecadores e, portanto, escravos do pecado, mas que agora nele crêem (Jo 8, 31-32) e se tornaram amigos (Jo 15, 15) e filhos. Dará sua vida em resgate por muitos, que diz Jesus no parágrafo final de hoje (45).

PISTAS:

1) Na história da Igreja temos repetido esta atuação dos filhos do Zebedeu. O poder real era outrora ambicionado pelos representantes do clero. Numerosos antipapas especialmente no século X, litígios entre bispos desde o século III, são uma amostra cabal. Hoje esse desejo de mando, se trasladou ao laicato, disfarçado pelo aspecto de democratização e igualdade, ou sob a falácia de discriminação do sexo. Será que a razão última destas demandas é querer servir, ou melhor, pretender dominar?

 2) Existe uma necessidade de vocações ao sacerdócio, à vida religiosa, à dedicação missionária, porque falta o verdadeiro espírito do reino, o que o distingue de seus homônimos terrestres: é o espírito de serviço que implica o último lugar. Que posso fazer eu por minha pátria? – foi o slogan de Kennedy. Que posso fazer eu pelo Reino de Cristo, deve ser a pergunta de um cristão à qual devemos responder com sinceridade e generosidade.

3) Não sabemos o que pedimos quando esperamos e rogamos por um triunfo pessoal. Este será o do cálice que optamos por beber e o batismo de dor e sofrimento que escolhemos para ser submergidos nele como o Senhor Jesus foi submergido. Sem dor não existe nova criatura assim como não pode existir triunfo verdadeiro.

4) É de se ressaltar que após 2 mil anos estamos submergidos na mesma ignorância que oprimia os filhos do Zebedeu. Ainda sonhamos em coroas temporais e com recompensas terrenas. Vemos simples clérigos desejar títulos de monsenhor ou cônego, como se isso fosse um degrau para melhor espalhar e engrandecer o Reino. Existem poucos crentes que como Isabel da Hungria deixam a coroa terrena no banco da igreja para colocar em sua cabeça a coroa de espinhos de Jesus crucificado que estava no crucifixo da igreja. É, pois, através de muitas tribulações que devemos entrar no reino dos céus (At 14, 22).

5) O pior não é que encontremos Tiago e João dentro da Igreja. O pior é que, como os outros restantes apóstolos, dificilmente haverá quem não os condene; porém não por outro motivo que não seja a inveja. Nada façais por partidarismos ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo (Fp 2, 3). Bem-aventurado o homem que, com sinceridade, pode regozijar-se quando o outro é exaltado, embora ele mesmo seja esquecido e posto de lado! Escolhamos para fazer o bem, áreas nas quais outros não querem trabalhar, áreas – podemos assim chamá-las – de latrinas do Reino.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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