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Índice desta página:
Nota: Cada seção contém Comentário, Leituras, Homilia do Diácono José da Cruz e Homilias e Comentário Exegético (Estudo Bíblico) extraído do site Presbíteros.com

. Evangelho de 20/01/2019 - 2º Domingo do Tempo Comum
. Evangelho de 13/01/2019 - Batismo de Jesus


Acostume-se a ler a Bíblia! Pegue-a agora para ver os trechos citados. Se você não sabe interpretar os livros, capítulos e versículos, acesse a página "A BÍBLIA COMENTADA" no menu ao lado.

Aqui nesta página, você pode ver as Leituras da Liturgia dos Domingos, colocando o cursor sobre os textos em azul. A Liturgia Diária está na página EVANGELHO DO DIA no menu ao lado.
BOA LEITURA! FIQUE COM DEUS!

O PESO DE NOSSA CRUZ!
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20.01.2019
2º Domingo do Tempo Comum — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Em Caná Jesus manifestou sua glória. Fazei tudo que ele vos disser! " __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

Maria visita IsabelINTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A celebração de hoje continua sendo iluminada pela Epifania do Senhor. Com o milagre em Caná da Galiléia, Jesus começou a manifestar sua glória e a despertar a fé em seus seguidores. Depois desta manifestação divina, os discípulos são convidados a crescer na fé e participar da nova comunidade. Celebremos, alegremente.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, após termos celebrado solenemente a epifania em que o Senhor se manifestou a todos os povos e nações pelo brilho da estrela; após termos celebrado festivamente o Batismo do Senhor em que o Pai manifestou seu Filho, ungindo-o com Espírito Santo para a missão; eis que neste domingo, em clima ainda de manifestação, o Cristo Senhor manifesta sua glória transformando água em vinho, oferecendo o vinho novo da Aliança selada por sua presença no meio de nós. Acolhamos, pois, o Senhor que se nos manifesta neste dia a Ele dedicado.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus é homem como nós; tem amigos e aceita o convite para um casamento, com sua mãe e seus primeiros discípulos. Esta semelhança torna-o "acessível", "conhecível" a nós. Mas Cristo é também "mistério", se ele não se revela, se não se manifesta sua identidade. Revelação que fará pouco a pouco, com sábia pedagogia. Cristo começa a revelar sua identidade não de modo verbal, explícito, como uma fórmula dogmática, mas faz isso através de uma linguagem de gestos. O sinal de Caná revela a glória de Jesus e desvela seu ser divino, através do pedido e da bondade de sua mãe ao interceder pelos noivos e a fé de Maria leva Jesus a "manifestar-se". Os discípulos crêem em Jesus; chegam de certo modo, até a fé de Maria. Não é esta também a missão da Igreja hoje, a missão de cada cristão, comunicar a fé?

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Isaías 62,1-5): - "Por amor a Sião, eu não me calarei, por amor de Jerusalém, não terei sossego, até que sua justiça brilhe como a aurora, e sua salvação como uma flama."

SALMO RESPONSORIAL 95/96: - "Cantai ao Senhor Deus um canto novo, manifestai os seus prodígios entre os povos!"

SEGUNDA LEITURA (1 Coríntios 12,4-11): - "Há diversidade de dons, mas um só Espírito."

EVANGELHO (João 2,1-11): - "Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição."



Homilia do Diácono José da Cruz — 2º Domingo do Tempo Comum - Bodas de Caná — ANO C

"Vinho Novo"

Não sei dizer a razão pela qual faltou o vinho nas Bodas de Cana, talvez a família não tivesse muitos recursos e fez uma festa bem modesta, só para os mais íntimos. Também pode ser que o Encarregado da cozinha, tenha errado no cálculo, ou então, porque havia um número excessivo de “penetras”. Só sei que os convidados das bodas de Canaã ficaram admirados com a qualidade e o sabor inigualável daquele vinho que serviram na última hora, quando muitos já estavam até embriagados. Os discípulos e os que serviam estavam de boca aberta, pois só eles sabiam que todo aquele vinho delicioso fora tirado de seis talhas de barro, cheias de água. Um prodígio promissor para Jesus iniciar seu ministério!

Em Israel muita gente andava descontente com a religião, porque transformaram o Deus da Aliança, tão rico em bondade e misericórdia, em um legislador implacável, alguém frio que passava os dias observando atentamente quem ousava desrespeitar a lei de Moisés. As pessoas iam ao templo ou nas sinagogas com o coração pesado, por medo do que pudesse acontecer, se deixassem de observar alguma das mais de seiscentas leis e prescrições da religião. Existiam para os faltosos a possibilidade de se livrarem da culpa, cumprindo os rituais de purificação feitos com água, mas que também era complicado pois naquele tempo não se tinha a facilidade da água encanada como hoje.

Às vezes a prática da religião se torna um peso quase insuportável, as vezes ao receber um sacramento, ou ao término de alguma celebração, há quem dê um suspiro de alívio “Arre ! já cumpri minha obrigação e estou livre!” para curtir o domingão. Certa ocasião depois da celebração de crisma, um adolescente em frente a igreja dava pulos e esmurrava o ar festejando quando alguém perguntou; “ feliz com a crisma recebida?” . ---Muito feliz --- desabafou o jovem – pois agora não preciso mais vir à igreja e estou livre!

Para ir a uma festa, um dia antes já estamos na expectativa, já para ir à igreja, chegamos na última hora e ás vezes, se a celebração se alongar um pouco, saímos antes da bênção final pois só temos paciência para agüentar a missa por uma hora. Precisamos rever o que está errado, nossas liturgias não podem resumir-se ao “oba-oba” mas temos que lhe dar vivacidade para que as pessoas saiam convencidas da graça de Deus e cheias de coragem para dar testemunho.

Não vale a pena praticar esse tipo de religião meramente cultual ! Nas bodas de canã Jesus, ao transformar a água da purificação em vinho da melhor qualidade, acabou com essa “chatice religiosa” mas muitos ainda hoje insistem em beber desse vinho azedo de uma religião angustiante, que bota freios no ser humano e coloca em seus olhos uma “viseira” para somente enxergar na direção que aponta os dirigentes “iluminados” sendo terminantemente proibido olhar em outra direção.

A verdadeira religião supõe liberdade e uma alegria incontida pelo fato de se tomar conhecimento de que Deus, apaixonado pelo homem, manifestou o seu amor no seu filho Jesus, que ao chegar a sua hora, a hora de mostrar a que veio, em um gesto de loucura aos olhos de muitos, derramou até a última gota do seu sangue na cruz do calvário, para que nós pudéssemos ser felizes e ter uma vida nova como homens livres.

É este o pensamento que deve nortear a nossa relação com Deus no âmbito da Igreja, uma alegria de saber que ele nos ama tanto, que ele só quer o nosso bem em seu sentido mais pleno, um amor que nos ama sem exigir nada, sem cara feia, sem mau humor, sem palavras amargas e sem nenhuma censura – Deus é amor infinito, bondade eterna e misericórdia para sempre! É essa, portanto, a novidade que Jesus traz ao mundo nas bodas de canã, ele é na verdade o noivo apaixonado pela noiva que é a Igreja, assembléia de todos os que crêem. Uma noiva não muito bela e nem sempre fiel, que às vezes se deixa seduzir por outros “amantes”

Entendida e aceita essa verdade, a Palavra de Deus celebrada e proclamada em nossas comunidades, é uma carta de amor que ouvimos com o coração aos pinotes, e a eucaristia se transforma em um jantar a luz de velas com Cristo Jesus, o amado de nossa vida , ao sabor do vinho novo da graça santificante que nos salva e liberta. Irradiar este amor a todos com o testemunho de vida, é a única forma de transformar a sociedade e não adianta se buscar outras alternativas, pois somente assim a glória de Cristo será manifestada semeando a fé no coração dos descrentes! (2º. Domingo do Tempo Comum João 2, 1-11)

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Costa — 2º Domingo do Tempo Comum - Bodas de Caná — ANO C

Eutrapelia

Eutrapelia! Que palavra é essa? Hoje em dia quase ninguém conhece a virtude da eutrapelia e por isso eu gostaria de apresentá-la. Apesar desse nome estranho que ela tem, não deveria ser uma virtude desconhecida para nós. Sem a eutrapelia, a pessoa correria o perigo ou de ficar sério demais ou de divertir-se exageradamente. Foram Aristóteles e Santo Tomás de Aquino (cf. Suma de Teologia, II-II, q. 149) que nos legaram essa palavrinha rara: a eutrapelia é aquela disposição interior (virtude) que põe o justo meio entre a relaxação e a seriedade excessivas em relação aos jogos e as diversões em geral.

É evidente que o ser humano não pode viver trabalhando sem parar, nem se divertindo sem cessar. O descanso sabático no Antigo Testamento e o dominical, no Novo Testamento, condiz totalmente com a natureza humana. Necessitamos descansar! Divertir-se é muito bom. Quem não gosta? A diversão revigora as nossas forças e quando é feita em companhia dos outros nos torna mais generosos e sociáveis. O cristianismo sempre valorizou o ócio santo, o descanso na presença de Deus, e proíbe aquelas atividades desnecessárias que nos distanciariam do gozo do domingo, do dia do Senhor. Efetivamente, um dos mandamentos da Igreja é “guardar domingos e festas”, que inclui participar da Missa todos os domingos e dias de preceito e descansar de acordo com as possibilidades de cada um.

Jesus, Maria e seus discípulos também participavam das festas de casamento; Jesus descansava na casa de Lázaro, Marta e Maria; em várias ocasiões, diante do esgotamento do trabalho apostólico, Jesus convidava os discípulos a descansar um pouco. E – não se escandalize! – quando faltou o vinho na festa de Caná, Jesus dedicou o seu primeiro milagre, pela intercessão de Nossa Senhora, a transformar aproximadamente 600 litros de água em 600 litros do melhor vinho (e era vinho com álcool, está claro!).

A Igreja Católica, seguindo os passos do seu Divino Mestre, sempre defendeu a bondade da criação. Lutou contra os gnósticos, os maniqueos e os cátaros de todos os tempos, que afirmavam que a matéria e as realidades provenientes da mesma foram criadas por um principio mau. A Igreja sempre afirmou a bondade do matrimônio, a licitude das festas sadias e nunca proibiu o uso de bebidas alcoólicas baseada em princípios doutrinais. A Igreja Católica é uma Igreja alegre, bem-humorada e que transmite o gozo de ser filho e filha de Deus em Cristo. A Igreja proíbe o pecado porque sabe que ele destrói o ser humano. Não proíbe o uso da matéria e das coisas materiais postas pelo Criador ao serviço da criatura. Depois que o Senhor Deus já havia criado quase tudo quis coroar a sua obra ao fazer o ser humano à sua imagem e semelhança para que este pudesse trabalhar, para que dominasse a criação, para que fosse fecundo em filhos, para que fosse feliz (cf. Gn 1,26-28). Tudo isso poderia escandalizar a algum católico cátaro ou algum evangélico albigense, e, no entanto, o Espírito Santo quis deixar testificado na Sagrada Escritura que toda a realidade material é boa e que somente quando a usamos fora do plano de Deus é que são ocasiões de pecado.

Para divertir-se segundo a vontade de Deus, o cristão necessita da virtude da eutrapelia, como dizíamos. Essa virtude está relacionada com as virtudes da modéstia e da temperança e ajuda a refrear os ímpetos da concupiscência – essa desordem que permanece em nós e que nos leva a ofender a Deus – e a buscar o fim para o qual fomos criados, que é Deus, enquanto nos divertimos. O homem que é um animal racional precisa governar-se pela reta razão. Divertir-se excessivamente mostra que a nossa sensibilidade não está subordinada à razão, daí a importância de “saber divertir-se”. O cristão olhará sempre para o exemplo de Cristo e dos seus seguidores, os santos, e se deixará conduzir pelo Espírito Santo a cada momento. São Paulo também se preocupou com as diversões dos cristãos de Éfeso e escreveu-lhes: “nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disto, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 4,4-5).

Para terminar, baste outra passagem muito conhecida onde o Espírito Santo nos diz através de Paulo: “alegrai-vos sempre no Senhor. Repito. Alegrai-vos!” (Fl 4,4).

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 17/10/2010


Comentário Exegético — 2º Domingo do Tempo Comum - Bodas de Caná — ANO C
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

Epístola - 1 Cor 12, 4-11

DIVERSIDADE DE DONS: Existem, pois, divergências [diairesis<1243>=disiones] de carismas [charismatön <5486> = gratiarum] , mas um mesmo Espírito [pneuma<4151>=Spiritus] (4). Dvisiones vero gratiarum sunt idem autem Spiritus.
DIVERGÊNCIAS: O Diairesis gregosignifica essencialmente divisão e daí distinção, diferença, distinção por diferente distribuição em várias pessoas. Sai unicamente nesta passagem, em três dos versículos com o significado de diversos ou vários, significando falta de igualdade ou desigualdade.
CARISMAS:
A palavra grega Charisma tem o significado de favor, presente, e, de modo especial bíblico, na economia divina da graça, é o perdão dos pecados e a salvação [geralmente chamado de charis (=gratia) pelo apóstolo]; um outro significado bíblico é o extraordinário poder de realizar obras supra-humanas sob o influxo do Espírito Santo, atuante modo divino, por meio do ministério de homens escolhidos livremente [é o que comummente chamamos de charisma =donum]. O Carisma entra dentro das chamadas gratiae gratis datae e não gratiae santificantes. Estas últimas são divinas na origem, mas humanas do ponto de vista de seus visíveis efeitos [modo humano]. As que denominamos verdadeiros carismas são de origem divina e de resultados divinos [modo divino], que Paulo chama manifestações do Espírito (1Cor 12, 7). Os autores cristãos posteriores falam também de dörëma <1434> que unicamente sai em Rm 5, 16 e Tg 1, 17 com o significado de presente [gift em inglês]. Com este mesmo significado de gift traduz a bíblia NASB a palavra charisma, que sai 17 vezes no NT das quais 16 em Paulo e uma em 1Pd 4, 10. Nem sempre carisma tem o significado de dom extraordinário, mas de um dom de Deus como em Rm 5,15: Todavia não é assim a ofensa como o dom [charisma=donum] pois pela ofensa de um só muitos morreram; muitos mais a graça [charis=gratia] de Deus e o dom [dorea=donum] da graça [charis=graça]. Entre colchetes temos as palavras em grego e latim para facilitar a exegese da passagem.Falando dos carismas [gratis datae] ou dons extraordinários, temos em Paulo, 2 listas diferentes: Rm 12, 6-8 [incompleta] e esta de 1 Cor 12, 4ss, em que trata de como devem ser usados esses dons, especialmente do chamado dom de línguas no capítulo 14. Estes dons, extraordinários em sua manifestação, foram prometidos por Jesus a sua Igreja (Mc 16, 17-18) e no livro dos Atos vemos cumprida essa promessa (At 2, 4;6.8;8,7 etc…). Dá a impressão de que os coríntios estavam orgulhosos desses dons e de modo especial da impropriamente chamada glossolalia, que, na realidade, devia ser xenoglossia, primeiramente observada no dia de Pentecostes, pelos diversos habitantes de Jerusalém (At 2,4). Acredita-se que xenoglosssia era o dom de falar uma língua desconhecida, mas real, que todo aquele que a falasse entendia. Assim, aconteceu com os partos, medos … que se admiravam como simples galileus falavam a língua em que os tais tinham nascido (At 2, 7-8). Já a glossolalia é um fenômeno, muitas vezes completamente humano, em que se emitem sons, sem que formem uma língua, devido em grande parte à emotividade da pessoa que as emite, chegando até o canto mais ou menos rítmico. Outro fenômeno, que em vida de certos santos foi possível comprovar, é que falando por exemplo em latim, eram compreendidos por seus ouvintes que nada ou pouco podiam entender da língua do Lácio, como dizem foi o caso de S. Bernardino, em Áustria. Nesta perícope, temos o genë glössön [=genera linguarum], traduzido por famílias  ou variedade de línguas, ou falar línguas, nas diversas bíblias vernáculas.
UM MESMO ESPÍRITO: PNEUMA
[=Spiritus] Pode ser um poder derivado de Deus como em Maria achou-se grávida por obra do Espírito Santo [ek pneumatos agiou=de spiritu sancto] (Mt 1, 18). Muitas vezes, tem o artigo que corresponde, não a uma ação, mas a uma pessoa, como a terceira pessoa da Sma. Trindade como é o Espírito, o divino, que Mateus chama de Espírito de Deus [to pneuma tou Theou=Spiritum Dei]. Claramente o podemos ver quando a blasfêmia contra o homem Jesus, é antagônicamente comparada com a lançada contra o Espírito Santo [ kata tou pneumatos tou agiou=contra Spiritum Sanctum]. Uma outra interpretação é o espírito humano, que comumente chamamos de alma, como em Mt 26, 41: o espírito esta pronto, mas a carne é fraca (Mt 26, 41). Pode ser um ser espiritual, desprovido de corpo, como um anjo ou diabo, como é o caso do espírito imundo [to akatharton pneuma = inmundus spiritus] que sai do homem para voltar com outros piores do que ele (Mt 12, 43). Para, finalmente, não falar do ar ou do alento do homem. Porém, neste versículo, devemos entender como sendo o poder de Deus que atua livremente para dar aos batizados, em seu nome, faculdades, tanto extraordinárias como comuns, para o bem e edificação da Igreja.

MINISTÉRIOS: Também há divergências de ministéirios [diakoniön<1248>=ministrationum], mas um mesmo Senhor [Kurios<2962>=Dominus] (5). Et divisiones ministrationum sunt idem autem Dominus. Em termos profanos, DIAKONIA era um serviço de um homem livre, não escravo, ao comando de um superior. Especialmente era o serviço da mesa como Marta em Lc 10, 40: que pode ser traduzido por serviço, ou ministério. Quando se trata de termos bíblicos, é o serviço devido a Deus, proclamando e promovendo a revelação, como era o ministério de profetas e apóstolos, evangelistas e presbíteros.
SENHOR: Kurios [escrito muitas vezes como Kyrios, devido à pronuncia ] é aquele a quem uma pessoa pertence, que tem o poder de decidir, de mandar; é o dono de uma coisa ou pessoa como era um escravo. No estado, é o soberano, o imperador. É o título dado a Deus; e finalmente, Kurios é a tradução da Setenta no VT, de Adonai, Eliah, Elohim, Jahve, ou Jah, todas estas vozes que eram usadas para Deus em hebraico. No NT, aparece 722 vezes e, delas, 25 nesta epístola aos de Corinto. Certamente, como no AT, Kurios é o título de Deus, mas de modo especial é o título de Cristo ressuscitado, que, nesta carta, Paulo chama de nosso Senhor [Kurios] Jesus Cristo (7 vezes); ou Senhor [Kurios] Jesus (2 vezes); ou simplesmente Senhor [Kurios] (13 vezes), inconfundível com o Pai; pois é quem deve vir a julgar, ou é o crucificado, e especialmente de quem Paulo e outros são ministros; e outras 3 vezes em que não é definido o Senhor. Pelo versículo 3,5 [Apolo e Paulo, servos (diakonoi)...conforme o Senhor concedeu a cada um] devemos pensar que esse Senhor/Kurios/Dominus deste versículo é Cristo.

ATIVIDADES: E também divergências de trabalhos [energëmatön<1755>=operationum] mas um só é o Deus, quem obra todas as coisas em todos (6). Et divisiones operationum sunt idem vero Deus qui operatur omnia in omnibus.
TRABALHOS: Energëma em grego é o efeito de uma operação, o resultado de um trabalho, que é traduzido por realização. Poderíamos traduzir por práticas ou realizações e que o latim resume como operações. Atividades é a tradução do inglês. Se o carisma é atribuído ao Espírito, o ministério ao Cristo, estes efeitos finais da atuação são produtos do Pai, de Deus [Theos] que é o modo de nomear a primeira pessoa da Trindade, que é a causa efetiva de tudo.

MANIFESTAÇÕES: A cada um, portanto, é dada a manifestação [fanerösis<5321>=manifestatio] do Espírito para o (comum) proveito (7). Unicuique autem datur manifestatio Spiritus ad utilitatem.
MANIFESTAÇÃO:Fanerösis
sai só duas vezes (1 Cor 12, 7 e 2Cor 4, 2); e podemos traduzir por uma visível atuação divina [do Espírito] clara, como era a palavra de Paulo em sua evangelização. Para isso era preciso um ato miraculoso ou extraordinário. Mas esse ato era para o bem comum. Cristo curou a muitos, mas não quis responder ao milagre que lhe pediam os seus inimigos: se és Filho de Deus, desce da cruz (Mt 27, 40). Assim são também os santos: para si a dor e a morte, para os outros o amor e a vida.

O PODER DA PALAVRA: A alguém, pois, através do Espírito é dada palavra de sabedoria [sofias <4678> =sapientiae], a outro, porém, palavra de conhecimento [gnöseös<1108>=scientiae] segundo o mesmo Espírito (8). Alii quidem per Spiritum datur sermo sapientiae alii autem sermo scientiae secundum eundem Spiritum.
O ESPÍRITO é o poder divino que se manifestava especialmente na palavra do profeta e no milagre do taumaturgo. Logicamente neste versículo, temos o poder da palavra que não aparece como revelação do futuro, mas como sabedoria e ciência. Que significa SOFIA [sapientia] em sentido bíblico? Em sentido clássico é um conhecimento amplo de diversas matérias e eventos. Especialmente esse conhecimento que dá a experiência dos acontecimentos, expressado em fórmulas breves, como máximas e provérbios. Em termos bíblicos, é o poder de interpretar sonhos e visões, como eram os sábios [chartumim, magoi, magi, wise men], que acompanhavam os tronos reais. Em hebraico é chokhmah ou chakam<02451> como vemos em Is 29, 14: a sabedoria de seus sábios [chakam] perecerá. Dentro destes sábios entram os astrólogos ou magos [hartom<02748>=magos/magus], dos quais é exemplo Mt 2,1 que narra o relato dos magos do oriente, provavelmente nabateus, das caravanas do deserto arábico. No NT temos Mt 11, 9: A sabedoria é justificada por suas obras. Ou por suas consequências. Paulo fala frequentemente da palavra de Sabedoria, que para ele é o evangelho de Jesus Cristo, completamente desconhecido dos sábios do mundo; pois, apesar dos gregos buscarem a sabedoria [a razão do mistério da vida e da existência do mundo] eles não a encontraram em Cristo que é a chave para entender a sabedoria infinita de Deus (1 Cor 1, 24 e 1, 30). Sabedoria, em termos bíblicos, era a ciência do bem e do mal (Gn 2,9) própria de Deus e que, em termos humanos, significa saber o que devemos fazer na prática para nossa felicidade. Alguns exegetas dizem que a ciência do bem e do mal representa a totalidade dos conhecimentos possíveis.
PALAVRA DE SABEDORIA:
É a disposição de falar sabiamente, como falava Jesus na sinagoga, de modo que os presentes diziam de onde lhe vem tudo isto? Como tem tal sabedoria? (Mc 6, 2) É a promessa que Jesus deu aos seus discípulos: quando os levarem às sinagogas ante os magistrados e autoridades não vos preocupeis com o que, ou sobre como haveis de falar, ou que haveis de dizer. O Espírito Santo vos ensinará, naquele momento, o que deveis dizer (Lc 12, 11-12). De fato, Estêvão confundiu seus adversários, como narram Atos 7; e Paulo fala de modo tão convincente, que o rei Agripa confessou: Pouco me falta para que, pelo teu arrazoado, para fazeres de mim um cristão (At 26, 28).
ENTENDIMENTO:
ou Gnösis, é o conhecimento em geral; No tempo de Paulo, ainda não existia a heresia que, no final do primeiro século e inícios do segundo, constituiu o gnosticismo, em cujos princípios está o de que a salvação depende do conhecimento [da gnösis] e  não é obra da graça e misericórdia divinas. Distingue-se da sofia em que a gnosis é o saber teórico e sofia é o saber prático, especialmente quando se trata dos últimos princípios ou razões básicas. Diríamos que sofia é a aplicação prática da gnösis. Das 28 vezes que encontramos a palavra gnosis no NT, na carta atual sai 9 vezes. Na primeira parte, a gnosis trata sobre os ídolos e o problema dos idolotitos [carnes anteriormente consagradas a um ídolo]. Na segunda parte, Paulo diz que ele tem o dom do conhecimento, indicando a explicação de pontos de moral difíceis, como dirá em 1 Cor 7, 12: aos outros digo eu, não o Senhor; e porque em virtude da missão que Deus me encomendou,vos digo a cada um de vós (Rm 12, 3).
PALAVRA DE CONHECIMENTO:
Era, pois, um dom como de mestre e guia dos espíritos em ordem ao bem dos ministrados, que estes aceitavam como palavra correta a seguir. Na realidade não sabemos certamente em que consistia esse dom de conhecimento e só através dos escritos podemos entrever uma solução, sem termos total certeza da mesma. Segundo alguns, Jesus usou desse dom quando pediu a Pedro que pescasse o peixe onde encontrar o didracma para pagar o tributo (Mt 17, 24-27). E Paulo o praticou, pedindo que lançassem o carregamento para salvar as vidas, na tempestade (At 27, 10). Umas vezes ouvimos como uma palavra de um simples cristão encerra uma verdade que os próprios entendidos não souberam descobrir. Um sacerdote contava como numa reunião alguém disse: Como um padre pode se declarar irmão de Jesus, se não aceita Maria como sua mãe? Do cardeaL Tomasino diziam os calvinistas : cavete Tomasinum, pois sua lógica era irrefutável.

FÉ E CURA: A outro, porém, fé [pistis<4102>=fides] no mesmo Espírito, a outro, pois, carismas de curas [iamatön<2386>=sanitatum] no mesmo Espírito (9). Alteri fides in eodem Spiritu alii gratia sanitatum in uno Spiritu.
FÉ: Pistis,
em grego, tem como significado primário fidelidade, exatamente como fides em latim não bíblico, em que encontramos fidem fallere [faltar à palavra]. É a tradução de emeth<571> ou emunah <530>pela Setenta, preferindo aletheia para emeth e pistis para emunah.Famosa é a passagem de Habacuc 2, 4: O que não é honesto sucumbirá; mas o justo viverá por sua fidelidade [emunah/pistis],  que no grego não é a fé ou fidelidade do justo mas de Deus (minha fidelidade=ek pisteös mou). Deste versículo fez Lutero seu princípio fundamental, traduzindo pessimamente: o justo vive só (?, por ele acrescentado) pela fé, do texto grego de Rm 1, 17,  que deve ser traduzido: A justiça  pois de Deus nEle se revela de fidelidade em fidelidade,como está escrito:pois um justo viverá por meio da fidelidade [de Deus]. Em Habacuc a Setenta traduz ek pisteös mou zësetai [da fidelidade de mim viverá] e Paulo ek pisteös zësetai da fidelidade viverá]. No NT, a fé é pistis e era precisamente a confiança na pessoa de Jesus como tendo o poder de curar, que o Mestre exigia dos doentes, para curá-los (Mt 8, 10 e 9, 2 como exemplos). Jesus repreende seus discípulos como homens de pouca fé, pois se tivessem uma fé como um grão de mostarda poderiam remover montanhas (Mt 17, 20). Será Paulo quem opõe a Torah [Lei antiga] a fé em Cristo, em suas epístolas e propõe, como resposta à misericórdia divina, a fé do batizado, e a chama de obediência da fé (Rm 1, 5) com a qual, além da fé, Paulo implica implicitamente obras, como Tiago em sua epístola diz que ao oferecer a seu filho Isaac sobre o altar cooperava com as obras, a fé e que esta se tornou perfeita pelas obras, cumprindo assim as escrituras que diziam: Abraão creu em Deus e isso lhe foi contado como justiça e foi chamado amigo de Deus. Vede, pois que o homem é justificado pelas obras e não só pela fé (Tg 2, 21-24). Como vemos, não existe contradição entre os dois apóstolos se traduzimos e interpretamos corretamente os textos de ambos. Mas qual é a fé deste versículo paulino? Evidentemente, não é á fé passiva de um doente que espera a cura, mas uma fé ativa que se traduz em obras. Exemplos temos na vida dos santos: realizaram obras consideradas como impossíveis, do ponto de vista humano, unicamente considerada a proteção divina. É a fé que Jesus encontrou deficiente em Pedro quando este começou a afundar pela fúria das ondas (Mt 14, 30-31). Um exemplo dessa fé é a Piccola Casa Della Divina Provvidenza  de Cottolengo. Vivendo apenas de esmolas, nessa casa vive-se pela fé, cumprindo a promessa de Jeremias: Eis que lhes trarei saúde e cura e os sararei e lhes revelarei abundância de paz e segurança (33, 6). Veremos isto no exemplo.

OUTROS DONS: Porém a um outro obras de milagres [dunameön<1411>=virtutum], a outro, pois, profecias [profëteia <4394.=prophetatio], a mais outro discernimento [diakriseis<1253>=discretio] de espíritos, a um outro famílias [genë<1085>=genera] de línguas [glössön<1100>=linguarum], a um outro interpretação [ermëneia<2058>=interpretatio] de línguas (10). Alii operatio virtutum alii prophetatio alii discretio spirituum alii genera linguarum alii interpretatio sermonum.
OBRAS DE MILAGRES:
Em grego dunamis (força ou poder), que o latim traduz literalmente por virtus [=força]. Obras do poder de Deuscomo autor principal, que têm como mediadores os seus santos. Atualmente não existe beato ou santo na igreja sem que seja antes firmada sua vida heróica pelo milagre, que o distingue como amigo de Deus.
PROFECIAS: é a voz de Deus numa circunstância especial, manifestando sua mensagem, que, nem sempre, é desvendar o futuro. Para isso, usa a voz de um de seus servidores. Exemplo: At 21, 10-11, quando Ágabo profetizou a prisão de Paulo em Jerusalém.
DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS:
Dentro das comunidades, havia diferentes palavras que eram pronunciadas como voz de Deus, mas podiam vir de outro espírito, aquele que Jesus dizia ser o pai da mentira (Jo 8, 44). Em At 16, 18 vemos uma jovem que tinha o espírito de adivinhação e que Paulo expulsou. Dentro da comunidade de Corinto, Paulo dá uma norma para distinguir o falso espírito: ninguém que fala pelo espírito de Deus afirma: Anátema Jesus. Por outro lado, ninguém pode dizer Senhor Jesus senão pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3). Paulo dirá que Satã pode se revestir como anjo de Luz (2 Cor 11, 14) e seus ministros em ministros de justiça. Hoje, será a voz da Igreja que nos guiará através dos bispos e do Papa; mas como saber qual a vontade de Deus em casos particulares e concretos? A voz dos superiores e dos diretores espirituais, que sejam mais sábios do que santos como dizia Tereza de Jesus. Santo Ignácio de  Loyola tinha como norma: os desejos divinos produzem dor no início, mas logo se transformam em paz. Os do inimigo são agradáveis no início e logo, produzem angústia e depressão. S João da Cruz afirmava: escolhe sempre o menos conforme com tua vontade. Estes eram grandes santos que indubitavelmente tinham o dom de discernimento de espíritos.
FAMÍLIAS DE LÍNGUAS:
Os de língua inglesa falam do dom de línguas como usado unicamente como prece em louvor de Deus e Paulo o descreve com alguns detalhes em 1 Cor 14,14-15. Nesse momento, o falante se deixa guiar pelos impulsos divinos, de modo que é o Espírito infuso que com sons ininteligíveis  (14, 2) fala por nós. Tanto é assim, que o falante em línguas nem a seu próprio entendimento edifica, porque não compreende o que diz, segundo Paulo. O apóstolo ordena que, se não existe um intérprete, não se fale em línguas, porque não edifica a comunidade. Não é um dom que indique o estado de graça de uma pessoa. A jumenta de Balaão falou e era um animal sem entendimento. No mundo atual, existem muitas simulações e imposturas e é difícil se subtrair a seus aliciadores, porque quem não fala em línguas é considerado como pobre de espírito e desprovido do mais elementar dom divino que a todos é concedido. É um assunto delicado e sem uma solução clara, pois a maioria dos que se dizem em línguas é um blá, blá, blá que não pertence a língua nenhuma e é só um balbucio sem sentido.
INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS: Só sai 2 vezes (1Cor 12, 10 e 14,26). É possível que nos primeiros tempos, a glossolalia fosse também, como no caso de Pentecostes, xenoglassia, ou seja, falar uma verdadeira língua estranha (caso de Cornélio de Atos 10). Somente quando estiver um intérprete é que o tal podia falar, segundo Paulo.

DONS GRATUITOS: Porém, todas estas coisas opera o único e o mesmo Espírito distribuindo os seus (dons) a cada um como lhe apraz (11). Haec autem omnia operatur unus atque idem Spiritus dividens singulis prout vult. Paulo termina este trecho, afirmando que tudo procede de uma única causa: o espírito, alento, sopro vital, faculdade, ou impulso que tem como causa o próprio Deus e a quem Paulo chama de Espírito. Estes dons são dados grátis e por isso, recebem o nome de gartiae gratis datae [gracias dadas de gracia]. Deus reparte e é Ele quem escolhe livremente.

Evangelho

AS BODAS DE CANÁ - (Jo 2, 1-11)

A cena evangélica é situada em Caná da Galileia no meio de uma boda. Mas os protagonistas não são os noivos senão Jesus e Maria, especialmente esta parece ser a dona do espetáculo. Daí que à parte o poder de Jesus interpretado em termos cristológicos como Salvador do momento, vejamos em aspectos mariológicos a súplica toda poderosa da intervenção de sua mãe, Maria. Ela adianta a hora de Jesus manifestando-se sensível às necessidades dos seus conhecidos e devotos. Maria é a onipotência suplicante enquanto Jesus é a onipotência por essência.

A BODA: Assim, no terceiro dia aconteceu uma boda [gamos<5154>nuptiae] em Caná da Galileia e estava a mãe de Jesus ali (1). Et die tertio nuptiae factae sunt in Cana Galilaeae et erat mater Iesu ibi

NO TERCEIRO DIA:Segundo a numeração, um tanto fictícia  de João, o evangelista, aconteceram três dias (?) memoráveis na vida de Jesus: O primeiro dia, Jesus encontra o Batista (Jo 1, 29). O segundo, Jesus encontra seus primeiros discípulos (Jo 1, 35). O terceiro dia, Jesus encontra Filipe a ponto de ir para a Galileia (Jo 1, 43). E agora o evangelista fala do terceiro dia que propriamente seria o quarto. Ele não enumera os dias como primeiro, segundo, terceiro, mas diz no dia seguinte, [tê epaurion<1887>] altera die. Sem dúvida que esse outro dia não era matematicamente o dia imediato, mas um outro dia ou um dia posterior, podendo haver um intervalo maior entre os dias que as 24 horas. Por que, pois, o evangelista está tão interessado em falar agora de no terceiro dia, que não admite outra interpretação a não ser a matemática? Pois porque o evangelista quis mostrar como a redenção era uma cópia da criação. Eis o comentário dos exegetas: in tertia die porque este era o terceiro dia em que Deus estabelecia uma união com os homens. Pois, no primeiro dia do homem, na manhã original da criação de Adão e Eva, Deus os abençoou e estabeleceu que eles deveriam crescer e multiplicar-se (Gn 2 ,28), a fim de que muitos participassem da vida e felicidade divinas. E esta foi, em certo sentido, a primeira aliança de Deus com o homem. Num segundo dia, Deus firmou aliança com Abraão (Gn 12, 2-3), prometendo-lhe uma grande descendência, assim como a sua bênção e proteção. Foi dessa aliança que nasceu o povo eleito, com o qual Deus firmou seu pacto no Sinai. Agora, in die tertia, Cristo instituía o sacramento do matrimônio, imagem de suas núpcias eternas com a santa Igreja. S. Tomás, comentando essa expressão – in die tertia – diz que o primeiro dia foi o da lei natural; o segundo foi o da lei de Moisés; e o terceiro foi o dia da graça. Caná significa zelo. E o nome Galileia tem raiz em Galut, que significa exílio. Porque a Sabedoria divina, exilando-se do céu encarnou-se em Cristo, para, ardendo em zelo, vir a esta nossa terra de exílio, a fim de salvar os homens. Uma outra interpretação é que o casamento se deu no terceiro dia da semana [tuesday em inglês e martes em espanhol], como vemos era costume entre os judeus. Não era um dia terceiro após os dois anteriores, mas o dia terceiro da semana.

OS NOIVOS: eram judeus, membros da Antiga Aliança. E suas núpcias se davam de acordo com a Lei de Moisés e os costumes da sinagoga. Eles representavam então as núpcias de Deus com a Sinagoga, que São Paulo comparou com as núpcias de Abraão com sua escrava Agar. E a de Jacó com Lia. Agar era a escrava e não a esposa legítima e primeira, e Lia tinha os olhos doentes e por isso não via bem. Assim a sinagoga foi a escrava e não a verdadeira esposa, e, quando chegou o Esposo, ela não o reconheceu, porque não viu nEle a realização das profecias. Ela foi cega ao meio dia, hora em que levantaram Cristo na cruz, no Calvário. Pois como o próprio Moisés profetizara, caso Israel fosse infiel: O Senhor te fira de loucura e de cegueira e de frenesi, de sorte que andes às apalpadelas ao meio dia como um cego costuma andar às apalpadelas  nas trevas, e não acertes os teus caminhos (Dt 28, 29). E Isaías confirmou isto ao profetizar: Tira para fora o povo cego, apesar de ter olhos, o povo surdo, apesar de ter ouvidos (Is 47, 8).

A BODA: a Mishná (tradição escrita que contém a norma autorizada e autoritária nas judiarias tanto de Israel como da diáspora ) no seu tratado de Ketubá(documento matrimonial), afirma que uma virgem deve se casar na quarta feira e uma viúva na quinta. Os judeus tinham em grande estima o matrimônio, sobretudo relacionado com a descendência. Rabi Eliezer dizia: Todo aquele que não pratica a procriação é semelhante àquele que derrama sangue. No comentário a Gn 1,18 Maimônides declara que a Torah condena o celibato. O varão pode contrair matrimônio após a cerimônia do bar Mitzvá [13 anos] e a mulher após a primeira menstruação entre os doze e doze anos e meio. Mas o homem é obrigado a contrair matrimônio desde a idade de dezoito até vinte anos; com exceção de quem tem que abandonar o estudo da Torah para procurar manutenção. Pois o homem deve primeiro preparar o lar, plantar uma vinha (estabelecer trabalho digno de sua manutenção) para depois contrair matrimônio. As meninas eram desposadas aos doze ou doze anos e meio, pois até essa idade o pai tinha domínio sobre suas filhas. Os homens casavam aos dezoito até os vinte e cinco anos. Pelo desposório a jovem passava do domínio do pai ao domínio do esposo. Uma mulher é adquirida por dinheiro, documento (ketubá) e coito. Geralmente entre o desposório e a boda transcorria um ano. Após o enfraquecimento da fé por causa dos casamentos mistos com mulheres idólatras (Ex 34, 15-16), Esdras mandou expulsar as mulheres estrangeiras (10,1-17). Portanto, os casamentos entre os judeus eram endogâmicos, e até dentro da mesma tribo, especialmente entre os sacerdotes e os descendentes de Davi. Para demostrá-lo, solicitava-se ao Chatán [noivo] e a Kalá [noiva] a apresentação do ketubá [documento do contrato  de seus pais]. Segundo a Mishná uma virgem devia casar na terça-quarta feira e uma viúva na Quarta/quinta. O costume foi iniciado, segundo tradição, por Ezra, descendente de Judá conforme Crônicas 4,17. A razão é que se a esposa não fosse virgem o assunto devia ser levado ao tribunal que se reunia nas segundas e quintas feiras. Depois se inventou uma razão simbólica afirmando que o terceiro dia da semana era o dia da criação no qual por duas vezes Deus usou o estava bem, tanto ao ver a separação do seco e do úmido, como ao ver o brote das árvores e sementes. Era, pois, um dia de sorte por ser abençoado duas vezes por Deus. Uma boda não devia celebrar-se em Shabat [sábado] ou durante as festas, incluídos os dias entre Páscoa e Sucoth [pentecostes] devido ao mandato de que os judeus não devem misturar uma alegria com outra. Os judeus sempre gostaram de festas e as bodas eram geralmente celebradas no fim do outono, após a colheita, meses de outubro-novembro. O casamento demorava até uma semana ou mais (Gn 29, 27; Jz 14,10.12.17;Tb 9, 12.10,1). Durante elas os parentes e amigos iam felicitar os esposos; nos banquetes podiam participar até os transeuntes. O vinho era considerado elemento indispensável às comidas e servia para criar um ambiente festivo. O vinho era para a festa como o sal é para a comida. As mulheres intervinham nas tarefas da casa; por isso Maria pode saber de que o vinho era escasso. As testemunhas, tanto da parte da noiva como do noivo, eram em grande número. Amigos do esposo, chama o evangelho a estes últimos. (Mt 9, 15). Dentre eles escolhia o noivo um paraninfo ou padrinho ( Jz 14, 20) que João chama de amigo do esposo (Jo 3,29).

A CERIMÔNIA: Antes do casamento havia o cortejo nupcial. A noiva saía de sua casa acompanhada das pessoas que formavam o seu grupo; O noivo vinha de outro lugar por ele escolhido. O destino era a casa do pai do noivo. Os dois grupos eram constituídos de amigos de cada um, que iam tocando instrumentos musicais, cantando e espalhando flores pelo caminho. Quase sempre eles cantavam as tradicionais músicas de casamento, das quais, às vezes, constavam versos de amor dos Cantares (Ct 3,6). É a esse cortejo que Jesus se refere na parábola das dez virgens (Mt 25, 1-13). A noiva era vestida com os melhores trajes e com as mais belas joias. Seu rosto estava coberto por um véu, que retirava quando os dois esposos estivessem a sós. Os convivas também luziam roupas festivas ou vestes nupciais (Mt 22, 11). A cerimônia propriamente dita era chamada de Hupah [=toldo] era o pálio nupcial que representava o próximo lar, e sob o qual se assentavam os dois novos esposos durante as bênçãos rituais. Não parece ter havido juiz ou rabi religioso no casamento (nessuin, era o nome para o casamento religioso) sendo que a cerimônia tinha como modelo a prática observada por Isaac e Rebeca (Gn cap 25). Por isso os casamentos não eram realizados na sinagoga, mas na casa do pai do noivo. Talvez recitavam-se as sete bênçãos que comparam o casamento com a dedicação entre Jahvé e seu povo de Israel, da qual o matrimônio era figura (Jr cap 3). Os votos e os compromissos tinham sido feitos anteriormente (Gn 24,67).

A CONSUMAÇÃO: Enquanto os amigos cantavam e se divertiam, os esposos entravam numa tenda ou quarto, previamente preparado para ser a câmara nupcial. No meio de instrumentos e cânticos o matrimônio era consumado e algum tempo depois o casal saia da câmara trazendo as provas de que a noiva virgem havia se unido ao esposo. Feito isso os recém-casados uniam-se ao resto dos convidados e as comemorações continuavam durante sete dias ou mais. Era num dos dias dessa festa que Jesus chegou a Caná como convidado.

A MÃE DE JESUS: Assistir a um banquete era considerado como um ato de beneficência e deferência por parte do convidado. Entre os convivas estava Maria, não citada pelo nome, mas como a Mãe de Jesus. Segundo alguns comentaristas Alfeu ou Cleofás cunhado de Maria por estar casado com a sua irmã (Jo 19, 25), tinha sua morada em Caná e era portanto uma boda familiar. Isso explicaria a intervenção e o protagonismo de Maria. Pois das três Canás que conhecemos, a da Galileia parece estar a 4 km de Nazaré.
NOTA: Atualmente celebra-se o matrimônio nessuim ou seja como rito religioso na sinagoga. Embaixo da Hupá [pálio nupcial] que seguram quatro jovens solteiros, colocam-se os noivos. O rabi abençoa um copo de vinho e dá de beber aos noivos. Estes utilizam o mesmo copo como símbolo da partilha a que se comprometem. Depois o noivo coloca um anel de ouro na mão da noiva, garantia de que irão conviver seguindo a Lei de Moisés. Segue-se a leitura da Ketubá, contrato matrimonial, que especifica as obrigações dos noivos e o dote da noiva. As sete bênçãos são, então, recitadas e, no fim, o noivo parte um copo com o pé, recordando a dolorosa destruição do Templo de Jerusalém. Seguem-se cânticos e música em redor dos noivos até que a alegria e a felicidade transpareçam no rosto de ambos. A festa continua com uma boda oferecida aos convidados.

JESUS CONVIDADO: Ora, foi chamado também Jesus e os seus discípulos ao casamento [gamon](2). vocatus est autem ibi et Iesus et discipuli eius ad nuptias. Jesus entrou como convidado e com ele seus novos cinco discípulos:  André, João, Simão, Filipe e Natanael, este último de Caná. O convite indica que existia algum parentesco entre Jesus e os noivos. Provavelmente, os esposos eram parentes de Maria e de Jesus. Na festa entrou Jesus com os novos discípulos em número de cinco. Entre os invitados não se cita S José, coisa que não é possível atribuir a um esquecimento do evangelista. Isto supõe que o santo Patriarca tinha já morrido. Para demonstrar a bondade de todos os estados da vida: Jesus se dignou nascer nas entranhas de Maria; recém-nascido, recebeu os louvores de Simeão e Ana e, invitado na sua idade madura, honrou com sua presença as bodas e com seu poder as abençoou. Esta presença de Jesus nas bodas de Caná, é um sinal de que Jesus abençoa o amor entre homem e mulher, carimbado no matrimônio como vínculo social. Deus, com efeito, instituiu o matrimônio no princípio da criação (Gn 1, 27-28), e o confirmou e elevou à dignidade de Sacramento (Mt 19, 6). S. Tomás diz que existe uma outra razão: para demonstrar que a matéria [o corpo e suas finalidades] é boa, ao contrário do que ensinam os hereges [gnósticos, maniqueus e cátaros]. Uma outra conclusão é a de que a atuação de Jesus nestas bodas é totalmente contrária ao teetotalismo [total absentismo de bebidas alcoólicas da letra T (t de total) em inglês]. Uma minoria de modernos leitores [os da Wicca, neopaganismo de Gerald Gardner (Wicca significa bruxo [Witch] em antigo saxon)] querem ver nestas bodas as do casamento de Jesus com Maria Madalena, porque o casamento era originalmente este, mas o evangelista o coloca em Caná e diz que Jesus era um invitado, para iludir, como igreja oficial, as negativas consequências.

O VINHO: E tendo faltado vinho, diz a mãe de Jesus a ele: Não tem vinho [oinou<3631>=vinum] (3). Et deficiente vino dicit mater Iesu ad eum vinum non habent.
O VINHO: era como o sal para a comida. Faltando o mesmo, o banquete de bodas não tinha razão de ser. Era o fim. Maria, como mulher, estava atenta às necessidades do banquete. Ela se deu conta do fato. Se como a tradição supõe, as bodas eram entre um filho(a) de Clopas, irmão de José, o esposo de Maria, o interesse desta última era evidente. Se Clopas e Cléofas são a mesma pessoa, este era o pai de Tiago o Menor (Jo 19, 25), pois Alfeu e Clopas dizem ser a mesma pessoa, já que João fala da mãe de Tiago como sendo mulher de Clopas. Alfeu é nome grego,  derivado do Chelef hebraico, em que ch se pronuncia como j espanhol ou como k. Alfeu significa mudança. Clopas é nome grego de Chelef como indica o dicionário Key Word. Já Cléopas  é abreviado de Cleopatros [pai ilustre]. Porém Clopas e Cléopas parecem ter a mesma raiz e se pronunciados por judeus em que as vogais não eram fixas, talvez tenhamos a solução. É a anotada por César Vidal no seu Dicionário de Jesus, e que implicitamente aponta a Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer. Geralmente o vinho era acumulado como presente dos convivas. Jesus e seus discípulos não o trouxeram e pode ser uma das razões de sua falta. Daí que Maria fizesse a petição. A falta poderia ser remediada com o aportamento de Jesus e dos discípulos, cujo presente estava em falta. Esperava Maria um milagre? Segundo a tradição, o Messias não era particularmente uma pessoa milagreira, embora para o povo existisse semelhante carisma (Jo 7,31). Não era visto assim o profeta que esperavam os judeus no tempo do Messias. Profeta semelhante a Moisés (Dt 18, 15). Seria semelhante a Elias ou o próprio Elias (Mt 16, 14). Maria sabia que seu filho era o Messias (Lc 1,32). A falta de vinho era total ou estava reduzido ao mínimo que com a ausência dos acompanhantes de Jesus poderia se prolongar um tempinho a mais? Porque a pergunta de Maria refletia uma circunstância semelhante à que Jesus fez em Marcos em 8,2 : não tem o que comer.

A MÃE DE JESUS: No quarto evangelho, a mãe de Jesus [é o título que dá o evangelista a Nossa Senhora] aparece somente duas vezes: uma, neste episódio, a outra, no Calvário (19, 25). Com isso, está insinuado a participação de Maria na Redenção. Entre os dois acontecimentos, Caná e Calvário, existem várias analogias. Situam-se uma no início e outra no final da vida pública, como para indicar que toda a obra de Jesus está acompanhada pela presença de Maria. Seu título de Mãe adquire ressonâncias especialíssimas: Maria atua como verdadeira mãe de Jesus nesses dois momentos nos quais o Senhor manifesta a sua divindade. Ao mesmo tempo, ambos os episódios, assinalam a solicitude de Maria como verdadeira mãe: no primeiro dos esposos, no segundo de Jesus. No primeiro intercede ao filho. No segundo oferece ao Pai a morte do Filho. E se torna mãe dos discípulos amados do Filho ao recebê-la estes como própria.

A RESPOSTA: Diz a ela Jesus: que há entre mim e ti, mulher? Ainda não está presente minha hora(4). Et dicit ei Iesus quid mihi et tibi est mulier nondum venit hora mea. QUE HÁ ENTRE MIM E TI(sic)? A frase, exatamente igual em dois lugares do grego dos setenta, tem dois sentidos: a) No caso de uma ofensa, o ofendido dirá: Que coisa eu fiz para me tratar dessa forma? Um exemplo os demônios tiëmin kai soi [que há entre nós e a ti] (Mc 1, 24). b) Resposta a um solicitante, quando o interrogado não quer se imiscuir no caso: Por que eu devo me incumbir de coisa que não me interessa? No caso de Eliseu ao rei de Israel, idólatra em 2 Rs 3, 13 o profeta rejeita a presença do rei de Israel, dizendo: “Que tenho eu a ver contigo, pois tu tens os profetas de teu pai e tua mãe. Se não fosse pela presença do rei de Judá, eu nem sequer olharia para ti”. Evidentemente é a segunda interpretação a própria deste trecho. Davi a Abisai que queria matar Semei que o amaldiçoava: Que tenho convosco filhos de Sárvia (2 Sm 16, 10). Em ambos os casos a frase indica uma oposição ou independência. Evidentemente esta última corresponde ao caso atual. Jesus afirma sua independência aqui, quando se trata de usar seus poderes especiais como Filho de Deus e não como filho de Maria. Esta não pode decidir quando e como ele deve agir. Os evangélicos usam esta passagem para traduzir: Mulher, que tenho eu que ver contigo? Que embora seja uma tradução lícita da frase, dá a impressão falsa de uma rejeição total da intervenção e da pessoa de Maria, que não está em conformidade com o contexto e a reação imediata de Maria e a subsequente conduta de Jesus. Parece que Jesus recusa o milagre, porque este não depende dele só, mas da vontade do Pai, como em Jo 12, 27 em que Jesus pede seja glorificada a pessoa do Pai. A intenção de Jesus era mostrar seus dotes de enviado em Jerusalém, como com SINAIS próprios de um profeta enviado por Deus (Jo 2, 23).

MULHER: A palavra MULHER (guinê) responde a Senhora em português. A palavra mulher significa uma pessoa do gênero feminino; a esposa de um homem; e, como vocativo, é usada 8 vezes nos evangelhos, desde Mateus 15, 28 em que Jesus se dirige a uma sírio-fenícia, Pedro se dirige à empregada que o delata em Lc 22, 27 e em João sai 5 vezes uma a Nossa Senhora que comentamos, outra à samaritana (4, 21) e duas a Madalena em 20, 13 e 20, 15. No Calvário, de novo, Jesus se dirige a sua mãe com o mesmo apelativo (19, 26). Nestes casos podemos dizer que no português usaríamos Senhora. É a palavra que Jesus usa ao se dirigir a sua mãe na cruz (Jo 19, 26). Não há nada de desprezo. É uma simples saudação amigável. Somente temos um vocativo diferente em Mateus 9, 22 quando Jesus se dirige à hemorroíssa chamando-a filha (thigater), o que não era possível ao se dirigir à sua mãe.

NÃO CHEGOU MINHA HORA: A Hora de Jesus é o tempo de sua manifestação como Messias ( Jo 7, 6), tanto como o de sua paixão (Jo 8, 20) ou de sua glorificação pelo Pai (Jo 12,23). Especialmente em Jo 7,6 são seus parentes os que pedem uma manifestação do poder de Jesus. E é agora que sua mãe pede também essa manifestação. Um ato de poder especial, um milagre. O que é confirmado pela escusa de Jesus. Sendo, porém a sua resposta uma negativa, Maria sabe que essa negativa não pode ser absoluta; e por isso deixa nas mãos do Filho a solução do problema. Ela pede para atuar e não admite recusa alguma: Fazei o que ele vos disser. Temos um outro caso da insistência de outra mulher ante a negativa de Jesus. É a sirio-fenícia de Mt 15, 27. Elas sabem que a rejeição inicial pode ser vencida pela insistência feminina, tal e qual vemos na parábola do juiz imoral (Lc 18, 1-5). Um comentário católico afirma que a Virgem Santíssima é tão poderosa em sua intercessão que Deus atenderá todas as petições por mediação de Maria. Por isso, a piedade cristã, com precisão teológica, tem chamado Nossa senhora ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE (Grignon de Monfort). À parte estes comentários, podemos muito bem afirmar que a intervenção de Maria foi, neste caso, fundamental para a realização de uma atuação imediata e até sobrenatural de seu Filho. A mãe ordena e o Filho obedece. Essa é a conclusão exata do episódio de Caná.

REAÇÃO DE MARIA: Diz a mãe dEle aos servidores: o que vos disser fazei (5). Dicit mater eius ministris quodcumque dixerit vobis facite.Amãe de Jesus, como boa mãe, conhece perfeitamente o valor da resposta de seu Filho que para nós resulta ambígua, e não duvida de sua obediência [era-lhes submisso de Lc 2, 51] que ela conservava bem na sua memória (Lc idem). Por isso, não duvida em responder com um mandato explícito aos servidores e implícito a seu Filho. Descartada a ideia de que Jesus interviria com um fato extraordinário, Maria conhece o seu Filho e pensa que ele teria uma solução de um jeito ou de outro, ela não sabe como, e por isso pede aos serventes que obedeçam o que lhes ordenar seu Filho, fosse qual fosse a ordem dada. Como diz S. Tomás podemos considerar as palavras de Nossa Senhora como um convite permanente para cada um de nós. É o sentido espiritual ou plenior. O mandato de Maria serve para todos nós como via perfeita da santidade cristã: obedecer Cristo em tudo que Ele mandar.

AS TALHAS: Estavam, porém, ali seis talhas [udriai<5201>=hydriae] de pedra [lythinai <3035> =lapidae] em ordem depositadas [keimenai<2749>= positae] segundo a purificação dos judeus contendo cada, duas ou três metretas [metrëtas<3355>=metretas] (6). Erant autem ibi lapideae hydriae sex positae secundum purificationem Iudaeorum capientes singulae metretas binas vel ternas. Eram seis talhas de pedra para a purificação. As de barro cozido ou cerâmica, deviam ser quebradas caso entrasse nelas alguma impureza (Lv 11, 33). As de pedra, especialmente nomeadas por Moisés na transformação de água em sangue (o que seria impureza, Êx 7,19), não se tornavam impuras e eram as mais apropriadas para a purificação das mãos, segundo a Mishná. A metreta correspondia aproximadamente a 36 litros. Seu nome grego, que também significa “medidor“, deriva-se do verbo metreö, metreo, “medir”, “contar”, calcular”.  Na Septuaginta é a tradução do bato (bath) hebraico. Naquelas bodas, haviam seis talhas de pedra (lithinai udriai) de duas ou três metretas. A primeira menção desta medida é em Daniel 14, 3 quando os babilônios ofereciam 6 metretas diárias ao seu ídolo Bel, que as consumia, junto com um grande número de outras viandas. Tendo o quarto evangelista um alto sentido simbólico, talvez por isso destaca o número seis, das metretas. No AT eram dedicadas ao ídolo Bel, mas serviam de bebida para seus sacerdotes e mulheres. No NT as metretas servem para alegrar umas bodas em que o Filho do verdadeiro Deus está presente e demonstra sua verdadeira personalidade. A capacidade total seria aproximadamente de 500 a 700 litros. João destaca com esse número extraordinário a abundância do dom, pois um dos sinais messiânicos era a abundância de dons, segundo a profecia: o mesmo Javé dará a felicidade e a terra dará seus frutos (Sl 54, 13). As eiras estarão cheias de trigo, as tinas trasbordarão de mosto e de azeite puro (Jl 2, 24). Essa abundância de bens materiais era um símbolo dos bens sobrenaturais que Cristo alcançaria com sua redenção; por isso, João destaca as palavra de Jesus: Vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10, 10). O número e a capacidade das mesmas indica também que a família não era totalmente pobre, mas, pelo contrário, de classe abastada por não dizer rica.

DEPOSITADAS: É a melhor tradução do grego Keimenai [positae latino]; é a mesma palavra usada para narrar a posição dos panos após a ressurreição. Quando se referia às coisas materiais significava arrumadas, arranjadas em certa ordem. 

PURIFICAÇÃO: Os judeus eram muito estritos com seus ritos de purificação. Lavavam as mãos antes de cada comida e entre cada prato. Primeiro levantavam as mãos e jogavam água de modo que esta corresse até os punhos; Logo, abaixando as mãos de novo jogavam água desde os punhos até a ponta dos dedos. Se alguém não seguia este procedimento se considerava que comia com mãos impuras ( Mt 15, 2 e 20). A purificação dominava a Lei. A sua necessidade contínua procede da consciência de impureza, de indignidade, criada pela mesma Lei. Nestas purificações externas estava baseada toda a ética do AT.

A ORDEM: Diz-lhes Jesus: Enchei as talhas de água. E as encheram até o topo (7).Então lhes diz: Sacai agora e levai ao arquitriclino [architriklinö<755>=architriclino]. E levaram (8). dicit eis Iesus implete hydrias aqua et impleverunt eas usque ad summum.  Et dicit eis Iesus haurite nunc et ferte architriclino et tulerunt. Para não haver dúvidas, sobre o resultado e o líquido que estava nas ânforas, Jesus manda que sejam enchidas até o bocal das mesmas. Todos podiam ver que era água o líquido que as transbordava.

O MESTRE-SALA: O texto grego emprega uma palavra (arkhitriklinos, =presidente da mesa do banquete), que significa o escravo encarregado de organizar um banquete. Daí a tradução de mestre-sala ou mordomo. Este não era um mero diretor da ordem e distribuição dos pratos ou viandas a serem servidos, mas também uma espécie de ministro sacro, pois os judeus tinham prescritas seis ou sete bênçãos sobre os alimentos e especialmente uma da copa de vinho a ser servida em primeiro lugar antes que o resto dos comensais o provassem. Feita a bênção, o mestre-sala comprovou que o vinho novo era de superior qualidade. Isso indica que a cor do mesmo era possivelmente branca, porque os serventes pensavam ser água o que serviam ao chefe de cerimônias, e que no instante de despejar o líquido na copa do mestre-sala, é quando apareceu a transformação efetuada. Logicamente seriam os serventes os que notificariam a todos o que realmente tinha acontecido. Cada ânfora tinha uma capacidade um pouco menor de 100 litros. O vinho tinha cor branca ou era tinto? Não sabemos. Mas quem deu a última palavra foi o mestre-sala: Era o melhor vinho que ele tinha experimentado na festa.

A TRANSFORMAÇÃO: Como degustasse o arquitriclino a água feita vinho, e como não tinha conhecido de onde é – porém os serventes tinham conhecimento, os que tinham sacado a água – o arquiticlino chama o esposo(9), e diz-lhe: Todo homem primeiro põe o bom vinho e quando estão embriagados então servem o pior; tu tens reservado o bom vinho até agora(10). Ut autem gustavit architriclinus aquam vinum factam et non sciebat unde esset ministri autem sciebant qui haurierant aquam vocat sponsum architriclinus, Et dicit ei omnis homo primum bonum vinum ponit et cum inebriati fuerint tunc id quod deterius est tu servasti bonum vinum usque adhuc. O parêntese sobre os serventes indica que não houve mágica nem truco algum, pois os serventes sabiam bem qual era a procedência do vinho. Jesus não fez nada e tudo foi feito sob suas ordens pelos serventes que eram as melhores testemunhas. Até que o arquitriclino degustasse, ninguém sabia o que era o que estava sendo servido. A surpresa do mordomo foi também a surpresa dos serventes. E foi tal o gosto do vinho que o mordomo viu-se obrigado a repreender o noivo, que também nada sabia da questão. Como no caso do cego de nascença, João não deixa resquício a qualquer dúvida possível e apresenta o milagre com todos os requisitos para deixar claro que não houve artimanha ou ardil nessa matéria. Este, como o milagre da multiplicação,  é uma garantia de que as palavras da Eucaristia são de verdade uma transformação real e não simbólica.

COMENTÁRIO: Este, o princípio dos sinais [sëmeiön<4592>=signorum], Jesus fez em Caná da Galileia e manifestou sua glória e creram nele os seus discípulos(11). Hoc fecit initium signorum Iesus in Cana Galilaeae et manifestavit gloriam suam et crediderunt in eum discipuli eius.

SINAL: Para João, o milagre mais do que um fato sobrenatural é um sinal de que o poder de Jesus é um poder divino e, portanto que obrando dessa forma está mostrando sua glória, isto é, seu divino poder. Daí que logicamente os discípulos vissem Jesus como alguém unido intimamente à divindade. Um enviado de Deus. E isso significa fé na sua obra e na sua palavra. Jesus manifestou sua glória [doxa=majestade própria da divindade], mostrando seu poder maravilhoso que demonstrava sua missão como tendo origem divina. Por isso os discípulos, cinco deles, creram nele como representante da autoridade de Deus na terra.

PISTAS:

1) Jesus garante com sua presença não só o matrimônio (detestado pelos encratistas). Esta heresia acentua o pessimismo quanto à queda do homem, despreza a matéria, tem o matrimônio como fornicação e prega a abstinência da carne e do vinho. Seu rigorismo na observância desta abstinência levou-a a substituir o vinho pela água na celebração da eucaristia. Esse costume levou seus seguidores a receberem o apelido de aquáticos. Mas também a alegre festa que o culmina (contra os ebionitas antigos e muitos evangélicos modernos). Os ebionitas de ebion pobre, eram os primeiros hereges que afirmavam que Jesus não derrogou o AT e, portanto todas as normas dadas por Moisés e a tradição eram obrigatórias.  As festas, especialmente as familiares e comemorativas, são como a delícia e o sabor da comida e da bebida, coisas que Deus quer e aprova, mesmo sabendo que pode existir uma certa falta de temperança por parte dos comensais.

2) O vinho, tão difamado por certas seitas modernas que se dizem cristãs, aqui serve como critério último de uma transformação, pois é a causa final, a mais importante dentro do plano de realização de um projeto. O vinho que significava alegria e convivência, se transformará em matéria escolhida, na qual a vida de Cristo dar-se-nos-á como bebida para alimento e união com o Senhor.

3) A intercessão de Maria: ela sabe que seu Filho pode transformar uma situação de vergonha e desespero em estado de alegria e paz. Ela é a intercessora por excelência. Sua súplica é de um poder inigualável, pois mais do que um apelo, é um mandato à misericórdia de Jesus, o Filho. Esta solicitação está sempre presente diante das dificuldades humanas. Constitui um confronto, aparentemente estranho à vontade de seu Filho, porque reflete a vontade maternal de uma mãe com dois filhos entre si opostos. Ela escolhe o mais débil para, como diz um comentarista, ser a mulher humilde que sentiu no seu ombro a mão de Deus, Senhor do impossível.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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13.01.2019
Solenidade do Batismo de Jesus — ANO C
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA FESTA)
__ "Um novo relacionamento entre o céu e a terra: Este é meu Filho Amado!" __

EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE

APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
APRESENTAÇÃO POWERPOINT

Clique aqui para ver ou baixar o PPS.

(antes de clicar - desligue o som desta página clicando no player acima do menu à direita)

Ambientação:

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

Maria visita IsabelINTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Batismo de Jesus marca o início de sua vida pública, de sua missão redentora no mundo. Também o batismo marca a entrada na comunidade cristã e o início de nossa colaboração com Cristo. Celebremos, alegremente, renovando nossa adesão à Jesus, cientes de que somos corresponsáveis pela salvação de toda a humanidade.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, a festa de hoje encerra o sagrado tempo do Natal: o Pai apresenta, manifesta a Israel o Salvador que ele nos deu, o Menino que nasceu para nós. Jesus, o Filho Amado do Pai é também o Servo anunciado por Isaías que deverá cumprir sua missão de modo humilde e doloroso. Hoje, às margens do Jordão, Ele foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, que Israel esperava. Agora, ele começará publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus e nós, seus discípulos e discípulas, batizados, caminharemos na estrada de Jesus. Recordando hoje o Batismo do Senhor, demos graças pelo dia do nosso Santo Batismo e reavivemos a nossa consagração a serviço da Igreja e do Evangelho.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus ao ser batizado por João Batista mostra a sua humildade e total entrega à sua ação missionária. Ungido pelo Espírito Santo, no momento do Batismo, sua origem é revelada por Deus Pai que surge e declara "Este é o meu Filho Amado!". Às margens do Rio Jordão, João Batista prega a conversão dos pecadores como meio para se receber o reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser batizado. Para os judeus, o batismo era um rito penitencial; por isso, aproximavam-se dele confessando seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é só um batismo de penitência; a manifestação do Pai e do Espírito Santo dão-lhe um significado preciso: Jesus é proclamado "filho bem-amado" e sobre ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta - anúncio da mensagem da salvação, sacerdote - o único sacrifício agradável ao Pai; Rei - Messias esperado como Salvador.

Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!


(coloque o cursor sobre os textos em azul abaixo para ler o trecho da Bíblia)


PRIMEIRA LEITURA (Isaías 42,1-4.6-7): - "Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião."

SALMO RESPONSORIAL 28/29: - "Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!"

SEGUNDA LEITURA (Atos 10,34-38): - "Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele."

EVANGELHO (Lucas 3,15-16.21-22): - "Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição."



Homilia do Diácono José da Cruz — Solenidade da Epifania de Jesus — ANO C

"No Amado do Pai, somos todos Filhos"

Uma das maiores aventuras da minha adolescência foi ir a pé até a “Light”, como chamávamos a Usina Itupararanga, com um grupo de amigos, fazer uma pescaria de três dias. Planejamos tudo, a barraca, recipientes com água, as varas de pesca, facões e canivetes, roupas e calçados leves, bonés e óculos escuros para proteger o rosto do sol, e até uma caixinha de primeiros socorros, nossa turma andava encantada com o escotismo e queríamos imitar os escoteiros nessa aventura.

Pensamos em cada detalhe e bem de madrugada, antes de iniciarmos a caminhada, o mais velho da turma, a quem delegamos o papel de “Comandante”, após conferir todo o material, e revistar nossas roupas e calçados, disse solenemente: “Vocês estão prontos, podemos partir!”. Não o escolhemos como nosso chefe por acaso, ele conhecia bem o percurso e estava “calejado” para enfrentar a árdua jornada, ajudando-nos a enfrentar os desafios que viriam...

Estar pronto – significa estar preparado para tudo, mas principalmente ter muita coragem para o confronto, não se vai a uma batalha ou a uma aventura arriscada, sem um preparo, sem um treino ou exercício, se não houver da parte do enviado, a determinação, a força ferrenha de vontade, o objetivo poderá não ser alcançado e a desistência dominará aquele que está em missão. No caso do cristão, estar preparado para o confronto é estar ungido e apossar-se da força de Deus, presente na vida daquele que crê, esta unção nós a recebemos no Santo Batismo.

O Homem, feito a imagem e semelhança de Deus, é chamado a viver a vocação plena do amor, para atingir o auge da sua existência, superando seus limites. Deus o fez para grandes conquistas e o revestiu com a sua força. Jesus Cristo é o primogênito das criaturas, ao encarnar-se em nosso meio, ele aceitou o desafio de ir à frente da humanidade para mostrar o caminho, nesse itinerário cheio de desafios como a trilha de Indiana Jones, que requer do aventureiro muita habilidade, prontidão e persistência.

No evangelho desse Domingo do Batismo do Senhor, Lucas apresenta-nos o Filho Amado do Pai, Aquele com quem o Pai se alegra, aquele que está pronto para o confronto definitivo com as forças do mal. O Antigo Testamento é todo esse longo tempo de preparação, de exercício e treinamento, o homem é estimulado e encorajado por Deus para o combate e a vitória, Deus lhes empresta sua coragem e sua força, presente no seu espírito, que se apodera daqueles que ele chama, profetas e reis, juízes, nenhum deles agiu sozinho mas deixaram-se conduzir pelo Espírito de Deus.

Mas é em Jesus de Nazaré que todas as promessas serão cumpridas, é ele o verdadeiro ungido do Senhor, o Servo escolhido, o predileto e amado, aquele que não sucumbirá diante do mal, mas será persistente e fiel até que todo mal seja aniquilado e o Reino impere por todo sempre. É este homem forte, perfeito e santo, preparado para a missão, sem tremer ou vacilar, é o Jesus que emerge das águas após receber a força do Espírito Santo e ouvir a voz do Pai que o confirma – “Tu és o meu filho amado, em ti ponho o meu bem querer”.

Ele é mais forte do que João e todos os profetas que o anunciaram, ele é mais Poderoso que todos os reis que governaram o Povo de Israel, simplesmente não porque fala em nome de Deus, mas porque é o próprio Deus, que em Jesus vem dar a cada homem o seu espírito de força, coragem, determinação, empenho, ou seja, ele restituiu a cada homem aquilo que Adão havia perdido, resgatando a humanidade do fracasso, direcionando para a vitória, mudando o rumo da trajetória humana, e tudo começa no dia do nosso Batismo...

O Batismo penitencial de João era apenas um sinal exterior, que mostrava a vontade e o desejo que o homem tinha, de mudar de vida, o Batismo de Jesus, é o momento em que Deus se abre para esse homem que demonstra ter consciência do seu erro e fracasso, Deus se inclina para ouvir este homem que agora quer vencer, e ao chamar a Jesus de Filho amado, Deus esta dizendo a todo homem, que ele aprova essa decisão tomada, e que mais do que isso, ele colocará nas entranhas do homem o poder do seu Espírito, a força poderosa que conduzirá o homem á vitória.

Mas o Batismo de Jesus, além de tudo isso, tem um significado ainda mais profundo, ele caminha à frente de todos os batizados, e como aquele companheiro mais velho do meu grupo de adolescentes, Ele afirma com muita propriedade, que agora o homem está realmente preparado para o confronto, pois ao ser ungido, ele também nos ungiu e nos capacitou, dando-nos todos os dons necessários para atingirmos nosso objetivo que é alcançar a vida plena, pois, embora por adoção, nós também somos em Cristo, os Filhos e Filhas amados, com quem Deus se alegra, e o Batismo é o dia em que Deus, oficialmente reconhece cada homem como seu Filho.... ( BATISMO DO SENHOR – Lucas 3,15-16.21-22 )

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  jotacruz3051@gmail.com


Homilia do Padre Françoá Costa — Solenidade da Epifania de Jesus — ANO C

Uma aventura divina

Há tempo comentou-se que “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien, é a melhor literatura inglesa do século XX. Entre nós, na minha lista de boa literatura é também uma das obras que ocupa um lugar privilegiado. O livro, como se sabe, está publicado em três partes, cada uma delas bem voluminosas e tituladas, respectivamente, “a comunidade do anel”, “as duas torres” e “o retorno do rei”. Frodo tem como missão destruir o anel do poderoso senhor da escuridão que mora na terra de Mordor. No livro fica bem claro que Frodo, ainda que seja o escolhido para essa missão, não está obrigado; ele é livre para realizá-la ou não. A resposta do personagem citado é positiva, ainda que sofra muito, deixe a comodidade da sua terra e parta com poucas coisas. Mas a sua missão salvará o seu povoado, Bolsão, cujos habitantes nem sempre são simpáticos. Muitos deles desconhecerão por completo as façanhas do pequeno hobbit.

Antes de sair do seu povoado, Frodo diz: “tenho que sair de Bolsão, abandonar a comarca, deixar tudo e ir… Eu gostaria de salvar a minha comarca se pudesse, ainda que alguma vez eu chegasse a pensar que os habitantes eram tão estúpidos que um terremoto ou uma invasão de dragões poderia acabar com todos, e seria um bem para eles. Mas agora eu não sinto a mesma coisa. Ao contrario, sinto que enquanto a comarca esteja a salvo, em paz e tranquila, as minhas peregrinações far-se-ão mais suportáveis. Saberei que nalguma parte há algo firme, ainda que eu nunca volte a pisá-lo”.

Mas, o que tem a ver tudo isso com o Batismo do Senhor? Em principio, nada. No entanto, depois de escutar as palavras de Jesus a João e que dizem que “convém que cumpramos a justiça completa” (Mt 3,15), a historinha anterior começa a ser iluminada. A justiça, na Sagrada Escritura, é o cumprimento dos desígnios de Deus em Jesus Cristo. O plano de Deus para o mundo, para a humanidade e para cada ser humano em particular é um plano salvador. É impressionante: ainda que o mundo se posicione contra Deus, que a história mostre e demonstre que os homens desprezaram os planos de Deus e que nós pirracemos o Senhor e não o queiramos, Ele não responde aniquilando-nos, mas amando-nos, buscando-nos e dando-nos o valioso e incalculável presente da salvação, que é a nossa santificação total. O batismo de Jesus foi útil para nós: Jesus nos estava salvado enquanto era batizado. O batismo do Senhor foi uma poderosa epifania, manifestação, do Filho de Deus e o começo da sua vida pública.

E o que tem a ver tudo isso com Frodo e “O Senhor dos anéis”? É simples! Frodo tinha uma missão a cumprir em favor de um povo que ele mesmo julgava que nem sempre era grato e simpático. Deus também. E nós também. Não obstante, eu não estou comparando Frodo com Jesus, mas conosco, com cada um de nós. Nós recebemos a missão e às vezes nos parece tão pesada que por um momento poderíamos pensar que é mais fácil que venha um terremoto ou alguns dragões para acabar com tudo. Não nos assustemos, há precedentes. Também os filhos do trovão disseram um dia ao Senhor em contra dum povoado de samaritanos: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?” (Lc 9,54). Logicamente, Jesus os colocou no seu lugar e proclamou a salvação que ele veio trazer à terra.

A missão tem as suas dificuldades, incompreensões e ingratidões. Contudo, é tão belo que nós descobrimos a cada momento que vale a pena lutar para destruir o poder da escuridão com a luz de Cristo que nós irradiamos. Para isso, vamos pedir que sobre nós, mais uma vez, desça o Espírito Santo e que evangelizemos no poder do Espírito. No dia de hoje, recordemos também o nosso batismo, demos graças a Deus por essa santificação poderosíssima que aconteceu no nosso ser: que cada dia haja uma nova infusão do Espírito Santo em nossa alma. No dia de hoje, saibamos apreciar a beleza da vida em graça e odiemos cada vez mais o pecado, amando com o amor de Cristo a todas as pessoas, por mais pecadoras que pareçam. Olhemos para nós mesmos e supliquemos a misericórdia de Deus porque nem sempre soubemos corresponder a graça do batismo, nem sempre fomos consequentes com a nossa vocação à santidade e ao apostolado que deriva do Batismo e nem sempre fomos fiéis à missão.

A justiça tem que ser cumprida, ou seja, todos podem ser salvos. Vale a pena arriscar tudo nessa aventura salvífica e emocionante.

Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa - 06/01/2013


Comentário Exegético — O Batismo de Jesus — ANO C
(Extraído do site Presbíteros - Elaborado pelo Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

O BATISMO DO SENHOR

EPÍSTOLA: AT (Lc 3, 15-16.21-22)

INTRODUÇÃO: O testemunho de João, o Batista, é duplo: Primeiro ele afirma o que não é para depois apontar que é a voz que prepara o que realmente importa e que deve iniciar o tempo futuro,o tempo do Senhor. Porém temos além do testemunho humano de João o testemunho do próprio Deus. A voz veio após a abertura do céu e em forma corporal, o Espírito posou sobre Jesus que recebeu o batismo de João. A voz de João era de preparação e conversão. A voz do Espírito de Deus e sua presença foi um consequência dessa preparação e dessa humilde confissão. Também em nós é necessária essa conversão que o evangelho chama metanoia para que o Espírito habite dentro de nós.

NEGATIVA DE JOÁO: Estando, pois, em expectativa [prosdoköntos<4328>=existimante] a multidão, e meditando [dialogizomenön<1260>=cogitantibus] todos em seus corações sobre o João, se não era ele o Cristo (15), respondeu o João a todos dizendo: Eu certamente vos batizo [baptizö<907>=baptizo] em água; vem, porém, o mais forte [ischuroteris<2478>=fortior]do que eu do qual não sou digno de desatar [lusai<3089>=solvere] a correia [imanta<2438>=corrigia] das sandálias. Ele vos batizará em espírito sagrado [agiö<40>=sancto] e em fogo (16). Existimante autem populo et cogitantibus omnibus in cordibus suis de Iohanne ne forte ipse esset Christus. Respondit Iohannes dicens omnibus ego quidem aqua baptizo vos venit autem fortior me cuius non sum dignus solvere corrigiam calciamentorum eius ipse vos baptizabit in Spiritu Sancto et igni. EM EXPECTATIVA: A frase grega é um particípio de presente do verbo Prosdokaö como significado de estar a espera de, ou na expectativa. Eram os tempos em que Israel esperava o Rei-Messias como Salvador. Lucas usa um termo geral, falando das suposições e rumores da época. João, testemunha dos fatos e que foi discípulo do Batista, concretiza mais a pergunta e por ele, sabemos que a pergunta foi feita de modo formal por sacerdotes e levitas, especialistas em questões de purificação ritual, da classe dos fariseus ( 1, 19-25). Tenhamos em conta que João, o Batista, era filho de um sacerdote e que os levitas eram geralmente os guardas do templo. A pergunta era dupla: Quem és tu? E qual o teu direito para batizar? A reposta de João indica que os judeus, na época, esperavam três eventos em particular: um ou vários Messias, Elias de volta, e um profeta.

PRIMEIRA OPÇÃO: O Messias era o título de um rei davídico esperado na época. Elias porque também era esperado como precursor. Finalmente o profeta, pois era voz comum que com o Messias proposto por Malaquias em 3, 1 e 23, viria Elias, o profeta: Os envio o meu mensageiro(…) e vos enviarei Elias, o profeta, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor. Do texto, podemos deduzir que a vinda do Messias (o mensageiro) era um ato de juízo divino, pois o dia do Senhor é como anteriormente demonstramos (ver comentário 1o Domingo do Advento no Dia do Senhor) um dia terrível. Isso mesmo afirmará o Batista ao afirmar quem vos ensinou a fugir da ira que está por vir?(Lc 3,7). Sabemos que a PALAVRA Massiyah significa ungido (lambuzado) com óleo, traduzida ao grego por Xristós ou Cristo. A palavra sai 40 vezes no AT. Inicialmente, o Ungido era o sacerdote, como podemos ver no livro do Levítico. Logo, passou a designar o Rei, nos livros de Samuel, Crônicas e Salmos; algumas vezes o povo de Israel (1 Cr 16,22 e Sl 105, 15) e, unicamente, em Is 45,1 é Ciro, o ungido ( como para designar que devia ser respeitado como rei de Israel?). Finalmente, a palavra Messias tem em Dn 9, 25-26 um significado no NT, que é o de Xristós grego, empregado por João em 1, 41. Segundo a profecia de Natã “Tua casa e tua realeza serão para sempre estáveis diante de ti, e teu trono, confirmado para sempre”(2 Sm 7, 10). Por isso, o Messias, como ungido do Senhor, viria quando o rei de Israel não fosse de origem davídica. E, precisamente, estes eram os tempos. O Messias seria um rei que administrasse justiça, governasse todos os homens e seria a salvação do povo.

AS OUTRAS DUAS OPÇÕES são também rejeitadas por João, o Batista. Vejamos: SERIA ELIAS? Seu nome significa cujo deus é Jahveh. Elias foi o restaurador do javismo ao exterminar os profetas dos “Baalim” no monte Carmelo (1 Rs cap 18). Milagroso e solitário, vestia uma túnica feita de pelos com os lombos cingidos com um cinto de couro (2 Rs 1,8) à semelhança do Batista. Sua vida não terminou com a morte comum, mas foi elevado ao céu num carro com cavalos de fogo (2 Rs 2, 11). Devido a este último sucesso, os judeus esperavam sua volta nos tempos messiânicos (Ml 4,5). Jesus identifica Elias com o Batista(Mt 11, 12-14) O próprio João o nega em sua humilde confissão. O PROFETA? A palavra significa aquele que fala em nome de Deus. Em hebraico é geralmente usada a palavra NAVI em plural naviim. De Aarão diz-se que era o profeta de Moisés (Êx 4, 10-16). Este terceiro personagem, esperado nos tempos messiânicos, era sem dúvida devido às palavras de Moisés em Dt 18, 17-22 : ”Um profeta como tu suscitarei do meio de teus irmãos’. João nega também esta suposição que aparece implícita nas palavras de Jesus: (Mt 11, 9-10) louvando a figura do Batista. É mais que um profeta porque não unicamente revela a palavra, mas a pessoa que é a mesma palavra de Deus. A VOZ: João justifica sua norma de atuação declarando que é a voz que brada no deserto, como disse o profeta Isaías (40, 3-4 ). A finalidade dessa voz era preparar os caminhos para o Senhor. Uma volta dos corações dos filhos à crença dos pais e conduzir os rebeldes a pensar como homens honestos a fim de formar um povo digno do Senhor (Lc 1, 17). Em definitivo, um reformador do verdadeiro Javinismo, como foi Elias, o profeta.

O BATISMO DE JOÃO: Eu vos batizo em água: Batizo, ou melhor, seria submergir em água. No grego clássico havia dois verbos para indicar um mergulho em água: Bapto e Baptizo. O médico Lisander que viveu perto do ano 200 aC os distingue perfeitamente: para fazer picles deve primeiro mergulhar (bapto) o vegetal em água fervente e depois submergi-lo (baptizo) em vinagre. Desse modo o batismo não deve ser um ato casual, mas um processo permanente. É uma conversão e, portanto, significa uma mudança continuada. Lucas fala da mudança que João exige do povo comum, dos coletores de taxas e dos policiais. Isso entre os judeus. Para os gentios é só abrir as páginas de Paulo aos romanos em 1, 25-31 para ver em que devia consistir a methanoia [conversão] entre eles. O batismo, segundo Paulo, é para se despojar do velho homem, corrompido com concupiscências enganosas, para se vestir do homem novo, criado segundo Deus em justiça e retidão, procedentes da verdade (Ef 4,22-24). Podemos afirmar que, diante destas reflexões, os batizados são menores que os lavados pela água inicial.

O MAIS FORTE: João acrescenta um ponto final: Virá um mais forte (maior) do que ele do qual não é digno de levar as sandálias, como escravo. AS SANDÁLIAS: O Hypodema grego (atado em baixo literalmente; em latim calceamentum) indica qualquer tipo de calçado, especialmente uma sola de couro, casca de palmeira ou caniço, na planta dos pés que era depois atada com correias de couro (o imas grego, em latim corrigia). Esse calçado era usado para as viagens ou trabalho da lavoura da terra. Era próprio da mulher ou do escravo mais humilde receber o dono após voltar de uma viagem, desatar os cordéis das sandálias e lavar seus pés. Esta lavagem se fazia sempre que um hóspede entrava numa casa para um banquete (Gn 18,4 e Lc 7,38). Jesus lavou os pés dos discípulos antes da última ceia (Jo 13, 5). Na igreja primitiva, as viúvas lavavam os pés dos santos (=cristãos)( 1 Tm 5, 10). Compreende-se o costume pela razão de que os comensais se deitavam praticamente no chão sobre travesseiros, para os banquetes, entre os quais devemos incluir a Ceia do Senhor (1 Cor 11,20). O Batista se rebaixa até dizer que, como servo, nem é digno de fazer o que o último dos tais faria ao seu senhor.

EM ESPÍRITO SANTO E FOGO: Ou seja, uma imersãono espírito divino [pneumati agiö] em que os profetas e os homens santos escolhidos por Deus estavam habitualmente imersos, ao mesmo tempo que uma simbólica purificação pelo fogo, ou seja a máxima pureza que um metal podia obter através de métodos de limpeza de escórias e contaminações. Logicamente, o Batista não conhecia a ação do Espírito como terceira pessoa da Trindade; mas nós temos textos de Qumrã que ele poderia conhecer, e que dizem: “Então (quando aparecer para sempre a verdade sobre a terra) Jahvé purificará em sua verdade todas as ações do homem e depurará (por meio do fogo) para si, o corpo de cada um; a fim de eliminar todo espírito de iniquidade de sua carne e limpá-lo pelo espírito de santidade de todos os atos de impiedade. E ele derramará sobre o homem o espírito de verdade como água lustral”.( água obtida pela imersão de um tição aceso trazido do altar dos sacrifícios ). No AT existiam várias lavagens com água que se consideravam ritos, e numa delas misturavam-se cinzas do sacrifício como é o caso da novilha vermelha para a água purificadora da oferta pelo pecado (Nm 19, 9). Era o chamado Korban para Aduma (sacrifício da vaca vermelha) em que se prescreve a Juka (estatuto) da Torah (lei) como uma coisa especial, embora não se saiba o porquê de uma vaca vermelha. Talvez por representar a cor do sangue da menstruação feminina que constituía com a morte a principal causa de impureza. O fogo era também instrumento de purificação (Nm 31,23) O mensageiro do Senhor purificará como o fogo do ourives e a potassa dos lavandeiros. Purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata (Ml 3,2-3).Qual acrisolador te estabelecerei entre o meu povo…em vão continua o depurador porque os iníquos não são separados (Jr 6, 27-29). Com estes textos do AT podemos deduzir que, sem dúvida, o batismo ao qual se referia João era um batismo de purificação. O dele era em água lustral para preparar o batismo mais completo do Messias, que apresentava duas partes diferentes: 1a). A parte principal era o espírito novo a receber os que se submergiam no novo batismo de verdade e santidade. 2a) Ao mesmo tempo pelo batismo em fogo referia-se João a esse sinal de contradição (Lc 2, 34) que foi a vinda do Messias, e que imediatamente expressará com o símbolo da pá para separar bons e maus. É o batismo na ira divina. Por isso no início clamará: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? O Batismo do Messias era, pois, uma imersão no espírito divino da verdade para quem estivesse preparado pela mente da conversão, ou no fogo destruidor para quem não tivesse preparado o caminho da verdade, que não se admite sem uma pureza de mente e limpeza de sentimentos. A alusão ao Batismo sacramental é como diz um autor, um estágio tardio (o 3o) da tradição, uma vez sabida a força do Espírito Santo em Pentecostes.

BATISMO DE JESUS: Sucedeu, pois, que ao ser batizado todo o povo, também Jesus sendo batizado e orando, foi aberto [aneöchthënai<455>=apertum] o céu (21), e desce o Espírito, o Divino [agion<40>=sanctrus], em forma corporal [sömatikös<4984>=corporali] como pomba sobre ele e uma voz do céu surgir dizendo: Tu és meu filho ,o dileto [agapëtos<27>=dilectus em ti me agradei.[ëudokësa<2106>=conplacuit] (22). Factum est autem cum baptizaretur omnis populus et Iesu baptizato et orante apertum est caelum, et descendit Spiritus Sanctus corporali specie sicut columba in ipsum et vox de caelo facta est tu es Filius meus dilectus in te conplacuit mihi.

A EPIFANIA: Usando os tempos do verbo de modo correto, podemos traduzir: e aconteceu que quando Jesus foi batizado e estando em oração;o primeiro é um passado e o segundo um presente. Houve, pois dois tempos diferentes. Uma vez batizado (em latim Jesu baptizato), e estando orando (orante) é quando se abriu o céu, ou seja, a abóbada ou teto arqueado [o firmamento do Gênesis] do qual pendiam as estrelas e que segurava as águas superiores, separando o terceiro céu, morada esta do Altíssimo. Esse abrir-se indica um relâmpago (Deus é luz) com o correspondente trovão, como descreve João evangelista a voz da epifania aos gregos (Jo 12, 28). Testemunha deste sucesso extraordinário foi o Batista, porque como ele afirmou em testemunho: tenho visto o Espírito descendendo como uma pomba do céu e permaneceu sobre ele (Jo 1, 32). Esse Espírito será sagrado [agios] para Lucas e será o Espírito, o de Deus (sic) para Mateus. Em nenhum caso se afirma taxativamente que era figura de pomba ou como pomba, mas que a sua descida era suave como a de uma pomba que está pousando. A VOZ: Tu és o meu Filho, o amado, em ti encontrei satisfação. O adjetivo, o amado, é propriamente um epíteto, um cognome que o distingue perfeitamente dos outros filhos e estabelece uma relação especial entre Jahveh e Jesus, acrescentada por que em Ti tenho meu agrado, que poderíamos traduzir por em ti encontro meu enlevo, tu és minha maravilha, o desejo cumprido de meus planos. Seria esta a tradução direta do texto hebraico de Is 42,1 : “Aqui está meu servo a quem protejo; meu escolhido em quem minha alma se agrada. Pus nele meu espírito para que traga a justiça às nações”. Porém o texto grego diz: Jacó, meu servo, eu o assistirei; Israel, meu escolhido, eu o aceitei. Não obstante, Mateus traz uma versão em 12, 18 citando o profeta Isaías que confirma um texto grego próximo ao hebraico original: “Eis o meu servo [pais] (em grego pais significa filho ou servo) a quem eu escolhi, o meu bem amado [agapetos] em quem se alegrou minha alma. Sobre ele porei o meu Espírito e ele anunciará o julgamento às nações”. Com isso o filho se transforma em servo. O servo de Jahveh e a sua incumbência será proclamar um juízo às nações ou uma sentença contra os gentios. Se comparamos o texto de hoje com os outros dois das epifanias evangélicas, o do Tabor (Lc 9, 35;Mt 17,5 e Mc 9,7) e o do João 12, 28, vemos como o Filho é louvado e agrada plenamente o Pai por se transformar em servo (escravo)(At 3, 13) e vemos como o servo (Maria e Israel, Lc 1,54) se transforma em filho precisamente pela sua obediência, e assim agrada plenamente o Pai. Ver Jo 15, 10.


EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA

- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.

- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.

Interpretação errada do evangelho:

- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).

Consequências:

- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.


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QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!

Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!

Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje! Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )

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