* por Gilberto Landim
* Gilberto Landim. Analista de sistemas. Formação:
FGV, PUC, UNESA, Xerox, Microsoft, Oracle entre outras. Autor de vários
trabalhos e do Projeto Venda$ Plu$, programa de treinamento apresentado
nas versões: Palestra, Seminário e Curso. Especialista
em vendas técnicas e varejo, ocupou posição de
gerência em vendas, marketing e informática. Atualmente
é Consultor de Treinamento da VENDA$ PLU$. Contatos através
do e-mail
vendasplus@gmail.com
ou pelo site
http://gilbertolandim.blogspot.com.br/.
O deboche e a ironia são as armas do cretino
(Rui Barbosa)
Xilocaína é um anestésico local
bastante eficaz. Uma vez entrou uma farpa em meu dedo e por ter deixado
a área muito dolorida, ia precisar fazer uma cirurgia para removê-la.
Lembrei da xilocaína, apliquei-a e, já sem dor, pude com
uma pinça retirar o corpo estranho do indicador, que me agradece
até hoje. Normalmente, o dentista, antes de aplicar a anestesia,
faz uma massagem na gengiva, evitando o paciente sentir a picada da
agulha.
--Ué! Agora virou médico? Você
pode questionar. Aguarde só um pouquinho que no final vai entender.
--Landim, eu tenho uma equipe na informática
que não me dá qualquer trabalho e nem satisfação.
Eu não faço idéia de como as coisas funcionam lá.
Você vai gostar demais dos funcionários; eles são
simpáticos e muito agradáveis. Disse-me a maior autoridade
da mega-empresa.
--Então, Professor, o senhor está querendo
um estudo para saber se é possível otimizar o trabalho,
ou pretende que dados sejam levantados para realizar novos investimentos?
Lídimo acabara de assumir a administração
do complexo empresarial e sem me surpreender respondeu: --Faça
um rastreamento englobando tudo isso. Vamos conhecer Umá?
Umá, o engenheiro de sistemas, gerente de informática,
era por demais envolvente. Quando fui apresentado a ele, fez exagerada
questão de me levar a todos os setores enchendo-me de luminescência,
declarando: Landim caiu do céu, ele vai resolver os problemas.
Umá era uma pessoa vidrada no escárnio.
Seu princípio era: “idiotizei-me e você me amou”.
Chegou mesmo a compor um pagode mais ou menos assim:
Eu sou Umá
Minha aparência de vassalo,
exibe o doce aspecto do cavalo!
Idiotizo-me quando falo,
E sou amado de estalo!
Para testar meus conhecimentos Umá fez sorrindo
sua primeira pergunta maldosa:o que é uma “rede estrela“?
Como eu também gosto de sorrir, respondi como um apresentador
de televisão: é uma topologia onde os satélites
(terminais) são atraídos pelo sol (servidor), girando
em torno dele, sem jamais parar de funcionar.
As pessoas eram fortes em comunicação,
sendo cada uma extremamente bem relacionada com algum diretor ou gerente.
Os demais colegas eram íntimos e tudo era embarrigado com muita
habilidade.
Em meus encontros com o pessoal de informática,
eu era sempre aconselhado a deixar as coisas como estavam. Cada empregado
preocupava-se em dizer para mim de quem era amigo, sugerindo que eu
fosse infiel na difícil tarefa que me coubera realizar. Ninguém
concordou com qualquer mudança de atitude. Todos faltavam, faziam
trabalhos particulares, sendo mesmo indiferentes aos interesses da corporação.
Durante 90 dias fiz várias reuniões com
as chefias de cada setor e o produto final foi o “Relatório
dos 3 Ps”, assim composto:
PDI - Plano Diretor de Informática
PRF - Plano de Reaproveitamento de Funcionários
PDE - Plano de Defenestração de Empregados
--Gil! Falou Lídimo emocionado: Esse “PDI”
está muito, muitíssimo melhor do que eu desejava, vou
aprová-lo integralmente. Agora esse PDE eu nunca ouvi falar,
é para mandar todo o mundo embora?
-- Li, por que você não usa o PRF? Se
você optar pelo PDE, as mudanças a serem feitas serão
tão dolorosas, que você vai precisar de muita xilocaína.