* por Luciano Pires
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Luciano Pires, formado em Comunicação
Social, diretor de Comunicação Corporativa da Dana, cartunista
premiado duas vezes no Salão de Humor de Piracicaba, colaborador
de várias revistas, jornais e sites, conferencista e escritor.
E-mail:
luciano@lucianopires.com.br
Internet:
http://www.lucianopires.com.br
Recentemente fui para Araxá, num evento da Associação
Brasileira da Indústria de Massas. Conheci o Tropical Grande
Hotel, inaugurado em 1944 por Getúlio Vargas. Fiquei deslumbrado
ao entrar no grande saguão do hotel, com aquela arquitetura dos
anos 30.
Uma pérola, esquecida, e praticamente fora do
circuito turístico brasileiro.
Na volta para o aeroporto, uma surpresa. No trajeto,
o taxista me falou de sua vida. Com 46 anos de idade, aparenta 56, e
me sensibilizou ao dizer:
"Doutor, a primeira vez que calcei um sapato
foi aos dezesseis anos. Quando garoto, na roça, eu ouvia a campainha
de uma bicicleta e ficava imaginando se um dia teria uma. Pois saí
da roça e fui cuidar da vida, com uma mão na frente e
outra atrás. Trabalhei muito, honestamente. Hoje tenho três
carros e este celular. Cada vez que o celular toca, eu choro. Ao lembrar
de onde vim e até onde cheguei".
Nas últimas semanas tenho vivido as contradições
de ser brasileiro. Fui ao Rio de Janeiro palestrar na nova sede do SESC,
vizinha da Cidade de Deus, aquela do filme que fez sucesso. Na entrada
do belo conjunto de prédios do SESC, uma grande maquete do complexo
escolar que estão construindo ao lado. Coisa de primeiro mundo.
Uma escola de nível médio com tudo aquilo que estamos
acostumados a ver nos filmes estadunidenses. Ali, no Rio, ao lado da
Cidade de Deus...
Depois, em Águas de São Pedro, palestrei
no Encontro Estadual de Supervisores do Magistério. Mais de trezentas
pessoas discutindo os meios de elevar o nível da cultura e da
educação brasileira. Ninguém conformado...
Em seguida, Aracajú, na reunião anual
da Fundação Brasil Criativo. Mais de 400 pessoas discutindo
como melhor utilizar os processos criativos no nosso dia a dia, na educação
e no trabalho. E já era o sétimo encontro em Aracajú!
A próxima palestra foi na APAS, a feira da
Associação Paulista de Supermercados em São Paulo.
Centenas de estandes, mais de 60 mil visitantes, a economia brasileira
em todo seu esplendor num evento de primeiro mundo.
Depois, Rio Claro, palestrar para mais de 500 pessoas
num evento organizado para proporcionar àquela comunidade o contato
com novas idéias, novos processos.
Em seguida foi a Bienal do Livro, no Rio. Meu texto
"Mar de Letras" já disse o que vi e senti ali.
Pois é...
Nas últimas semanas conheci projetos brasileiros
capazes de orgulhar qualquer cidadão de primeiro mundo. Conheci
pessoas interessadas em fazer acontecer. E tive a certeza que olhar
o Brasil pela ótica dos políticos, da mídia interessada
nos deslizes e daqueles que desertaram da luta, é burrice.
Só um olhar me interessa. O das pessoas que
estão fazendo acontecer, num movimento silencioso que aos poucos
vai moldando uma nova cultura, um novo Brasil.
O Brasil do taxista de Araxá.