* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
“O conhecimento, a experiência, não
é a absorção passiva das sensações,
mas o resultado de nossos processos mentais; o mundo não se revela
a nós, mas é revelado por nós.” (Immanuel
Kant)
Tenho recebido convites para assinar colunas semanais
em jornais regionais. São oportunidades únicas, que me
enchem de orgulho e satisfação porque escrever é
onde me realizo, onde vivo em plenitude, no mundo das palavras.
Atualmente forneço conteúdo editorial
para quase duas centenas de veículos das mídias impressa
e eletrônica. Cada um tem sua importância, independentemente
de seu número de assinantes, da abrangência de seu mailing,
do perfil de seu público-alvo. Acompanho a cada um destes veículos
como se fosse o único espaço disposto a acolher minhas
idéias porque sei que do outro lado há pessoas dedicadas
e apaixonadas pelo que fazem, com interesse ímpar pela cultura
e pela difusão do conhecimento.
Mas devo confessar-lhes que nutro um carinho especial
pelo meio jornalístico, especialmente quando bem elaborado, bem
produzido e dotado do propósito autêntico de informar.
Porque se houvesse uma hierarquia entre as escritas, seguramente o jornal
estaria no topo desta pirâmide. Isso não é em absoluto
um demérito a nenhum dos outros meios de comunicação.
Mas acredito que até Gutemberg, onde quer que esteja, deva diariamente
ler o seu jornal e aplaudir as diversas publicações que
grassam pelo mundo.
Escrever é como uma doutrina, uma profissão
de fé. Como bem pontuou o admirável Rubem Alves, escrever
é uma arte tal qual cozinhar. Quem o faz, tem prazer em saciar
a fome de seus convidados. Cuida pessoalmente dos pratos, de sua textura,
cores e sabor. Gostoso não é comer, é compartilhar.
Minha cozinha fica numa sala. Minha bancada é
uma mesa. Meu fogão é um computador. Minhas panelas são
minha cabeça. Meus ingredientes são as palavras. Vou selecionando-as,
misturando-as e provando de seu resultado. Saboreio com os olhos e cuido
para que temperos em excesso não acabem com outros sabores.
Tenho tido a felicidade de ser agraciado, pela generosidade
da maioria dos editores que me assistem, com a liberdade de expressão
para abordar temas os mais variados em meus artigos. Certamente isso
é fruto da confiança conquistada a partir de minha obra
já publicada. Confiança esta referendada semana a semana,
pauta por pauta, coluna a coluna.
A cada novo artigo busco sempre proporcionar a você,
estimado leitor, instrumentos capazes de promover-lhe autoconhecimento
e auto-reflexão. Por isso, há temas que são tratados
para provocar o que eu chamaria de “diálogos externos”.
Conjecturas, observações, comentários, alusões
ao mundo contemporâneo, ao nosso cotidiano, àquilo que
nos cerca, sejam temas de caráter econômico, político,
social ou cultural. São diálogos externos porque pretendo
tão somente expor um determinado ponto de vista, que não
é soberano ou inflexível, mas que é o meu, estimulando
sua análise e debate sem jamais ter a pretensão de esgotá-lo.
Espero que, juntos, possamos construir um país melhor.
Estes são temas típicos da culinária
italiana, textos encorpados que alimentam a consciência e que
pedem uma taça de vinho tinto, cor de sangue, de contestação.
Corpo e sangue. São os momentos de questionamento da ordem, este
prazer da razão, banhados pela desordem, esta delícia
da emoção.
Mas há os dias em que me sinto inspirado pela
cozinha francesa. É quando me torno econômico no uso dos
ingredientes, mas extravagante no uso dos temperos. Então preparo
textos mais leves na forma e mais profundos no teor, convidando todos
a uma demorada reflexão. São os chamados “diálogos
internos”, quando procuro mergulhar na intimidade do ser, seus
mistérios e nuances. Nestas ocasiões, importa-me provocar
não o debate público, mas estimular o debate dentro de
você mesmo, para que possa refletir sobre suas atitudes, sentimentos
e ações. E que à luz destas reflexões, possa
você tornar-se alguém melhor.
E assim sucedem as semanas, sucedem os artigos. A cada
semana um prato novo. Alguns nascem naturalmente, demandam pouco tempo
de cozimento. Outros, por sua vez, ficam dias no forno. Consomem uma
quantidade incrível de palavras. Letras que vêm e que vão.
Chegam mesmo a queimar os dedos, mas finalizá-los tem seu propósito
ao imaginar a satisfação de quem os lerá, estampada
no brilho dos olhos, no sorriso de canto de boca.