* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
“Não te deixes vencer do mal,
mas vence o mal com o bem.”
(Romanos, 12:21)
Em meio ao trânsito desordenado, um motorista
gentilmente cede-me passagem. Visito um ex-professor na faculdade que
prazerosamente percorre toda a instituição mostrando-me
a evolução da infra-estrutura local e as melhorias implementadas
na qualidade do ensino. Apresento um cliente a um gerente de banco que
imediatamente toma providências no sentido de atender às
suas necessidades. Recebo um breve telefonema de um amigo com quem não
falava há tempos apenas para saudar lembranças.
Cenas aparentemente fúteis, talvez até
desprovidas de motivação para serem memorizadas. Porém,
cenas capazes de colorir com satisfação e gratidão
um dia como outro qualquer. Dizem que Deus está nos detalhes.
Nós é que não percebemos...
Como tudo na vida, estamos sujeitos a situações
opostas às que acabo de relatar. De um motorista que quase provoca
um acidente para evitar ser ultrapassado a profissionais de atendimento
ao público que prestam um verdadeiro desserviço pela falta
de atenção e empatia, quem já não perdeu
o bom humor pela ausência de um cumprimento matinal de um familiar,
por um comentário depreciativo ou jocoso de um colega de trabalho,
por uma reprimenda pública e desmesurada?
Quando pequenos, somos ensinados a fazer o bem. Isso
pode ser traduzido por praticar uma “boa ação”
diária, coisas novamente pouco relevantes como ajudar um idoso
a atravessar a rua – essa é uma imagem emblemática
para mim. Fazer o bem em escala maior é missão para super-heróis
dotados de superpoderes, aptos a salvar toda a humanidade, promovendo
a justiça e combatendo o mal.
Nossas pernas crescem e nossa imaginação
encurta. Então, descobrimos que não há super-heróis,
não há superpoderes, a humanidade não pode ser
salva, a justiça é utópica e o mal viceja. Por
isso, desistimos de ajudar os idosos a atravessarem a rua e deixamos
de pronunciar palavras de agradecimento, apoio e conforto aos que nos
cercam. Assim, paramos de praticar o bem. E perdemos a capacidade de
enxergá-lo.
A vida, tomada racionalmente, não é fácil
para a maioria das pessoas. Quando se tem saúde, não se
tem trabalho. Quando se tem trabalho, não se ganha o suficiente.
Quando se ganha o suficiente, não se tem reconhecimento. Quando
se tem reconhecimento, não se tem paixão. Quando se tem
paixão, não se encontra o amor. Quando se encontra o amor,
falta a saúde...
Cada um de nós tem uma missão a cumprir.
E cada missão vem embalada em um fardo que não é
nem grande, nem pequeno, mas na medida exata do que podemos suportar.
Uns têm fardos maiores que outros. Alguns enfrentam adversidades
mais contundentes. Mas todos têm limitações.
Se os super-heróis do bem nos parecem tão
figurativos, as personagens do mal materializam-se, ganhando carne e
osso e uma habilidade ímpar em nos assediar. É neste momento
que temos que buscar o que temos de melhor, não com base na sorte
ou em fatores externos, mas em nossa força interior. E direcionar
este potencial para o caminho do bem.
Shakespeare dizia que “o mal que os homens fazem
vive depois deles enquanto o bem é quase sempre enterrado com
seus ossos”. Costumo pontuar que é muito importante tomar
cuidado com as palavras. Quando você diz algo que desagrada a
alguém, pouca valia haverá em se desculpar a posteriori.
Porque não importa o que você disse, mas importa o que
ficou depois do que você disse.
Fazer o bem faz bem. O bem despretensioso, genuíno,
sem paga. É caminhada que não desgasta os sapatos, subida
que não cansa. É fonte de prazer e de alegria.