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UM DOMINGO QUALQUER

* por Tom Coelho

* Tom Coelho, com formação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP, é empresário, consultor, professor universitário, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail atendimento@tomcoelho.com.br. Visite: http://www.tomcoelho.com.br.

No esporte, nas empresas e na vida, muitas vezes não são o preparo, a estratégia ou as táticas que fazem a diferença. O que realmente faz a diferença são a emoção, o entusiasmo e a vontade de fazer acontecer. Vence não é tudo na vida. Querer vencer, é.

Um domingo qualquer

“Sou uma pessoa privilegiada. Nasci rico em um país pobre. Vencer é uma obrigação para mim.”
(Ayrton Senna)

Um Domingo Qualquer é o título de um filme dirigido por Oliver Stone em 1999. O roteiro contempla os bastidores do futebol americano, uma febre no país de Tio Sam, comparável ao nosso futebol, transitando pela vida de jogadores e treinadores, passando pelos donos dos times e suas relações políticas, a mídia e o marketing.

Mas em tempos de Copa do Mundo perdida, quando se discorre sobre a importância dos treinadores no comando de suas equipes, uma passagem chama a atenção. Al Pacino, mais uma vez magistral em sua representação, no papel do coach Tony D’Amato, faz uma preleção no vestiário para seus atletas que definirá o destino de uma partida decisiva. Transcrevo abaixo parte significativa de seu discurso:

“Três minutos para a maior batalha da nossa vida profissional.
Tudo depende de hoje.
Ou nos curamos como equipe ou vamos nos desintegrar.
Estamos no inferno agora, cavalheiros. Acreditem em mim.
E podemos ficar aqui, e levar merda na cara, ou podemos lutar, e voltar à luz.
Podemos sair do inferno, mas eu não posso fazer isso por vocês.
Nos dois jogos, na vida ou no futebol,
A margem de erro é tão pequena,
Meio passo antes, ou depois, e você não consegue.
Meio segundo antes, ou depois, e você não agarra.
As polegadas de que precisamos estão ao nosso redor.
Estão em cada brecha do jogo, em cada minuto, em cada segundo.
Neste time, nós lutamos por esta polegada.
Neste time, nós nos dilaceramos, e a todos ao nosso redor, por essa polegada.
Nós agarramos com as unhas esta polegada.
Porque sabemos que, quando juntarmos todas as polegadas,
Isso fará toda a diferença entre vencer ou perder!
Entre viver ou morrer!
Eu garanto: em qualquer luta,
É o cara que está disposto a morrer quem as ganha.
E sei que, se eu ainda tiver alguma vida,
É porque ainda estou disposto a lutar e morrer por aquela polegada.
Porque isso é que é viver!
Não posso obrigá-los a nada.
Olhem para o cara ao seu lado, olhem nos olhos dele!
Você verá um cara que lutará por essas polegadas com você!
Você verá um cara que vai se sacrificar pelo seu time.
Porque ele sabe que, quando chegar a hora, você fará o mesmo por ele!
Isso é uma equipe, cavalheiros.
Ou nos curamos, agora, como uma equipe,
Ou morreremos como indivíduos.
Agora, o que vocês vão fazer?”

De volta à vida real, fico imaginando que palavras foram ditas naquele vestiário, tanto antes do início da partida quanto no intervalo para o segundo tempo, capazes de gerar tanta apatia. Por onde andavam os pensamentos? Onde trancafiaram as emoções?

No esporte, nas empresas e na vida, muitas vezes não são o preparo, a estratégia ou as táticas que fazem a diferença. Porque é comum que todos estejam adequadamente preparados. É provável que todos tenham estratégias similares e apenas nuances de táticas diferenciadas. Afinal, coisas e pessoas estão cada vez mais semelhantes, mais comoditizadas.

O que realmente faz a diferença são a emoção, o entusiasmo e a vontade de fazer acontecer. Vence não é tudo na vida. Querer vencer, é.

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