* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
http://www.tomcoelho.com.br.
A Organização
Mundial da Saúde instituiu o dia 25 de setembro como "Dia
Mundial do Coração". Uma data adequada para falarmos
sobre colesterol, triglicérides, cardiopatias e hábitos
alimentares.
Cuidando do Coração
“O coração humano é um instrumento
de muitas cordas.
O perfeito conhecedor dos homens sabe fazê-las vibrar todas, como
um bom músico.”
(Charles Dickens)
Hoje não quero falar sobre o coração-sentimento.
O coração que ora aquece e depois esquece. O coração
que ora repele e depois se apaixona. O coração que ora
ama e depois odeia – ou ama com ainda mais intensidade. Quero
falar sobre o coração-órgão, o coração-músculo,
aquele responsável por bombear o sangue para todo nosso organismo,
nutrindo nossas células, dando-nos a vida.
O mundo moderno legou-nos muitas facilidades. Trocamos
lampiões a querosene pela energia elétrica farta, o dorso
incômodo dos cavalos pela maciez dos assentos dos automóveis,
as demoradas cartas pelos instantâneos e-mails. Mas o conforto
trouxe consigo a comodidade e, com ela, a vida sedentária, o
stress, o tabagismo, a obesidade e a pressão arterial elevada,
todos estes, fatores de risco controláveis causadores de doenças
cardiovasculares.
Repentinamente você sente uma queimação
no peito, seguida de sudorese (suor excessivo), palidez, fraqueza e
até enjôo. Esta dor no peito, que pode se estender para
os braços, pescoço ou costas, é a angina,
uma manifestação de redução temporária
do suprimento de sangue para o coração. Isso acontece
em situações de stress ou de exercício físico
intenso, ocasiões nas quais há demanda mais elevada por
oxigênio, exigindo maior esforço cardíaco.
Já o infarto do miocárdio,
mais conhecido como ataque cardíaco, é uma interrupção
abrupta do fluxo de sangue para o coração, decorrente
da aterosclerose, nome dado para o estreitamento progressivo
de artérias devido à formação de placas
de gordura nas paredes internas dos vasos, obstruindo a passagem do
sangue. Nesta situação, a dor sentida é mais vigorosa
e demorada. Via de regra, a angina não causa danos permanentes
ao coração, mas o infarto, sim.
Lipídios: heróis ou vilões?
Os lipídios, ou apenas gorduras, são
importantes fontes de energia para o organismo. Enquanto um grama de
gordura contém 9 calorias, cada grama de carboidratos contém
cerca de 4 calorias. Ademais, nossas reservas energéticas na
forma de gordura são muito mais abundantes. As gorduras são
obtidas a partir dos alimentos, sintetizadas ou formadas no corpo, em
especial no fígado. Além disso, as células adiposas
apresentam função protetora contra choques mecânicos,
atuam como isolante térmico, aumentando a resistência do
corpo quando exposto ao frio e auxiliam no transporte das vitaminas
A, D, E e K.
As duas principais gorduras presentes no sangue são
o colesterol e os triglicérides. Como são insolúveis,
não se dissolvem no sangue, sendo transportados na corrente sangüínea
através de proteínas especiais denominadas lipoproteínas.
As principais são a LDL, ou lipoproteína de baixa densidade,
responsável por conduzir o colesterol aos tecidos do corpo, e
a HDL, ou lipoproteína de alta densidade, que carrega o colesterol
dos tecidos até o fígado onde é removido do sangue.
Devido a estas características, a LDL é conhecida como
“colesterol ruim”, enquanto a HDL é apelidada de
“colesterol bom”.
O risco de uma cardiopatia (doença cardíaca)
ou mesmo de um acidente vascular cerebral (AVC) está associado
tanto à concentração de colesterol total presente
no sangue quanto à relação entre LDL e HDL. Assim,
a concentração ideal de colesterol total é da ordem
de 140 a 200 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl). Já a
LDL deve estar abaixo de 100 mg/dl e a HDL acima de 35 mg/dl. A concentração
da HDL deve representar mais de 25% do colesterol total. E, finalmente,
o índice de triglicérides deve estar abaixo de 150 mg/dl,
embora não haja consenso na comunidade médica acerca deste
número.
Ainda que tenhamos reforçado a importância
dos lipídios como fonte de energia, elabore uma dieta que tenha
apenas 30% ou menos das calorias necessárias provenientes de
gorduras. E lembre-se de que há vários tipos de gordura:
· gordura poli-insaturada (azeite de oliva,
abacate e amendoim): reduz a LDL e o colesterol total;
· gordura insaturada (peixes gordurosos, óleos vegetais,
sementes e nozes): reduz triglicérides e colesterol total;
· gordura saturada (origem animal, presente nas carnes vermelhas
e laticínios): elevam colesterol e triglicérides;
· gordura trans-saturada (presente em alimentos industrializados
como margarinas, biscoitos, sorvetes, salgadinhos de pacote, frituras
e todo alimento que inclua em seu preparo a gordura vegetal hidrogenada):
o consumo deve ser evitado ao máximo.
Programa de Reabilitação Cardíaca
Você pode esperar passar pelo infortúnio
de uma doença cardíaca, levando apreensão, preocupação
e ansiedade a você e toda sua família, ou agir preventivamente
no sentido de evitá-la. E o grande segredo para tal está
em promover uma mudança em seu estilo de vida.
O primeiro fator está na reeducação
alimentar. Isso significa não apenas comer mais peixes, grelhar
as carnes e evitar a gordura trans, mas também buscar uma dieta
mais saudável, consumindo legumes, verduras e frutas, evitando
o consumo excessivo de álcool e deixando de fumar. Consulte um
nutricionista e procure envolver toda sua família.
O segundo aspecto está na atividade física
prazerosa e regular. Os exercícios aeróbicos promovem
a dilatação das artérias coronárias permitindo
ao sistema cardiovascular receber a quantidade necessária de
sangue para o bom metabolismo. Bastam trinta minutos em três sessões
semanais para que os efeitos sejam sentidos. Além disso, a sensação
de bem-estar e elevação da auto-estima são efeitos
colaterais certos e desejáveis. Mas lembre-se de consultar um
médico preliminarmente. Um teste ergométrico em esteira
ou bicicleta, acompanhando de um hemograma (exame de sangue) e eletrocardiograma
permitirão um diagnóstico adequado para a formatação
de um programa de condicionamento físico personalizado.
Finalmente, se você está sentindo os efeitos
de insuficiência cardíaca, sob evidente supervisão
médica é provável que seja submetido a um tratamento
alopático. A prescrição envolverá analgésicos,
para confortar a dor; anticoagulantes, para redução dos
níveis de colesterol e triglicérides; vasodilatadores,
para facilitar o fluxo sangüíneo; e medicamentos contra
arritmia, para manter a regularidade dos batimentos.
Cultive hábitos saudáveis. E estando
são ou enfermo, lembre-se de eventualmente passar em sua cabeça
um filme de sua vida, no qual você é o protagonista, mas
também o diretor, com muitos atores ao seu redor que precisam
de você para continuar representando seus papéis no palco
da vida.
(Baseado em vídeos da “Série Cardiovascular”,
distribuída com exclusividade no Brasil pela Siamar).