* por Tom Coelho
* Tom Coelho, com formação em Economia
pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização
em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP,
é empresário, consultor, professor universitário,
escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual
do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail
atendimento@tomcoelho.com.br.
Visite:
http://www.tomcoelho.com.br.
Neste artigo
você acompanhará um breve roteiro com sugestões
para evitar dissabores na contratação de serviços
de terceiros.
Compre Soluções
e não Problemas
“Deve-se aprender para conhecer,
conhecer para compreender,
compreender para julgar.”
(Narada, sábio indiano)
Anos atrás estive fazendo um estudo de viabilidade
econômica para uma empresa com mais de vinte anos de mercado e
que se encontrava em sérias dificuldades: títulos protestados,
salários atrasados e dezenas de clientes com seus pedidos não
entregues, embora tivessem pago parcial ou integralmente pela mercadoria.
O mais incrível era que novos consumidores continuavam
comprando, fosse pela suposta credibilidade transmitida pelos “20
anos de tradição”, fosse pelo preço menor
face à concorrência (talvez graças ao não
registro de funcionários e à sonegação de
impostos, entre outros), fosse pela habilidade do vendedor.
Ao longo dos anos tenho acompanhado empresas que nascem
e prosperam, e outras que abrem concordata e quebram. E invariavelmente
o modelo de gestão adotado é fator preponderante. Porém,
entre o sucesso e o fracasso está sempre o consumidor.
Qualquer teoria só é boa se nos servirmos
dela para ultrapassá-la. Assim, considere os tópicos a
seguir em suas próximas compras. E tenha sempre certeza de suas
dúvidas.
1. Pesquise o CNPJ da empresa. Um
fornecedor que apresente protestos e cheques sem fundos deve ser descartado.
Suas dificuldades financeiras serão retratadas depois na qualidade
do produto e no prazo de entrega. O único tipo de restrição
aceitável, desde que com justificativas, são ações
executivas oriundas de discussões com o governo devido às
inconstitucionalidades de muitos impostos cobrados.
2. Visite a empresa. Antes de fechar
um negócio, conheça de perto quem você está
contratando. Uma visita às instalações da empresa
pode indicar como é seu fluxo de produção, como
estão seus estoques, qual seu grau de organização.
É comum fornecedores se apresentarem como companhias bem estruturadas
sendo, entretanto, meros terceirizadores de serviço, subempreitando
o trabalho a outras empresas. Nestes casos, você nunca terá
a garantia plena do que está comprando.
3. Faça contratos formais.
Os contratos devem conter as especificações técnicas
do que se está adquirindo, preços acordados, prazos de
início e de entrega, condições de pagamento e reajustamento,
prazos de garantia, cláusulas de rescisão e cessão
de direitos. Não se esqueça de exigir, ainda, os dados
do responsável pela empresa, incluindo CPF e RG, para o caso
de haver uma discussão judicial.
4. Equalize as propostas. Assim como
um apartamento no 1º andar é mais barato do que um similar
no 9º andar; produtos e serviços também apresentam
suas peculiaridades. Procure uniformizar as propostas, cotando junto
aos diversos fornecedores os mesmo materiais, com as mesmas dimensões/quantidades.
Peça certificados de procedência para evitar material reciclado
e/ou refugado.
5. Exija referências. Você
não precisa ser cobaia de um fornecedor, inaugurando sua carteira
de clientes. Se a empresa executou bons trabalhos, que os mostre!
6. Não se impressione com o tempo de
fundação da empresa. Uma companhia com muitos
anos de mercado não é garantia de nada. Se por um lado
ela denota estabilidade, por outro pode estar defasada tecnológica
e administrativamente.
7. Negocie as condições de pagamento.
Procure adequar a compra ao seu fluxo de caixa, conciliando as obrigações
que estão sendo assumidas com a data provável de seus
recebimentos. Além disso, uma empresa que não necessite
de sinal à vista, demonstra maior capacidade financeira.
8. Priorize empresas socialmente responsáveis.
Sob condições comerciais equivalentes, valorize a companhia
que apresente projetos de engajamento social, notadamente aquelas diplomadas
como Empresas Amigas da Criança ou vinculadas a instituições
que incentivam práticas comerciais éticas. Não
lhe custará nada a mais, mas premiará um esforço
voltado à cidadania.
Como disse Molière: “É longo o
caminho do projeto à coisa”. Por isso, a sabedoria dos
projetos consiste em prevenir as dificuldades da execução.
Faça-o e fique tranqüilo. Compre soluções
e não problemas.